A REVOLUÇÃO RUSSA Em 1894 subiu ao trono do Império Russo o czar Nicolau II. Desde o século XVI, o país era uma monarquia absolutista. A nobreza era proprietária de 25% das terras cultiváveis do país, e a grande maioria da população - mais de 80% - estava ligada direta ou indiretamente à terra. As condições de vida da maior parte dos camponeses eram péssimas. Em geral, habitavam moradias precárias e sem ventilação. Alimentavam-se basicamente de pão preto, batata e torta de farinha de milho. Nas aldeias raramente havia escolas, e a maior parte da população era analfabeta. Nas cidades, a vida não era muito diferente da do campo. Com uma economia essencialmente agrária, a Rússia tinha poucas indústrias. A maior parte delas pertencente a proprietários estrangeiros, principalmente franceses, ingleses, alemães e belgas. Um clima explosivo Os problemas internos da Rússia se agravaram ainda mais após a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), em que os dois países disputavam territórios na China e áreas de influência no continente. A derrota ante os japoneses mergulhou a Rússia numa grave crise econômica e aumentou o descontentamento de diferentes grupos sociais com o czar Nicolau II. Começaram a ocorrer greves e movimentos reivindicatórios, duramente reprimidos pela polícia czarista. Tentando diminuir as tensões sociais, o czar criou a Duma, uma espécie de Parlamento, porém os deputados eleitos, pressionados pelo czar, pouco puderam fazer. Esse ambiente contribuiu para a difusão e a aceitação das idéias socialistas, sobretudo as de Karl Marx e Friedrich Engels, entre os movimentos sociais russos. Em 1905, surgiram os sovietes de trabalhadores, conselhos que se encarregavam de coordenar o movimento operário nas fábricas. Os sovietes teriam papel decisivo na Revolução de 1917. O início da revolução Em agosto de 1914, a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial contra a Alemanha e o Império Austro-Húngaro. Nicolau II acreditava que por meio da guerra pudesse expandir o Império Russo e diminuir a insatisfação popular. No entanto, a guerra agravou a situação econômica e social do país. Os soldados, mal armados e mal alimentados, foram dizimados em derrotas sucessivas. Em dois anos e meio de guerra, a Rússia perdeu 4 milhões de pessoas. Em 1917, a escassez de alimentos era muito grande e provocou uma série de greves. O povo pedia pão e o fim da guerra, e criticava a monarquia. Sem contar com a repressão do exército aos movimentos, o czar ficou isolado e abdicou. Um governo provisório, chefiado por George Lvov, foi constituído. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra. Mas o governo, sem controle de seus exércitos, não tinha forças para impedir as deserções dos soldados e, para piorar a situação, o preço dos alimentos subia sem parar. Nesse momento, grupos revolucionários já desenvolviam intensa atividade nas cidades, através dos sovietes. A ofensiva do novo governo na Primeira Guerra Mundial fracassou, o que agravou ainda mais a situação, provocando uma grande manifestação no dia 17 de julho de 1917, na capital do Império. Era o fim do governo provisório de Lvov, substituído por Alexander Kerenski. A essa altura, três grupos disputavam o poder: a burguesia e a nobreza liberal a partir do Partido Democrático Constitucional; os bolcheviques, ala majoritária do Partido Operário Social-Democrata Russo, que defendia o confisco das grandes propriedades, o controle das indústrias pelos operários e a saída da Rússia da guerra; e os mencheviques, ala minoritária do mesmo partido, que, embora contrários à guerra, não admitiam a derrota russa. A tomada do poder A partir de agosto de 1917, os bolcheviques passaram a dominar os principais sovietes e a preparar a revolução. Sob o comando de Lev Davidovich Bronstein ou, como se tornou conhecido, Leon Trotski, no dia 25 de outubro os bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos da capital e o palácio do governo. Kerenski, abandonado por suas tropas, foi obrigado a fugir. Na manhã do dia seguinte, os sovietes da Rússia, reunidos em congresso, confirmaram o triunfo da revolução, confiando o poder ao Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Vladimir Ilitch Ulianov - apelidado de Lênin -, cujas primeiras medidas foram: a retirada da Rússia da guerra; a supressão das grandes propriedades rurais; o controle das fábricas pelos trabalhadores; e a criação do Exército Vermelho, com a finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos. Após a tomada do poder pelos revolucionários, a Rússia viveu ainda três anos de guerra civil. A defesa da revolução coube, então, ao Exército Vermelho, comandado por Trotski, que, apesar das condições extremamente precárias da Rússia, conseguiu formar um exército forte e eficiente. Com apoio popular, as tropas revolucionárias enfrentaram o Exército Branco, composto de antigos oficiais do czar e cossacos. Além disso, enfrentaram tropas de países europeus, do Japão e dos Estados Unidos, que temiam que a revolução socialista se espalhasse pelo continente. Após três anos de guerra, os brancos estavam derrotados e as forças estrangeiras, que haviam invadido a Rússia, deixaram o país. A consolidação da Revolução Russa Sob o comando de Lênin e com um plano que ficou conhecido como Nova Política Econômica (NEP), os bolcheviques deram início à recuperação da economia russa a partir de 1921. Entre as medidas adotadas, podemos citar: ● Produção de energia e extração de matérias-primas; ● Importação de técnicos e de máquinas estrangeiras; ● Organização do comércio e da agricultura em cooperativas; ● Permissão para a volta da iniciativa privada em diversos setores da economia, como o comércio, a produção agrícola e algumas atividades industriais, sob controle do Estado. Vários países que tinham se separado da Rússia durante a revolução voltaram a se integrar e, em 1922, formaram a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Com a morte de Lênin, em 1924, Stalin (secretário-geral do Partido Comunista) e Trotski passaram a disputar o poder. Stalin defendia a idéia de que a União Soviética deveria construir o socialismo em seu país e só depois tentar levá-Io a outros países. Trotski achava que a revolução socialista deveria ocorrer em todo o mundo, pois, enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não teria condições de sobreviver isolado. Stalin venceu a disputa e Trotski foi expulso da URSS. Com isso, em 1928 iniciou-se a fase dos planos qüinqüenais, que se sucederam e transformaram a URSS numa potência industrial. Contudo, a violência e o terror foram amplamente empregados pelo governo para impor sua política. ATIVIDADES 1- Como era a estrutura fundiária e quais eram as condições de vida da população russa antes de 1917? 2- Quais foram as primeiras medidas do governo revolucionário russo?