Discurso proferido pelo Deputado B

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Discurso proferido pelo Deputado
ARNALDO JARDIM (PPS/SP), em
sessão no dia
/09/2013.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
A Organização Mundial de Saúde (OMS) atesta que hoje a obesidade
é o principal problema de saúde pública nos países desenvolvidos. E o
número de obesos continua aumentando. Nós, meridionais, além das
carências estruturais, da miséria que perdura e da assistência médica
estamos na rota das mazelas que atormentam os países ricos. A
obesidade vive mal acompanhada da diabetes, da hipertensão, dos
problemas cardíacos e renais, nas estruturas ósseas.
A obesidade tornou-se assim uma epidemia mundial, problema de
saúde pública e de difícil solução. Causadora de várias doenças,
necessita de política públicas, de mudança de hábitos.
A obesidade também desperta interesse desde o final da Idade Média,
sendo objeto de “reprovações morais” e de “estudos científicos” desde
então, de acordo com o mais recente trabalho do historiador francês
Georges Vigarello, As Metamorfoses do Gordo.
Obesidade, sedentarismo e má alimentação são fatores de risco para
o desenvolvimento de doenças crônicas. Matam! Mas estão
entranhados na vida dos brasileiros, especialmente nos aglomerados
urbanos, onde os maus hábitos alimentares e as sofríveis condições
de lazer e deslocamento dos cidadãos acabam aliando-se aos
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Historicamente, lembremos que todas religiões praticam a abstinência
de alimentos. Os muçulmanos o ramadã, os católicos e judeus o
jejum, praticas que preconizam a “limpeza espiritual e orgânica”.
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O consumo de alimentos com grande nível de calorias – gordura e
açúcar – e a falta de exercícios físicos estão associados à obesidade,
que não é uma preocupação tão “moderna” como se pensa.
poderosos negócios dos alimentos industrializados e das refeições
rápidas – bombas relógio da explosão do corpo.
Mais da metade (51%) da população brasileira maior de 18 anos está
acima do peso ideal, conforme a pesquisa “Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas” do Ministério da Saúde. Em
2006, esse índice era de 43%. O problema afeta homens e mulheres.
O excesso de peso atinge 54% deles, e 48% delas. A pesquisa revela
também que a obesidade cresceu e atinge 17% da população. Em
2006, esse índice estava em 11%.
Excesso de peso e obesidade, entretanto, afetam menos as classes
mais abastadas e com maior escolaridade do que as populações de
menor renda. Entre os obesos, os pacientes graves – que exigem do
Sistema Único de Saúde (SUS) maior atenção, respondem por gastos
anuais de quase R$ 500 milhões, segundo a “Estimativa de Custos da
Obesidade para o Sistema Único de Saúde do Brasil”, do Ministério da
Saúde.
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças
Crônicas não Transmissíveis (DCNT), pretende deter o crescimento da
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Forte aliado na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, o
consumo de frutas e hortaliças está sendo deixado de lado por uma
boa parte dos brasileiros. Apenas 22,7% da população ingerem a
quantidade diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), de cinco ou mais porções ao dia. Outro indicador que
preocupa é o consumo excessivo de gordura saturada: 31,5% da
população não dispensam a carne gordurosa e mais da metade
(53,8%) consome leite integral regularmente. Em todos os casos, o
consumo mais adequado situa-se nos grupos populacionais com maior
renda e melhor escolaridade.
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O governo gastou em 2011 cerca de R$ 488 milhões nas intervenções
médico hospitalares de média e alta complexidade, no tratamento e
cirurgias de pessoas acima dos 20 anos que apresentam obesidade e
outras 26 doenças associadas, dentre elas hipertensão, diabetes e
doenças cardiovasculares. Os gastos com mulheres obesas chegaram
aos R$ 327,3 milhões, o dobro do custo referido aos homens (R$
160,7 milhões).
proporção de adultos brasileiros com excesso de peso ou com
obesidade. O Ministério da Saúde criou também a Linha de Cuidados
da Atenção Básica para excesso de peso e outros fatores de risco
associados ao sobrepeso e à obesidade.
Precisamos de um esforço comum da sociedade, das instituições, das
empresas, dos municípios, dos estados e da União para enfrentar o
problema na origem. A palavra de ordem é educação, desde o berço.
E precisaremos de muitas iniciativas para mudar o conformismo do
consumo desenfreado e dos maus hábitos alimentares.
Começa sim no berço. E as comunidades familiares (incluindo a
escola) têm uma grande responsabilidade na construção desse
caminho mais saudável. Batatas fritas, salgadinhos, hambúrgueres e
refrigerantes comprometem as vidas das crianças brasileiras venham
como recompensa ou como prêmio nos finais de semana.
Meu alerta estende-se às cantinas e lanchonetes de empresas,
escolas, clubes e até de dependências governamentais. Exige
políticas públicas mais eficazes, alerta para a prioridade deste
problema e propõe olharmos criticamente para nossos hábitos
alimentares e para nosso próprio umbigo!
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PPS/SP
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Deputado Arnaldo Jardim
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