SÉRIE DESCOBRINDO A PALAVRA

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SÉRIE DESCOBRINDO A PALAVRA
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parceiros de Ministérios RBC, nos é possível alcançar outros com a
sabedoria transformadora da Bíblia.
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VIVENCIANDO
O CRISTIANISMO
AUTÊNTICO
por Ray Stedman
O
que significa vivenciar a
verdadeira vida cristã?
De acordo com o pastor
e autor Ray Stedman, não se
trata de tentar viver conforme
os ensinamentos e o exemplo
de Jesus. Trata-se de um
relacionamento com Cristo capaz
de transformar a vida — no mais
A verdadeira questão
(2 Coríntios 2:14–3:3)........... 2 íntimo do nosso ser.
Nesta passagem de seu clássico
O Segredo
best-seller Authentic Christianity
(2 Coríntios 3:4-6)................20 (Cristianismo Autêntico),
Stedman reflete sobre como o
apóstolo Paulo dependeu de uma
consciência muito sincera de sua
própria força e como ele a utilizou
para encorajar outros.
Esse é o segredo espiritual
que pode renovar e refrescar
qualquer um de nós, à medida
que aprendermos que não somos
autossuficientes para enfrentar os
desafios reais diante de nós.
Mart De Haan
Sumário
Título original: Living the Authentic Christian Life ISBN: 978-1-60485-595-1
Ilustração da capa: iStockphoto
PORTUGUESE
As citações bíblicas são extraídas da Ed. Revista e Atualizada de J. F. de Almeida © 1993 Soc. Bíblica do Brasil.
© 2011 Ministérios RBC. Todos os direitos reservados.
Impresso no Brasil • Printed in Brazil
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A verdadeira
questão
S
empre me pareceu
injusto que muitas
igrejas (e alguns
cristãos) mantenham registros
cuidadosos de quantos se
convertem ao cristianismo,
mas nunca registram quantas
vidas elas afastam de Cristo.
Pareceria justo determinar a
manutenção dos dois registros.
O fato é que muitas igrejas
afastam muito mais pessoas de
Cristo do que as que ganham
para Ele — e, frequentemente,
os cristãos mais zelosos e
ortodoxos são exatamente
aqueles que afastam o maior
número de pessoas! O motivo
é que, embora eles possam ser
verdadeiros cristãos, a vida que
manifestam é falso cristianismo
— tão falso quanto uma nota
de R$ 3,00.
Na verdade, existe um falso
cristianismo, praticado por
aqueles que não são cristãos
verdadeiros. Existem muitas
fraudes religiosas que nunca
foram, de fato, cristãs; e existem
apóstatas, que têm toda a
aparência de cristãos durante
algum tempo e na sequência
2
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abandonam tudo. Mas, com
certeza, o mais sutil estratagema
já inventado por Satanás para
enganar e desorientar pessoas
é permitir que os cristãos
genuínos pratiquem um falso
cristianismo perante o mundo.
Você é incapaz de detectar e
defender-se contra este falso tipo
de cristianismo que faz pessoas
assinarem uma declaração
de doutrina ou recitarem um
credo. Este tipo de cristianismo
fajuto é sempre ortodoxo.
Frequentemente, é muito
zeloso e se alimenta de cultos
de consagração e reuniões de
dedicação. Utiliza-se de todos
os termos corretos e se comporta
da maneira adequada, ortodoxa,
mas ele repele as pessoas para
longe de Cristo, não atraindo-as
para o Senhor.
Em nítido contraste a isto
está a “verdadeira questão”
— o cristianismo autêntico, da
maneira que seu fundador, o
próprio Jesus Cristo, pretendia
que fosse. O cristianismo
genuíno jamais necessita de
propaganda ou publicidade.
Ele emite uma fragrância e
uma fascinação que atrai
pessoas como o mel atrai as
moscas. Todas as pessoas
são atraídas ao cristianismo
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autêntico? De maneira
alguma! Muitas pessoas se
sentem antagonizadas e, até,
ultrajadas quando descobrem
o que realmente significa o
cristianismo. Mas, em geral,
o caráter inicial do autêntico
cristianismo atrai multidões e
suscita admiração.
O cristianismo de
Jesus e Paulo
Não existe, é claro, uma
demonstração mais clara do
verdadeiro cristianismo do
que o próprio Cristo. Hoje em
dia existem muitas variedades
de cristianismo, mas a forma
mais atraente é a original — o
cristianismo de Jesus Cristo.
Esta foi a autêntica vida cristã
em sua forma mais pura e
consistente. Muitas pessoas têm
dificuldade em compreender,
aplicar e identificar-se com o
cristianismo de Jesus porque
sentem que Ele, sendo o Filho
de Deus, tinha uma vantagem
sobre todos nós. “Não é
justo comparar-me a Jesus!”,
protestam elas. “Sim, Jesus era,
sem dúvida, humano — mas
também era Deus. Do Seu
lado divino, Ele obteve poder
sobrenatural para resistir ao
mal e fazer grandes coisas de
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uma maneira que eu nunca
conseguiria.”
Sim, Jesus era totalmente
Deus — mas nunca devemos
nos esquecer de que Ele
também era totalmente
humano, com todas as
limitações inerentes à nossa
condição humana. Nós podemos
viver como Ele viveu. Podemos
fundamentar nossas vidas no
modelo que Ele estabeleceu
diante de nós. Esta é a
verdade prática, vivencial, e
as Escrituras são muito claras
a esse respeito. Eis algumas
passagens que nos indicam
Jesus como exemplo que
podemos e devemos seguir:
Pois, naquilo que ele mesmo
sofreu, tendo sido tentado, é
poderoso para socorrer os que
são tentados (Hebreus 2:18).
Porque não temos sumo
sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele
tentado em todas as coisas,
à nossa semelhança, mas
sem pecado (Hebreus 4:15).
Porquanto para isto mesmo
fostes chamados, pois que
também Cristo sofreu em
vosso lugar, deixando-vos
exemplo para seguirdes os
seus passos (1 Pedro 2:21).
3
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Como isto é possível? Como
podemos esperar ter, como
padrão para nossas vidas, a
vida de uma Pessoa perfeita que
era Deus encarnado? Não seria
como tentar saltar por sobre o
edifício mais alto com vara ou
atravessar o Oceano Pacífico
com um salto? Não é pedir o
impossível? Bem, sim e não.
Sim, é impossível vivermos de
maneira perfeita, sem pecado;
mas, não também, pois não
é impossível estabelecermos
uma meta de semelhança a
Cristo. Sempre que fracassamos
em perseguir essa meta,
simplesmente nos voltamos a
Deus em busca de perdão e
restauração, e Ele nos recoloca,
mais uma vez, no caminho
para a nossa meta. O princípio
fundamental é encontrado em
Filipenses 2:5-8:
Tende em vós o mesmo
sentimento que houve
também em Cristo Jesus, pois
ele, subsistindo em forma
de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus;
antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança
de homens; e, reconhecido em
figura humana, a si mesmo
se humilhou, tornando-se
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obediente até à morte e morte
de cruz.
Observe a frase chave: Jesus
“se esvaziou”. Ele abriu mão
das prerrogativas e dos poderes
da deidade para identificar-se
totalmente conosco. Ele teve o
mesmo tipo de vida que nós,
enfrentando tentação, sofrendo
dor e tristeza, suportando
frustração, exatamente como
nós. Ele abordou a vida da
mesma maneira que você e eu
precisamos fazê-lo: vivendo
em dependência do Deus
Pai, buscando orientação
e força por meio de oração
contínua, confiando em Deus
e ouvindo Sua orientação, e
sendo humildemente obediente
— “não a minha vontade,
mas a tua”. Por esse motivo
devemos ter em nós “…o
mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus…”.
Esse é o cristianismo autêntico,
o cristianismo de Cristo; em sua
forma mais verdadeira, pura e
destilada. O cristianismo que
você e eu devemos seguir, e o
único digno desse nome.
O apóstolo Paulo conduziu
sua vida segundo o mesmo
princípio e padronizando sua
vida segundo o exemplo de
Cristo. Ele escreveu: “Sede
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meus imitadores, como também
eu sou de Cristo” (1 Coríntios
11:1). Foi por esse motivo que
o ministério do apóstolo foi tão
atraente para as pessoas à sua
volta. Por isso, sua pregação
era tão eficaz em transformar
corações e mentes. Ele era
um imitador de Cristo. Ao
examinarmos uma passagem
da segunda carta de Paulo aos
cristãos de Corinto — uma
das mais biográficas de todas
as suas cartas —, teremos
reveladas suas próprias
experiências como imitador de
Cristo e de Seu ministério. Nela,
Paulo nos revela, da forma mais
clara, o segredo de seu próprio
grande ministério.
Nos dois primeiros capítulos
de 2 Coríntios, Paulo estava
sendo desafiado por certos
cristãos de Corinto. Eles tinham
sido influenciados por alguns
cristãos judeus de Jerusalém,
que sugeriram que Paulo
não era, de maneira alguma,
um apóstolo genuíno porque
(1) ele não era um dos Doze
originais e (2) alguns de seus
ensinamentos iam além da
lei de Moisés. Afirmando que
Paulo não era um verdadeiro
apóstolo, insistiam que seu
tipo de cristianismo não era o
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verdadeiro. Um dos truques
favoritos do diabo é tachar a
verdade de grande mentira,
exatamente o que estava
acontecendo em Corinto.
CINCO MARCAS
INCONFUNDÍVEIS
DO CRISTIANISMO
AUTÊNTICO
Em resposta a estas
acusações Paulo descreve
para nós a natureza de seu
ministério. Como veremos,
o seu ministério tem cinco
qualidades inconfundíveis do
cristianismo que não podem
ser falsificadas com sucesso.
Essas qualidades nada têm
a ver com personalidade
ou temperamento; por isso,
qualquer pessoa que descubra
o segredo do cristianismo
autêntico pode alcançá-las. Elas
são atemporais e, portanto, tão
genuínas agora quanto nos dias
de Paulo.
Começamos nossa
jornada de descobrimento
em 2 Coríntios 2:14. Ali,
encontramos as três primeiras
marcas do cristianismo
autêntico: “Graças, porém, a
Deus, que, em Cristo, sempre
nos conduz em triunfo e, por
meio de nós, manifesta em
5
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todo lugar a fragrância do seu
conhecimento.” Examinemos
as marcas do cristianismo
autêntico.
Marca n.º1: Otimismo
insaciável. A primeira marca
é encontrada logo na primeira
frase: “Graças […] a Deus…”.
Uma evidência inconfundível
de cristianismo radical é um
espírito de gratidão, mesmo
em meio às provações e
dificuldades. Ele é um tipo de
otimismo insaciável. O mundo
funciona segundo o tenebroso
princípio da Lei de Murphy:
O que puder dar errado dará
errado. Os cristãos autênticos
funcionam por crença na graça,
no amor e no definitivo controle
de Deus. Você pode perceber
claramente o insaciável
otimismo do cristianismo
autêntico no livro de Atos, no
qual uma nota de triunfo ressoa
a despeito de todos os perigos,
dificuldades, perseguições
e pressões que os primeiros
cristãos vivenciaram. A mesma
nota contínua de ação de graças
é encontrada em todas as cartas
de Paulo e nas de João, Pedro
e Tiago.
A atitude de ação de graças
evidente nestas passagens é
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genuína e profunda. Nada há
de artificial a seu respeito. Ela
está muito longe da imitação de
ação de graças frequentemente
observada em cristãos nos
dias atuais. Algumas pessoas
pensam que o esperado é que
repitam palavras piedosas e de
agradecimento, mesmo quando
não se sentem gratas. Elas
presumem que é essa a atuação
esperada dos cristãos. Muitas
se acomodaram a uma forma de
estoicismo cristão, uma atitude
de “sorria e aguente” que até
um não-cristão pode ter quando
não há muito que se possa fazer
a respeito da situação. Mas, isso
está muito além da verdadeira
ação de graças cristã. Ao ouvir
alguns cristãos hoje em dia,
você poderia pensar que Deus
espera que colemos um sorriso
no rosto e saiamos dizendo
“Aleluia, tenho câncer!”. Nosso
insaciável otimismo não é
nada disso.
O cristianismo autêntico é
arraigado à realidade. Ele sente
toda a dor das circunstâncias
adversas e não encontra prazer
nelas. Mas, o cristianismo
autêntico vê o resultado sendo
produzido — não somente
no céu algum dia, mas aqui e
agora, na terra. Esse resultado
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é tão desejável e glorioso,
que merece toda a dor e a
tristeza. Não há nada a fazer
exceto regozijar-se! Um cristão
autêntico tem a confiança
de que o mesmo Senhor que
permitiu que a dor viesse a
usará para desencadear um
final altamente desejável.
Por essa razão podemos ser
genuinamente gratos — mesmo
em meio à perplexidade e
tristeza.
Encontramos em Atos 16 um
exemplo notável do otimismo
insaciável do cristianismo
autêntico. Ali, Paulo e Silas
estão, à meia-noite, num
calabouço da cadeia da cidade
de Filipos. Suas costas estão
em carne viva e sangrando
devido a uma terrível flagelação
ordenada pelas autoridades
romanas. Seus pés estão
atados a troncos. O futuro é
incerto e assustador. Qualquer
coisa poderia acontecer-lhes
pela manhã — até mesmo
tortura e morte. Ninguém ali
se impressionaria com uma
demonstração de coragem,
e não havia ninguém para
intervir e resgatá-los. Ainda
assim, a despeito de todos
esses motivos para pessimismo
e desesperança, Paulo e Silas
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literalmente começam a cantar!
Ninguém poderia acusá-los
de falsidade ou de apresentar
um rosto simpático apenas para
manter o moral elevado. Eles
estavam genuinamente gratos a
Deus, começaram a louvá-lo à
meia-noite porque sabiam que,
apesar do aparente malogro e
insucesso, seu objetivo havia
sido cumprido. Agora, a igreja
que eles desejavam implantar
em Filipos não poderia ser
barrada! Esse fato os inspirou
a romper em louvor e ação de
graças. Como eles poderiam
ter sabido o que Deus havia
planejado para eles — um
terremoto que quebraria as
cadeias, ruiria as paredes
da prisão e colocá-los-ia em
liberdade? Com certeza, não
poderiam! Eles não tinham
qualquer pressentimento de
que seriam libertados. Estavam
simplesmente manifestando
as marcas do cristianismo
autêntico: otimismo insaciável e
ação de graças.
Marca n.º 2: Sucesso
invariável. A segunda marca
do cristianismo autêntico está
intimamente ligada à primeira,
e se encontra na próxima frase
de 2 Coríntios 2:14: “…que, em
7
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Cristo, sempre nos conduz em
triunfo…”. Perceba a ênfase
com a qual Paulo afirma: Jesus
“sempre nos conduz” em triunfo.
Não ocasionalmente. Não
às vezes. Sempre. O apóstolo
deixa perfeitamente claro que o
cristianismo que ele vivenciou
apresenta um padrão de sucesso
invariável. Ele nunca envolve
fracasso, mas invariavelmente
alcança suas metas. Envolve,
como vimos, lutas, dificuldades
e lágrimas. Às vezes, como na
cruz do calvário, o momento
de triunfo pode até parecer um
completo fracasso. Mas, nosso
triunfo está sempre garantido.
Embora a luta possa ser
desesperada, nunca é séria. Ela,
finalmente, resulta em completa
realização dos objetivos que
Deus estabeleceu para nós.
Até mesmo a oposição que
encontramos é feita para servir
aos propósitos de vitória.
Precisamos lembrar que
essas palavras altissonantes
de Paulo não são uma
mera preleção evangélica.
Elas não foram proferidas
por um pastor bem pago e
altamente respeitado, em
uma congregação frequentada
por pessoas de alto poder
aquisitivo, numa moderna
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megaigreja. Estas palavras não
foram ditas para emocionar e
entreter a plateia da manhã de
domingo, mas para encorajar e
incentivar aqueles que estavam
literalmente arriscando suas
vidas e as de suas famílias
dia a dia pela causa de Cristo.
Essas palavras foram escritas
por um homem que carregava
em seu corpo os ferimentos
de um servo de Jesus. Ele
as havia suportado, com
grande dor, muita dificuldade,
infindáveis decepções e amarga
perseguição. Ainda assim, com
poderosa veracidade, conseguia
escrever que Jesus sempre nos
conduz em triunfo.
Certamente, isso não
significa que os planos e
objetivos de Paulo sempre
foram realizados, porque não
foram. Ele quis fazer muitas
coisas que nunca conseguiu
realizar. No livro de Romanos
9:3, Paulo descreve de que
maneira ele ansiava ser usado
como ministro para Israel
— “…meus irmãos, meus
compatriotas…”. Ele chegou
a expressar a disposição para
ser separado de Cristo caso os
israelitas pudessem ser libertos.
Mas, ele nunca atingiu tal
objetivo. O importante aqui não
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são os planos dele, mas os de
Deus. O triunfo é de Cristo, não
de Paulo.
É invariável que, ao
descobrirmos o segredo radical
do cristianismo autêntico,
jamais falharemos. Nossa
vontade, nossos sonhos, nossas
metas e nossos desejos podem
ser frustrados — mas, e a
vontade e o plano de Deus?
Nunca! Ele pode até tecer
nossos aparentes fracassos em
Seu plano geral para o triunfo
definitivo. Na vida de um
genuíno cristão, cada obstáculo
torna-se uma oportunidade. O
sucesso é inevitável.
A Liberdade da Prisão.
O otimismo insaciável do
cristianismo verdadeiro reluz
em todo o capítulo 1 da carta de
Paulo a seus amigos em Filipos.
Escrevendo como prisioneiro
na cidade de Roma, confinado
a uma casa particular alugada,
mas acorrentado dia e noite a
um membro da guarda imperial
de César, Paulo tem pela frente
um futuro desolador. Logo, ele
terá de se apresentar a Nero
para responder às acusações
dos judeus, que poderiam
resultar em sua morte. Ele
não tem mais permissão para
viajar livremente pelo império,
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pregando “as inexauríveis
riquezas de Cristo”. Não pode,
sequer, visitar seus amados
amigos nas muitas igrejas
que fundou.
Que excelente momento
para ficar desanimado!
Contudo, nenhuma carta do
Novo Testamento reflete maior
confiança e gozo do que a de
Filipenses. O motivo para essa
confiança, diz Paulo, é duplo.
Ele escreve: “Quero ainda,
irmãos, cientificar-vos de que
as coisas que me aconteceram
têm, antes, contribuído para o
progresso do evangelho” (1:12). Em seguida, ele descreve duas
evidências para provar sua
afirmação.
Primeiro, ele diz: “…de
maneira que as minhas
cadeias, em Cristo, se tornaram
conhecidas de toda a guarda
pretoriana e de todos os
demais” (v.13). A guarda
do palácio (ou, em algumas
traduções, a guarda pretoriana)
é o corpo da guarda imperial.
Por ser prisioneiro de César,
ele precisa ser guardado pela
seleta guarda do próprio César.
A guarda era, em grande
parte, constituída por filhos de
famílias nobres comissionados
para passar alguns anos na
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guarda do palácio de Nero.
Mais adiante, este seleto grupo
viria a tornar-se o responsável
pela escolha dos próximos
imperadores. Eles eram jovens
impressionantes, a nata do
império, em treinamento para
futuras posições de poder e
liderança.
Qualquer um que consiga
ler um pouco das entrelinhas,
enxergará o que está
acontecendo aqui. É evidente
que o Senhor Jesus, em Sua
posição como Rei da terra,
nomeou Nero como presidente
do Comitê de Evangelização do
império Romano. Nero não sabe
disso — mas, afinal, raramente
os imperadores sabem o que
realmente se passa em seus
impérios. Lembre-se de que,
quando chegou o tempo de o
Filho de Deus nascer em Belém,
Sua mãe e seu marido moravam
em Nazaré, a 112 quilômetros
de distância. Então, Deus
designou o imperador Augusto
para trazer José e Maria de
Nazaré para Belém. Augusto
sentiu um estranho impulso
de emitir um édito imperial
estabelecendo que todos
deveriam ir às suas cidades de
origem para pagar os impostos
— isso resolveu tudo!
10
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Neste caso, Nero havia
ordenado que sua guarda
imperial deveria cuidar do
apóstolo Paulo. A cada 6
horas, um dos futuros líderes
do império Romano era
trazido, acorrentado a Paulo
e, forçosamente, exposto ao
evangelho transformador de
Jesus Cristo!
Sugiro que, se você deseja
sentir pena de alguém, não sinta
de Paulo. Sinta pena do jovem
guarda-costas romano. Ei-lo
aqui, tentando levar uma pacata
vida pagã, e com frequência lhe
mandam sair e ser acorrentado
àquele homem perturbador
que diz as coisas mais
surpreendentes sobre alguém
chamado Jesus de Nazaré, que
ressurgiu dos mortos. Como
resultado, um por um, estes
jovens homens estavam sendo
ganhos para Cristo. Isso é o
que você poderia chamar uma
reação em cadeia!
Se você duvida que isso
estava acontecendo, leia
do versículo seguinte até o
último da carta aos Filipenses:
“Todos os santos vos saúdam,
especialmente os da casa de
César” (Filipenses 4:22). Eis
aqui um grupo de homens
jovens, o centro político do
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império, sendo infiltrado e
conquistado para Cristo por
um velho homem acorrentado,
que aguarda julgamento por
sua vida. Não é nem um pouco
improvável que alguns desses
jovens que acompanharam
Paulo em suas viagens
posteriores fizessem parte
desse grupo.
Este incidente é uma
magnífica revelação da
estratégia de Deus — e, em
contraste, da fraqueza da
estratégia humana. Nenhuma
mente humana poderia ter
concebido essa abordagem
singular ao coração do império.
Nós, humanos, estamos
sempre planejando estratégias
para levar a cabo a Grande
Comissão, mas o resultado é,
habitualmente, banal, rotineiro,
sem imaginação e relativamente
ineficaz. O fato notável sobre a
estratégia de Deus é ser genial e
totalmente inesperada.
Ajudado pela oposição.
As estratégias de Deus são tão
poderosas, em comparação
as estratégias e aos planos
e humanos, que Ele é capaz
de transformar a mais
perversa oposição humana e
transformá-la em Sua vantagem.
Vemos isso registrado nos
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primeiros capítulos do livro
de Atos. A igreja de Jerusalém
estava crescendo aos trancos
e barrancos. Cerca de dois a
cinco mil cristãos se reuniam
semanalmente, com tremenda
comunhão e entusiasmo. Não
obstante, ela estava limitada
pelos muros da cidade. Quando
Deus desejou disseminar essas
boas coisas entre as nações, Ele
permitiu o surgimento de uma
forte oposição. Como resultado,
os cristãos foram para todas as
direções do império — exceto os
apóstolos.
Aprendi a vislumbrar a
mão de Deus nestes atos de
oposição e agora leio relatos
de missionários com uma
perspectiva diferente. Nos
anos recentes, vi muitos relatos
em revistas missionárias
dizendo, de uma maneira ou
de outra: “Coisas terríveis estão
acontecendo ao nosso país.
As portas estão se fechando
ao evangelho. A oposição
está crescendo. O governo
está tentando suprimir todo
o testemunho cristão. Logo,
nossos missionários precisarão
fazer as malas e ir embora.”
Inquestionavelmente, esses
missionários e os cristãos
nativos desses países estão
11
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sendo oprimidos e ameaçados,
e necessitam muito de nossas
orações e apoio. Contudo,
quando leio tais relatos, aprendi
a dizer: “Graças a Deus.
Finalmente, os missionários
estão sendo forçados a
abandonar o controle das
igrejas, que está sendo passado
para a igreja nacional.”
Na Etiópia, antes da
Segunda Guerra Mundial, os
missionários foram expulsos
durante 20 anos, mas, quando
voltaram, descobriram que o
evangelho havia se alastrado
como uma epidemia e que
havia muito mais cristãos do
que se os missionários tivessem
sido autorizados a permanecer
no país. Temos visto histórias
similares em outros pontos
problemáticos no mundo todo,
notavelmente na China.
Em sua carta aos Filipenses,
Paulo faz um segundo
comentário que sustenta sua
afirmação de que as coisas que
lhe aconteceram só serviram
para o avanço do evangelho.
Diz ele: “…e a maioria dos
irmãos, estimulados no Senhor
por minhas algemas, ousam
falar com mais desassombro a
palavra de Deus” (Filipenses
1:14). Devido a Paulo estar
12
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preso, os cristãos de Roma
estavam testemunhando muito
mais livremente por toda a
cidade do que fariam em outras
circunstâncias.
Foi neste momento que
começou a primeira perseguição
oficial romana contra os
cristãos. Muitos, portanto,
tinham medo de falar de sua fé.
Mas, viram que Deus — não
Nero, nem os líderes judaicos
— estava no total controle.
Com Deus no comando, eles
se encheram de coragem para
proclamar o evangelho. Houve
em Roma um alcance mais
eficaz do que se Paulo estivesse
livre para pregar à vontade.
Esse fato sempre me sugeriu
que, talvez, a melhor maneira
de evangelizar uma comunidade
seria começar trancafiando
todos os pregadores na cadeia!
Os outros cristãos poderiam
começar então a perceber que
também têm dons de ministério
e começariam a exercê-los de
maneiras eficazes!
Cartas Vivas. Analisando
este incidente com o benefício
de 20 séculos de retrospectiva,
vemos uma terceira prova da
afirmação de Paulo — uma
prova que nem ele poderia ter
enxergado naquele momento.
30/12/11 09:37
Se estivéssemos com Paulo
naquela casa alugada em
Roma e lhe perguntássemos:
“Paulo, qual foi a maior obra
que você realizou em seu
ministério por intermédio do
poder de Cristo?”, o que ele
teria respondido? Tenho certeza
de que sua resposta teria sido:
“A implantação de igrejas
em diversas cidades.” Foi a
essas igrejas que ele escreveu
suas cartas, e, por elas orava
diariamente. Ele as chamava
“minha alegria e minha
coroa” e a elas dedicou-se
irrestritamente a elas.
Mas, agora, observando os
séculos desde então, podemos
ver que, afinal de contas, a
implantação destas igrejas não
foi a sua maior obra. Cada uma
das igrejas que ele implantou
cessou seu testemunho há
muito tempo. Na maioria dos
casos, as cidades em que elas
existiram são, hoje, ruínas.
As cartas que Paulo escreveu
quando estava encarcerado
e impossibilitado de fazer
qualquer outra coisa foi o que
persistiu até os nossos dias!
Essas cartas transformaram
o mundo, estão dentre os
mais poderosos documentos
conhecidos pelo homem. Não
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admira que Paulo pudesse
escrever: “Graças, porém, a
Deus, que, em Cristo, sempre
nos conduz em triunfo.” Esta
é uma marca inconfundível do
cristianismo autêntico.
Marca n.º 3: Impacto
inesquecível. A terceira
marca inconfundível segue
imediatamente. Após dizer
“Graças, porém, a Deus,
que, em Cristo, sempre nos
conduz em triunfo…”, Paulo
continua com essa linda
afirmação sobre o impacto
que causamos como cristãos
autênticos: “…e, por meio de
nós, manifesta em todo lugar a
fragrância do seu conhecimento”
(2 Coríntios 2:14). Deus nos
diz que nossas vidas devem
ser dedicadas a emitir uma
fragrância, perfume, aroma
agradável — não apenas para
outras pessoas, mas, para Deus.
Ampliando seu pensamento,
Paulo acrescenta: “Porque nós
somos para com Deus o bom
perfume de Cristo, tanto nos
que são salvos como nos que se
perdem. Para com estes, cheiro
de morte para morte; para com
aqueles, aroma de vida para
vida. Quem, porém, é suficiente
para estas coisas?” (vv.15-16).
13
30/12/11 09:37
A maioria dos homens teve a
experiência de estar numa sala
em que entrou uma mulher de
beleza estonteante. Antes de
entrar, ela aplicou, aqui e ali, um
toque de um delicioso perfume
e, ao passar pela sala, deixou
uma fragrância duradoura.
Consciente ou não, todos os
homens presentes na sala são
afetados por tal fragrância.
Semanas ou meses depois, ao
sentirem novamente aquela
fragrância —, imediatamente,
a imagem da linda mulher vem
às suas mentes. A fragrância a
tornou inesquecível.
Essa é a imagem que Paulo
nos dá aqui. O cristianismo
autêntico deixa uma impressão
inesquecível naqueles que o
encontram. Os cristãos são
responsáveis pelo impacto
duradouro que provocam. Como
Paulo sugere, o impacto pode
ser uma de duas direções. Os
cristãos aumentam a oposição a
Cristo (morte para a morte) ou
lideram em direção à fé e vida
(vida para a vida). Se a sua vida
reflete o cristianismo radical e
autêntico, as pessoas se tornam
amargas ou melhores por meio
do contato com você. Mas, uma
coisa que não pode ocorrer é as
pessoas permanecerem como
14
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estão. Aquelas determinadas
à morte são impelidas para a
morte ao entrarem em contato
com o cristianismo autêntico.
Aquelas que buscam a vida
são ajudadas a entrar na vida.
Certamente, Jesus tinha essa
qualidade. Ninguém que teve
contato com Ele foi embora sem
transformação.
Muitos comentaristas, sobre
essa passagem, concluem que
Paulo tinha em mente um típico
triunfo romano. Quando um
general romano retornava à
capital após uma campanha
bem-sucedida, o senado lhe
concedia um triunfo. Uma
grande procissão passava
pelas ruas de Roma exibindo
os cativos feitos durante a
conquista. Algumas pessoas
iam adiante da carruagem
do conquistador, levando
guirlandas de flores e potes de
incenso aromático. Elas eram os
prisioneiros destinados a viver
e retornar ao seu país invadido,
para governá-lo sob o poder
de Roma. Outros prisioneiros
seguiam atrás da carruagem,
arrastando correntes e pesadas
algemas. Estes estavam
destinados à execução, pois
os romanos sentiam que não
podiam confiar neles. Enquanto
30/12/11 09:37
a procissão avançava através
das multidões que aplaudiam,
os potes de incenso e as flores
perfumadas eram, para o
primeiro grupo, uma fragrância
da vida para a vida, enquanto
o mesmo aroma era, para o
segundo grupo, uma fragrância
da morte para a morte.
Esse é o efeito do
evangelho ao tocar o mundo
por intermédio da vida de um
cristão autêntico. O cristianismo
autêntico deixa uma fragrância
duradoura para o Deus de
Jesus Cristo, não importa o que
aconteça — mas, para os seres
humanos, ela é uma fragrância
de morte para a morte ou de
vida para a vida.
Mas, e o falso cristianismo?
Ele é totalmente diferente —
apenas um fedor! Talvez você
tenha ouvido dizer que “velhos
pescadores nunca morrem;
eles apenas fedem.” O mesmo
pode ser dito a respeito do falso
cristianismo: ele nunca morre;
só tem esse cheiro.
Marca n.º 4: Integridade
irrepreensível. A quarta
marca do cristianismo genuíno
é encontrada em 2 Coríntios
2:17: “Porque nós não
estamos, como tantos outros,
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mercadejando a palavra de
Deus; antes, em Cristo é que
falamos na presença de Deus,
com sinceridade e da parte
do próprio Deus.” Lembrese, esta não é uma descrição
dos pastores cristãos, mas
de todos os cristãos. Ela tem
grande aplicação ao pastores e
outras pessoas do ministério,
mas sua referência primária
é aos cristãos comuns, que
aprenderam o segredo do
cristianismo autêntico.
Os cristãos podem ser
descritos de duas maneiras:
negativa e positivamente.
Negativamente, eles não são
mascates. Essa palavra significa
um vendedor ambulante.
Ocasionalmente, ouço o
testemunho cristão ser descrito
como “vender o evangelho”.
Encolho-me amedrontado ao
ouvir isso porque não creio
que a função dos cristãos é
serem vendedores de Deus.
Aqui, a ideia é de um vendedor
ambulante que possui certas
mercadorias que considera
atraentes e oferece na esquina
aos transeuntes. Ele ganha
a vida mascateando suas
mercadorias.
Boa parte da pregação e
do testemunho cristão pode
15
30/12/11 09:37
ser descrita dessa maneira.
As pessoas selecionam certas
características atraentes das
Escrituras e as usam como
“argumentos de venda”. A
cura é um desses casos. Ela
é um assunto legítimo para
estudo e prática, mas, quando
destacada do contexto e
batendo sempre na mesma
tecla — especialmente quando
um tom de grandes ofertas
sacrificiais está ligado a ela —,
a cura pode levar, rapidamente,
a um mascateamento. A
profecia pode servir ao mesmo
propósito. Fico perturbado com
qualquer pessoa conhecida
somente como mestre profético,
porque ela retirou algo
atraente (e até sensacional)
da Palavra. Se isso é tudo que
sempre ensina, essa pessoa
não está declarando “o todo”
do conselho de Deus. Ela é
um mascate, ganhando a vida
vendendo certas mercadorias
das Escrituras. Paulo diz que
o cristianismo autêntico não
mascateia sua verdade como
um camelô na rua.
Nossa integridade
como cristãos autênticos
se caracteriza por quatro
qualidades, de acordo com esta
passagem.
16
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Primeira qualidade da
integridade: Falamos “com
sinceridade”. Em outras
palavras, devemos ser pessoas
honestas. O que dizemos
precisa ser verdade. O mundo
admira a sinceridade e sente
que ela é a expressão definitiva
do caráter — mas, de acordo
com Paulo, a sinceridade é
apenas o começo do caráter, a
expectativa mínima de Deus
para os cristãos autênticos. O
mínimo absoluto que devemos
esperar de nós mesmos,
como cristãos, é crermos e
praticarmos perfeitamente o
que dizemos.
Segunda qualidade
da integridade: Paulo diz
que somos “enviados por
Deus” ou “comissionados
por Deus”. Isto manifesta o
nosso propósito como cristãos
autênticos. Não devemos ser
sonhadores indolentes sem
objetivo definido em vista.
Como os oficiais militares,
também fomos comissionados.
Recebemos uma tarefa definida
e missões específicas que
constituem nosso propósito na
vida e no ministério. Somos
pessoas com propósitos e uma
finalidade em vista, um objetivo
a atingir, uma meta a cumprir.
30/12/11 09:37
E não meramente pregamos ou
testemunhamos como se esse
fosse um objetivo em si.
Terceira qualidade da
integridade: Paulo diz que
fazemos tudo isso “diante de
Deus” ou “à vista de Deus”,
o que indica uma atitude de
transparência, de abertura à
investigação. Andar à vista de
outras pessoas nos permite
ocultar nossos pecados e
contradições por trás de
uma fachada. Mas, andar à
vista de Deus requer total
honestidade com Ele e conosco
mesmos, porque nada pode
ser ocultado da vista de Deus.
Não significa que podemos
viver sem pecado, mas que
não pode haver dissimulação
ou evasão dos fatos do nosso
pecado quando este ocorre.
Significa a inexistência de
áreas de negação. Tudo é
avaliado e testado pela pureza,
conhecimento e sabedoria de
Deus — e o que é pecaminoso,
nós confessamos e nos
arrependemos diante de Deus.
Um homem que anda à vista de
Deus está mais interessado em
sua realidade interior do que em
sua reputação exterior. Pode-se
confiar totalmente nele. Você
pode até crer nos tantos gols
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que ele marcou e no tamanho
do peixe que já pescou. Se você
conseguir ensinar aos seus
jovens a viverem à vista de
Deus, você será até capaz de
confiar em deixá-los no banco
traseiro de um carro.
Quarta qualidade da
integridade: Falamos “em
Cristo”. Qual qualidade
isso indica? Autoridade!
Paulo afirma claramente em
2 Coríntios 5:20 — “De sorte
que somos embaixadores
em nome de Cristo, como se
Deus exortasse por nosso
intermédio.” Embaixadores
são porta-vozes autorizados.
Eles têm poder para agir e
fazer alianças em nome de
outros. Os cristãos autênticos
não são servos impotentes.
Falamos palavras e entregamos
mensagens que o céu honra.
Todas essas qualidades se
somam para uma integridade
irrepreensível. Pessoas com
sinceridade, propósito,
transparência e autoridade são
totalmente confiáveis. Você
pode fazer soar uma moeda
de ouro na consciência delas.
Suas palavras são seus deveres
e pode-se contar com seu
compromisso. São indivíduos
responsáveis e fiéis. Essa é
17
30/12/11 09:37
a quarta grande marca do
verdadeiro cristianismo.
Neste ponto do texto
bíblico, chegamos a uma
divisão de capítulo. É triste,
pois separa dois capítulos
que deveriam ser unidos. O
apóstolo não terminou sua
linha de raciocínio; portanto,
é melhor ignorar a divisão e
continuar lendo, para encontrar
a quinta marca do cristianismo
autêntico: “Começamos,
porventura, outra vez a
recomendar-nos a nós mesmos?
Ou temos necessidade,
como alguns, de cartas de
recomendação para vós outros
ou de vós?” (2 Coríntios 3:1).
Marca n.º 5: Realidade
inegável. Paulo tem
consciência de estar começando
a soar arrogante. Ele sabe que
existem alguns em Corinto que,
imediatamente, entenderão
assim suas palavras. De
fato, torna-se óbvio, por suas
palavras, que alguns haviam até
sugerido, em correspondências
anteriores, que, quando voltasse
a Corinto, trouxesse cartas
de recomendação de alguns
dos Doze de Jerusalém! Eles
pensavam que Paulo fosse um
homem totalmente semelhante
18
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a eles. Assim, por enxergaremno como alguém continuamente
louvando a si mesmo,
ninguém acreditaria nele sem
a confirmação de fontes mais
objetivas. Mas, Paulo lhes diz:
“Vós sois a nossa carta, escrita
em nosso coração, conhecida
e lida por todos os homens,
estando já manifestos como
carta de Cristo, produzida pelo
nosso ministério, escrita não
com tinta, mas pelo Espírito do
Deus vivente, não em tábuas
de pedra, mas em tábuas de
carne, isto é, nos corações”
(2 Coríntios 3:2-3).
Na verdade, ele está dizendo
o seguinte: Vocês querem
cartas de recomendação para
provar que eu tenho autoridade
como mensageiro de Deus?
Ora, vocês mesmos são toda a
recomendação de que preciso!
Vejam o que aconteceu com
vocês. Sofreram alguma
transformação desde que vieram
a Cristo por intermédio da
minha palavra? Seus próprios
corações testemunharão a
vocês mesmos e perante o
mundo de que a mensagem que
vocês ouviram de nós e que
transformou suas vidas provém
de Deus. Em 1 Coríntios 6,
Paulo fez referência aos
30/12/11 09:37
“impuros… idólatras…
adúlteros… efeminados…
sodomitas… ladrões…
avarentos… bêbados…
maldizentes… [e] roubadores”
que havia encontrado em
Corinto. “Tais fostes alguns de
vós…”, acrescentou (vv.9-11).
Mas, agora, eles haviam
sido lavados, santificados
e justificados pelo nome do
Senhor Jesus Cristo. Estas
transformações validavam a
mensagem de Paulo.
O povo de Corinto havia
escrito a Paulo sobre sua
alegria recém-descoberta, e a
esperança e significado trazidos
às suas vidas. Descreveram-lhe
sua libertação da vergonha e da
culpa, do medo e da hostilidade,
das trevas e da morte. Assim, na
verdade, ele lhes diz: Essa é a
sua confirmação. Vocês mesmos
são cartas vivas de Deus,
conhecidas e lidas por todos os
homens, escritas pelo Espírito
de Deus em seus corações.
Aqui está a marca final do
cristianismo genuíno: realidade
inegável, uma transformação
que não pode ser explicada
por qualquer outro termo,
senão Deus operando. Paulo
não necessitava de cartas de
recomendação, pois esse tipo de
U3459_t_AuthenticChristianLife-POR.indd 19
transformação era evidente nas
vidas de seus ouvintes.
Certa vez, ouvi falar de
um homem que foi alcoólatra
durante anos e, depois,
se convertera. Alguém lhe
perguntou: “Agora que você é
um cristão, crê nos milagres
do Novo Testamento?” Ele
respondeu: “Sim, creio”. O
outro homem disse: “Você crê
naquela história sobre Jesus
transformando água em vinho?”
Ele disse: “Com certeza”.
O outro disse: “Como você
pode crer em tal absurdo?”
O cristão respondeu: “Vou
lhe dizer como: porque, em
nossa casa, Jesus transformou
uísque em mobília!” Essa é a
marca da autenticidade. Uma
transformação tão pronunciada
assim só ocorre sob o impulso
de um poderoso relacionamento
que substitui o amor à bebida
pelo amor a Cristo.
Esses são os cinco sinais
inconfundíveis do cristianismo
autêntico: otimismo insaciável,
sucesso invariável, impacto
inesquecível, integridade
irrepreensível e realidade
inegável. Estão presentes
sempre que a verdadeira
questão é manifestada. A
religião simplesmente tenta
19
30/12/11 09:37
imitar essas marcas, mas
nunca é capaz de levá-las a
cabo. Em comparação a estas
marcas, o falso cristianismo
é sempre exposto como uma
imitação surrada e malfeita
que cai rapidamente sob a
verdadeira pressão. O fato
notável não é que os homens
busquem imitar essas graças
genuínas, pois todos fomos
algum tipo de hipócritas desde
nosso nascimento. O único
fato notável é que tornar-se
cristão não garante, por si só,
que estas graças genuínas
serão manifestas em nós.
O que as produz não é ser
cristão, mas viver como cristão.
Há um conhecimento que
precisamos ter e uma escolha
que precisamos fazer antes
dessas virtudes se tornarem
consistentemente presentes.
O segredo nos espera nas
linhas a seguir.
O SEGREDO
L
igue o rádio ou a TV
e, em instantes, você
será bombardeado
com propagandas. Cada um
desses comerciais tem uma
aparência diferente ou um
20
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som distinto, mas todos eles
prometem essencialmente a
mesma coisa: o segredo de
realização, satisfação, sucesso
ou felicidade. Contudo, você
não encontrará o segredo
comprando um produto na loja,
fazendo um cruzeiro ou ligando
para um número de telefone
que aparece no rodapé da
tela da TV.
Não se desespere! O segredo
pode ser encontrado. Ele está
verdadeiramente disponível a
você. Paulo fala sobre isto em
2 Coríntios 2 — e ele não está
à venda, por preço algum.
É inteiramente gratuito!
A FONTE DA NOSSA
SUFICIÊNCIA
Lembre-se das cinco marcas
do cristianismo autêntico, que
acabamos de examinar: otimismo
insaciável, sucesso invariável,
impacto inesquecível, integridade
irrepreensível e realidade
inegável. Essas marcas vieram
à nossa atenção ao lermos a
descrição de Paulo sobre sua
própria experiência e ministério
em 2 Coríntios 2. Mas, Paulo
também fez uma importante
pergunta neste capítulo — a qual,
deliberadamente, guardei para
este momento. Após relacionar as
30/12/11 09:37
marcas de um cristão autêntico,
Paulo pergunta ao leitor: “…
Quem, porém, é suficiente para
estas coisas?” (v.16).
Encaremos essa pergunta
com muita seriedade. Tente
respondê-la! Quem, de fato,
está à altura de tal tarefa?
Quem dentre nós demonstra
o tipo de otimismo insaciável,
sucesso invariável, impacto
inesquecível, integridade
irrepreensível e realidade
inegável que, supostamente,
caracterizam a vida de um
cristão autêntico? Quem é um
modelo consistente dessas
qualidades? Eu sou? Você é?
Você está à altura da
tarefa de manifestar um
espírito alegre e confiante de
maneira contínua, infalível e
consistente? Tem capacidade
para sempre sair-se bem?
Tem influência poderosa e
positiva sobre os outros? Total
confiabilidade? Demonstra
qualidades de forma confiável
e realista a ponto de ninguém
jamais duvidar delas? Quem
está à altura de tal tarefa?
A pergunta paira no ar,
esperando por uma resposta.
Paulo, contudo, não nos deixa
tateando em busca de uma
resposta à sua penetrante
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pergunta. No livro de
2 Coríntios 3:4-6, ele nos dá sua
resposta decisiva:
E é por intermédio de Cristo
que temos tal confiança
em Deus; não que, por nós
mesmos, sejamos capazes
de pensar alguma coisa,
como se partisse de nós;
pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus,
o qual nos habilitou para
sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata,
mas o espírito vivifica.
Paulo nos apresenta o
grande segredo em termos
inconfundíveis: “…é por
intermédio de Cristo que
temos tal confiança […] nossa
suficiência vem de Deus…”
Para que ninguém perca as
implicações disso, Paulo
coloca a mesma verdade
negativamente: “…não que, por
nós mesmos, sejamos capazes
de pensar alguma coisa,
como se partisse de nós; pelo
contrário, a nossa suficiência
vem de Deus…” (3:5). Nada
vindo de nós; tudo vindo de
Deus! Esse é o Segredo dos
segredos — o segredo da
verdadeira realização, satisfação
e sucesso.
21
30/12/11 09:37
VIVENCIE-A, NÃO A
DESPERDICE
Viver desta maneira, recebendo
de Deus nossa suficiência,
significa ser “competente como
ministros de uma nova aliança”,
significa viver recebendo de
Deus a nossa autossuficiência.
Paulo contrasta fortemente esse
modo de vida com a antiga
aliança, o código escrito já
morto, a “letra” que “mata”.
Viver com nada originando-se
de nós e tudo vindo de Deus
é viver no Espírito. O Espírito
dá, continuamente, Vida com V
maiúsculo. Esse é o segredo que
produziu o espírito confiante
que caracterizou Paulo e lhe
delegou a disseminação da
fragrância do conhecimento de
Cristo onde quer que ele fosse.
Sua linguagem nos lembra
imediatamente das palavras de
Jesus aos Seus discípulos: “Eu
sou a videira, vós, os ramos […]
sem mim nada podeis fazer”
(João 15:5). Nem Jesus nem
Paulo desejam implicar que
nenhuma atividade humana é
possível sem a confiança em
Deus. O mundo e a igreja estão
cheios de exemplos contrários.
Mas, Jesus e Paulo ensinam
que a atividade dependente
de recursos humanos para
22
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o seu sucesso, no final, em
nada resultará. Não terá valor
permanente. Os homens
podem louvar e imitá-la, mas
Deus a considerará pelo que
ela é — esforço desperdiçado.
Descreve exatamente uma vida
assim; na queixosa pergunta de
T. S. Eliot:
Todo o nosso conhecimento nos
aproxima da nossa ignorância,
Toda a nossa ignorância nos
aproxima da morte,
Mas, a proximidade da morte
não nos aproxima de Deus.
Onde está a vida que perdemos
enquanto vivíamos?
Onde, realmente? Somos
forçados a, honestamente,
admitir que desperdiçamos
deliberadamente uma boa parte
de nossa vida em devaneios
inúteis e atividades que não
trazem benefício. Mas, não
toda a vida! Às vezes, damos
o melhor de nós mesmos,
outras, somos zelosos e
sérios, e nos esforçamos
ao máximo para agir como
deveríamos. Frequentemente,
os resultados nos parecem
muito impressionantes para
os outros também, mas
quando pensamos em nossa
morte que se aproxima, tudo
parece um tanto vão e fútil.
30/12/11 09:37
E perguntamos: “Onde está a
vida que perdemos enquanto
vivíamos?”
O Espírito dá,
continuamente,
Vida com
V maiúsculo.
O apóstolo indica que o
segredo de uma vida eficaz e
significativa jaz naquilo que
chama “a nova aliança”. Jesus
a se referiu quando passou
o cálice aos Seus discípulos
na instituição da Ceia do
Senhor: “…Este é o cálice da
nova aliança no meu sangue
derramado em favor de vós”
(Lucas 22:20). Esse cálice,
tomado com o pão, deve
recordar-nos da verdade central
de nossas vidas: Jesus morreu
por nós para que pudesse viver
em nós. Sua vida em nós é a
força pela qual podemos viver a
verdadeira vida cristã. Essa é a
nova aliança.
É importante compreender o
significado da palavra aliança.
Existem, segundo Paulo,
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duas alianças operando na
vida humana. Uma é a nova
aliança, que Paulo descreveria
como “nada vindo de mim,
tudo vindo de Deus”. Ela
contrasta diretamente com a
antiga aliança, que poderia
ser descrita como “tudo vindo
de mim e nada vindo de
Deus”. Em seu início, a ideia
de aliança, nos dias de Paulo
e nos nossos, é a mesma de
um acordo essencial a todo
relacionamento posterior.
Se dois homens fazem
negócios juntos, eles formam
uma sociedade. Os termos
de seu relacionamento são
cuidadosamente detalhados,
para que possam ter uma
estrutura de trabalho. O
casamento também é um tipo
de aliança, no qual um homem
e uma mulher concordam em
compartilhar tudo que têm
e em permanecerem juntos
contra todos os obstáculos,
até a morte. As nações
assinam tratados entre si para
determinar as condições sob
as quais cooperarão. Todos
estes exemplos são formas de
alianças e deixam claro que
uma aliança é fundamental
e essencial para todo
empreendimento humano.
23
30/12/11 09:37
Mas, a aliança mais
fundamental de todas é aquela
que forma a base da própria
vida humana. Podemos até
nem pensar frequentemente
desta maneira, mas, nenhuma
atividade nos será possível se
não nos apoiarmos em uma
aliança. Não poderíamos
conversar, cantar, andar, falar,
orar, correr, pensar ou respirar
sem tal aliança. Ela é uma
combinação feita por Deus com
a raça humana, na qual nós
recebemos a vida e energia de
que necessitamos para fazer o
que Deus deseja que façamos.
Não fornecemos nossa própria
energia. Somos criaturas
dependentes, necessitando de
constante suprimento do Deus
Criador para viver e respirar.
Agora, a grande declaração
de Paulo nessa passagem —
confirmada no Antigo e no
Novo Testamento — é que
essa combinação fundamental
para a vida nos é dada de
uma entre duas maneiras.
Existe uma maneira “antiga”,
indissociavelmente ligada à Lei
de Moisés do Antigo Testamento
— o código escrito, a “letra”
que mata.
Mas, por meio de Jesus
Cristo, existe uma “nova”
24
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maneira que resulta em vida
insaciavelmente otimista,
caracterizada por sincero
sucesso, que promove um
impacto inesquecível, opera
com integridade irrepreensível
e confronta o mundo com
um testemunho de realidade
inegável. Tendo descoberto as
implicações desta nova aliança,
o apóstolo se acha qualificado
para viver como Deus queria
que ele vivesse, e é através
da descoberta dessas mesmas
implicações para nós, que nos
descobriremos qualificados
por Deus para vivermos como
Ele quer que vivamos nos dias
de hoje.
COMO PAULO
ENCONTROU O
SEGREDO
Visto que o apóstolo usa a
sua própria experiência como
exemplo do tipo de vida que
ele tem em vista, será útil
delinear como ele aprendeu
esta verdade transformadora
por si mesmo. Se você pensa
que lhe tudo veio naquele
momento dramático na poeira
da estrada de Damasco,
quando Paulo descobriu a
verdadeira identidade de Jesus
Cristo e se rendeu às Suas
30/12/11 09:37
reivindicações senhoriais,
você está longe da verdade.
De fato Paulo renasceu
naquele momento; é verdade
que ele compreendeu, pela
primeira vez, que Jesus era,
verdadeiramente, o Filho de
Deus; é verdade que o centro
de sua ardente vida de jovem
fariseu foi transformado
para sempre — de viver para
seu próprio avanço, para
desejar a eterna glória de
Jesus Cristo. Mas, pode ser
muito encorajador, para
muitos de nós, que lutamos
na vida cristã, aprender que
Paulo também atravessou um
período de, provavelmente,
dez anos após sua conversão
antes de começar a viver na
plenitude da nova aliança. E
foi durante esse tempo que,
do ponto de vista de Deus, ele
era um miserável fracasso em
viver uma vida cristã!
Podemos unir, a partir de
Atos 9 e outros textos das
Escrituras, todo o relato da
experiência de conversão
de Paulo e o que aconteceu
para produzir a tremenda
mudança em sua vida. Eis uma
descrição do que ocorreu após
a experiência da estrada de
Damasco:
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[Saulo (Paulo)]
…permaneceu em Damasco
alguns dias com os discípulos.
E logo pregava, nas
sinagogas, a Jesus, afirmando
que este é o Filho de Deus.
Ora, todos os que o ouviam
estavam atônitos e diziam:
Não é este o que exterminava
em Jerusalém os que
invocavam o nome de Jesus e
para aqui veio precisamente
com o fim de os levar
amarrados aos principais
sacerdotes? (Atos 9:19-21).
Nesta passagem, fica claro
que tudo aconteceu em poucos
dias após a conversão de Paulo
e de seu batismo por Ananias.
Paulo começou imediatamente,
com vigor característico, a
proclamar (anunciar) a deidade
de Jesus (“Ele é o Filho de
Deus”). Ele havia aprendido
esta verdade na glória da luz
que brilhou sobre si na estrada
de Damasco. Então, Lucas, sem
dar qualquer indicação no texto,
continua seu relato com algo
que não aconteceu durante,
pelo menos, vários meses
após os acontecimentos acima
e que pode não ter ocorrido
pelos três anos seguintes:
“Saulo, porém, mais e mais se
fortalecia e confundia os judeus
25
30/12/11 09:37
que moravam em Damasco,
demonstrando que Jesus é o
Cristo” (v.22).
Observe que, aqui, o texto
diz que a mensagem de Paulo
(ou Saulo) tinha a forma de
“provar” que Jesus é o Cristo.
Existe uma grande diferença
entre proclamar Jesus como o
Filho de Deus e provar que Ele
é o Cristo. Lucas dá apenas uma
pista daquilo que fez a diferença
em sua frase: “Saulo […] mais
e mais se fortalecia…”, mas o
próprio Paulo nos conta, em
mais detalhes o que aconteceu
em sua vida. Encontramos essa
descrição daquele período em
sua carta aos Gálatas.
DE PROCLAMAR A
PROVAR
Muitos acadêmicos consideram
a carta aos Gálatas a primeira
das epístolas de Paulo. Isso
é incerto, mas está claro
que, nela, Paulo defende seu
apostolado e descreve o que
lhe aconteceu após a sua
conversão. Ele escreve:
Quando, porém, ao que me
separou antes de eu nascer e me
chamou pela sua graça, aprouve
revelar seu Filho em mim,
para que eu o pregasse entre
os gentios, sem detença, não
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consultei carne e sangue, nem
subi a Jerusalém para os que já
eram apóstolos antes de mim,
mas parti para as regiões da
Arábia e voltei, outra vez, para
Damasco (Gálatas 1:15-17).
Deste relato, aprendemos
que o a contribuição para
o grande fortalecimento do
jovem Saulo naquele tempo foi
sua ida à Arábia e, depois, o
retorno a Damasco. O que ele
fez na Arábia? As Escrituras
não nos contam e acredito ser
difícil descobrir. Precisamos
somente imaginar o choque
que a conversão produziu
na vida desse jovem para
perceber que ele necessitava,
desesperadamente, de tempo
para reler as Escrituras do
Antigo Testamento e aprender
como a sua descoberta da
verdade sobre Jesus de Nazaré
se relacionava à revelação
dos profetas em que ele havia
confiado desde criança.
Como fariseu e com base
em seu conhecimento das
Escrituras, ele havia sido
convencido de que o Jesus de
Nazaré era uma fraude. Agora,
ele sabia melhor — contudo,
de alguma maneira, em algum
lugar, ele precisava desfazer
a confusão mental que essa
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nova descoberta produzia
nele. A Arábia proporcionou
a oportunidade. Então, ele foi
para lá com os pergaminhos
do Antigo Testamento debaixo
do braço. Como poderíamos
supor, ele encontrou Jesus
em todo o texto. As velhas e
familiares passagens devem ter
brilhado com nova luz quando,
começando com Moisés e
todos os profetas, o Espírito
de Deus interpretou para ele
tudo o que pertencia a Jesus.
Não é de admirar que, ao
retornar a Damasco, ele viesse
“grandemente fortalecido”.
Também não é de admirar
que Paulo fosse às mesmas
sinagogas, armado com seu
recém-descoberto conhecimento
e começasse a proclamar, pela
primeira vez, que Jesus é o
Filho de Deus. Nos templos
judaicos, ele ia de passagem
em passagem das Escrituras
judaicas e “provava” (em grego:
“tecia”) que Jesus era o Cristo,
o Messias anunciado pelo
Antigo Testamento.
UM CASO PERDIDO
Logo, tudo piorou. Para
desgosto do jovem Saulo, os
judeus de Damasco não se
deixavam impressionar por seus
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poderosos argumentos. Lucas
nos conta o que ocorreu:
Decorridos muitos dias, os
judeus deliberaram entre
si tirar-lhe a vida; porém
o plano deles chegou ao
conhecimento de Saulo. Dia e
noite guardavam também as
portas, para o matarem. Mas
os seus discípulos tomaram-no de noite e, colocando-o
num cesto, desceram-no pela
muralha (Atos 9:23-25).
Que dolorosa humilhação
para esse dedicado jovem
cristão! Paulo tinha se tornado
—quase literalmente — um
caso perdido! Como ele deve ter
se sentido confuso e intrigado
quando todos os seus sonhos
de conquista no nome de Jesus
foram interrompidos deste jeito
repentino e degradante. Que
humilhante ser lançado por
sobre a muralha num cesto,
como um criminoso comum
fugindo do alcance da lei! Que
vergonhoso, que desanimador!
Uma vez sobre a muralha, ele
escorrega para a escuridão da
noite, confuso, humilhado e
totalmente desanimado. Tempos
depois, ele afirmou que esse
foi o ponto mais baixo de sua
vida e o começo de sua maior
descoberta.
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Para onde ele vai? Lucas nos
conta imediatamente: “Tendo
chegado a Jerusalém, procurou
juntar-se com os discípulos;
todos, porém, o temiam, não
acreditando que ele fosse
discípulo” (v.26). A narrativa de
Paulo concorda com exatidão:
“Decorridos três anos, então,
subi a Jerusalém para avistarme com Cefas e permaneci com
ele quinze dias; e não vi outro
dos apóstolos, senão Tiago,
o irmão do Senhor” (Gálatas
1:18-19). Lucas relata a maneira
como ele conseguiu romper a
barreira do medo para ver esses
dois homens:
Mas Barnabé, tomando-o
consigo, levou-o aos apóstolos;
e contou-lhes como ele vira
o Senhor no caminho, e que
este lhe falara, e como em
Damasco pregara ousadamente
em nome de Jesus. Estava com
eles em Jerusalém, entrando e
saindo, pregando ousadamente
em nome do Senhor. Falava e
discutia com os helenistas; mas
eles procuravam tirar-lhe a vida
(Atos 9:27-29).
Este é um padrão familiar.
Novamente, o cristão zeloso
está determinado a persuadir
os judeus que falavam
grego, de que Jesus é o
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Messias prometido do Antigo
Testamento. E mais uma vez é
montado um complô contra sua
vida. A história de Damasco
se repete.
SAIA!
Neste ponto ocorre outra lacuna
no registro de Lucas, que
precisamos preencher com a
narrativa de Paulo apresentada
em outro lugar. Lucas não nos
conta a reação do jovem Saulo
à oposição que recebeu ao
pregar aos judeus de Jerusalém.
Mas, conhecendo seu coração
ambicioso e dedicado, deve ter
sido de forte desânimo. Anos
depois, Paulo mencionou este
acontecimento em sua grande
defesa à multidão em Jerusalém
quando foi preso no templo e
salvo da morte certa apenas
pela intervenção oportuna dos
romanos. Em Atos 22, ele nos
diz: “Tendo eu voltado para
Jerusalém, enquanto orava
no templo, sobreveio-me um
êxtase, e vi aquele que falava
comigo: Apressa-te e sai logo
de Jerusalém, porque não
receberão o teu testemunho a
meu respeito” (vv.17-18).
É perfeitamente
compreensível que o jovem
Saulo buscasse o conforto
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do templo neste momento
desanimador. Novamente, seus
esforços em dar um testemunho
cristão convincente haviam
fracassado; e os homens
buscavam uma oportunidade
de matá-lo, e Paulo não tinha
resultados positivos para
encorajar-se. Não admira ele ter
ido ao templo para orar. E ali,
ao seu desanimado discípulo,
o Senhor Jesus apareceu —
mas, sua mensagem não foi
animadora. “Saia de Jerusalém”,
disse Jesus. “[Eles] não
receberão o teu testemunho a
meu respeito.” Nesse ponto,
Saulo começou a discutir com
Jesus: “Eu disse: Senhor, eles
bem sabem que eu encerrava
em prisão e, nas sinagogas,
açoitava os que criam em ti.
Quando se derramava o sangue
de Estêvão, tua testemunha,
eu também estava presente,
consentia nisso e até guardei
as vestes dos que o matavam”
(Atos 22:19-20).
Nestas palavras, Saulo se
mostrou. Agora podemos ver
em que ele dependia para
o sucesso em seus esforços
testemunhais. Fica aparente
que ele se via como a pessoa
eminentemente qualificada
para alcançar os judeus para
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Cristo. Seu argumento diz,
de fato: “Jesus, o Senhor não
entende esta situação. Se
o Senhor me mandar para
fora de Jerusalém, perderá a
oportunidade de uma vida. Se
alguém entende como esses
judeus pensam e raciocinam,
essa pessoa sou eu. Eu era
um deles. Falo seu idioma. Sei
como eles reagem. Entendo sua
cultura. Também sou israelita,
um hebreu descendente de
hebreus, circuncidado no oitavo
dia, da tribo de Benjamim. Fui
um fariseu como eles são. Fui
irrepreensível perante a lei. Até
persegui a igreja, como eles
agora fazem. Ora, quando o
mártir Estêvão foi morto, até
guardei as vestes daqueles que
o assassinaram! Senhor, não
me mande embora. Eu reúno
as condições necessárias para
atingir esses homens. Não perca
essa oportunidade!”
A resposta de Jesus é
abrupta e direta. O próprio
Paulo nos diz: “Mas ele [Jesus]
me disse: Vai, porque eu te
enviarei para longe, aos gentios”
(Atos 22:21). Que duro golpe!
Como o jovem Saulo deve ter
se sentido! Mas, para indicar
como a igreja concordou com
o Senhor nesse ponto, Lucas
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relata: “Tendo, porém, isto [o
complô para matar Saulo],
chegado ao conhecimento dos
irmãos, levaram-no até Cesareia
e dali o enviaram para Tarso”
(Atos 9:30).
Tarso era a cidade natal de
Paulo. Não existe lugar pior
para ir como cristão do que
retornar à sua própria casa.
Paulo havia tentado, com
todas as suas forças, servir seu
recém-descoberto Senhor com
toda a capacidade e energia
que ele conseguiu reunir. Mas,
o resultado foi nulo. De fato,
nesse ponto, Lucas registra
algo bastante surpreendente
após o exílio de Paulo em
Tarso: “A igreja, na verdade,
tinha paz por toda a Judeia,
Galileia e Samaria, edificandose e caminhando no temor
do Senhor, e, no conforto do
Espírito Santo, crescia em
número” (Atos 9:31).
O registro mostra que, no
início, o apóstolo Paulo ainda
não era o dinâmico missionário
transformador da história,
que depois veio a ser. Não;
inicialmente, o apóstolo Paulo
era, realmente, algo como um
“estúpido consagrado”! Em sua
maneira sincera, fervorosa e de
bom coração, ele saiu pregando
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o evangelho e atiçando todos
os tipos de raiva e hostilidade
dentre os judeus! Quando
esse “dedicado opositor” foi
eliminado — expulso para
sua cidade natal, Tarso — a
igreja finalmente teve paz!
Ela começou a crescer! Não é
surpreendente?
Saulo vai para Tarso para
cuidar de seus ferimentos, seu
ego estilhaçado e seus planos
dissolvidos em desespero.
Durante dez anos não se
ouve mais falar dele, até o
rompimento de um avivamento
em Antioquia da Síria e a igreja
de Jerusalém enviar Barnabé
para investigar. Quando
Barnabé encontra “…muita
gente [que] se uniu ao Senhor”
(Atos 11:24), ele reconhece que
precisa de ajuda.
Nos versículos 25 e 26,
lemos: “E partiu Barnabé para
Tarso à procura de Saulo;
tendo-o encontrado, levou-o
para Antioquia. E, por todo
um ano, se reuniram naquela
igreja e ensinaram numerosa
multidão. Em Antioquia, foram
os discípulos, pela primeira
vez, chamados cristãos.”
Um Saulo diferente chegou
a Antioquia com Barnabé.
Castigado, humilhado e
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ministrado pelo Espírito, ele
começou a ensinar a Palavra
de Deus. E desse lugar, ele
se lançou ao grande impulso
missionário que, finalmente,
o levaria aos limites do
Império Romano, difundindo o
evangelho com força explosiva
por todo o mundo.
VOCÊ É UM CASO
PERDIDO?
O que fez a diferença?
Escrevendo aos Coríntios
muitos anos depois, Paulo
faz uma breve referência
ao acontecimento que
desencadeou uma linha de
ensino que culminaria numa
clara compreensão e aceitação
do que ele veio a chamar “a
nova aliança”. A igreja de
Corinto havia escrito a Paulo e,
descaradamente, lhe sugerido
que ele seria mais eficaz se, de
vez em quando, se gloriasse
de suas realizações. A isso, o
apóstolo respondeu: “Se tenho
de gloriar-me, gloriar-me-ei
no que diz respeito à minha
fraqueza. O Deus e Pai do
Senhor Jesus, que é eternamente
bendito, sabe que não minto”
(2 Coríntios 11:30-31).
O que ele irá lhes dizer
os chocará tanto que ele faz
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um voto solene de estar-lhes
dizendo a verdade, caso
contrário eles poderão pensar
que ele está fazendo piada ou
brincando com eles. Então,
ele lhes diz qual é sua glória:
“Em Damasco, o governador
preposto do rei Aretas
montou guarda na cidade dos
damascenos, para me prender;
mas, num grande cesto, me
desceram por uma janela da
muralha abaixo, e assim me
livrei das suas mãos” (vv.32-33).
“É disso”, diz Paulo, “que
me glorio. Esse é o maior
evento da minha vida desde
minha conversão. Quando
me tornei um caso perdido,
comecei a aprender a verdade
que transformou minha vida e
explica meu poder”. Qual era
essa verdade transformadora?
Paulo coloca em suas próprias
palavras, na carta aos
Filipenses:
Se qualquer outro pensa que
pode confiar na carne, eu
ainda mais: circuncidado ao
oitavo dia, da linhagem de
Israel, da tribo de Benjamim,
hebreu de hebreus; quanto
à lei, fariseu, quanto ao
zelo, perseguidor da igreja;
quanto à justiça que há
na lei, irrepreensível.
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Mas o que, para mim,
era lucro, isto considerei
perda por causa de Cristo.
Sim, deveras considero
tudo como perda, por
causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor; por
amor do qual perdi todas
as coisas e as considero
como refugo, para ganhar a
Cristo (3:4-8).
A palavra que ele usa para
“considero como refugo” se
refere a esterco comum de
curral. Aquilo que ele, antes,
considerava qualificá-lo para
ser um sucesso diante de Deus
e dos homens (sua genealogia,
ortodoxia, moralidade e
atividade), agora considera
esterco em comparação ao
depender da obra de Jesus
Cristo nele. Ele aprendeu
como passar da velha aliança
(tudo vindo de mim, nada
vindo de Deus) à nova aliança
(nada vindo de mim, tudo
vindo de Deus), que vivifica.
Ele deixa de ser altamente
qualificado para ser totalmente
inútil, porém é capaz de dizer:
Minha suficiência vem de
Deus, que me qualificou para
ser um ministro de uma nova
aliança.
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Você já se tornou um caso
perdido? Você alcançou aquele
lugar que Jesus descreveu
como “bem-aventurado”?
“Bem-aventurados os humildes
de espírito, porque deles é o
reino dos céus” (Mateus 5:3).
Ser humilde de espírito é estar
totalmente falido diante de
alguma exigência da vida e, em
seguida descobrir que isso é
uma bênção, porque lhe forçou
a depender totalmente do
Senhor que está operando em
sua vida. É nesse momento que
você aprende a verdade sobre
a nova aliança, e em nenhum
outro lugar.
6
O conteúdo deste livreto é
extraído e adaptado do livro
Authentic Christianity (Cristianismo
Autêntico), do mesmo autor. Ray
Stedman (1917–92), escreveu
mais de 20 livros entre os quais
Desmascarando Satanás, de
Publicações RBC.
O texto inclui o acordo ortográfico
conforme Decreto n.º 6.583/08.
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