CRISTIANISMO EM CRISE O crescimento de algumas “igrejas evangélicas” em solo brasileiro não disfarça a crise do cristianismo em nossa nação. Søren Aabye Kierkegaard, que nasceu em Copenhague, Dinamarca, em 5 de maio de 1813 e morreu em outubro de 1855, constatou que a cristandade de seu tempo “não passava de uma forma de paganismo disfarçado que deturpava a verdadeira mensagem de Cristo”. Ele apontou que num país onde todos se diziam cristãos, o cristianismo não podia ser levado a sério. Diante de um cristianismo sem amor a Deus e sem mudança na vida dos que diziam crer em Cristo, Kierkegaard se viu forçado a lembrar os seus conterrâneos – mesmo pagando o alto preço de ser incompreendido e perseguido – de que se tornar cristão era fruto de uma decisão pessoal, um encontro verdadeiro com Cristo. “A verdade cristã é avessa à indiferença e só pode ser bem recebida na singularidade apaixonada (afetos sinceros com frutos visíveis) no íntimo do indivíduo. A fé é um assunto privado, e não público; pessoal, e não impessoal; passional, e não apático”. Kierkegaard se opunha à cristandade, não por desprezo ou ódio, mas por amor: queria que as pessoas se dessem conta do erro que estavam cometendo para que, então, pudessem construir uma relação autêntica com a sua própria fé. Mas em que sentido pode-se dizer que o cristianismo brasileiro está em crise? Primeiramente é salutar apontar que o crescimento das igrejas evangélicas, especialmente as que usam e abusam da mídia televisiva e da “teologia da prosperidade/sucesso”, não ocorre por conversões, mas por adesão. As pessoas procuram os templos não porque desejam relacionar-se com Cristo (conversão) e viver segundo a ética cristã (santidade), mas porque querem a bênção prometida/vendida na propaganda religiosa. O resultado disso é que “evangélicos” mudam de igreja quando ouvem uma propaganda mais atraente, da mesma forma que se procura um mercado em busca de uma melhor oferta. Há mais de 10 anos a SEPAL (Serviço de Evangelização para a América Latina) tem demonstrado este “crescimento por rotatividade”, por adesão, e não por “conversão”. A crise do cristianismo, contudo, vai além desta comercialização da fé (que não acontece apenas nas ditas “igrejas evangélicas, é bom que isso fique bem claro). O cristianismo brasileiro também sofre a crise da falta de conteúdo, pois para muitos cristãos crer tornou-se sinônimo de "não-pensar". O cristianismo brasileiro sofre, igualmente, a crise da credibilidade, pois muitos cristãos não se parecem muito (ou nada) com o que dizem crer. O cristianismo brasileiro também sofre a crise institucional, posto que muitas denominações/igrejas locais tornaram-se um fim em si mesmo: lutam para manter o que sāo, ao invés de existirem com o propósito de cumprir a Missão outorgada por Deus. A crise do cristianismo brasileiro, contudo, não é uma crise da fé cristã. Os cristãos, salvos por Cristo, sempre foram, na história da cristandade, os responsáveis por mostrar que Jesus Cristo não está institucionalizado e tampouco que crer é deixar de pensar. Enquanto Igreja Presbiteriana Independente Central de Brasília (você e eu), somos chamados a viver a fé em Cristo, sem negociar os fundamentos e princípios presentes na Palavra de Deus! Nosso amor a Deus e ao próximo, o culto que prestamos ao nosso Deus, a vida de oração, louvor e a ética cristã não podem perder a qualidade. E como manter o padrão? Os cristãos no decorrer de toda a história do cristianismo nunca tiveram dúvida: viver a fé cristã numa comunidade que leva a sério a Palavra de Deus, a prática bíblica dos sacramentos e meios de graça e a comunhão do santos, que perseveram em santidade de vida e na unidade. “Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4.15). Ergam-se, pois, cristãos, e não se deixem desanimar por conta dá crise na cristandade! No amor dAquele que nos amou primeiro, Rev. Ézio Martins de Lima