SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso representa uma rede de comunicações do organismo, formada por um conjunto de órgãos do corpo humano que possuem a função de captar as mensagens, estímulos do ambiente, "interpretá -los" e "arquivá-los", e consequentemente, elaborar respostas (se solicitadas), as quais podem ser dadas na forma de movimentos, sensações ou constatações. As células nervosas, neurônios, estão envolvidas em todas as situações citadas acima. Elas estão em todo o nosso corpo formando um emaranhado de fibras nervosas ( nervos) que conduzem impulsos elétricos sempre que acionados. Há cerca de 100 bilhões de neurônios em nosso sistema nervoso. Cada um deles é capaz de receber mensagens de milhares de neurônios e passá-las por centenas ou até milhares de outros neurônios ou podem ser transmitidas para um músculo ou glândula. Essas mensagens são chamadas de impulsos nervosos. Os impulsos nervosos são mudanças de cargas elétricas que percorrem o neurônio a uma velocidade que pode chegar a 120 metros por segundo. A comunicação entre um neurônio e outro é feita quimicamente. Quando o impulso elétrico chega à ponta de um axônio ocorrem liberações de substâncias químicas que provocam mudanças elétricas no neurônio seguinte. A região onde ocorre a proximidade das terminações dos axônios com os dentritos é chamada de sinapse. As substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios ou entre os neurônios e os órgãos efetores são chamadas de neurotransmissores. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO O agrupamento de neurônios forma estruturas do sistema nervoso: o encéfalo, a medula espinal e os nervos ( formados basicamente por feixes de axônios), inclui ainda células que atuam na sustentação e na proteção de neurônios, chamadas células gliais. O encéfalo e a medula espinal formam o sistema nervoso central enquanto os nervos cranianos espinais ou raquidianos, formam o sistema nervoso periférico. O encéfalo e medula espinal são protegidos respectivamente, pelo crânio e pela coluna vertebral. Ambas as estruturas são reforçadas por três lâminas conjuntivas, denominadas meninges. São elas a dura -máter, aracnoide e pia-máter. Há, entre as duas últimas, a presença de um líquido: o líquor, responsável pela nutrição do SNC (sistema nervoso central) e pela minimização dos possíveis traumas causados por choques mecânicos. Encéfalo O encéfalo,que pesa aproximadamente 1,5 quilo, está localizado na caixa craniana e apresenta várias regiões: cérebro, cerebelo, ponte, tálamo, hipotálamo e bulbo ou medula oblonga. Cérebro: órgão mais importante do sistema nervoso e considerado o mais volumoso uma vez que ocupa a maior parte do encéfalo, o cérebro está dividido em duas partes simétricas: o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo. Assim, a camada mais externa do cérebro e cheia de reentrâncias, chama-se córtex cerebral, o responsável pelo pensamento, visão, audição, tato, paladar, fala, escrita, etc. Participa, ainda, do controle de certas atividades vegetativas, como a fome, a sede e o controle da temperatura. É sede dos atos conscientes e inconscientes, da memória, do raciocínio, da inteligência e da imaginação, e controla ainda, os movimentos voluntários do corpo. O cérebro é formado por dois tipos de tecidos superpostos. O córtex cerebral, a parte externa é o mais extenso, de coloração cinza, tem grande quantidade de corpos celulares dos neurônios, responsáveis por vários aspectos da inteligência humana. Já a camada mais interna possui muitos axônios cobertos pela mielina, o que lhe confere a cor branca. É o núcleo do cérebro, rico em fibras nervosas que estabelecem comunicação entre o córtex cerebral, os órgãos sensoriais e os músculos de todo o corpo. Cerebelo: O cerebelo está localizado entre a parte posterior do cérebro e da ponte. Tem estrutura parecida com o cérebro. O cerebelo se liga ao córtex cerebral e à medula espinhal através de inúmeras fibras nervosas. Armazena a memória dos movimentos aprendidos, está associado a coordenação motora, o que nos permite realizar atividades musculares complexas com relativa desenvoltura, mesmo aquelas que contam com a participação de diversos grupos musculares, como andar, tocar piano, engolir, etc. Também participa da manutenção do e quilíbrio e a postura, regula o tônus muscular, ou seja, regula o grau de contração dos músculos em repouso. Ponte: Faz conexão com centros hierarquicamente superiores, ou seja, transmite as informações da medula e do bulbo até o córtex cerebral. Desempenha papel fundamental na regulação do padrão e ritmo respiratório. Além de conter os centros de movimentação dos olhos, do pescoço e do corpo em geral. Tálamo: é um centro de organização cerebral, como uma encruzilhada de diversas vias neuronais onde estas se podem influenciar mutuamente antes de serem redistribuídas. As suas ligações mais abundantes são, de longe, com o Córtex. Ele recebe informações sensoriais percebidas pelos órgãos dos sentidos (com exceção do olfato) e as passa para regiões mais apropriadas do córtex cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o Tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo. Participa, juntamente com o tronco encefálico, do sistema reticular, que é encarregado de “filtrar” mensagens que se dirigem às partes conscientes do cérebro. As funções mais conhecidas do Tálamo se relacionam à sensibilidade, motricidade, comportamento emocional e ativação do córtex cerebral. Hipotálamo: é uma estrutura que se localiza abaixo do tálamo. Está intimamente relacionado ao sistema endócrino regulando as funções da hipófise e produzindo hormônios que são acumulados nesta glândula; controla a maioria das funções vegetativas como a regulação da temperatura corpórea, o batimento do coração, a pressão sanguínea, o ritmo respiratório (junto com o bulbo), a atividade gastrointestinal, o apetite, a fome, a sede, a regulação hídrica, a atividade sexual além de interferir em algumas reações comportamentais e emocionais do corpo como a raiva, medo, prazer. Bulbo ou medula oblonga: sua forma lembra um cone onde sua parte superior é a continuação da ponte e sua parte inferior da medula. É um órgão condutor de impulsos nervosos, controla a parte automática da respiração, o batimento do coração, a pressão do sangue, o reflexo da tosse e do espirro, além de regular a salivação, a mastigação, os movimentos peristálticos, fala, piscar de olhos, secreção lacrimal e vômito. o ato de engolir e outras funções do sistema respiratório. É considerado um centro vital, por isso uma pancada nessa área ou a sua compressão por parte do cerebelo, que se encontra posteriormente, causa morte instantânea, paralisando os movimentos respiratórios e cardíacos. Medula Espinhal A medula espinhal é um cordão de tecido nervoso com cerca de 40 centímetros, situado dentro da coluna vertebral e na parte superior está conectada ao bulbo. Possui uma região cinzenta mais interna onde ficam concentrados os corpos celulares dos neurônios e uma região branca, mais externa, onde estão os axônios e dentritos. É revestida pelas meninges e composta por trinta e um nervos espinhais. Sua função é conduzir os impulsos nervosos do encéfalo para a periferia ( informações motoras) e da periferia para o encéfalo (informações sensoriais) e coordenar os atos involuntários (reflexos). Podemos dizer que a medula é uma estação nervosa, pois a maioria das informações das diversas regiões do corpo chega primeiro a ela para depois serem retransmitidas ao encéfalo. Além de servir como mediadora de informações, a medula também produz estímulos simples, que permitem à pessoa reagir com rapidez em situações de emergência, antes que a informação chegue ao cérebro e a pessoa tenha consciência do que está acontecendo, como retirar a mão de um objeto muito quente. Sistema Nervoso Periférico O sistema nervoso periférico é formado por nervos que se originam no encéfalo (cranianos) e na medula espinhal(raquidi anos). Sua função é levar mensagens do sistema nervoso central ao resto do corpo ( nervos motores) e do corpo para o sistema nervoso (nervos sensitivos). Um nervo é formado pelo prolongamento de vários neurônios envolvidos po uma capa de tecido conjuntivo. Alguns nervos contém axônios que pod em chegar a um metro de comprimento. Ao longo de alguns nervos há pequenos nódulos ou dilatações, os gânglios nervosos, onde ficam os corpos celulares dos neurônios. A partir dessas dilata ções, um neurônio pode passar informações para outro . Importante destacar que existem dois tipos de nervos: os cranianos e os raquidianos. Nervos Cranianos: distribuem-se em 12 pares que saem do encéfalo, e sua função é transmitir mensagens sensoriais ou motoras, especialmente para as áreas da cabeça e do pescoço. Nervos Raquidianos: são 31 pares de nervos que saem da medula espinhal. São formados de neurônios sensoriais, que recebem estímulos do ambiente; e neurônios motores que levam impulsos do sistema nervoso central para os músculos ou para as glândulas. De acordo com a sua atuação, o sistema nervoso periférico pode ser dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo. Sistema Nervoso Somático: regula as ações voluntárias, ou seja, que estão sob o controle da nossa vontade bem como regula a musculatura esquelética de todo o corpo. Sistema Nervoso Autônomo: atua de modo integrado com o sistema nervoso central e apresenta duas subdivisões: o sistema nervoso simpático, que estimula o funcionamento dos órgãos, e o sistema nervoso parassimpático que inibe o seu funcionamento. De maneira geral, esses dois sistemas têm funções contrárias: enquanto o sistema nervoso simpático dilata a pupila e aumenta a frequência cardíaca, o parassimpático, por sua vez, contraia a pupila e diminui os batimentos cardíacos. Enfim, a função do sistema nervoso autônomo é regular as funções orgânicas, para que as condições internas do organismo se mantenham constantes. Atos Reflexos A medula espinhal é, também, sede de algumas das mais importantes atividades neurológicas - as atividades reflexas. A retirada do dedo, quando encostado inadvertidamente em uma superfície quente, ou o "chute no ar", desferido quando o médico percute com o martelo o joelho de seu paciente, são exemplos de atividades ou atos reflexos. O estímulo (dor ou pancada no tendão muscular) é percebido pelo neurônio sensorial, cujo corpo celular encontra -se no gânglio sensorial localizado ao lado da coluna vertebral. Do neurônio sensorial, o impulso é transmitido para o neurônio de associação (ou interneurônio), localizado na medula espinhal, no nível em que o impulso alcançou a medula. Na mesma região, o impulso nervoso atinge um outro neurônio, que transfere a informação para o encéfalo. Do neurônio de associação, o impulso nervoso chega ao neurônio motor, que o transmite até os músculos que irão executar o movimento. Observe que há dois trajetos sendo percorridos simultaneamente: · do neurônio sensorial para o neurônio motor (movimento sendo executado); · do neurônio sensorial para o encéfalo (percepção consciente do estímulo). Embora sejam eventos simultâneos, são relativamente independentes, ou seja, o movimento de retirada é executado não porque sentimos a dor, mas ao mesmo tempo em que sentimos a dor. Os caminhos percorridos pelos impulsos nervosos são distinto s. Se uma pessoa sofrer uma lesão que seccione sua medula espinhal, perderá a sensibilidade em todas as partes do corpo localizadas inferiormente ao nível da lesão. Entretanto, suas atividades reflexas estão mantidas. As causas mais frequentes de secção de medula espinhal são acidentais: acidentes de trânsito, quedas, lesões com armas de fogo, etc. Em casos de fraturas da coluna vertebral, a medula espinhal perde sua sustentação óssea e sua estabilidade. Nesse momento, um movimento mais brusco, com o tracionamento para retirar a pessoa do interior do veículo, pode seccionar a medula espinhal. Existem doenças que matam neurônios da medula, como poliomielite, também chamada de paralisia infantil. Nessa doença, os vírus invadem e destroem os neurônios motores localizados em determinados níveis, na medula espinhal. Ocorre paralisia por perda da atividade voluntária tanto em decorrência da secção traumática da medula espinhal como da poliomielite. A diferença entre essas duas situações é que, na secção medular, há perda da sensibilidade e manutenção da ativ idade reflexa regional; na poliomielite, há manutenção da sensibilidade e perda da atividade reflexa regional.