As particularidades da gagueira

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As particularidades da gagueira
A disfemia, conhecida popularmente como gagueira ou gaguez, é a mais comum desordem de
fluência da fala.
Um estudo feito para uma tese de doutoramento em Linguística Aplicada do Instituto de Letras
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul concluiu que bloqueios e repetições são mais
frequentes do que prolongamentos e as gagueiras localizaram-se 97% das vezes nas primeiras
sílabas das palavras. O problema atinge cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo e
dois milhões no Brasil, mas, apesar de consideravelmente comum, ainda é envolto por dúvidas
e mitos.
Para realizar a pesquisa, todas as palavras gaguejadas foram analisadas individualmente de
acordo com os objetivos (os testes e análises estatísticas realizados foram os de Kruskal-Wallis
e Mann-Whitney). Nas crianças, a gagueira só aparece depois que a fala se inicia, muitas
vezes, após um período de produções fluentes e, se não tratada, tem forte tendência a
permanecer.
Dentre as principais conclusões tiradas pelo estudo está a irrelevância do fato da palavra
gaguejada ter poucas ou muitas sílabas, destas serem tônicas ou átonas, e faladas por
crianças ou adultos, femininos ou masculinos. Outro resultado importante é que o tempo não
interferiu na forma de gaguejar. As características das palavras gaguejadas em 2005 são
semelhantes às de 1986.
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Verdades e mentiras sobre a gagueira:
MENTIRAS
A gagueira é causada por uma disfunção na garganta ou na língua.
Não, a gagueira é entendida como uma dificuldade do cérebro na temporalização e
automatização dos movimentos da fala. A disfluência pode ser causada por múltiplos fatores,
entre eles o genético e o orgânico. O primeiro caso se caracteriza pelo fato de pessoas da
mesma família, de diferentes gerações, carregarem o gene responsável pela gagueira, que
pode ou não se manifestar, dependendo da interação com os fatores social e psicológico a que
a pessoa é exposta. O orgânico é decorrente de lesões cerebrais.
A disfluência tem cura.
Até o momento não, já que não há como eliminar o caráter genético e/ou orgânico envolvido.
Porém, existem tratamentos com ótimos resultados e reduções significativas das rupturas da
fala. Um exemplo é o filme “O Discurso do Rei”, onde George VI se trata e consegue êxito em
seu discurso, mas não fica curado da gagueira.
Completar a palavra ou a frase para o gago é uma forma de ajudá-lo.
Não. As pessoas devem encorajar o indivíduo que gagueja a falar, dando atenção e
demonstrando interesse em conversar com ele. Não se deve pedir calma ou para a pessoa
pensar, respirar e falar devagar.
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Não se recomenda dar um cargo alto em uma empresa para uma pessoa com gagueira.
Mentira. O gago é perfeitamente capaz de liderar, ser respeitado, competente, ter destaque e
sucesso, enfrentando e superando os obstáculos da vida, como qualquer pessoa.
A profissão de fonoaudiólogo, profissional que trata da gagueira, é antiga. Não. Apesar da
existência de relatos sobre terapeutas da fala há muito tempo, a fonoaudiologia é considerada
uma profissão nova. No Brasil, por exemplo, foi regulamentada em 1981. Há muito tempo
diversos profissionais trabalhavam para a melhoria da fala e da comunicação dos seus
pacientes, e isso contribuiu para o que a fonoaudiologia se tornou atualmente.
VERDADES
Existem diferentes linhas de tratamento para a gagueira.
Sim, elas visam a diminuição dos sintomas como repetições, prolongamentos, pausas e
bloqueios, entre outros. Por ser um distúrbio de fala, o tratamento adequado é o
fonoaudiológico.
A pessoa com disfluência não gagueja quando canta.
Verdade. Isso acontece porque o canto é processado no cérebro de forma diferente da fala
espontânea, autoexpressiva. No canto, há pistas externas como ritmo, melodia e uma letra que
já existe, o que auxilia o cérebro e favorece a fluência.
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Em momentos de tensão, a pessoa com disfluência gagueja mais.
Sim. O problema pode acontecer com qualquer pessoa exposta a uma situação de estresse,
como falar em público, com um superior ou sobre um conteúdo que não domina. Os fatores
psicológicos são aspectos importantes na fluência, não são a sua causa, mas interferem e
podem aparecer como consequência do distúrbio.
Existe um aparelho para o tratamento da gagueira.
Verdade. Usando o mecanismo do retorno auditivo alterado, por meio do atraso auditivo (delay)
e da alteração da frequência da voz, o aparelho gera uma segunda voz e simula o efeito coro,
um fenômeno natural que reduz a gagueira. É uma opção de tratamento importante, uma vez
que pode ser de grande auxílio em situações agravantes para aqueles que gaguejam, como
reuniões e apresentações em público. O SpeechEasy é comercializado desde 2008 no país.
O aparelho é inserido na orelha.
Sim, o SpeechEasy é um dispositivo portátil usado na orelha e confeccionado de forma
personalizada para cada usuário.
Fonte: Tribuna de Petrópolis – O melhor Jornal de Petrópolis e Distritos
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