Motivação e Emoção

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Emoção
Natureza e dimensões das emoções
O que é a emoção? (Reeve, 2009)
A emoção é um fenómeno multidimensional, com quatro componentes inter-atuantes:
1. Sentimentos
A emoção é um sentimento (feeling), relacionado com a auto-consciência do fenómeno que estamos a viver.
É uma experiência subjectiva que envolve processos cognitivos. Cada um de nós tem experiências pessoais e
são únicas.
2. Propósito/Direção
As emoções surgem normalmente como reacção a acontecimentos importantes da vida. Uma vez activadas,
geram sentimentos, despertam o corpo para a acção, geram estados motivacionais e produzem expressões
faciais reconhecíveis. O nosso discurso interno, a forma como nos sentimos influencia os objetivos a que nos
propomos e os nossos comportamentos. As emoções permitem a direção para metas mais adaptativas.
3. Reação biológica
À primeira vista, todos nós sabemos que emoções são sentimentos. Sabemos o que é a alegria e o medo,
porque o aspecto sentimental destas emoções é marcantes na nossa experiência. É quase impossível não
notar aspectos da emoção em sentimentos quando nos deparamos com uma ameaça (medo) ou quando
fazemos progresso em direcção a uma meta (alegria). Tal como o nariz faz parte da face, os sentimentos
fazem parte das emoções. Desta forma, a emoção prende-se com a ativação fisiológica, que através de uma
preparação orgânica, se traduz em respostas motoras, i.e., corresponde a mudanças ao nível cortical e
subcortical que visam preparar o sujeito para a acção. Este é um aspeto adaptativo da emoção, que permite
a mobilização de respostas que preparam o corpo para se adaptar a quaisquer situações.
4. Expressiva/social
Há uma visibilidade das reações fisiológicas através da postura, expressão facial e vocalização, que
demonstram o que estamos a sentir. Os acontecimentos significativos influenciam a emoção. Uma das
funcionalidades das emoções prende-se com a regulação da interação social. As emoções geralmente
surgem como uma reação a acontecimentos de vida importantes. Uma vez ativadas, as emoções geram
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sentimentos, levam o corpo a agir, geram estados motivacionais e produzem expressões faciais
reconhecíveis.
As emoções têm um carácter multidimensional, pois as emoções existem como um fenómeno subjetivo,
fazendo-nos sentir de uma maneira particular, biológico, porque energizam e mobilizam respostas que
preparam o corpo para se adaptar a quaisquer situações que ele enfrente, dirigido para um propósito, por
exemplo, a raiva cria um desejo motivacional para fazer o que de outro modo não faríamos, e social, ao
enviarmos sinais faciais, vocais e posturais reconhecíveis que indicam a qualidade e intensidade das nossas
emoções. Nenhuma destas dimensões por si só não define adequadamente o que é uma emoção. Cada uma
delas enfatiza um aspeto diferente da emoção.
Três componentes das emoções (Ford, 1992)
As emoções são constituídas pelos componentes afetivo (neuropsicológico, a experiência subjetiva da
emoção); fisiológico (um padrão biológico de processamento); e transacional (gestos expressivos que
influenciam aspetos relevantes do contexto).
Sentimentos/Feelings
Reação Biológica
•Experiência subjetiva
•Consciência
fenomenológica
•Cognição
•ativação fisiológica
•Preparação orgânica/ação
•Respostas motoras
Emoção
Expressiva/Social
Propósito/direção
•Comunicação social
•Expressão facial
•Expressão vocal
•Estado motivacional direção/objetivos
•Funcionalidade
A experiência subjectiva encontra-se directamente dependente com a reacção biológica. Esta última está
subjacente à experiência emocional e exprime-se através da expressão social, directamente ligada ao
propósito/ direcção comportamental que leva à emoção (dirige o comportamento para objectivos
específicos). Para que todo este processo ocorra é necessário gerar um acontecimento que seja considerado
significativo para o sujeito (directamente relacionado com o limiar de sensibilidade das pessoas, com as
experiências únicas e subjectividade atribuída aos acontecimentos), para que a emoção active o
comportamento para determinadas metas. Por exemplo, a raiva é uma emoção muito forte, dirige o sujeito
para a destruição do obstáculo. Em estado de raiva, o sujeito comete actos que nunca cometeria em
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condições ditas normais. O medo dirige a pessoa para o evitamento, para a fuga ou para o refúgio face ao
potencial perigo.
A componente activação corporal inclui a nossa activação neuronal e fisiológica (biológico), incluindo a
actividade dos sistemas autonómicos e hormonais como no preparar e regular do comportamento
adaptativo do corpo ao enfrentar a emoção.
Quando emocional, o nosso corpo está preparado para a acção e isso é verifica-se no nosso cérebro, na
nossa fisiologia (frequência cardíaca, epinefrina na corrente sanguínea) e na nossa musculatura (postura de
alerta).
A componente intencional dá emoção ao carácter do objectivo direccionado para tomar as medidas
necessárias para lidar com as circunstâncias em mãos. O aspecto intencional explica porque é que as pessoas
querem fazer o que fazem e, porque é que as pessoas beneficiam das suas emoções.
A componente expressão social é o aspecto comunicativo da emoção. Através de posturas, gestos,
vocalizações e expressões faciais, as nossas experiências pessoais tornam-se em expressões públicas.
Portanto, as emoções, envolvem toda a nossa pessoa, os nossos sentimentos, a activação física, o senso de
propósito e de comunicação não-verbal.
Por exemplo, os quatro componentes da tristeza:
Separação/Perda de alguém
importante; Fracasso numa
tarefa importante;
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A emoção é portanto de curta duração, é um fenómeno sentimental de excitação, intenção e expressão que
nos ajuda a adaptar às oportunidades e desafios que enfrentamos durante os eventos importantes da vida; é
a construção de unidades psicológicas que coordenam estes quatro aspectos da experiência num padrão
sincronizado; é o que coreografa a sensação de excitação, intenção e componentes expressivos numa
reacção coerente ao surgimento de um evento. Assim, as emoções são os sistemas sincronizados que
coordenam o sentimento, a excitação, a intenção/finalidade e a expressão de modo a preparar o indivíduo
para se adaptar com sucesso a circunstâncias da vida. “Emoção” é a palavra que os psicólogos usam para
nomear este processo coordenado e sincronizado.
Relação entre emoção e motivação
A emoção atua como motivação, pois é um conceito motivacional que explica o comportamento motivado. É
o tipo de motivo que ativa e dirige o comportamento em função dos objetivos a que nos propomos. A
emoção pode ser vista como um sistema motivacional primário (Izard, 1991; Tomkins, 1962, 1963, 1984) ou
como uma variável motivacional, como o “Triunvirato motivacional” (Objectivos, Crenças e Emoções) de
Ford (1992).
A emoção funciona ainda como leitor/Readout, pois é um sistema de leitura que dá informação sobre o
processo de adaptação pessoal, i.e., saber se estamos a alcançar aquilo a que nos propusemos (Buck, 1988).
É assim, um indicador do estado de satisfação/frustração dos motivos (necessidades ou objetivos) (Frijda,
1986; Oatley & Jenkins, 1992) e um Readout Sistem, contendo uma função reguladora e avaliadora da
adaptação do organismo, na qual a satisfação das motivações/objectivos prende-se com emoções positivas e
a sua frustração das motivações/objetivos se relaciona com emoções negativas.
Em suma, a emoção é uma motivação básica que está na raiz de qualquer processo motivacional, e a
motivação é um sistema de leitura que faculta informação sobre o processo de adaptação; é um sinalizador
que ajuda o sujeito a manter ou a redireccionar o comportamento e a acção e um indicador do estado de
satisfação ou frustração (até que ponto se está no caminho certo para alcançar satisfação ou evitar
frustração dos objectivos.
O que provoca uma emoção?
Os acontecimentos situacionais significativos induzem a experiência emocional através de processos
cognitivos ou processos biológicos, que permitem explicar as componentes da emoção, os sentimentos, o
propósito/direção, a reação biológica e a expressão – os desafios ou oportunidades que são importantes
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para os objetivos pessoais em contextos sociais significativos. A mente e o corpo de uma pessoa reagem de
um modo adaptativo.
Em essência, este debate pretende saber se as emoções são essencialmente biológicas ou primariamente
fenómenos cognitivos: no primado da cognição, existe uma avaliação do significado e da relevância pessoal
dos acontecimentos e no primado da biologia, temos presente a ativação subcortical.
Biologia versus Cognição?
Perspectiva biológica
A biologia como causa primária da emoção. Os principais representantes desta perspectiva são Izard (1989),
Eckman (1992) e Panksepp (1994).
Izard defende que as respostas emocionais são precoces e não cognitivas. São respostas automáticas,
inconscientes e mediadas por estruturas subcorticais. Por exemplo, as crianças são biologicamente
sofisticadas mas cognitivamente limitadas demonstram o ponto de vista deste autor.
Para Eckman as emoções são respostas adaptativas com origem filogenética. As emoções têm um
aparecimento rápido, uma duração curta e podem ocorrer automática e involuntariamente. As emoções
acontecem quando reagimos emocionalmente muito antes de estarmos conscientes dessa emoção.
Para Pankseep, as emoções surgem de circuitos neuronais de origem genética que regulam a atividade
cerebral, o que se demonstraria pela dificuldades em verbalizar as emoções, pela indução emocional por
estimulação eléctrica e pela ocorrência das emoções nas crianças e outros animais.
No entanto, algumas críticas são apontadas à perspectiva biológica, pois as emoções não assentam na
linguagem, pelo que existem dificuldades em verbalizar as emoções; existe possibilidade de indução de
emoções por procedimentos não cognitivos, como pela estimulação eléctrica, e as emoções podem ocorrer
em crianças e animais não humanos, e no entanto não negam os aspetos cognitivos.
Perspectiva cognitiva
A atividade cognitiva como pré-requisito da emoção. Os principais representantes desta perspectiva são
Lazarus (1991), Scherer (1997) e Weiner (1986).
Lazarus demonstra a relevância pessoal dos acontecimentos. Sem a percepção desta relevância não existe
razão para reagirmos emocionalmente. A avaliação cognitiva que os indivíduos fazem dos acontecimentos
marca o aparecimento das emoções.
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Scherer faz a identificação de avaliações cognitivas geradoras de emoções.
Weiner produziu uma análise atribucional da emoção. A teoria atribucional foca-se no pensamento e na
reflexão pessoal que empreendemos perante os sucessos e os fracassos da vida.
A atividade cognitiva é um pré-requisito necessário para a emoção. Relevância da avaliação do significado
pessoal dos acontecimentos, pois as nossas emoções dependem do significado atribuído aos estímulos
Perspetiva abrangente
Existe uma perspectiva mais abrangente, que defende que tanto a cognição como a biologia causam a
emoção – o modelo dos dois sistemas (ou de sistema duplo) de Buck.
Aprendizagem
sociocultural e
história pessoal
Acontecimento
significativo
História evolutiva
filogenética das
espécies
Estruturas e
processos
corticais
Interpretação avaliação
consciente do
significado e
significação
pessoal do
estímulo
Reacção Instantânea, Automática e
Inconsciente às Características Sensoriais
do Estímulo estruturas e processos
subcorticais
Output Paralelo,
Interactivo e
Coordenado que
Activa e Regula a
Emoção
Esta estabelece uma relação entre biologia e cognição na explicação da emoção através de dois
sistemas/processos sincronizados que ativam e regulam a emoção, a História Evolutiva/Filogenética, pela
ativação de certas estruturas e processos subcorticais e pela reação espontânea, automática e inconsciente
às características sensoriais dos estímulos, e a Aprendizagem sociocultural e História Pessoal, pela ativação
de estruturas e processos corticais e pela interpretação e avaliação consciente do significado e significação
pessoal do estímulo.
Buck defende que os seres humanos têm dois sistemas sincronizados que ativam e regulam a emoção. Um
sistema é inato, espontâneo e fisiológico que reage involuntariamente a um estímulo emocional. Um
segundo sistema é cognitivo baseado na experiência que reage socialmente e fazendo interpretações. O
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sistema fisiológico emocional surge primeiro na evolução da espécie humana enquanto que o sistema
cognitivo emocional surge mais tarde quando os seres humanos se desenvolvem ao nível do cérebro e da
socialização.
Pankseep adiciona a informação que algumas emoções surgem primeiro através do sistema biológico
enquanto outras surgem primeiro através do sistema cognitivo.
O problema da galinha e do ovo – Debate Biologia vs. Cognição (Plutchik)
Ativação/arousal
Preparação para a
ação
Cognição
Acontecimento/estímulo
significativo
Emoção
Comportamento
Aberto
Sentimentos
Manifestações
Expressivas
A emoção é o resultado de uma cadeia de acontecimentos organizados num complexo sistema de feedback.
O sistema de feedback começa com um acontecimento de vida significativo e finaliza-se com uma emoção.
Mediando estes dois pólos há uma complexa cadeia interativa de acontecimentos, que engloba a cognição, o
arousal/ativação, a preparação para a ação, os sentimentos, as exibições expressivas e o comportamento
aberto ativo constituem o “caldeirão” de experiências que causam, influenciam e regulam a emoção.
Este modelo pretende não conceptualizar onde realmente começa a emoção, pois o estímulo (activador)
significante pode surgir em qualquer ponto da cadeia. O esquema acima representado constitui a solução
dada ao problema “galinha-ovo” por Plutchik: o importante é não conceptualizar a cognição como causador
directo da emoção, assim como a biologia.
Quantas emoções existem?
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Perspectiva Biológica
Enfatiza o facto de haver emoções primárias, tendo como limite mínimo duas emoções e máximo dez. Cada
um dos teóricos biológicos tem uma boa razão para propor um número específico de emoções, apesar de
cada proposta ser baseada numa ênfase diferente.
Solomon (1980) – dois sistemas hedónicos.
Gray (1994) – três sistemas de circuitos neuronais: aproximação, luta/fuga e inibição (ansiedade).
Pankseep (1982) – quatro circuitos no sistema límbico (medo, raiva/cólera, pânico e expectativa).
Stein e Trabasso (1992) – quatro reações básicas face às tarefas de vida: realização (felicidade),
perda (tristeza), obstrução (raiva/cólera) e incerteza (medo).
Tomkins (1970) – seis padrões de ativação neuronal: interesse, medo, surpresa, raiva/cólera,
sofrimento e alegria.
Ekman (1994) – seis emoções associadas a expressões faciais universais: medo, raiva/cólera,
repugnância, tristeza, felicidade e desprezo.
Plutchnick (1980) – oito padrões de emoções, comportamentos comuns aos organismos vivos:
raiva/cólera, repugnância, tristeza, surpresa, medo, aprovação, alegria e antecipação.
Izard (1991) – teoria diferencial das emoções: raiva/cólera, sofrimento, medo, alegria, repugnância,
surpresa, vergonha, culpa, interesse e desprezo.
Pontos comuns a todos os teóricos:
Existência de um número reduzido de emoções básicas.
As emoções básicas são universais (seres humanos e animais).
Origem filogenética e biológica.
Atributos das emoções:
São breves.
São involuntárias.
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Podem ser observadas em diferentes espécies.
Têm uma componente avaliativa que é automática e inconsciente.
Têm uma investida rápida.
São coerentes (a partir dos processos biológicos e evolucionários).
Diferenciam-se em termos de sinais faciais e corporais.
Diferenciam-se em termos dos seus antecedentes universais.
Diferenciam-se em termos de padrões de ativação fisiológica.
Perspectiva cognitiva e cultural
Reconhece a importância das emoções primárias, mas enfatiza as emoções complexas/secundárias. Esta
perspectiva defende que os seres humanos experienciam um grande número de emoções. Afirmam que
existe um número limitado de circuitos neuronais, expressões faciais e reações corporais, mas chamam a
atenção de que, apesar disso, várias emoções podem surgir de uma mesma reação biológica. Os seres
humanos experienciam um número variado de emoções porque as situações podem ser interpretadas de
várias maneiras e porque elas surgem de um conjunto de avaliações cognitivas, da linguagem, do
conhecimento pessoal, da história de socialização e das expectativas culturais.
Isto é assim porque todos os teóricos cognitivos compartilham o pressuposto de que "as emoções surgem
em resposta às estruturas de significado de determinadas situações, diferentes emoções surgem em
resposta a diferentes estruturas de significados" (Frijda, 1988). A forma como as teorias cognitivas da
emoção diferem está no como elas retratam as pessoas e na forma com interpretam o significado da
situação. A situação pode fornecer o contexto para interpretar o estado de activação/excitação (Schachter,
1964), o indivíduo pode interpretar o seu próprio estado com sendo excitado (Kemper, 1987). Além disso, as
pessoas fazem avaliações acerca de saber se sua relação com o ambiente afecta o seu bem-estar pessoal
(Lazarus, 1991), o significado e as lembranças das situações que enfrentam (Frigja, 1993) e as suas
atribuições de resultados bons e maus do que ocorreu (Weiner, 1986). As experiências emocionais são
construídas profundamente dentro da linguagem (Shaver et al., 1987), nas formas de agir socialmente
construídas (Averill, 1982) e nos papéis sociais como "cheerleader" e "bully" (Heise, 1989).
Perspectiva intermédia
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Argumentam que cada emoção básica não é uma emoção simples mas, por contrário, uma família de
emoções relacionadas. Cada membro de uma família partilha muitas das características da emoção básica.
Há um número limitado de famílias de emoções com origem na biologia e na evolução, mas também há um
número de variações destas emoções através da socialização, aprendizagem e cultura.
Critérios das emoções básicas:
São inatas.
Surgem face a circunstâncias semelhantes para todos os sujeitos.
Têm formas de expressão únicas e distintas.
Evocam um padrão de resposta fisiológica única e previsível.
Família das emoções básicas
Medo
Raiva
Repugnância
Tristeza
Alegria
Interesse
Emoções positivas envolvimento e
satisfação
Emoções negativas Ameaças e danos
Temática das
emoções
básicas
Medo
É uma reação emocional que surge quando uma pessoa interpreta uma situação ou enfrenta uma ameaça ou
um perigo para o seu bem-estar. Os perigos percebidos ou as ameaças podem físicas ou psicológicas. A
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situação mais ativadora do medo é aquela que antecipa uma ameaça física ou psicológica, uma
vulnerabilidade ou uma crença de que não seremos capazes de responder ativamente às circunstâncias que
virão.
O perigo motiva a defesa. Esta proteção manifesta-se através da fuga ou afastamento do objeto causador de
medo. Se a fuga não é possível o medo motiva-nos a ficar quietos. O medo pode ainda motivar a
aprendizagem de novas respostas adaptativas que permitem à pessoa evitar o perigo em primeiro lugar.
O medo tem assim uma função positiva de preparar o sujeito para evitar situações de perigo, mas também
pode tornar-se uma função negativa quando leva a fugas sem que haja perigo real para o sujeito, como no
caso das fobias.
Raiva/cólera
É uma emoção ubíqua. Surge a partir de barreira, uma interpretação de que os nossos planos, objetivos ou
bem-estar estão a sofrer a interferência de uma força externa. Surge também como reação a uma traição de
confiança, a uma recusa, ao receber críticas injustificadas e perante uma falta de consideração por parte dos
outros.
A essência da raiva é a crença de que a situação não é o que deve ser. A raiva torna a pessoa mais forte e
mais enérgica. É o tipo de emoção mais perigosa, contudo pode ser extremamente positiva se for
socializada. A raiva socializada de uma forma construtiva é um processo positivo para evitar desigualdades
sociais, injustiças, etc. Aumenta o nosso sentido de autocontrolo e torna as pessoas mais sensíveis e atentas
às injustiças que as outras pessoas cometem. A raiva pode ter uma importante função de alerta que leva
outros a ter uma maior compreensão da outra pessoa e do problema causador da raiva. O seu objetivo é
destruir barreiras do meio.
Repugnância
Envolve preparar-se ou afastar-se de um objeto contaminado, deteriorado ou estragado. A sua função é a
rejeição como objectivo de protecção. Através da repugnância o indivíduo rejeita ativamente alguns aspetos
físicos ou psicológicos do meio. Tem um papel motivacional positivo nas nossas vidas.
Tristeza
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É a emoção mais negativa e aversiva. Surge principalmente perante experiências de separação ou falha. A
tristeza motiva o indivíduo a iniciar qualquer comportamento necessário para aliviar o stress provocado
pelas circunstâncias. Motiva a pessoa a restaurar o meio para o seu estado antes da situação stressante.
No entanto, nem todas as separações e fracassos podem ser restaurados. Numa situação desesperante a
pessoa não se comporta de modo ativo, mas antes de modo inativo e letárgico que leva a desistir da
situação. Um aspeto positivo da tristeza é que indiretamente facilita a coesividade dos grupos sociais. A sua
antecipação motiva as pessoas a manterem-se coesas com as pessoas que lhe são mais próximas. Pode
motivar e manter comportamentos produtivos.
Alegria
Os eventos que provocam alegria estão relacionados com os resultados desejáveis. A alegria é a evidência
emocional de que as coisas estão a correr bem. Sentimo-nos entusiasmados e ficamos otimistas.
Tem duas funções. Facilita a nossa vontade de entrar em atividades sociais. O sorriso facilita a interação
social. Tem também uma função de apaziguamento. São as emoções positivas que tornam a vida mais
agradável e balançam as experiências de vida de frustração, desilusão e afetos negativos em geral. A alegria
permite-nos preservar o nosso bem-estar psicológico e é também um modo de anulação dos efeitos
stressantes das emoções negativas.
Interesse
É a emoção que mais prevalece no funcionamento do dia-a-dia. Está sempre presente algum nível de
interesse. Aumentos e diminuições no interesse envolvem uma mudança de interesse de um acontecimento,
pensamento e ação para outro. Normalmente, não acabamos e começamos o nosso interesse, nós
redirecionamo-lo de um objeto para outro. Os acontecimentos que captam o nosso interesse estão
relacionados com as nossas necessidades e o nosso bem-estar. O interesse cria o desejo de explorar,
investigar, procurar, manipular e extrair informação dos objetos que nos rodeiam. Ou seja, o interesse
aumenta a aprendizagem.
Emoção
Medo
Raiva
Alegria
Tristeza
Aceitação
Repugnância
Situação estímulo
Ameaça
Obstáculo
Parceiro potencial
Perda de alguém significativo
Membro do grupo
Objeto nojento
Comportamento emocional
Corrida, fuga.
Morder, ferir, bater
Cortejar
Gritar por ajuda
Tratar, partilhar
Vomitar, afastar
Função da emoção
Proteção
Destruição
Reprodução
Reunião
Afiliação
Rejeição
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Antecipação
Surpresa
Novo território
Objeto novo e súbito
Exame, planeamento
Paragem, alerta
Exploração
Orientação
Perspetiva funcional do comportamento emocional (Plutchik, 1980)
Quais os aspetos positivos da emoção?
As emoções têm uma função adaptativa e uma função social.
As funções adaptativas (“coping functions”) advêm dos processos decorrentes da seleção natural e da
adaptação. Permitem uma facilitação da adaptação individual às mudanças dos contextos físico e social,
dinamização e direção adaptativa do comportamento nas tarefas de vida, e prontidão para responder a
situações específicas.
Já as funções sociais/relacionais, através da coordenação das interações sociais, informam e direccionam o
comportamento dos outros. São um modo de comunicar os sentimentos aos outros, que são um dos
componentes do comportamento não-verbal a par dos emblemas, ilustradores, reguladores, autoadaptores. Têm uma influência no comportamento dos outros, facilitam a interação social e criam, mantêm
e dissolvem os relacionamentos.
Funções Sociais das Emoções (Reeve, 2009)
As emoções permitem comunicar os sentimentos pessoais aos outros, influenciar o modo como os outros
interagem connosco, convidar e facilitar a interação social e criar, manter e dissolver relacionamentos.
Portanto, os aspectos positivos das emoções centram-se em possuir altas capacidades adaptativas: Charles
Darwin em “A expressão da emoção em Homens e Animais” referiu o carácter importante das emoções na
função adaptativa, mais, chegou a afirmar que as emoções eram mais cruciais e relevantes do que as
características físicas no papel da adaptação.
Diferenciação entre emoção, humor, disposições e sentimentos
Diferenciação entre emoção e humor
As emoções têm como antecedentes situações significativas e avaliações da sua significação para o bem
estar pessoal, enquanto o humor surge após a ausência de objeto, tem um efeito durável de uma emoção e
tem uma origem desconhecida. As emoções levam a comportamentos, a cursos de ação específicos. O
humor leva à cognição/pensamento, o que pode originar distúrbios. As emoções são episódios de duração
breve. O humor, por outro lado, tem uma duração longa (horas/dias/semanas) e emana de acontecimentos
internos longos.
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Diferenciação entre emoção e disposições
Ao contrário das emoções que surgem de situações significativas, as disposições surgem de ocorrências
repetidas de emoções discretas, integrando-se na personalidade. As emoções levam a comportamentos, a
cursos de ação específicos, as disposições podem ser observadas numa grande diversidade de situações. As
emoções são episódios de breve duração, enquanto as disposições têm uma duração muito longa (anos).
Afectividade diária
O afeto positivo e negativo são modalidades independentes de sentir, não opostas, que podem ocorrer
simultaneamente.
O afeto positivo varia sistematicamente com o ciclo do dia e reflete um envolvimento agradável (entusiasmo
vs. tédio), dirigido para a recompensa, um sistema motivacional apetitivo. O afeto positivo leva a
comportamentos de aproximação. A ativação da dopamina leva à expectativa de acontecimentos desejáveis.
O afeto negativo reflete o envolvimento desagradável (irritabilidade vs. relaxamento), dirigido para a
punição, um sistema motivacional aversivo. Leva a comportamentos de evitamento. A ativação da
serotonina/noradrenalina leva à expectativa de acontecimentos indesejáveis.
Afecto versus emoção positiva
O afeto positivo reflete uma sensação generalizada de bem-estar (feeling good). Há uma ausência de
consciência. Influencia o processamento de informação. Tem como benefícios o comportamento pró-social,
a flexibilidade cognitiva e criatividade, a eficiência na tomada de decisão, sociabilidade e persistência face ao
fracasso. A emoção positiva reflete uma ativação positiva. Ativa a atenção/consciência. Influencia a
ação/comportamento.
Condições facilitadoras do afecto positivo/bem -estar
Acontecimentos elicitadores:
Receção de um presente ou de um elogio;
Experiência de um dia soalheiro
Pensar sobre acontecimentos positivos, etc.
Permanência do humor positivo através de decisões e ações.
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Perda do humor positivo através do envolvimento em atividades neutras/negativas.
O afecto positivo tem como benefícios a maior probabilidade de comportamentos sociais, tais como, ajudar
os outros, iniciar interações, agir mais cooperativamente. Há também uma maior probabilidade de arriscar,
resolver problemas criativamente, persistência face à ausência de feedback, tomar decisões mais eficazes, e
manifestar maior motivação intrínseca.
Dimensão biológica da Emoção
Principais dimensões da emoção
Biológica
Cognitiva
Sociocultural
Há medida que os eventos significativos surgem, activam reacções biológicas e cognitivas. O resultado dos
processos biológicos e cognitivos gera emoção que nos leva a reagir de forma adaptativa aos
acontecimentos. As variáveis são factores associados a mudanças. Acima estão as dimensões do estudo da
emoção contudo, falta a finalidade para o objectivo que está incluída na variável cognitiva. Mas, ainda
podemos aglutinar as variáveis da seguinte forma:
Variáveis biológicas
•Sistema Nervoso Autonómo
•Sistema Endócrino
•Circuitos neuronais cerebrais
•Velocidade da ativação neuronal
•Feedback facial
Variáveis cognitivas e
socioculturais
•Avaliações (Appraisals)
•Conhecimento
•Atribuições
•História de socialização
•Identidades culturais
Nas variáveis cognitivas sociais, o ponto-chave são as avaliações em termos do significado dos
acontecimentos (avaliados como significativos). Explica como o sujeito A tem uma emoção neutra perante
um acontecimento e o sujeito B não.
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Dimensão biofisiológica da emoção
Teoria de James-Lange
Questão: A activação biológica diferencial explica as diferentes emoções?
Hipótese A: Estímulo ⇒Emoção ⇒Reacção biológica
Hipótese B (James-Lange): Estímulo ⇒Reacção biológica ⇒Emoção
O organismo reage unicamente e discriminadamente a acontecimentos eliciadores da emoção e não reage a
acontecimentos não eliciadores da emoção. Segundo este autor primeiro há uma reação
espontânea/instantânea e padronizada e só depois uma interpretação/percepção da reação. Isto é que leva
à experiência de emoção.
Limitações da teoria de James-Lange
O papel da ativação biofisiológica não é determinante da experiência emocional. Inexistência de uma
ativação biofisiológica diferenciada para cada emoção. Não há uma diferenciação das reacções orgânicas.
Velocidade da resposta emocional superior à da ativação biofisiológica – o papel da activação fisiológica:
amplificação da experiência emocional. Dados da investigação contemporânea demonstram a existência de
padrões de respostas biofisiológicas diferenciadas para algumas emoções. E demonstram também a
inexistência de respostas biofisiológicas diferenciadas para a totalidade das emoções.
Era defendido que a emoção é rapidamente seguida por mudanças corporais. William James não concordou
com esta teoria e sugeriu que as nossas mudanças corporais não seguiam a emoção, mas sim que as nossas
emoções seguem e dependem das nossas respostas corporais aos estímulos (estímulo – reação corporal –
emoção). Segundo James o corpo reage unicamente a diferentes acontecimentos provocadores de emoções
e não reage a eventos não emotivos. O corpo reage e as reações emocionais encontram-se em nós antes de
termos consciência disso. A experiência emocional é o modo de uma pessoa dar sentido às diferentes
mudanças corporais.
A perspectiva contemporânea defende que as diferentes emoções produzem de facto diferentes padrões de
atividade corporal. A perspectiva moderna defende que as emoções recrutam suporte biológico e
psicológico para permitir respostas adaptativas com fugir, lutar e nutrir.
Críticas à teoria de James-Lange (Cannon)
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As reacções corporais referidas por James fazem parte da resposta global do corpo e não variam de emoção
para emoção. A experiência emocional é mais rápida que a reacção biológica logo o papel de excitação
fisiológica é aumentar mas não é causar a emoção. O contributo das alterações biológicas é mínimo. Mesmo
sem estímulos que justifiquem a reacção fisiológica os gatos tinham repostas desadequadas (ou exageradas
ou mínimas) logo, o córtex é essencial, tem a função reguladora da emoção. A teoria de James Lange é
deitada por terra, pois mesmo sem a base (o córtex) da reacção fisiológica a emoção acontece.
Por outras palavras, o papel da activação biofisiológica não é determinante da experiência emocional, pela
inexistência de uma activação biofisiológica diferenciada para cada emoção, pela velocidade da resposta
emocional superior à da activação biofisiológica. Dados da investigação contemporânea demonstram a
existência de padrões de respostas biofisiológicas diferenciadas para algumas emoções. E demonstram
também a inexistência de respostas biofisiológicas diferenciadas para a totalidade das emoções.
Perspetivas contemporâneas
Papel da activação biofisiológica (SNA - Sistema Nervoso Autónomo)
Tem em conta as especificidades biofisiológicas de algumas emoções. A activação biofisiológica acompanha,
regula e estabelece o estádio da emoção. A questão que se coloca é: “haverá uma ativação da experiência
de emoção ou um enquadramento da experiência emocional?”
A activação fisiológica regula o nível de estimulação, amplifica a experiência emocional. Actualmente,
algumas/certas emoções têm um padrão biofisiológico específico e único. As respectivas reacções tornam a
emoção mais forte e mais adaptativa: o ritmo cardíaco e temperatura da pele aumentam para a raiva, o
ritmo aumenta e a temperatura diminui para o medo, o ritmo aumenta e a temperatura mantém-se para a
tristeza, o ritmo mantém se e a temperatura aumenta para a alegria, e com a frustração ambos diminuem.
Três circuitos neuronais distintos (Gray, 1994):
Sistema de aproximação comportamental – interação com oportunidades ambientais, alegria.
Prepara o animal para procurar e interagir com oportunidades ambientais atrativas.
Sistema de fuga ataque – fuga/defesa agressiva, medo vs. raiva/cólera. Prepara o animal para fugir
de alguns eventos agressivos, mas para se defender agressivamente contra outros acontecimentos.
Sistema de inibição comportamental – “paragem” face a acontecimentos aversivos, ansiedade.
Prepara o animal para congelar na presença de acontecimentos aversivos.
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Áreas específicas no cérebro, como as regiões subcorticais, são activadas na experiência emocional
(amígdala, hipotálamo) e são perfeitamente capazes de gerar e regular emoções específicas: a amígdala
controla as emoções negativas (medo, ansiedade, raiva); o córtex pré-frontal esquerdo, o afecto positivo e a
alegria, e o córtex pré-frontal direito controla o medo e afecto negativo.
Ativação neuronal (Tomkins, 1970)
Neural firing: padrão de actividade electrocortical cerebral. As emoções são activadas a diferentes
ritmos/velocidade.
O nível de resposta dos neurónios às várias situações. O sistema nervoso está sempre activo e há diferentes
velocidades de resposta. O nível de actividade é informativo da presença de certas emoções.
De acordo com Tomkins, há três padrões de actividade electrocortical que estão dependentes dos
acontecimentos e que deixam a pessoa pronta para qualquer evento. A actividade aumenta face à surpresa
(aumento dramático), medo (aumento moderado) e interesse (aumento pequeno). Se a rede neuronal
mantém um valor elevado é activada a raiva ou para a dor. Se diminui é activada a alegria
Teoria diferencial das emoções (Izard,1991)
O sistema motivacional humano é constituído por 10 emoções básicas. Cada emoção tem a sua qualidade
fenomenológica, única: uma experiência subjectiva única; cada emoção tem o seu padrão único de
expressão facial; cada emoção tem o seu padrão de activação neuronal e cada emoção tem funções
adaptativas e motivacionais distintas – papel motivacional central
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Emoções positivas
•Interesse
•Alegria
Emoções neutras
•Surpresa
Emoções negativas
•Medo
•Raiva
•Repugnância
•Mal-estar/angústia (distress)
•Desprezo/desdém (comtempt)
•Vergonha
•Culpa
Estas dez emoções discretas atuam como um sistema motivacional que prepara o indivíduo para agir de
forma adaptativa. Cada emoção existe para fornecer ao indivíduo uma heurística organizada para lidar
efetivamente com as tarefas da vida e os problemas que são importantes e recorrentes.
As restantes emoções são secundárias, surgindo depois e permitindo descrever os estados de humor, as
atitudes, os traços de personalidade, as desordens, etc.
Hipótese do feedback facial
1. Acontecimento interno ou externo
2. Ativação subcortical
Neural firing
Sistema limbico – hipotálamo e gânglios basais.
Impulsos - gerados no córtex motor e enviados à face, para o nervo facial (Nervo cranial VII)
3. Expressão facial
Ações faciais: Mudanças na musculatura, na temperatura e nas glândulas faciais.
Nervo trigerminal (Nervo cranial V)
4. Processamento cortical
Recepção da informação da acção facial no córtex sensorial.
5. Experiência subjetiva da emoção
Integração cortical na informação de feedback facial: experiência.
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Izard defende que o feedback facial é a ativação da cadeia de processos subjacentes à experiência de
emoção. Apenas quando esta cadeia de processos é ativada é que recrutados a participação cognitiva e
corporal para manter a experiência emocional ao longo do tempo.
Teste da hipótese do Feedback facial
Strong version - A manipulação da
musculatura facial activa a experiência
emocional-Dados contraditórios
Weak version - O feedback facial modifica a
intensidade da emoção
Dado consensual – a manipulação origina
reacções fisiológicas
Segundo a hipótese do feedback fácil, a exposição a um acontecimento interno ou externo aumenta o nível
de “combustível” o suficiente para ativar um programa de emoção subcortical, como por exemplo o medo. O
cérebro subcortical tem programas inatos e geneticamente decididos. Quando ativados, estes programas
mandam impulsos para os gânglios basais e os nervos faciais para gerar expressões faciais discretas. Após a
expressão facial de medo o cérebro interpreta esta estimulação. Este padrão particular de feedback facial é
integrado corticalmente para aumentar o sentimento subjetivo de medo. Apenas aí é que o lobo frontal do
córtex se toma consciência do estado emocional.
Para validar esta hipótese foi feito um teste da ativação da experiência emocional através da manipulação da
musculatura facial. Verificou-se o impacto da expressão facial sobre processos fisiológicos. Contudo, houve
dados contraditórios em torno do impacto da expressão facial sobre a experiência emocional.
Fez-se ainda um outro teste de regulação da intensidade da experiência emocional através da manipulação
da musculatura facial. Verificou-se um exagero/exacerbação vs. supressão contenção da expressão facial e
uma intensificação vs. atenuação das respostas fisiológicas e da experiência emocional. Assim, concluiu-se
que a emoção ativa as expressões faciais e estas amplificam a experiência emocional.
O papel do feedback facial não invalida o contributo de outras variáveis, tais como, a expressão vocal e o
tacto.
Universalidade das expressões faciais
Existe um acordo entre os sujeitos de diferentes culturas na codificação e descodificação das emoções
básicas. No entanto, a universalidade das expressões emocionais demonstra o carácter inato versus
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aprendido das expressões faciais através de estudos transculturais, ou seja, existe uma variação cultural na
expressão facial das emoções. Contudo, são feitas críticas aos estudos sobre a universalidade das expressões
faciais pelo gradiente crítico de reconhecimento maior (alegria) e menor (repugnância, medo, etc.), pela
metodologia da escolha forçada e pela validade ecológica.
A maioria dos estudos sugere que uma pose de uma musculatura facial produz experiência emocional nem
que seja com efeito pequeno. A postura expressão facial tem o efeito de implementar/reforçar os efeitos da
emoção sentida. O feedback facial tem uma função: activação emocional – assim que uma emoção está
activada é ela que programa, recruta o que é necessário para a experiência emocional.
Controlo voluntário das emoções
Há a exigência da exposição a um elicitador emocional que pode ser interno ou externo. A componente
biofisiológica da emoção é dificilmente controlável.
As emoções têm quatro aspectos: sentimentos, excitação, propósito e expressão. Há emoções que
claramente, simplesmente acontecem e das quais não podemos ser constituídos responsáveis. Por outro
lado, todos temos dificuldade em conjugar diversas emoções e conseguir definir ao certo o que se sente. Nós
precisamos de ser expostos a uma situação que gere emoção específica de um determinado estado
emocional. As emoções são reacções e precisamos de um evento para reagir antes de formularmos a
conjectura da emoção que estamos a sentir. Se as emoções são um fenómeno biológico governado pela
estruturas subcorticais, faz sentido afirmar que muita da nossa emoção nos escapa ao controlo. Se, contudo,
as emoções são um fenómeno cognitivo governado por pensamentos, crenças, e formas de pensar faz
sentido dizer que a emoção é largamente controlada voluntariamente.
A componente biofisiológica da emoção é dificilmente controlável. A significação pessoal tem que ver com a
história e personalidade que são únicas daí que, os efeitos não são uniformes e iguais na reacção.
Dimensão cognitiva e SOCIOCULTURAL da emoção
O constructo central desta dimensão é a avaliação (“appraisal”). Só existe emoção se houver uma
significação/relevância pessoal dos acontecimentos. Segundo esta dimensão a experiência emocional exige
uma avaliação prévia. É a avaliação que origina a emoção. Os acontecimentos irrelevantes para o sujeito não
geram emoção. Em primeiro lugar há uma avaliação automática e inconsciente, uma avaliação hedónica de
objetos e acontecimentos. Este é um sistema que envolve a amígdala. Em segundo lugar dá-se um processo
de avaliação que envolve o córtex (expectativas, memórias, crenças, objetivos, julgamentos e atribuições).
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A abordagem discreta faz avaliações distintas, que dão origem a diferentes emoções, e a dimensional diz
respeito às várias componentes de avaliação que se relacionam com diferentes emoções. Segundo esta
teoria, sem uma avaliação cognitiva prévia ao acontecimento a emoção não ocorrer. É a avaliação, não o
evento em si, que causa a emoção. Mudando a avaliação que fazemos da situação vamos mudar a emoção.
Teoria da avaliação/Appraisal de Magda Arnold (1970)
Avaliação
•Acontecimento
•Benéfica vs.
ameaçadora
Situação
Acção
•Gosto vs.
aversão
•Aproximação
vs. evitamento
Emoções
1. Arnold's Appraisal Theory of Emotion
1) Como é que a percepção de um acontecimento produz uma avaliação positiva ou negativa?
As pessoas avaliam categorialmente os acontecimentos estimulantes e os objetos como positivos ou
negativos. Em todos os encontros com o meio, o sistema límbico e as estruturas cerebrais avaliam
automaticamente a informação sensorial. A maior parte dos estímulos são avaliados corticalmente, sendo
adicionada informação relativa a expectativas, memórias, crenças, objetivos, julgamentos e atribuições.
2) Como é que a avaliação gera emoção?
Após um objeto ser avaliado como bom ou mau surge imediata e automaticamente uma experiência de
gostar ou não gostar. Isto é a emoção sentida. As emoções surgem a seguir às avaliações. Se se mudar a
avaliação muda-se a emoção.
3) Como é que a emoção se expressa na ação?
Gostar gera uma tendência motivacional de aproximação do objeto gerador da emoção. Não gostar gera
uma tendência motivacional para o evitar. Durante a avaliação, o indivíduo invoca a memória e a imaginação
para gerar um número de possíveis cursos de ação para lidar com o objeto (bom ou mau). Quando um curso
particular de ação é escolhido, o circuito cerebral do hipocampo ativa o córtex motor que leva a ação
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comportamental. O sistema límbico tem acesso directo aos músculos que controlam as expressões faciais,
reacções automáticas e endócrinas e sistemas gerais de excitação.
O modelo complexo de Appraisal de Lazarus
Lazarus enfatizou os processos cognitivos que intervém entre os eventos de vida importantes. Defendeu que
as pessoas positivas avaliam se a situação tem relevância pessoal ou não para o seu bem-estar. Quando o
bem-estar está em jogo, as pessoas avaliam a potencial ameaça ou benefício que enfrentam.
Situação
Avaliação
Emoção
A situação é definida como os processos cognitivos mediadores dos acontecimentos importantes e da
reactividade fisiológica e comportamental.
Tipo de benefício
• Progresso em direcção a um objectivo
Emoção
Felicidade
• Ser reconhecido por um feito
• Melhoria de uma situação desagradável
Orgulho
Orgulho
• Crença de que um resultado desejado é possível
• Desejo/envolvimento afectivo
Esperança
Amor
• Sensibilidade perante o sofrimento de outro
Compaixão
• Apreço por um presente altruísta
Gratidão
Tipo de Dano
Avaliação
• Ser rebaixado por uma ofensa pessoal
Raiva
• Transgredir um imperativo moral
• Fracasso em prosseguir um ideal do ego
Culpa
Vergonha
• Experimentar uma perda irreversível
Tristeza
• Aceitar um objecto/ideia aversiva
Repugnância
Tipo de Ameaça
•Enfrentar uma ameaça incerta
Ansiedade
• Enfrentar um perigo imediato esmagador
Medo
• Desejar o que outros possuem
Inveja
• Ressentir-se de uma perda a favor de um rival
Ciúme
Assim, as pessoas em primeiro lugar avaliam a sua relação com o acontecimento de vida (“primary
appraisal”), depois avaliam as suas capacidades para enfrentar esse acontecimento (”secondary appraisal”).
A avaliação primária envolve uma estimativa de se temos algo em jogo no encontro com o meio.
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Normalmente, está em jogo nesta primeira avaliação a saúde, a autoestima, um objetivo, um estado
financeiro, respeito ou o bem-estar de uma pessoa amada. Quando um destes seis resultados está em jogo
um “acontecimento de vida comum” torna-se um “acontecimento de vida significativo” gerador de emoção.
Na avaliação secundária está envolvida a avaliação pessoal das capacidades para enfrentar a possível
ameaça ou benefício. As capacidades para enfrentar podem ser esforços cognitivos, emocionais ou
comportamentais.
Em suma, esta teoria defende que: após um encontro com o meio o indivíduo faz uma primeira avaliação
relativa à relevância e significância pessoal do acontecimento. Se este não é visto como um potencial
benefício ou ameaça não ocorre uma hiperactivação do sistema nervoso autonómico. A falta de descargas
assinala que não são necessárias capacidades para enfrentar o acontecimento. Assim, este acontecimento
falhou ao gerar um episódio emocional. Se o acontecimento é percebido como uma potencial ameaça ou
benefício, então uma emoção específica é ativada e ocorre uma hiperactivação do SNA de modo a prepara a
pessoa para se adaptar ao evento de vida importante. A ativação do SNA também prepara a avaliação
secundária, na qual o indivíduo pondera se é capaz de lidar com sucesso com o evento de vida. Se os
esforços do indivíduo têm sucesso a atividade do SNA começa a diminuir e a emoção perde o seu estatuto
porque o benefício é atingido ou a ameaça dissipada. Se os esforços não são bem-sucedidos continua a
ativação do SNA e a pessoa experiencia stress e ansiedade porque os benefícios escapam-lhe ou a ameaça
ocorre.
As emoções mudam à medida que as avaliações mudam. O processo da emoção não é uma sequência linear
mais sim, uma mudança constante dos estatutos dos motivos de cada um. Lazarus, rotula a sua teoria da
emoção de cognitiva-motivacional-relacional: cognitiva porque mostra a importância da avaliação,
motivacional porque comunica a importância dos objectivos e bem-estar e relacional porque comunica que
as emoções nascem da relação com o meio (benefícios, ameaças, perigos).
Nos processos de appraisals, Arnold usa a avaliação para explicar duas emoções (gostar e não gostar). Já
para Lazarus, a avaliação primária e secundária explicam quinze emoções. Mas, para outros autores
cognitivistas, a avaliação explica todas as emoções. Na sua perspectiva, cada emoção tem um padrão único
de avaliações que envolvem a interpretação de significados múltiplos para a situação.
Diferenciação das emoções (Roseman, Antonio & Jose, 1996)
A mudança de avaliação permite explicar o processo de diferenciação das emoções, explicar como as
pessoas experienciam diferentes emoções para um mesmo evento.
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É um modelo de seis dimensões de avaliação, que abrange os objectivos/necessidade e a sua avaliação
hedónica, através das emoções positivas e das emoções negativas, as competências de coping, pelo
potencial de controlo alto e o potencial de controlo baixo, e a responsabilidade, pelas circunstâncias, os
outros e o próprio, que quando combinadas se traduzem em dezassete emoções. Contudo, existem cinco
razões pelas quais a teoria não pode explicar as reações emocionais com 100% de certeza: Outros processos
para além da avaliação contribuem para a emoção; a avaliação tem muitas vezes a função de intensificar a
emoção em vez de a causar; enquanto cada emoção tem um padrão único de avaliação associado, os
padrões de avaliação para muitas emoções coincidem e criam alguma confusão; existem diferenças
desenvolvimentais entre as pessoas; o conhecimento emocional e as atribuições representam fatores
cognitivos adicionais para além da avaliação que afetam as emoções.
Conhecimento emocional
As crianças compreendem e distinguem apenas poucas emoções básicas. As pessoas vão ganhando
experiência com diferentes situações e aprendem a discriminar outras emoções. Estas distinções são
guardadas cognitivamente em hierarquias de emoções básicas e suas derivadas. Assim, o número de
emoções diferentes que cada pessoa consegue distinguir constitui o seu conhecimento emocional. Através
da experiência construímos uma representação mental de diferentes emoções e da maneira como cada
emoção se relaciona com outras emoções e as situações que as produzem.
Teoria Atribucional da Emoção (Weiner, 1985, 1986)
Face a um resultado, há uma avaliação primária do seu efeito, e consequentemente, uma avaliação
secundária desse mesmo resultado, esta última que se traduz em sete emoções.
Resultado
Felicidade
Quando o efeito é positivo
Orgulho - Se o
efeito positivo
é atribuído a
causas
internas
Gratidão - Se o
efeito positivo
é atribuído a
uma causa
externa
Esperança - Se
o efeito
positivo é
atribuído a
uma causa
estável
Tristeza ou frustração
Se o efeito é negativo
Raiva - Se o
efeito
negativo é
atribuído a
causas
externas
controláveis
Compaixão Se o efeito
negativo é
atribuído a
uma causa
externa
incontrolável
Culpa - Se o
efeito
negativo é
atribuído a
uma causa
interna
controlável
Vergonha - Se
o efeito
negativo é
atribuído a
uma causa
interna
incontrolável
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Este modelo demonstra as consequências da atribuição de sete emoções. Assume que as pessoas querem
explicar porque é que experienciaram um determinado resultado de vida. Uma atribuição é a razão que a
pessoa usa para explicar um resultado. É a resposta à pergunta: porque é que isto aconteceu? As atribuições
são importantes porque a explicação gera reações emocionais. Com resultados positivos, as pessoas sentemse, geralmente, felizes e com resultados negativos as pessoas sentem-se tristes ou frustradas.
Weiner refere que a reação emocional dependente dos resultados é uma avaliação primária do resultado.
Em adição a isto ocorre também uma reação emocional gerada pelo resultado. As pessoas explicam porque
é que foram bem-sucedidas ou falharam. Após o resultado ter sido explicado surgem novas emoções para
diferenciar o estado emocional geral noutras emoções secundárias. A atribuição do porque é que o
resultado aconteceu constitui uma avaliação secundária do resultado.
Aspectos culturais das emoções: conhecimento emocional, gestão emocional e
controlo emocional
A interação social contribui para uma compreensão social da emoção. O contexto sociocultural em que
vivemos contribui para uma compreensão cultural da emoção. Se mudarmos a cultura em que vivemos, o
nosso reportório emocional também vai mudar.
Os diferentes estatutos entre as pessoas que interagem definem que emoções são apropriadas e esperadas
e, deste modo, as pessoas podem selecionar os parceiros de interação e construir uma experiência
emocional específica.
Avaliação/appraisal
•Contribui para uma
compreensão cognitiva da
emoção
Contexto sócio-cultural
Interação Social
•Contribui para uma
compreensão cultural da
emoção
•Contribui para uma
compreensão social da emoção
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Variáveis socioculturais da emoção
São o reportório do conhecimento transmitido e assimilado de forma diferenciada por cada sujeito.
Gestão da expressão emocional/Interação Social
O como se deve expressar as emoções. A socialização emocional ocorre quando os adultos ensinam as
crianças sobre as emoções. Esta socialização também ocorre entre adultos, mas é mais frequente entre
adultos e crianças. Os adultos falam com as crianças sobre as situações que causam emoções, como se
devem expressar e como devem catalogar as emoções. Sociedades diferentes socializam as suas crianças de
modo diferente.
Os outros e a cultura em geral facultam instruções sobre as causas das emoções (Socialização Emocional) - as
outras pessoas são a nossas fonte de emoção do dia-a-dia. Experienciamos um grande número de emoções
quando interagimos. As emoções são intrínsecas às relações interpessoais. Têm também um papel
importante a criar, manter e dissolver as relações interpessoais. As emoções juntam-nos e separam-nos.
Quando estamos expostos às expressões emocionais dos outros nós tendemos a imitá-los (expressão facial e
postura) e a ser afetados por um efeito contagiante. Durante a interação social não apenas nos expomos ao
contágio emocional mas também nos pomos num contexto controverso que fornece uma oportunidade para
voltar a experienciar e a viver experiências emocionais passadas. Um processo chamado de partilha social de
emoções. O “contágio emocional” é a tendência para automaticamente produzir mímica e sincronizar
expressões, vocalizações, posturas e movimentos com os da outra pessoa”.
Socialização emocional/ Conhecimento emocional
A socialização emocional ocorre quando os adultos ensinam as crianças sobre as emoções. Esta socialização
também ocorre entre adultos, mas é mais frequente entre adultos e crianças. Os adultos falam com as
crianças sobre as situações que causam emoções, como se devem expressar e como devem catalogar as
emoções. Também, explicam que certos comportamentos expressivos devem ser controlados e que as
emoções negativas podem ser manipuladas deliberadamente em emoções neutras ou positivas. Sociedades
diferentes socializam as suas crianças de modo diferente.
Os pais americanos valorizam as conquistas dos filhos e encorajam-nos a se expressarem positivamente
enquanto os pais chineses tendem a apagar/obliterar as conquistas dos filhos perante os outros. As crianças
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americanas têm orgulho das suas conquistas e as chinesas harmonizam o seu self com os outros através da
auto-supressão. As americanas preferem histórias excitantes e as chinesas histórias calmas.
Controlo emocional
Quando devo controlar as emoções - o modo como as pessoas aprendem a controlar as suas emoções pode
ser compreendido no mundo profissional daqueles que interagem frequentemente com pessoas e que
devem controlar as suas emoções (ex. psicólogos), o controlo de emoções está muitas vezes relacionado
com capacidades para lidar com sentimentos aversivos de maneiras que são socialmente desejáveis e
pessoalmente adaptativas.
A pressão da socialização leva à manutenção das próprias emoções dentro de um determinado tema de
coping e dos sentimentos aversivos para que sejam ambos desejáveis socialmente e adaptativos
pessoalmente. As pessoas aprendem a lidar com os seus sentimentos privados, espontâneos e a expressá-los
de forma socialmente desejável.
Os padrões emocionais e respectivas funções motivacionais (Ford, 1992)
Ford distingue catorze padrões emocionais com distintas funções motivacionais. Os rótulos considerados em
cada padrão sublinham o facto de que os padrões emocionais se podem manifestar de diferentes formas,
dependendo da magnitude da resposta emocional e do contexto no qual ela é ativada.
Oito padrões de emoções instrumentais que ajudam a regular o comportamento.
1.
Quatro emoções instrumentais que ajudam a regular o início, a continuação, a repetição e a cessação
de episódios comportamentais:
Satisfação – prazer – alegria: motivação para a manutenção de episódios comportamentais em que os
sujeitos estão a efetuar progressos relativamente aos seus objetivos. Motivação para a repetição de
episódios comportamentais em que os sujeitos tenham sido bem-sucedidos no alcance dos seus
objetivos.
Melancolia – desencorajamento – depressão: facilita a cessação de episódios comportamentais mal
sucedidos, está associado com o fracasso e a incompetência pessoal.
Curiosidade – interesse – excitação: encoraja a procura, a organização e a retenção de nova
informação; promove o comportamento exploratório em contextos que envolvem novidade e
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variedade; a ativação desta emoção é mais provável quando o contexto é claramente relevante para os
objetivos pessoais.
Desinteresse – aborrecimento – apatia: promove o adiantamento ou a cessação de episódios
comportamentais envolvendo informação irrelevante ou bastante familiar; evita que os sujeitos percam
tempo no processo de recolha, organização e/ou evocação de informação com pouca utilidade e/ou já
anteriormente aprendida.
2. Quatro emoções instrumentais que ajudam a regular os esforços para lidar com circunstâncias
potencialmente disruptivas ou causadoras de danos:
Alarme – surpresa – espanto: tem como função interromper episódios comportamentais em curso,
reorientando a atenção para a avaliação (qual o seu potencial significado) de acontecimentos súbitos e
inesperados.
Irritação – cólera – raiva: facilita a ultrapassagem ou a remoção de obstáculos ao alcance dos objetivos;
é elicitada por avaliações que indicam que algo ou alguém está a obstruir ou a impedir o progresso
relativamente aos objetivos e tende a produzir comportamentos como os de agressão, protesto,
ativismo social ou um conjunto de atividades com elevado grau de energia e de grande determinação.
Preocupação – medo – terror: promove comportamentos de evitamento ou de cautela em
circunstâncias que envolvem ameaças reais ou potenciais ao bem-estar físico e psicológico; é elicitada
por avaliações que indicam que algo ou alguém pode causar dano, prejuízo ou sofrimento emocional.
Desaprovação – repugnância – aversão: ajuda o evitamento de meios contaminados que podem
produzir doença, infeção ou morte; é elicitada por condições avaliadas como nocivas e está associada
com a resposta biológica de náusea.
Seis padrões de emoções sociais que ajudam a facilitar e manter as relações sociais e os grupos sociais.
1. Três emoções sociais que ajudam a regular o estabelecimento de relações interpessoais de proximidade:
Estimulação sexual – prazer – excitação: facilita o início e a repetição de encontros sexuais essenciais
para a reprodução da espécie; é elicitada por avaliações indicando a presença de um parceiro sexual
potencialmente disponível.
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Aceitação – afeto – amor: facilita o funcionamento social cooperativo, o desenvolvimento de relações
interpessoais satisfatórias e a proteção de sujeitos vulneráveis, ao apoiar o desenvolvimento da
reciprocidade nos compromissos e a confiança; é a emoção associada com as atividades de prestar
cuidados, partilhar, estabelecer amizades e providenciar serviços.
Solidão – tristeza – luto: ajudar a lidar com a perda de relações significativas ao encorajar a união e a
reunião com outras pessoas; encorajar a restauração e a substituição de laços sociais importantes que
foram quebrados ou seriamente enfraquecidos.
2. Três emoções sociais que ajudam a regular a conformidade e a cooperação com expectativas sociais
e/ou padrões de organização social (facilita o funcionamento coerente dos grupos sociais):
Vergonha – culpa – humilhação: encorajar os sujeitos a permanecer nas fronteiras definidas pelos
constrangimentos grupais, tais como normas sociais, valores morais, regras de conduta (formais e
informais); é a emoção que apoia a conformidade, a obediência e o comportamento socialmente
responsável.
Sarcasmo – desdém – desprezo: encorajar a rejeição de outras pessoas de uma relação ou por parte de
um grupo social; encorajar as outras pessoas a modificarem o seu comportamento depois de terem
cometido uma transgressão social, ou de se terem comportado de uma forma inaceitável, ofensiva ou
incompetente.
Ressentimento – ciúme – hostilidade: facilitar o uso de ações coercivas e corretivas contra pessoas
disruptivas ou que não se conformam às disposições existentes e/ou desejáveis; esta emoção ajuda as
pessoas a protegerem-se contra ameaças reais ou imaginadas aos seus interesses, valores sociais e
relações.
Emoções e processos cognitivos (Oatley, Keltner & Jenkins, 2006)
As emoções priorizam os pensamentos, objetivos e ações em organismos complexos como os seres
humanos (limitações no conhecimento e nos recursos) – dois tipos de sinalização no sistema nervoso:
Organizacional (avaliação primária) – coloca o cérebro em modos de organização específicos associados com
certas emoções básicas (“emotional priming”).
Informativo (avaliação secundária) – construção de modelos mentais acerca dos acontecimentos, as suas
possíveis causas e implicações.
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Três perspectivas sobre os efeitos das emoções nos processos cognitivos
1. Congruência emocional
As emoções e o humor constituem redes associativas na mente (as experiências passadas, os conceitos
relacionados, as imagens, etc.). Quando experienciamos uma emoção, todas as associações dessa emoção
tornam-se mais acessíveis e disponíveis para serem utilizadas em diferentes julgamentos. Aprendemos
melhor materiais congruentes com a nossas emoção atual, porque estão integrados em estruturas de
memória ativa. Existem evidências contraditórias com esta teoria: as emoções infundem as tarefas
cognitivas e influenciam a memória e o julgamento em função da complexidade da tarefa (processamento
construtivo) e do seu afastamento de protótipos.
2. Sentimentos como informações
As emoções são informativas quando fazemos julgamentos (providenciam um sinal rápido disparado por
algo existente no meio e permitem fazer avaliações em situações que exigem grande complexidade no
processamento de informação – racionalidade limitada). As emoções são heurísticas (estratégias de curtocircuito no processo de tomada de decisão). Evidências contraditórias mostram a dependência do contexto e
da tarefa a ser realizada.
3. Emoções promovem diferentes estilos de processamento
Diferentes emoções envolvem os sujeitos diferentes emoções envolvem os sujeitos em formas de raciocínio
qualitativamente diferentes (na organização das evidências e na extração de conclusões). As emoções
positivas promovem processos cognitivos flexíveis e criativos (exploração mais aprofundada com menos
constrangimentos e pressupostos), pois alargam os repertórios de pensamento e permitem a construção de
esquemas inovadores; ajudam igualmente na construção de recursos interpessoais. Algumas emoções
negativas (ex. Tristeza) promovem um pensamento mais analítico e uma maior atenção aos detalhes da
situação congruentes com o estado emocional (ex. ansiedade) – foco da atenção diminuído e dirigido para
índices dos meio relacionados com o estado emocional.
Emoções e memória
Viés para o reconhecimento de acontecimentos com carga emocional – vários estudos têm demonstrado
que os sujeitos recordam melhor materiais com capacidade de ativação emocional do que materiais
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relativamente neutros; se um acontecimento é importante e pouco usual estão criadas as condições para a
ocorrência de uma emoção e de uma recordação distintiva.
Os estados de humor e as emoções influenciam os processos mnésicos (recordação) – embora esta
afirmação seja suportada pelo resultado de diversos estudos empíricos, os efeitos dos estados afetivos nos
processos mnésicos dependem largamente do contexto, sendo que a recordação de acontecimentos reais
com significado emocional é mais dependente desses estados afetivos do que a recordação de listas de
palavras.
Emoções e julgamento
Efeito das emoções e do humor em julgamentos avaliativo – estados emocionais positivos e negativos
influenciam os julgamentos avaliativos de acontecimentos e objetos (bom vs., mau), mesmo quando os
objetos sob julgamento não têm nenhuma relação com a causa desses estados emocionais.
Efeito das emoções e do humor na visão do futuro – diferentes emoções estão associadas com diferentes
aspetos relativos ao pessimismo vs. Otimismo da visão do futuro.
Efeito das emoções e do humor nas atribuições causais de acontecimentos pessoais e sociais.
Emoção e Personalidade
Diferenças individuais da experiência emocion al subjectiva (Reeve, 2009)
Existem algumas dimensões da personalidade que têm impacto sobre a experiência afetiva: extroversão e
neuroticismo, ativação e reatividade emocional.
Porque é que as pessoas revelam estados emocionais e motivacionais diferentes perante a mesma situação?
As características de personalidade extroversão, neuroticismo, busca de sensações, intensidade afectada,
controlo percebido e desejo de controlo explicam porque é que diferentes pessoas têm diferentes estados
motivacionais e emocionais mesmo na mesma situação.
Todas as situações variam: na sua capacidade para produzir emoções positivas ou negativas em nós (por
exemplo, festas são divertidas, acidentes são aflitivos); em quão estimulantes e activantes são (por exemplo,
bibliotecas são tranquilas, concertos de rock são estimulantes); em quão controláveis são (por exemplo
perder peso está um pouco sob o nosso controlo mas também um pouco fora dele).
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Controlo
•Controlo
percebido
Desejo de
controlo
Ativação
•Busca de
sensações
•Intensidade
afetiva
Felicidade
•Extroversão
•Neuroticismo
Os indivíduos têm características da personalidade que afectam o modo como respondem as estas situações
em termos da felicidade e activação sentidas e controlo percebido.
A maioria das pessoas é feliz e isto é verdade quase independentemente das suas circunstâncias de vida.
Pessoas em grupos de baixos rendimentos geralmente dizem que são felizes, bem como as pessoas com
pequena educação formal e pessoas de quase todas as nações. Contudo, intuitivamente, todos nós sabemos
que os eventos nas nossas vidas afectam as nossas emoções e humor.
As pessoas reagem fortemente a eventos da vida, como, por exemplo, a sorte na lotaria e o risco de vida em
acidentes. Mas, depois, também parecem voltar para o mesmo nível de felicidade que tinham antes do
evento.
Actualmente, nós parecemos ter dois “set points” emocionais, um é para a emotividade positiva e outro
para a emotividade negativa. Quão felizes e infelizes somos tornam-se indicadores independentes de bemestar. O estado dos nossos “set points” de felicidade ou infelicidade pode ser explicado por diferenças
individuais nas nossas personalidades. O “set point” felicidade emerge, na maioria, de diferenças individuais
na extroversão enquanto que o “set point” infelicidade emerge, em grande parte, de diferenças individuais
no neuroticismo.
Origem das diferenças inter-individuais na experiência emocional
Valência afetiva (“happiness”) – extroversão, neuroticismo.
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Ativação (“arousal”) e Reatividade emocional – busca de sensações /estimulações, intensidade afetiva.
Controlo – controlo percebido, desejo de controlo.
Valência afectiva
Extroversão
Felicidade
Neuroticismo
Infelicidade
A afetividade positiva tem relevância na personalidade/acontecimentos. A extroversão tem um “happiness
set point”. O afeto negativo (neuroticismo) tem um ”unhappiness set point”.
Extroversão e felicidade
Para definir extroversão, os psicólogos da personalidade debateram as suas três facetas:
1ª – Sociabilidade, ou a preferência para e a satisfação dos outros e, situações sociais;
2ª – Assertividade, ou a tendência para a dominância social;
3ª – Espírito aventureiro, ou a tendência para procurar e desfrutar de situações emocionantes e
estimulantes.
Emocionalmente, os extrovertidos são mais felizes e desfrutam mais frequentemente de humores positivos
do que os introvertidos.
Os extrovertidos são altamente sociáveis, mas isto não explica porque é que são mais felizes e são mais
felizes, quer vivam sozinhos ou com outros, em grandes cidades ou áreas rurais remotas e quer trabalhem
em ocupações sociais ou não.
Os extrovertidos são mais felizes do que os introvertidos porque são mais sensíveis às recompensas
inerentes à maioria das situações sociais. Assim, são mais susceptíveis a sentimentos positivos do que os
introvertidos. Assim, porque são mais sensíveis a sentimentos positivos, os extrovertidos abordam
ansiosamente situações potencialmente gratificantes mais do que os introvertidos.
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Os extrovertidos têm uma maior capacidade de experienciar emoções positivas, e o seu Behavioral
Activating System (BAS) é mais forte e sensitivo. Buscam situações potencialmente gratificantes, tendo uma
maior sociabilidade, assertividade e aventurismo do que os introvertidos.
Tipos de Felicidade (Ryan & Deci, 2001)
Hedónica (Hedonismo)
Eudemónica
(Eudemonismo - Ética
Aristotélica)
Prazer
Auto-realização
O bem-estar hedónico é a totalidade de um dos momentos de prazer; reflecte uma vida agradável e
representa o que a maioria das pessoas pensa como felicidade.
O bem-estar eudemónico preocupa-se com a auto-realização; envolve acoplar-se em actividades
significativas e em fazer o que vale a pena fazer. É a actualização do self e é realizado através de actividades
e realização de autenticidade pessoal e crescimento
Neuroticismo e afecto negativo
O neuroticismo é definido como uma predisposição para a experiencia de afecto negativo e para se sentir
cronicamente insatisfeito e infeliz. Dia sim, dia não, os neuróticos experienciam um grande stress,
emocionalidade mais negativa e um fluxo constante de estados de humor como ansiedade, medo e
irritabilidade. Os neuróticos sofrem emocionalmente em maior extensão do que aqueles que são
emocionalmente estáveis (contrário dos neuróticos). Isto deve-se à grande capacidade dos neuróticos para
experienciar emoções negativas e ao facto de terem distúrbios crónicos e pensamentos perturbadores.
Os neuróticos têm uma maior predisposição para experimentar emoções negativas, pela vulnerabilidade às
emoções negativas, pensamentos perturbadores e pessimistas. O seu Behavioral Inhibition System (BIS) é
mais forte e sensitivo. Há um evitamento de situações potencialmente negativas, quando existe detecção e
regulação de sinais de ameaça/perigo no ambiente, o que corresponde a um maior número de
comportamentos de evitamento e um maior mal-estar-emocional.
Activação (arousal)
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A activação representa uma variedade de processos que governa o estado de alerta, vigília e activação. Este
processo é um mecanismo cortical, comportamental e autonómico.
São os processos envolvidos no nível de alerta e de energia motivacional – princípio de Yerkes-Dodson
(1908). A validação deste estudo demonstrou que os sujeitos introvertidos têm melhor desempenho em
situações de relaxamento e pior desempenho em situações de stress. Os sujeitos extrovertidos têm melhor
desempenho em situações de stress e pior desempenho em situações de relaxamento.
Contribuição do nível de activação /arousal para a motivação
1. O nível de activação pessoal depende fundamentalmente do nível de estimulação do ambiente.
2. O comportamento permite aumentar ou diminuir o nível de activação.
3. Nível de activação baixo (tédio) -Busca de oportunidades para aumentar o nível de activação por ser
agradável e melhorar a performance - o decréscimo da activação é aversiva e prejudica a
performance.
4. Nível de activação elevado (stress) - Busca de oportunidades para diminuir o nível de activação,
porque o excesso de activação ambiental é aversiva e prejudica a performance – o decréscimo é
agradável e melhora a performance.
Relação entre ativação e desempenho/bem-estar – efeitos da insuficiência de estimulação.
2: Yerkes & Dodson (1908)
A curva de U invertido ilustra que um nível baixo de activação produz uma performance relativamente pobre
(inferior esquerdo). Como o nível de activação aumenta de baixo para moderado, a intensidade e a
qualidade da performance melhoram. Como os níveis de activação continuam a aumentar do moderado
para o alto, a qualidade e eficiência (mas não a intensidade) diminuem (inferior direito). Assim, a
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performance óptima é uma função de ser activa mas não muito. Para fazer sentido a relação activaçãoperformance, recordar a eficiência da sua performance pessoal enquanto faz alguma coisa importante –
discurso público, competição entre atletas ou entrevista de emprego, por exemplo. Quando indiferente e
subactivado ou quando ansioso e sobreactivado, a performance tende a ser óptima.
Um nível moderado de activação coincide com a experiência de prazer. Estimulação baixa produz tédio e
desassossego; estimulação alta produz tensão e stress. Tédio e stress são experiências aversivas, e as
pessoas lutam para escapar delas. Quando a sobreactivação e a experiência negativa afectam, a pessoa irá
procurar actividades que ofereçam aumento de estimulação, oportunidades de explorar algo novo e talvez
até mesmo a tomada de riscos. Quando há sobreactivaçao, o aumento da estimulação, a inovação e o risco
criam afecto negativo – stress e frustração. Pessoas sobreactivadas encontram-se atraídas por um ambiente
calmo – férias, uma leitura casual do jornal ou fazer um passeio calmo. Assim, a curva de U invertido prediz
quando aumentos e descidas na estimulação conduzirá a afectos positivos e abordagem comportamental e
quando eles conduzirão a afectos negativos e evitamento.
A activação e a estimulação insuficiente
A privação sensorial ocorre através de uma experiência emocional num ambiente rígido e imutável, pelo que
as experiências de privação sensorial de Heron (1957) demonstram que o cérebro e o sistema nervoso
funcionam melhor sob um nível de activação moderada e continuada gerada pela estimulação ambiental,
que permite inferir que o ser humano protege-se da estimulação insuficiente e da subativação.
Estimulação excessiva e sobreactivação
Por vezes a vida é aborrecida, mas outras vezes é stressante. O stress vem de eventos maiores, principais,
como o divórcio, ferimento físico e desemprego; de aborrecimentos diários, como colocar ou perder coisas e
ficar preso no trânsito; e de circunstâncias crónicas como cuidado inadequado dos filhos, superlotação ou
repetidas dificuldades na relação. Na sobrestimulação, ambientes stressantes perturbam estados
emocionais e a actividade cognitiva e aceleram os processos fisiológicos.
Motivação para a protecção da estimulação excessiva
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Sobrestimulação,
ambientes stressantes
Disrupção emocional
-Ansiedade
-Irritabilidade
-Raiva
Disrupção cognitiva
-Confusão
-Esquecimento
-Desconcentração
Disrupção fisiológica
-Hiperatividade do
Sistema Nervoso
Simpático
Credibilidade da Hipótese do U Invertido
Criticismo de Neiss (1988): A hipótese do U invertido não se aplicaria às situações diárias, em que o nível de
activação oscila relativamente pouco.
Experiência de Revelle, Amaral & Turriff (1976): A hipótese do U invertido aplica-se às fontes rotineiras de
estimulação – cafeina + pressão temporal
Busca ou evitamento de experiências e sensações novas
Diz respeito a uma característica da Personalidade associada ao nível de activação e de reactividade, que
manifesta um grau da necessidade de mudança e variabilidade, pela qual o Sistema Nervoso Central é
responsável, e que se relaciona com a busca de experiências e sensações variadas, novas, complexas e
intensas, e desejo de correr riscos físicos, sociais, legais ou financeiros em prol de tais experiências
(Zuckerman, 1994).
Busca de experiências
novas
Busca de sensações
Busca/aceitação do
risco
Base biológica para a busca de estimulação/sensação

Linha basal de ativação.

Linha basal de reatividade.
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
Nível baixo de Momoamino Oxidase (MAO).

Níveis elevados de dopamina – Favorecimento dos comportamentos de aproximação.

Níveis baixos de serotonina – desinibição relativamente a riscos e novas experiências.
Intensidade afectiva:
A intensidade afectiva diz respeito à capacidade das pessoas para se tornarem emocionalmente activas. É
definida em termos da força com que cada individuo experiencia as suas emoções. Na estabilidade afectiva,
os indivíduos experienciam as suas emoções apenas levemente e mostram apenas flutuações menores nas
suas reacções emocionais de momento para momento ou de dia para dia.
Investigadores medem a intensidade afectiva com um questionário de auto-relato. Originalmente, os
investigadores avaliavam a intensidade afectiva duma forma interessante mas também penosa que ilustrava
bem a emocionalidade das pessoas ao longo do tempo. Num período de 80-90 dias consecutivos, os
participantes respondiam a um questionário de humor diário que caracterizava palavras de humor positivo e
negativo. A quantidade de desvio dos pontos destas palavras, de cada pessoa, definia a sua intensidade
afectiva.
3: Estabilidade e instabilidade afetiva, respetivamente
Sujeito 23 – o humor diário da intensidade afectiva do indivíduo subiu e desceu substancialmente. Os dias
foram muito bons ou muito maus.
Sujeito 21 – o humor diário da intensidade deste indivíduo pairou continuamente em torno do neutro. Os
dias foram basicamente o mesmo, emocionalmente falando.
O quão bons ou maus foram os eventos nas vidas da intensidade afectiva e estabilidade afectiva dos
indivíduos aparecem na figura seguinte.
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4: Reacções Afectivas a Acontecimentos Positivos e Negativos de Sujeitos com uma intensidade afectiva elevada e estável
Para todos os maus eventos (figura da esquerda), indivíduos com intensidade afectiva relatam uma
emocionalidade negativa significativamente pior do que fizeram os indivíduos com estabilidade afectiva.
Para todos os bons eventos (figura da direita) indivíduos de intensidade afectiva relataram uma
emocionalidade positiva mais significativa do que os indivíduos com estabilidade afectiva.
Indivíduos com Intensidade afectiva e Estabilidade afectiva não diferem fisiologicamente, como indivíduos
com intensidade afectiva são mais psicologicamente sensíveis a mudanças em activação do que são os
indivíduos com estabilidade afectiva.
Controlo
Controlo Percebido
Desejo de controlo
Expectativas acerca da
capacidade para obter
resultados positivos
Motivação para controlar
os acontecimentos
Controlo percebido
Refere-se às crenças e expectativas que a pessoa tem que ele ou ela pode interagir com o ambiente de
formas que produzem resultados desejados e previnem os indesejados. As crenças de controlo percebido
predizem quanto esforço a pessoa está disposta a exercer.
Pré-requisitos da percepção de controlo pessoal:
1. Capacidade do self para obter os resultados desejados
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2. Previsibilidade e responsividade da situação
Crenças de controlo percebido – Controlo percebido elevado vs. Controlo percebido baixo:
Estabelecimento de objectivos
Escolha da tarefa
Esforço
Concentração
Persistência face a dificuldades
Estado emocional
Estratégias de resolução de problemas
Performance
Quando uma pessoa com controlo percebido relativamente alto enfrenta uma situação razoavelmente
estruturada, procura e selecciona tarefas relativamente desafiadoras, conjuntos de metas relativamente
altas e gera planos sofisticados sobre como suceder e o que fazer quando o progresso é lento. Com esta
previsão, a pessoa, com alto controlo percebido, inicia a acção, exerce esforço, concentra-se e persiste na
face da dificuldade. Durante a performance, mantém os seus planos e estratégias na mente e os estados
emocionais positivos, constrói estratégias de resolução de problemas e gera feedback para ajustar ou
melhorar habilidades relevantes.
Quando uma pessoa com um controlo percebido relativamente baixo face à mesma situação, ela procura e
selecciona tarefas relativamente fáceis, conjuntos de metas baixas e vagas, e gera planos simples com
algumas estratégias de contingência. Se as coisas correm mal, é provável que vagueie, a confiança é fácil de
perder e a atenção transforma-se, muitas vezes, em ruminação sobre o porquê da tarefa ser tão difícil. Com
este desencorajamento a performance é afectada.
O controlo percebido é um precursor necessário para a construção de crenças sobre a competência, eficácia
e habilidade de alguém. As crenças de controlo percebido podem emanar de qualquer capacidade, não
apenas da própria competência, eficácia e habilidade.
Ciclos auto-confirmatórios do envolvimento na tarefa
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Envolvimento
Crenças de
controlo
percebido
elevadas vs.
baixas
Resultados
O envolvimento no esforço para ganhar controlo sobre um resultado importante existe num contínuo de
intervalos, de desinteresse para envolvimento. Quando fortemente envolvida, a pessoa exerce esforço forte
e persistente e expressa emoções positivas; quando descontente, a pessoa age passivamente e expressa
emoções negativas.
As crenças do controlo percebido influenciam o envolvimento, emoção, coping e a busca de desafio do
indivíduo. Pessoas com controlo percebido alto mostram esforço relativamente alto, concentração,
persistência no caso de falha, mantêm interesse e curiosidade na tarefa e optimismo para resultados futuros
positivos. Pessoas com controlo percebido baixo mostram esforço relativamente baixo, duvidam das suas
capacidades, tendem a desistir no caso de mudança ou falha, desencorajam rapidamente e há uma
inclinação para serem passivos e ansiosos. Estes padrões de envolvimento versus desafecto são importantes
porque predizem os resultados que as pessoas atingem.
O envolvimento no esforço produz resultados positivos e percepções de “postperformance” de alto controlo
que produzem, em primeiro lugar, esforço desafecto. Desafecto este que produz os resultados negativos e
baixo controlo. A isto dá-se o nome de ciclos auto-confirmatórios de envolvimento na tarefa, pois explicam
como e porquê algumas pessoas desenvolvem fortes crenças de controlo pessoal enquanto outras não.
Influência do Desejo de controlo (DC) durante tarefas de realização (Burger, 1985)
Reflecte a extensão para que os indivíduos estão motivados para estabelecer controlo sobre os eventos nas
suas vidas.
Indivíduos com DC alto preferem tomar as suas próprias decisões, preparam as situações antecipadamente e
assumem papéis de líderes nos grupos, enquanto indivíduos com DC baixo tendem a evitar
responsabilidades e sentem-se confortáveis com os outros a tomarem decisões para eles.
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O desejo de controlo relata uma variedade de experiencias e comportamentos que são fundamentais para
as crenças de controlo pessoal, incluindo desamparo aprendido, depressão, ilusão de controlo, hipnose,
realização, stress e coping, estilo interpessoal com amigos, hábitos de saúde e mesmo uma escolha, de um
idoso, de um sítio para morrer. Os links comuns entre este desejo de controlo e estas manifestações
comportamentais de controlo pessoal são alto desejo de, primeiro, estabelecer controlo e, depois, de
restaurar o controlo perdido.
Esta tabela mostra uma modelo de quatro passos para ilustrar a natureza multidimensional dos indivíduos
com DC alto, procurando estabelecer controlo em situações de realização.
Nível de aspiração
DC elevado
comparado com
baixo DC
Vantagens do DC
elevado
Fragilidades do DC
elevado
Selecção de tarefas
difíceis ;
Estabelecimento de
objectivos mais
realistas
Os objectivos mas
elevados são
alcançados
Prossecução de
objectivos
demasiado fáceis
Resposta ao
desfio
Maior esforço
Persistência
As tarefas difíceis
são concluídas
As tarefas difíceis
são concluídas
As tarefas difíceis
são trabalhadas
durante mais
tempo
Atribuição face ao
sucesso/insucesso
Maior probabilidade
de atribuir o sucesso
ao self e o fracasso a
fontes instáveis
O nível de
motivação
permanece elevado
Risco de ilusão de
controlo.
Risco de reacções
Risco de investir
inibitórias da
demasiado esforço
acção face ao
fracasso
O que estes dados mostram é que o desejo de controlo leva as pessoas a sobrestimar o quão bem irão
actuar, para sobre investir as suas energias, para persistir em tarefas difíceis e para interpretar o feedback
dos sucessos e das falhas de modo a alimentar uma ilusão de controlo.
Emoção e Programas de Intervenção
Compreender e aplicar a motivação
Os programas de intervenção têm como objetivos explicar – por que as pessoas fazem o que fazem? –
predizer – como é que as condições afetam a motivação e a emoção - , e aplicar – utilização dos principios
motivacionais para resolver problemas técnicos, a motivação.
Por que fazemos o que fazermos? As teorias da motivação permitem explicar as razões e as origens do
comportamento e os estados motivacionais, isto é, de que forma é que os motivos intensificam, mudam e se
extinguem. Quais as condições antecedentes que dão energia e dirigem o comportamento? Existem
antecedentes ambientais, interpessoais, intrapsíquicos e fisiológicos que permitem a motivação e emoção.
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Ao aplicar a motivação, podemos solucionar problemas de motivação pessoal e interpessoal (os outros),
como amplificando pontos fortes, melhorar o funcionamento, reparar fraquezas e superar problemas.
Motivação do self e dos outros
Os recursos para motivar o self, que são desenvolvidos ao longo da vida, as condições ambientais, como os
acontecimentos situacionais, e os recursos para motivar os outros, através da qualidade dos
relacionamentos interpessoais, permitem ativar os estados motivacionais, como as necessidades, as
cognições e as emoções, e estes estados motivacionais têm consequências, como a performance, o
envolvimento, a aproximação e o bem-estar.
A implementação dos recursos para motivar o Self através do desenvolvimento dos recursos motivacionais
internos parte da implementação da orientação da aproximação pelas necessidades, cognições e emoções
levando à experiência de estados motivacionais fortes, resilientes e produtivos.
Quando se motivam os outros, questiona-se quem está a motivar o sujeito, isto é, se o motivador é o próprio
se é uma força externa e se o contexto social suporta a causalidade pessoal e os recursos motivacionais
internos. O relacionamento interpessoal suporta e impõe obstáculos à motivação pessoal, mas o objetivo
primário prende-se com a alimentação a capacidade e a causalidade pessoal do outro, não exigindo
submissão a um comportamento desejado predeterminado.
O feedback providenciado sobre o processo de motivar o self e os outros tem em conta as emoções
(interesse, entusiasmo, optimismo vs. apatia, raiva, pessimismo), o comportamento (esforço, persistência,
latência para iniciar, etc.) e o bem-estar (alterações ao nível da vitalidade e bem-estar).
Índice
Natureza e dimensões das emoções .............................................................................................................. 1
Emoção e Personalidade .............................................................................................................................. 32
Emoção e Programas de Intervenção ........................................................................................................... 43
44
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