16/03/2016 Módulo Física dos Materiais II 2015-2016 (2º Semestre) Unidade Curricular QUÍMICA E FÍSICA DOS MATERIAIS II Programa 3. Fenómenos de superfície • • • • • • Tensão superficial Formação de meniscos Ângulo de contacto Capilaridade Equação de Young-Laplace Fenómenos de transporte: difusão e osmose 1 16/03/2016 Tensão superficial O fenómeno da tensão superficial faz com que a superfície de um líquido se comporte como uma membrana. 3 Tensão superficial A força total sobre a molécula A é nula. É puxada de igual forma em todas as direcções. A força total sobre a molécula B não é nula. Não tem moléculas acima. 4 2 16/03/2016 Tensão superficial O efeito efectivo da resultante destas forças em todas as moléculas da superfície do líquido faz com que o líquido se contraia. A superfície tende a adquirir a menor área possível. Exemplo: As gotas de água tomam a forma esférica visto a esfera apresentar a menor razão superfície/volume. 5 Tensão superficial sobre uma agulha A tensão superficial permite que uma agulha de aço flutue embora a sua densidade seja muito maior que a da água. A agulha provoca uma pequena depressão na superfície do líquido. As componentes verticais das forças exercidas pelo líquido contrabalançam o peso da agulha. 6 3 16/03/2016 Caminhando sobre a água F γL Força total exercida de cada lado da pata do insecto Admitindo que a ponta da pata do insecto é semi-esférica Fv γ2πr cosθ perímetro da extremidade da pata Fv Componente vertical da força F Fig. 9-42b, p.299 mg 7 Equação da tensão superficial A tensão superficial é definida como a razão entre a intensidade das forças exercidas pela superfície do líquido (interface) e o comprimento ao longo da qual são exercidas. F γ L ou Ftot L tot no caso de existirem várias interfaces. Unidade SI: N/m 8 4 16/03/2016 Tensão superficial em termos de energia As unidades da tensão superficial podem escrever-se em termos de energia por unidade de área. γ N N m J 2 m m m m Um sistema está em equilíbrio quando a sua energia é mínima. 9 Medição da tensão superficial A força é medida quando o anel se liberta do líquido. Ftot L tot A força F é a força exercida descontado o peso do anel. 10 5 16/03/2016 Tensão superficial: efeito da temperatura e da adição de surfatantes A tensão superficial dos líquidos diminui com o aumento da temperatura. A tensão superficial pode diminuir por acção de substancias adicionadas ao líquido e que se chamam surfatantes. O detergente é um exemplo de surfatante. 11 12 6 16/03/2016 Um olhar mais próximo s/ a superfície dos líquidos: adesão e coesão Água Mercúrio 13 Fenómenos de Capilaridade: Formação de meniscos A forma dos meniscos depende: Mesmo líquido; tubos de materiais diferentes das forças de coesão interiores ao líquido das forças de adesão entre o líquido e as paredes dos contentores Surgem fenómenos de capilaridade que resultam na subida/descida do líquido pelos contentores (poros) 14 7 16/03/2016 Fenómenos de Capilaridade: Formação de meniscos A forma dos meniscos depende: Líquidos diferentes; tubos do mesmo material das forças de coesão interiores ao líquido das forças de adesão entre o líquido e as paredes dos contentores Surgem fenómenos de capilaridade que resultam na subida/descida do líquido pelos contentores (poros) 15 Exemplos de fenómenos de Capilaridade Infiltração da agua em estruturas verticais: A água sobe pela estrutura devido à existência de capilares no interior da estrutura do tijolo. 16 8 16/03/2016 Exemplos de fenómenos de Capilaridade Infiltração da agua em estruturas verticais: A água sobe pela estrutura devido à existência de capilares no interior da estrutura do tijolo. É um problema bem conhecido na edificação de estruturas. Requer isolamento e materiais resistentes às infiltrações 17 Exemplos de fenómenos de Capilaridade Infiltração da água em frescos e pinturas: A água penetras nos materiais (telas, pigmentos, etc) também por fenómenos de capilaridade 18 9 16/03/2016 Exemplos de fenómenos de Capilaridade Capilaridade em vasos sanguíneos: Os fenómenos de capilaridade auxiliam a circulação sanguínea nos vasos capilares do nosso sistema circulatório 19 Exemplos de fenómenos de Capilaridade Transporte de seiva bruta nas plantas: Um dos mecanismos de transporte de água e nutrientes nas plantas ocorre justamente por fenómenos de capilaridade! 20 10 16/03/2016 Fenómenos de Capilaridade: Forças de adesão e de coesão Chamam-se forças de coesão (ou coesivas) às forças entre as moléculas do líquido. Chamam-se forças de adesão (ou adesivas) às forças entre as moléculas do líquido e, por exemplo, as do contentor (forças entre moléculas diferentes). A forma da superfície de contacto entre o líquido e um meio exterior depende da relação entre essas forças. 21 Superfície de contacto Líquido-Sólido: caso 1 No caso em que as forças adesivas são superiores às forças de coesão: O líquido sobe pelas paredes do contentor. Diz-se que o líquido molha a superfície de contacto. 22 11 16/03/2016 Superfície de contacto Líquido-Sólido: caso 2 Se as forças de coesão são superiores às forças adesivas: O líquido encurva para baixo na interface Diz-se que o líquido não molha a superfície de contacto. 23 Capilaridade É o fenómeno que resulta do jogo entre as forças de tensão superficial e as forças adesivas. O líquido sobe no tubo quando as forças adesivas são maiores que as forças de coesão. Na linha de contacto entre o líquido e a superfície, as forças resultantes apontam para cima. 24 12 16/03/2016 Altura de subida no tubo F = γL = γ 2 πr F v = γ 2 πr cos Intensidade da força de tensão/adesão P = mg = ρVg = ρgπr 2 h Componente vertical da força Peso da coluna de líquido Condição de equilíbrio: Se a coluna está em equilíbrio, o peso é equilibrado pela componente vertical das forças de tensão/adesão: P = Fv h= Fv ρgπr2h = γ2πr cos 2γ cos ρgr φ é o angulo de contacto entre o liquido e a parede do recipiente. 25 Capilaridade em acção Quando as forças de adesão são menores que as forças de coesão, o líquido desce no tubo. As forças resultantes apontam para baixo neste caso. 26 13 16/03/2016 Capilaridade em acção Pressão diferencial na zona do menisco (lei fundamental da hidrostática): p = ρ gh Força de pressão exercida no sentido ascendente: FP =pA= gh r 2 Componente vertical da força de tensão/adesão: F v = γ 2 πr cos Equilíbrio: FP = Fv h= 2γ cos ρgr A profundidade é dada pela mesma expressão. 27 Ângulo de contacto: 28 14 16/03/2016 Ângulo de contacto: adesão e coesão Se o ângulo de contacto, Φ < 90°, as forças adesivas são maiores que as forças de coesão. Se o ângulo de contacto, Φ > 90°, as forças de coesão são maiores que as forças adesivas. Efeito Lotus 29 Molhabilidade de superfícies A molhabilidade (wetting) de uma superfície está relacionada com o ângulo de contacto. Quanto maior o ângulo de contacto menos molhável é a superfície Má molhabilidade Φ>90º boa molhabilidade Φ<90º Molhabilidade Completa Φ=0º Superfície hidrófobas: São superfícies com baixa (má) molhabilidade Superfícies hidrófilas: são superfícies com boa molhabilidade ou molhabilidade completa 30 15 16/03/2016 Ângulo de contacto, molhabilidade e balaço entre forças de Adesão / Coesão Em resumo, temos as seguintes relações entre o ângulo de contacto, molhabilidade e balanço entre as forças de adesão coesão ÂNGULO DE CONTACTO (em graus) GRAU DE MOLHABILIDADE φ=0 Molhabilidade completa 0<φ<90 Molhabilidade elevada 90≤φ<180 Baixa molhabilidade φ=180 Molhabilidade nulas FORÇAS DE ADESÃO (interacções sólido líquido) FORÇAS DE COESÃO (interacções líquido - liquido) Fortes Fracas Muito fortes Muito fracas Médias Médias Muito fracas Muito Fortes Fracas Fortes 31 A equação de Young-Laplace A forma de uma gotícula resulta do balanço de forças de pressão interiores e exteriores à superfície de contacto líquido – gas e da tensão superficial da gota. Este balanço é descrito pela equação de Young – Laplace: 1 1 p r 1 r2 gas líquido onde r1 e r2 são os raios de curvatura da gotícula, γ, é a tensão superficial, e p plíquido pgas 32 16 16/03/2016 A equação de Young-Laplace A equação de Young-Laplace permite determinar experimentalmente a tensão superficial dos líquidos, através do método da gotícula pendente. Este método consiste em medir os raios (r1 e r2) de curvatura de uma gota pendente e determinar a deformação da gota para calcular a pressão diferencial Δp=ρgh p 1/r1 1/ r2 33 TL2: Ângulos de contacto, molhabilidade e tensão superficial Objectivos: • Medição de ângulos de contacto de gotículas de água em superfícies com diferentes graus de molhabilidade. • Descrição qualitativa do grau de molhabilidade de superfícies. • Cálculo da capacidade de infiltração da água em capilares de diferentes materiais. Material: • Equipamento de medida de ângulos de contacto DSA30 (Kruss, Germany) •Amostras de materiais de diferentes graus de molhabilidade; • Programa de analise de imagens Drop Shape Analyser DAS30; • Água milipore; Transferidor. 34 17 16/03/2016 TL2: Ângulos de contacto, molhabilidade e tensão superficial Descrição experimental: Os estudos de molhabilidade das superfícies a analisar serão realizados através da medição de ângulos de contacto estático a realizar de forma manual e automática. O método manual consiste na medição dos ângulos de contacto com transferidor sobre imagens em formato bmp recolhidas com o equipamento DAS30 (ver figura abaixo). A medição automática é feita pelo software do equipamento de análise de imagem, através do método da gota séssil. Relatório/questionário: • Determinação automática e manual de ângulos de contacto • Cálculo da capacidade de infiltração da água em capilares ; • Interpretação dos fenómenos de adesão, coesão e tensão superfícial; • Descrição qualitativa do grau de molhabilidade de superfícies. 35 Difusão A Difusão é um mecanismo físico que consiste na passagem espontânea de moléculas num meio fluído para regiões onde a sua concentração é inferior. Temos por exemplo os casos da difusão de um gás: Lei de Grahm: razão de velocidades de difusão é dada por: (v1, v2, ρ1 e ρ2 são as velocidades de difusão e densidades dos meios 1 e 2. v1 2 v2 1 36 18 16/03/2016 Difusão A efusão é um mecanismo de difusão através de superfícies porosas. Exemplo micro-poros na superfície um balão cheio de ar: 37 Osmose A Osmose é um mecanismo físico que consiste na movimentação das moléculas de água de uma solução, entre regiões separadas por uma membrana semipermeável. A água movimenta-se das regiões onde a concentração de soluto é menor (meio hipotónico) para regiões onde a concentração de soluto é maior (meio hipertónico), na tentativa de igualar as concertações de soluto. 38 19