Sumário

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Editorial - Sob um Novo Olhar N.2
Edição Geral
Erisvaldo Correia (MTB: 68.624/SP)
Camila Infante
Edição Executiva
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Comitê Editorial
Osvaldo Rinaldi
Lucia Silva
Flabiana Kyriakis
Sônia Kronka
Natachy Petrini
Comitê Cientifico
Dr. Paulo Petronilio - UFG
Dr. Renato Gonda - UNIFESP
Dr. Fabio Pestana - UNIMONTE
Ms. Ricardo Matheus - CEUCLAR
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MidiArtes Editorial
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www.filosofojr.wordpress.com
“A educação é um processo social, é
desenvolvimento. Não é a preparação para a
vida, é a própria vida”
John Dewey
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Sumário
*
A Mulher da Grécia Antiga e os possíveis aspectos da cultura grega na
contemporaneidade – p. 5 à 9
*
Brincar é fazer pedagógico – p. 11 à 16
*
Contraposição da Ética em Hegel e Nietzsche – p. 17 à 33
*
Das Categorias da Lógica para a Consolidação do Espírito Objetivo
em Hegel – p. 35 à 39
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A mulher da Grécia Antiga e
possíveis aspectos da cultura
grega na contemporaneidade
Daniel Frias
Licenciando em História pelo Centro Universitário Claretiano de São
Paulo. Colunista do Portal Café com Filosofia, mantém o Blog O Andante.
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condição social e política da mulher da Grécia antiga se diferem
largamente dos direitos conferidos aos homens de tal sociedade.
Elas não eram consideradas cidadãs e, do mesmo modo, ocupavam
uma posição de inferioridade social em relação aos indivíduos do sexo
masculino. Destarte, tal relação de desigualdade corroboraria por atribuir às
mulheres atividades direcionadas, em geral, às tarefas domiciliares e à
procriação, isto é, o ambiente ―natural‖ delas estava circunscrito ao lar,
educando e gerando os filhos de seus maridos, sendo que, assim, elas
deveriam ser subservientes aos seus cônjuges e lhe prestar total fidelidade.
Aliás, o status social da antiga mulher grega era condicionado pelo
meio cultural e econômico em que ela estava inserida. Um exemplo disso
são as mulheres de Esparta, que desfrutavam-se de maiores ―regalias‖ em
comparação às atenienses, visto que eram proporcionado às espartanas, por
ensejos políticos, uma maior liberdade para a prática de atividades físicas e,
também, para o gerenciamento das terras de seus maridos, isso enquanto na
ausência deles.
Embora fosse comum dedicarem-se mais ao aprendizado de serviços
domésticos e manuais do que à erudição, as mulheres de origem
aristocrática aprendiam a ler (SILVA, 2012, p.102). Já no casamento, as
atenienses, por exemplo, eram proibidas de conviver com outros homens
que não fossem seus parentes. Ademais, sendo principalmente pautado na
idéia de aliança entre famílias, o matrimônio na Grécia antiga era decidido e
arranjado pelos pais das mulheres, as quais se casavam cedo, em sua
puberdade.
No entanto, na classe social mais baixa, a mulher usufruía-se de uma
maior autonomia do que a da aristocracia em termos econômicos e sociais,
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uma vez que devido à sua condição financeira precária ela necessitava
trabalhar, o que lhe permitia gerenciar o seu próprio dinheiro. Nesta camada
social a prostituição feminina era comum, onde nela podemos encontrar,
entre outras categorias de prostitutas, as pornais e as cortesãs.
Essa concepção de inferioridade da mulher em relação ao homem teve
como respaldo grandes pensadores da época, como o filósofo Aristóteles.
Segundo ele, no que diz respeito à sexualidade dos indivíduos a diferença é
indelével, pois, independente da idade da mulher, o homem sempre deverá
conservar a sua superioridade (1998, p. 33). Tal percepção do filósofo se
embasou na noção de ―ordem natural‖, quer dizer, ele hierarquizou a
natureza da alma metafisicamente, colocando o homem livre num plano
superior ao da mulher que sofreria de uma carência e maturidade de espírito,
sendo ela, portanto, incapaz de exercer qualquer outra função que não fosse
a de obedecer ao seu marido, este o qual seria responsável por governar a
família.
Aristóteles proferiu severas críticas, sobretudo, à autonomia que
tinham as mulheres espartanas em relação às atenienses. O Estagirita não
aceitara, de modo algum, que as espartanas fossem educadas similarmente
aos homens, mesmo que fosse sob o pretexto de ter mulheres com melhores
aptidões e atributos físicos pra gerar filhos, uma conjectura que se concebia
em Esparta.
Um pensador que teve uma concepção parecida à de Aristóteles e que
influenciou fortemente a filosofia deste foi Demócrito (460 a.C. – 370 a.
C.). Em alguns de seus fragmentos, Demócrito, também associando a
mulher à natureza, reduziu a função dela à satisfação sexual masculina,
qualificando-a como uma mera fonte de prazer carnal (CARTLEDGE, 2000,
p. 18). Ainda que a concepção de Demócrito acerca das mulheres espartanas
não fosse bem definida, ele precipitou a idéia de ginocracia (governo
destinado por natureza ao homem exercido pela mulher); uma noção que
seria utilizada, posteriormente, inúmeras vezes por Aristóteles para
condenar a política e as mulheres de Esparta.
Todavia, cabe fazer aqui uma pequena ressalva: reduzir a filosofia
destes dois grandes pensadores a um simples comportamento machista seria
um grande equívoco, um anacronismo, tendo vista que a estrutura social de
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tal período histórico era determinada pela ―natureza‖. Logo, o erro que
cometera Aristóteles e Demócrito ao inferiorizar a mulher em relação ao
homem, talvez, deva-se mais a um fator de ―visão de mundo‖, subjacente à
época, do que um ato propriamente pré-conceituoso.
Já no contexto atual e partindo do pressuposto de que ao longo da
história a mulher recebeu uma autonomia substancial relativa ao trabalho, à
organização política e social, à estrutura familiar e em diversas áreas no que
se refere à ética e a moral que concebemos hoje, percebe-se que ela
transcendeu de fato a condição de uma simples incubadora humana e criada
para exercer uma função mais ativa na sociedade a qual vivemos. Assim, a
mulher contemporânea contrapõe-se, em vários aspectos, à mulher
idealizada na Grécia antiga, que era subjugada por sua incapacidade
intelectual, física e de ―não-virtuosidade‖ em comparação aos homens deste
período histórico.
Além dessa perspectiva, poder-se-ia notar que tal concepção grega de
inferioridade feminina herdada por nós manifesta-se hoje, dentre outras
formas, por meio de ideologias. Se para os gregos antigos e, igualmente,
para Aristóteles o homem estava num nível de perfeição superior ao da
mulher devido a sua maior capacidade intelectual, física e, deste modo,
―espiritual‖, nas sociedades modernas há tendências ou, melhor dizendo,
sintomas decorrentes de tal concepção: a inversão de valores e/ou a
ideologia feminina.
Encontramos, não raro, tal ideologia e inversão de valores atrelados ao
senso comum. Se, por um lado, sob a visão machista que herdamos de
outrora, como nos lembra Marilena Chauí (2000, p. 222), o ―ser feminino‖,
a mulher, se apresenta como um ser frágil, intuitivo, sensível e, então, seria
por natureza designada à maternidade e às atividades domésticas, sendo que
assim ela deveria permanecer sob os cuidados de seu marido e de sua
família, exercendo o ―papel da mulher‖; por outro, o próprio senso comum
propõe, ainda, ideologicamente a inversão de valores ou a troca de papéis.
Podemos encontrar uma ilustração que nos remete a essa idéia em frases
como: ―por detrás de um grande homem há sempre uma mulher‖. Outro
fator significativo na troca de papeis são as concepções errôneas acerca da
superioridade da mulher em relação ao homem, seja pela sua ―maior
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capacidade intelectual‖, pela sua ―forte determinação e ‗garra‘‖, ou até
mesmo pelas ―tarefas que só elas sabem fazer‖.
Historicamente, esses ―sintomas ideológicos‖ devem-se ao fato de que
as mulheres conviveram em sociedades as quais eram, em geral, dominadas
pelos homens. Como as divisões sociais destas civilizações davam-se de
acordo com a ―ordem natural‖ de cada indivíduo, as mulheres eram
designadas prioritariamente à função materna, distanciando, assim, do
trabalho braçal e intelectual exercido pelo homem. Esse sistema social e
relação de poder colocaram a mulher num lugar subordinado, como uma
simples auxiliar do chefe da família. Contudo, sabe-se que atualmente essa
situação mudou. A estrutura política e social se modificou e, naturalmente,
ainda está se modificando. Não obstante, tais ideologias ainda persistem.
Bibliografia.
ARISTÓTELES. A Política. [tradução de Roberto Leal Ferreira]. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
CARTLEDGE. Paul. Demócrito: Demócrito e a Política Atomista.
[tradução de Angélica Elisabeth Köhnke]. São Paulo: Editora
UNESP, 2000.
CHAUI. Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.
SILVA, Semíramis Corsi. História Antiga I. (CRC – CEUCLAR – Batatais,
SP). 2010.
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