Rocha potássica no crescimento inicial - NBCGIB

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
ROCHA POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL, COMPORTAMENTO
FOTOSSINTÉTICO E COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA DE DUAS
ESPÉCIES ARBÓREAS
CAROLINE DE MORAIS PINHEIRO
ILHÉUS – BAHIA
2009
CAROLINE DE MORAIS PINHEIRO
ROCHA POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL, COMPORTAMENTO
FOTOSSINTÉTICO E COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA DE DUAS ESPÉCIES
ARBÓREAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Produção Vegetal, da Universidade
Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para
a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Orientador:
Prof. Dr. Eduardo Gross
Co-orientadores:
Prof. Dr. Marcelo Schramm Mielke
Prof. Dr. Antônio Carlos de Souza Abboud
ILHÉUS – BAHIA
2009
ii
CAROLINE DE MORAIS PINHEIRO
ROCHA POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL, COMPORTAMENTO
FOTOSSINTÉTICO E COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA DE DUAS ESPÉCIES
ARBÓREAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Produção Vegetal, da Universidade Estadual de Santa
Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal.
Área de concentração: Solos e nutrição de plantas em
ambiente tropical úmido.
______________________________
Prof. Dr. Antônio Carlos de Souza Abboud
Depto. Fitotecnia -UFRRJ
___________________________
Prof. Dr. Fábio Pinto Gomes
DCB - UESC
__________________________
Prof. Dr Eduardo Gross
(UESC – Orientador)
iii
“É justamente a possibilidade de
realizar um sonho que torna a vida
interessante” (Autor desconhecido).
iv
AGRADECIMENTOS
“O senhor é meu pastor e nada me faltará.”, por isso agradeço a Deus por estar
sempre ao meu lado, especialmente naqueles momentos em que pensei desistir dessa
árdua caminhada. É como diz Fernando Pessoa: “Pedras no caminho? Guardo todas,
um dia vou construir um castelo”.
Agradeço imensamente aos meus pais Tânia Rabelo e Elson Pinheiro por está mais
uma vez possibilitando a realização de um sonho. Pelo apoio, incentivo e dedicação.
Aos meus irmãos Camila (Mimi), João Gabriel (B) e Valdir (Dico) pelo incentivo.
À minha família (Donde, Vô, tias, tios, primas e primos) pela torcida.
Agradeço a Universidade Estadual de Santa Cruz por proporcionar toda a estrutura
necessária à realização deste trabalho.
À minha mãe pelo apoio financeiro durante todo o período sem bolsa.
Agradeço a Capes e ao PROCAD pela concessão da bolsa de estudo durante a
realização deste trabalho.
Ao meu orientador, professor Eduardo Gross pelo apoio irrestrito ao desenvolvimento
deste trabalho, bem como, pela paciência, confiança, amizade e por está disposto
sempre em ajudar e apontar alternativas aos problemas surgidos durante a execução
deste trabalho (e que não foram poucos).
Ao meu co-orientador, professor Marcelo Mielke pelas valiosas sugestões para
realização deste trabalho e pelas oportunidades oferecidas.
Ao professor José Olímpio pelas preciosas contribuições durante a execução do
experimento.
Ao professor Fábio Gomes por disponibilizar seu tempo durante as medições de trocas
gasosas.
Ao professor Antônio Carlos de Souza Abboud pela sua orientação e sugestões para
realização deste trabalho.
Ao professor Paulo Marrocos (Ceplac/Cepec) por disponibilizar as dependências do
laboratório de fisiologia vegetal para as análises químicas de tecido vegetal.
Ao Eng. Florestal Danilo Sette de Almeida pela doação das mudas das espécies
florestais utilizadas neste experimento.
Ao senhor José Nelson (Ceplac/Cepec) por está sempre disposto a ajudar nas análises
químicas de solo.
Aos técnicos, Antônio, Maurino e Waldemar pela ajuda durante as determinações de
nutrientes dos tecidos vegetais.
v
Ao Bruno, Carla e Jair do Laboratório de Fertilidade da UFRRJ pela ajuda nas análises
de solo e tecido vegetal.
À Marcela Tonini Venturni, pela mega, ultra, super ajuda na condução do experimento,
no período em que estive ausente. Agradeço-a também pela sua hospitalidade em sua
casa, sempre disposta a ajudar... uma pessoa incrível, meu muito obrigada!!!!
Ao Daniel, Miguel, Raimundo, Everton e Marcos Vinicius por regarem as minhas
plantas quando necessário.
À grande e quase Drª. Irailde pelas diversas ajudas, companheira de laboratório,
almoços na Valentina, risadas e por ficar sempre escutando as minhas reclamações
diárias. E ainda dizem que a Irá é má... risos.
À turma de “loucos” do LQFS (Daniel, Hellen, James, Miguel, Marcela, Irá, Maíra,
Lucas Calazans, Marcos Vinicius, Everton, Raimundo, Thales e Valéria) por suportarem
por dois anos o meu bom humor (risos), pelos inesquecíveis “come águas”, pelas
resenhas e momentos de descontração.
À Junea e Mayana, colegas de mestrado e agora de trabalho pela amizade.
À Keila Dalle Laste (floresteira e ruralina) pela hospitalidade, conversas, risadas.
À república do 602 em Itabuna...mais uma vez o aprendizado foi grande nessa
audisséia que é a convivência em grupo.
Aos amigos, Abel Couto, Gabriele Marinelli, Giovana Carvalho, Lucas Macedo, Marcos
Ulisses, Maria Santos pelos momentos de descontração e torcida.
A todos que contribuíram direto ou indiretamente para realização deste trabalho, e que
posso ter involuntariamente esquecido de citar, o meu MUITO OBRIGADA.
E por último, porém não menos importante, ao povo brasileiro, que com grande
esforço, ainda mantém Universidades como essa, pública, gratuita e de qualidade.
vi
ROCHA
POTÁSSICA
FOTOSSINTÉTICO
E
NO
CRESCIMENTO
COLONIZAÇÃO
INICIAL,
MICORRÍZICA
DE
COMPORTAMENTO
DUAS
ESPÉCIES
ARBÓREAS
RESUMO
No que se diz respeito a utilização de rochas potássicas moídas para a produção de
mudas de arbóreas nativas e características do crescimento inicial dessas plantas
existe carência de informações na literatura científica. O presente trabalho teve como
objetivo avaliar o efeito do flogopitito como fonte de potássio no crescimento inicial,
comportamento fotossintético e colonização micorrízica em duas espécies arbóreas,
Mimosa bimucronata (DC) Kuntze e Parkia pendula (Willd.) Walp., e o seu efeito
residual no solo. Dois experimentos independentes, para cada espécie de arbórea,
foram realizados em casa de vegetação utilizando um Latossolo Vermelho-Amarelo
distrófico,
em
delineamento
experimental inteiramente
casualizado,
com
dez
repetições. Os tratamentos consistiram de cinco doses de flogopitito (0, 50, 100, 150 e
200 mg dm-3 de K na composição da rocha) e uma dose de KCl (100 mg dm-3) como
referência. Após a conclusão desses experimentos, plantas de milho foram
subsequentemente cultivadas nesses dois solos (pós M. bimucronata e pós P. pendula)
no intuito de verificar o efeito residual da rocha moída. A dose máxima de flogopitito
(200 mg kg-1) contribuiu significativamente para o aumento da biomassa total de M.
bimucronata e resultou na produção mais alta em biomassa de P. pendula. A adição de
flogopitito ao Latossolo nas diferentes doses testadas não provocou aumento no teor
de K disponível, entretanto contribuiu para a diminuição da acidez potencial do solo
após o cultivo de M. bimucronata e P. pendula influenciando positivamente na
saturação por bases. As maiores doses aplicadas de flogopitito reduziram o teor de
fósforo disponível no solo e isso possivelmente influenciou na taxa de colonização
micorrízica em M. bimucronata e P. pendula que foi maior nas plantas submetidas às
doses máximas (150 e 200 mg dm-3) de flogopitito. O teor de K nas plantas de M.
bimucronata tendeu a um pequeno incremento conforme aumento nas dosagens da
rocha moída aplicadas ao solo. Já os parâmetros fotossintéticos, em ambas as
espécies, não foram influenciados pelo potássio independente das fontes desse
nutriente (flogopitito e KCl) adicionadas ao solo. Esse resultado, juntamente com o
baixo teor de K encontrado no tecido de ambas leguminosas, indica que baixas
vii
quantidades de K são requeridas para o crescimento inicial dessas duas arbóreas
tropicais. O experimento sobre o efeito residual do flogopitito demonstrou que as
variáveis biométricas e a biomassa total das plantas de milho crescidas em solo póscultivo de M. bimucronata foram maiores do que nas plantas crescidas no solo póscultivo de P. pendula. Essa rocha filossilicática tendeu a liberar pequenas quantidades
de K para a solução do solo apresentando baixo, mas constante efeito residual. Assim,
a utilização do flogopitito no crescimento inicial de arbóreas que requerem baixa
demanda de K pode ser uma tecnologia alternativa viável e de baixo custo para
produção sustentável de mudas de árvores tropicais.
Palavras-chave: flogopita, nutrição de plantas, propriedades químicas do solo,
produção de mudas de arbóreas tropicais, restauração florestal.
vii
POTASH ROCK ON INITIAL GROWTH, PHOTOSYNTHETIC BEHAVIOR AND
MYCORRHIZAL COLONIZATION IN TWO TREE SPECIES
ABSTRACT
As concerns the use of potash silicate rocks for the production of seedlings of native
trees and initial growth characteristics of these plants there is little information on
scientific literature. The present study aimed to evaluate the effect of phlogopite as a
source of potassium on initial growth, photosynthetic performance and mycorrhizal
colonization in two tree species, Mimosa bimucronata (DC) Kuntze and Parkia pendula
(Willd.) Walp., and its residual effect in soil. Two independent experiments (for each tree
species M. bimucronata and P. pendula) were performed at greenhouse using a Typic
Haplorthox (US Soil taxonomy system) soil in a completely randomized design with ten
replications. The treatments consisted by five rates of phlogopite (0, 50, 100, 150 and
200 mg dm-3 of K in rock composition) and a unique rate of KCl (100 mg dm-3) as
reference. After conclusion of experiments, maize plants were subsequently cultivated
on these soils (post M. bimucronata e post P. pendula) with aim to verify the residual
effect of crushed rock. The maximum rate of phlogopite (200 mg kg-1) contributed
significantly to total biomass increase of M. bimucronata and resulted in higher biomass
production of P. pendula. Addition of phlogopite rates contributed to reducing the
potential acidity of the soil after the cultivation of M. bimucronata and P. pendula and
had positive influence on the base saturation. Maximum rates of phlogopite however
decreased the levels of available phosphorus in soil and this possibly influenced the
rate of mycorrhizal colonization in M. bimucronata and P. pendula that were higher on
plants submitted to high phlogopite rates (150 e 200 mg dm-3). The concentration of K in
M. bimucronata plants tended to small increase as increase in dosage of crushed rock
applied to the soil. The photosynthetic parameters in both species were not influenced
by potassium sources type (phlogopite and KCl) added to soil. This result together with
low concentration of K on plant tissue of both legumes observed indicate that low
amount of K is required to initial growth of these two tropical trees. The K concentration
in M. bimucronata and P. pendula plants had tendency to a little increase as the
increment of crushed rock rates added to soil. The residual pholopite effect experiment
demonstrated that biometric characteristics and total biomass of maize plants grew on
post cultivation of M. bimucronata soil were higher than those of plants on post
ix
cultivation of P. pendula soil. This silicate rock tended to liberate small quantities of K to
soil solution presented low but constant residual effect. Thus phlogopite utilization on
initial growth of trees, which require small demand of K could be an alternative viable
and low cost technology to sustaining tropical seedling production.
Key-words: phlogopite, plant nutrition, chemical properties of soil, tropical seedling tree
production, forest restoration.
x
LISTA DE FIGURAS
Capítulo I
Figura 1. Valores médios para biomassa total de plantas de Mimosa bimucronata (a) e Parkia
pendula (b) submetidas a cinco doses de flogopitito e uma de KCl cultivadas por 90 e 120
dias, respectivamente em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Letras iguais acima
das barras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
36
Figura 2. Valores médios de altura de Mimosa bimucronata (a) e Parkia pendula (b) em função das
doses de flogopitito e dias após o transplantio. * significativo a 5 % pelo teste F.
37
Figura 3. Valores médios de diâmetro de Mimosa bimucronata (a) e Parkia pendula (b) em função
das doses de flogopitito e dias após o transplantio. * significativo a 5 % pelo teste F.
37
Figura 4. Porcentagem de colonização micorrízica em Mimosa bimucronata (a) e Parkia pendula
(b) submetida a cinco doses de flogopitito e uma dose de KCl após 90 e 120 dias de
cultivo, respectivamente, em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Letras iguais
acima das barras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
38
Figura 5. Porcentagem de colonização micorrízica em Mimosa bimucronata (a) e Parkia pendula
(b) nas diferentes doses de flogopitito e teor de fósforo disponível em um Latossolo
Vermelho-Amarelo distrófico após 90 e 120 dias, respectivamente, de cultivo das plantas.
Figura 6. . Equações de ajuste para os teores de fósforo de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias
com Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
Figura 7. Equações de ajuste para os teores de potássio de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias
com Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
Figura 8. Equações de ajuste para teores de magnésio de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias
com Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
Figura 9. Equações de ajuste para teores de cálcio de um Latossolo Vermelho -Amarelo distrófico
coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
Figura 10. Equações de ajuste para acidez potencial de um Latossolo Vermelho -Amarelo distrófico
coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e por 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
Figura 11. Equações de ajuste para saturação por bases de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 90 dias de cultivo
com Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
Figura 12. Equações de ajuste para as concentrações de nitrogênio, fósforo e potássio nas
diferentes partes da planta e teor total de P e K nas plantas de Mimosa bimucronata e
Parkia pendula cultivadas em um Latossolo Vermelho – Amarelo com cinco diferentes
doses de flogopitito.
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46
Capítulo II
Figura 1. Valores médios para biomassa total (a), diâmetro do coleto (b) e número de folhas (c) de
plantas de milho em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico acrescido de flogopitito e
KCl após cultivo de M. bimucronata e P. pendula por 90 e 120 dias, respectivamente.
Figura 2. Equações de ajuste para os teores de fósforo (a), potássio (b), magnésio (c), cálcio (d),
acidez potencial (e) e saturação por base (f) de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico após cultivo com Mimosa bimucronata e Parkia pendula e cultivo sucessivo com
-3
milho submetido a cinco doses de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm ).
Figura 3. Equações de ajuste para as concentrações foliares de nitrogênio, fósforo e potássio em
milho crescido em solo após cultivo com Mimosa bimucronata submetido a cinco doses
de flogopitito.
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xi
Figura 4. Equações de ajuste para as concentrações foliares de nitrogênio, fósforo e potássio em
milho crescido em solo após cultivo com Parkia pendula submetido a cinco doses de
flogopitito.
72
LISTA DE TABELAS
Capítulo I
Tabela 1. Análise química e granulométrica de um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado
da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA.
Tabela 2. Composição química do flogopitito oriundo da localidade de Campo Formoso-BA. Análise
realizada pelo Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral da Universidade
Federal da Bahia (UFBA).
Tabela 3. Características químicas de um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da
camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA após a
correção da acidez, fertilização e aplicação das doses de flogopitito (antes do plantio).
Tabela 4. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da
camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 90
dias de cultivo com Mimosa bimucronata submetida a cinco doses de flogopitito e uma de
-3
KCl (100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
Tabela 5. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da
camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 120
dias de cultivo com Parkia pendula submetida a cinco doses de flogopitito e uma de KCl
-3
(100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
Tabela 6. Teores médios de nitrogênio fósforo e potássio e conteúdo (cont.) nos diferentes
compartimentos das plantas de Mimosa bimucronata após 90 dias de cultivo em um
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de
Serra Grande, município de Uruçuca, BA submetidas a cinco doses de flogopitito e uma
-3
de KCl (100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
Tabela 7. Teores médios de nitrogênio fósforo e potássio e conteúdo (cont.) nos diferentes
compartimentos das plantas de Parkia pendula após 120 dias de cultivo em um Latossolo
Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra
Grande, município de Uruçuca, BA submetidas a cinco doses de flogopitito e uma de KCl
-3
(100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
Tabela 8. Teores médios e desvio padrão (n = 4) da fotossíntese líquida (A), condutância
estomática (gs), concentração interna de CO2 (Ci), relação entre concentração interna de
CO2 e CO2 da respiração (Ci/Ca) em Mimosa bimucronata submetidas a cinco doses de
-3
flogopitito e uma de KCl (100 mg dm ).
Tabela 9. Teores médios e desvio padrão (n = 4) da fotossíntese líquida (A), condutância
estomática (gs), concentração interna de CO2 (Ci), relação entre concentração interna de
CO2 e CO2 da respiração (Ci/Ca) em Parkia pendula submetidas a cinco doses de
-3
flogopitito e uma de KCl (100 mg dm ).
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Capítulo II
Tabela 1. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da
camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 90
dias de cultivo com Mimosa bimucronata submetida a cinco doses de flogopitito e uma de
-3
KCl (100 mg dm ).
Tabela 2. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da
camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 120
dias de cultivo com Parkia pendula submetida a cinco doses de flogopitito e uma de KCl
-3
(100 mg dm ).
Tabela 3. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico após cultivo
com M. bimucronata e P. pendula e cultivo sucessivo com milho submetido a cinco doses
-3
de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
Tabela 4. Teores médios de nitrogênio, fósforo e potássio e eficiência de utilização (E.U.) na parte
aérea da planta de milho após cultivo com Mimosa bimucronata submetido a cinco doses
-3
de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
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71
xii
ÍNDICE
Resumo .................................................................................................................... vii
Abstract .................................................................................................................... ix
Lista de figuras ......................................................................................................... xi
Lista de tabelas ........................................................................................................ xii
1.INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................ 01
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 04
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 04
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 05
3.1. A Mata Atlântica na região sul da Bahia ........................................................ 05
3.2. A importância do potássio para as arbóreas .................................................. 06
3.3. Fontes alternativas de potássio ...................................................................... 08
3.4. Fungos micorrízicos arbusculares .................................................................. 11
3.4.1. Efeito dos FMAs ....................................................................................... 12
3.4.2. FMAs em espécies arbóreas de diferentes grupos sucessionais.............. 14
3.5. Influência do potássio sobre a taxa fotossintética .......................................... 15
3.6. As espécies arbóreas estudadas ................................................................... 16
3.6.1. Mimosa bimucronata (DC) Kuntze ............................................................ 16
3.6.2. Parkia pendula (Willd.) Walp. ................................................................... 17
4. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 18
CAPÍTULO I. Rocha potássica no crescimento inicial, comportamento
fotossintético, colonização micorrízica de duas espécies arbóreas ................ 26
Resumo ................................................................................................................. 26
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 28
xii
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 31
RESULTADOS ...................................................................................................... 36
DISCUSSÃO ......................................................................................................... 49
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 56
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 56
CAPÍTULO II. Efeito residual de rocha potássio em um Latossolo VermelhoAmarelo distrófico ................................................................................................. 62
Resumo ................................................................................................................. 62
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 63
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 65
RESULTADOS ...................................................................................................... 67
DISCUSSÃO ......................................................................................................... 73
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 76
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 79
xiv
1. INTRODUÇÃO GERAL
A Mata Atlântica, considerada um hotspot mundial por apresentar um alto
nível de endemismo e sofrer grandes pressões antrópicas, tornou-se um bioma
prioritário à conservação (MYERS et al., 2000). Na atual conjuntura de intensa
devastação da Floresta Atlântica, torna-se necessário recuperar e restaurar estas áreas
alteradas para minimizar os impactos negativos decorrentes dos processos de
fragmentação e degradação (KAGEYAMA et al., 2003). Para que haja sucesso em
programas de recuperação de áreas degradadas e restauração florestal é fundamental
o conhecimento da autoecologia das espécies vegetais envolvidas em cada estágio
sucessional (ALMEIDA, 2000).
Nas últimas décadas tem aumentado a demanda por mudas de espécies
florestais nativas para recuperação de áreas degradadas e restauração florestal. Tal
necessidade tem promovido o desenvolvimento de tecnologias que envolvam a
redução de custos no manejo dessas mudas em viveiros e garantam o estabelecimento
destas em campo. Todavia, os estudos envolvendo espécies florestais nativas ainda
são incipientes. Apesar dos esforços realizados até o presente momento, pouco se
sabe
sobre
as
características
silviculturais,
as
exigências
nutricionais
e
o
comportamento ecofisiológico das espécies arbóreas nativas.
Um dos fatores responsáveis pelo sucesso no reflorestamento é a adubação
racional do solo, a qual é praticada na maioria das vezes apenas para espécies de
plantios comerciais como eucalipto e pinheiros. Para que a recomendação de
adubação de plantios florestais seja funcional é importante que se conheça com a
maior riqueza de detalhes possíveis as demandas nutricionais da espécie e como estas
interagem com o solo. Em geral, os solos a serem reflorestados apresentam
características químicas distintas, que, associados ao grande número de espécies
florestais nativas com comportamentos nutricionais diferenciados (SIQUEIRA et al.,
1998), indicam a importância de se obter informações sobre os requerimentos
nutricionais e resposta à adubação destas espécies florestais.
Dentre os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas, o potássio é
o segundo mais requerido e participa de diversos processos bioquímicos e fisiológicos
das plantas (TAIZ e ZEIGER, 2004). No setor florestal, embora alguns estudos já
tenham sido conduzidos, o potássio é um dos nutrientes menos estudados. As
respostas obtidas nos estudos com potássio indicam que as espécies florestais nativas
respondem de maneira diferenciada à fertilização com esse nutriente, havendo
1
evidências de que a resposta pode está relacionada com o grupo sucessional (SILVA
et al., 1997).
Para suprir a demanda do potássio exigida pelas plantas é necessária a
entrada de fontes potássicas externas no sistema solo, como os fertilizantes industriais,
sobretudo na forma de cloreto de potássio. Grande parte do potássio (91 %) utilizado
na agricultura brasileira é importada (GEOFAGOS, 2009; VALE, 2009). A maior parte
da produção nacional de fertilizantes potássicos se concentra em uma única mina
produtora, o Complexo Mina/Usina de Taquari-Vassouras no Estado de Sergipe
satisfazendo menos de 10% das necessidades do País (VALE, 2009).
Diante das perspectivas de aumento das importações dos fertilizantes
potássicos devido ao crescente consumo nos cultivos agrícolas, estudos vêm sendo
realizados para buscar alternativas para obtenção de potássio com base em minerais
contidos em rochas brasileiras, dentre elas os rejeitos das mineradoras (SOUZA FILHO
et al., 2006; RIBEIRO et al., 2007).
A atividade da mineração é um dos setores produtivos que mais causa
impacto negativo ao meio ambiente. Embora tenha uma atuação pontual em torno das
jazidas, a mineração causa uma série de transformações e gera uma grande
quantidade de rejeitos no ambiente. No sentido de minimizar os impactos negativos
causados pela acumulação dos rejeitos, a rochagem, isto é, o uso de rochas moídas
como corretivos ou melhoradores das características químicas do solo (BARRETO,
1998; THEODORO et al., 2006), tem sido muito utilizada pelos agricultores que
praticam a agricultura orgânica (MELAMED et al., 2007).
Essa técnica objetiva diminuir o uso intensivo de fertilizantes industriais,
tornando-se uma prática facilmente assimilada pelos agricultores, em função dos seus
princípios e, especialmente, de seus custos por ser um produto que é rejeito de
indústrias mineradoras (THEODORO et al., 2006). Assim, a tecnologia de rochagem
incorpora vários princípios da Agroecologia, uma vez que não tem um foco exclusivo na
produção, mas também na sustentabilidade ecológica e socioeconômica do sistema de
produção. Contudo, o uso de rochas moídas é feito mediante uma experimentação
empírica e poucos são os relatos encontrados no meio científico relacionado a essa
temática.
Para que ocorra o crescimento e desenvolvimento satisfatório da planta após
o transplantio das mudas para o campo há a necessidade de se fazer uma adubação,
tanto durante o plantio (de base) como nos primeiros anos de crescimento das mudas
(de cobertura). Esse procedimento requer grandes quantidades de adubos industriais,
2
o que gera um custo elevado durante a implantação. Como forma de reduzir custos na
implantação de mudas de espécies florestais no campo, a adubação com fontes
alternativas de nutrientes pode se tornar um trato silvicultural bastante promissor.
Outra tecnologia para diminuir a dependência de insumos industrializados é a
utilização de microrganismos visando o aumento da disponibilidade de nutrientes,
especialmente em áreas destinadas a reflorestamentos que, em geral, são de baixa
fertilidade natural, o que torna importantes estratégias de manejo, como a inoculação
de microrganismos como, por exemplo, os fungos micorrízicos em mudas. A
suscetibilidade de infecção por fungos micorrízicos e a resposta a nutrientes minerais
pelas plantas são fundamentais para estratégias de restauração e recuperação de
áreas degradadas e serve de suporte para pesquisas de produção de mudas de
espécies arbóreas nativas formadas em viveiros florestais, bem como plantios em
campo (CARNEIRO et al., 1998; POUYÚ-ROJAS e SIQUEIRA, 2000).
Informações sobre a aquisição de cátions, como o potássio, por fungos
micorrízicos ainda são inconsistentes (CLARK e ZETO, 2000). Em geral, essa
aquisição depende do inóculo utilizado e da planta hospedeira. No entanto, sabe-se
que em plantas micorrizadas a absorção de cálcio, magnésio e potássio são maiores
quando comparadas em plantas não micorrizadas (LAMBERT et al., 1979 apud CLARK
e ZETO, 2000).
O conhecimento das características fisiológicas adicionado ao conhecimento
sobre exigências nutricionais de uma determinada espécie é imprescindível para o
sucesso de um reflorestamento. No entanto, as informações sobre respostas
fisiológicas de espécies florestais utilizadas em programas de recuperação de áreas
degradadas e restauração florestal são limitadas (RIBEIRO et al., 2005). Tais
informações são importantes para garantir a sobrevivência das mudas no campo,
especialmente porque as espécies florestais de diferentes grupos sucessionais
apresentam demandas de luz, temperatura e nutrientes específicas (SWAINE e
WHITMORE, 1988; SILVESTRINI et al., 2007).
No que se diz respeito ao estabelecimento de comunidades florestais existe
carência de informações na literatura sobre a utilização de rochas potássica para a
produção de mudas de arbóreas nativas, bem como sua influência sobre a produção de
biomassa, colonização micorrízica e comportamento fotossintético dessas plantas.
Estes estudos são oportunos, uma vez que há uma necessidade de aliar conservação
ambiental com produtividade.
3
Assim, espera-se que a rocha potássica (flogopitito) contribua para
colonização micorrízica das espécies florestais nativas e conseqüentemente para um
aumento das taxas fotossintéticas favorecendo o crescimento inicial das plantas. Estes
resultados poderão servir de base para recomendação de adubação potássica para
duas espécies florestais nativas utilizando uma fonte alternativa de potássio, como o
flogopitito, de forma a contribuir para a diminuição nos custos de adubação durante o
plantio de mudas em campo.
2. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do flogopitito como
fonte de potássio no crescimento inicial, comportamento fotossintético e colonização
micorrízica em duas espécies arbóreas, Mimosa bimucronata (DC) Kuntze e Parkia
pendula (Willd.) Walp. e seu efeito residual no solo.
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar o crescimento inicial de M. bimucronata e P. pendula submetidas a
cinco doses de flogopitito e uma dose de cloreto de potássio;
Estimar a colonização micorrízica nas plantas submetidas às doses de
flogopitito e cloreto de potássio;
Analisar os efeitos das diferentes doses no comportamento fotossintético de
M. bimucronata e P. pendula.
Determinar o teor de nutrientes nas plantas e solo dos diferentes
tratamentos.
Avaliar o efeito residual (após a retirada das plantas de Mimosa e Parkia) da
rocha potássica no solo e em plantas de milho.
4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. A MATA ATLÂNTICA NA REGIÃO SUL DA BAHIA
A Mata Atlântica é reconhecida com um dos 25 hotspots mundiais por
apresentar um alto nível de endemismo e sofrer grandes pressões antrópicas, sendo
um bioma prioritário à conservação (MYERS et al., 2000). Paradoxalmente, a região
costeira da Mata Atlântica abriga as maiores cidades, pólos industriais, portuários,
petroquímicos e turísticos, além de grande parte das áreas agropastoris do país,
setores estes que são responsáveis por mais de 80% do PIB nacional (PINTO e
BRITO, 2005). Atualmente, a Floresta Atlântica encontra-se reduzida a 7,6 % da sua
área original concentrados nas regiões serranas do Sudeste e Sul do país (JOLY,
2007).
Apesar da intensa devastação, a região Sul da Bahia ainda é constituída por
um conjunto de remanescentes florestais bastante significativos, sendo reconhecido
mundialmente pela sua elevada biodiversidade e ocorrência de plantas endêmicas
(MARTINI et al., 2007). Os estudos florísticos e ecológicos realizados em florestas do
Sul da Bahia confirmam o alto nível de endemismo e diversidade vegetal nesta região
(SAMBUICHI, 2002; SAMBUICHI, 2003; AMORIM et al., 2005; SAMBUICHI, 2006;
MARTINI et al., 2007).
Na região sul da Bahia, a Mata Atlântica varia florística e fisionomicamente
em um gradiente relacionado ao clima, altitude e solo, abrangendo em seu sentindo
mais amplo três tipos de formações: os manguezais, restingas e florestas (GOUVÊA et
al., 1979; SAMBUICHI, 2003). A Floresta higrófila ocupa a faixa costeira, com o clima
úmido e sem estação seca definida. Em direção ao interior há a formação da floresta
semi-decídua (Floresta mesófila) com uma estação seca definida e clima úmido. Nas
regiões com elevada altitude, onde clima é seco há formações das florestas decíduas,
conhecidas como “mata de cipó” (AMORIM et al., 2005).
Atualmente, a Floresta Atlântica da região sul da Bahia está reduzida entre
1% a 10% da sua cobertura original, variando de acordo com o grau de precisão das
imagens de satélites em distinguir as áreas de florestas nativa preservada das áreas de
floresta nativa perturbada e das áreas com outros tipos de uso da terra (SAATCHI et
al., 2001).
O processo de devastação nas florestas do Sul da Bahia iniciou-se no
período pós-descobrimento como a exploração indiscriminada do pau-brasil. No início
do século XVI surgiram as plantações de cana-de-açúcar nos arredores das cidades
5
portuárias de Ilhéus e Porto Seguro. Com a crise da lavoura açucareira, a lavoura
cacaueira entra em ascensão em meados do século XIX que só parou no final da
década de 1980, quando iniciou o processo de decadência da lavoura cacaueira. Na
década de 70 a floresta de tabuleiro passou a ser alvo de intensa exploração
madeireira (VINHA e SILVA, 1982) transformando áreas florestadas em pastagens, as
quais se encontram, em grande parte, degradadas e encapoeiradas (SAMBUICHI,
2003).
A concentração significativa de espécies florestais nativas encontradas no
Sul da Bahia é devida, dentre outros fatores, ao sistema tradicional de cultivo do cacau
sob a sombra da floresta raleada, conhecido na região como cabruca (SAMBUICHI,
2006). Este tipo de sistema agroflorestal permitiu que uma vegetação de alta
complexidade estrutural fosse mantida na plantação de cacau, conservando os
serviços ambientais que esse tipo de vegetação propicia em regiões de clima quente e
úmido, como a conservação do solo e dos mananciais de água (SAMBUICHI, 2003).
Apesar de o sistema cabruca representar um importante banco de espécies
arbóreas nativas, estudos de Sambuichi (2003) e Sambuichi (2006) indicam que este
tipo de sistema agroflorestal está sendo rapidamente alterado, raleado e empobrecido.
Além da cabruca, os remanescentes florestais estão ameaçados devido à crise da
lavoura cacaueira, onde as espécies nativas endêmicas estão seriamente ameaçadas
de extinção.
3.2. A IMPORTÂNCIA DO POTÁSSIO PARA AS PLANTAS ARBÓREAS
O potássio é o cátion mais abundante nas plantas, sendo absorvido em
grandes quantidades pelas raízes. Embora o potássio não faça parte de moléculas
orgânicas das plantas, ele atua como osmoregulador e regulador de atividades
enzimáticas (CAMPO et al., 2000). Este macronutriente participa também da ativação
de aproximadamente 50 enzimas, destacando-se as sintetases, oxiredutases,
desidrogenases, transferases, quinases e aldolases (MALAVOLTA et al., 1997).
Apresenta importante função no estado energético da planta, na translocação e
armazenamento de assimilados nos tecido vegetais (MEURER, 2006).
Quando há uma nutrição potássica adequada, as múltiplas funções do
potássio resultam em vários benefícios às plantas, tais como: incremento no
crescimento das raízes, aumento da resistência às secas e às baixas temperaturas,
6
resistência a pragas e moléstias e incremento na nodulação das leguminosas
(MEURER, 2006).
O primeiro sintoma visível da deficiência de potássio é a clorose em
manchas, que então, evolui para necrose, principalmente nos ápices foliares, nas
margens e entre nervuras (TAIZ e ZEIGER, 2004). Estes sintomas aparecem
inicialmente nas folhas maduras na base da planta, devido o potássio ser remobilizado
para as folhas mais jovens. As folhas também podem curvar-se e secar. Os caules de
plantas deficientes em K podem ficar delgados e fracos.
Na carência de K, verifica-se redução da taxa fotossintética por unidade de
área foliar, e também maior taxa de respiração. A combinação desses fatores pode
reduzir as reservas de carboidratos da planta (PRETTY, 1982). O transporte de
sacarose em folhas com deficiência de potássio pode ser restringido pela redução de
síntese de sacarídeos não-estruturais e pela redução de sacarose (CONTI e GEIGER,
1982)
Um suprimento inadequado de potássio também faz com que os estômatos
não abram regularmente, podendo ocorrer menor assimilação de CO2 nos cloroplastos,
diminuindo
consequentemente
a
taxa
fotossintética.
A
redução
nas
taxas
fotossintéticas em plantas com deficiência em potássio está relacionada ao aumento da
resistência estomática e do mesófilo ao CO2 (PEOPLES e KOCH, 1978).
As espécies de crescimento rápido (dos grupos sucessional das pioneiras e
secundárias) apresentam respostas diferenciadas à adubação quando comparadas às
espécies de crescimento lento (de grupo sucessional clímax). Geralmente, as espécies
pioneiras têm seu potencial de crescimento menos pronunciado quando se
desenvolvem em solos de baixa fertilidade, mostrando-se bastante responsivas à
fertilização, ao passo que, com o avanço do grupo sucessional (secundárias tardias e
climácicas), o estímulo ao crescimento proporcionado pela adubação é menos
pronunciado. Tal tendência pode ser atribuída ao crescimento lento, característico das
espécies clímax (RESENDE et al., 1999). Existe ainda comportamento distinto entre
espécies dentro do mesmo grupo sucessional (FURTINI NETO et al., 1999; RESENDE
et al., 2000).
Em geral, as espécies florestais são pouco responsivas a adubação
potássica (FRANCO, 1984). Silva et al. (1997), entretanto, observaram respostas à
adubação potássica na fase inicial de crescimento de algumas espécies pioneiras e
secundárias, fato não evidenciado, entretanto para as espécies clímax. Após a omissão
de potássio na solução nutritiva, MARQUES et al. (2004) observou deficiência de
7
potássio nas folhas mais velhas de Schizolobium amazonicum com o aparecimento de
manchas cloróticas. Estes autores relataram também redução no tamanho das plantas
bem como no número de folhas.
3.3. FONTES ALTERNATIVAS DE POTÁSSIO
Entre os nutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento da planta,
o potássio é segundo elemento mais requerido (TAIZ e ZEIGER, 2004). Embora seja o
quarto nutriente em maior quantidade na litosfera (ASHLEY et al., 2006), as
concentrações de potássio na solução do solo variam entre 1 a 50 mg L-1 (MEURER,
2006), ao passo que as plantas acumulam quantidade que variam entre 2% a 10% do
peso seco da planta (LEIGH e WYN JONES, 1984).
As formas de potássio disponíveis para as plantas podem ser classificadas,
em ordem crescente de disponibilidade, em quatro categorias: estrutural, não-trocável
ou dificilmente disponível, trocável, e em solução (SILVA et al., 2000). Estas formas,
quando somadas fornecem o K total. Como as plantas só absorvem o potássio em
solução e o trocável, sua disponibilidade é dependente da dinâmica do nutriente e
também do conteúdo de K total no solo (MEURER, 2006). De maneira geral, a
liberação do K trocável é mais lenta do que a aquisição pelas plantas, o que torna os
solos, em geral, pobres em potássio (ASHLEY et al., 2006).
Para atender a demanda exigida pelas plantas de interesse agronômicos é
imprescindível a entrada de fontes externas de potássio no compartimento solo, como
os fertilizantes industriais, sobretudo na forma de cloreto de potássio. Grande parte do
potássio (91 %) utilizado na agricultura brasileira é importada (GEOFAGOS, 2009;
VALE, 2009). A maior parte da produção nacional de fertilizantes potássicos se
concentra em uma única mina produtora, o Complexo Mina/Usina de TaquariVassouras no Estado de Sergipe satisfazendo menos de 10 % das necessidades do
País (VALE, 2009).
Diante deste contexto, os estudos de fontes alternativas de potássio são de
grande importância para o desenvolvimento do setor agrícola e florestal. Pesquisas
recentes realizadas pela EMBRAPA e UNB verificaram a capacidade de rochas
silicáticas ricas em biotita e flogopita, quando moídas (<0,30 mm), de disponibilizarem
potássio para as plantas de forma eficiente (CRUZ FILHO et al., 2008).
Há cerca de 30 anos iniciou-se no Brasil pesquisas a fim de buscar fontes
alternativas de potássio (RESENDE et al., 2006). Foram testados processos físico8
químicos de tratamentos em rochas brasileiras com teores mais elevados de potássio.
Contudo, esta tecnologia mostrou-se inviável economicamente devido ao elevado gasto
enérgico no processamento das rochas e a demora em disponibilizar o nutriente à
planta (RESENDE et al., 2006). Entretanto, um conjunto de instituições de ensino e
pesquisa (EMBRAPA, UNB, UFBA, EDBA e CBPM) criaram a Rede de Pó de Rocha na
agricultura, a fim de obter potássio a partir de rochas brasileiras e testar sua viabilidade
de aplicação (SOUZA FILHO et al., 2006; RIBEIRO et al., 2007; CRUZ FILHO et al.,
2008).
A identificação de rochas potássicas e sua moagem sem processamento
físico ou químico foram e estão sendo a primeira etapa dessa Rede de pesquisa. Das
rochas preliminarmente estudadas, cinco apresentaram maior potencial como fonte de
potássio: biotita xisto, brecha alcalina, carbonatito, flogopitito e ultramáfica alcalina. As
rochas que contêm quantidades razoáveis de biotita ou flogopita seriam as mais
promissoras para aplicação direta ao solo, uma vez que tendem a solubilizar-se e
liberar o K com relativa facilidade (RESENDE et al., 2006).
A flogopita [KMg3Al(OH)Si4O10] ocorre como produto do metamorfismo dos
calcários magnesianos cristalinos, ou nos mármores dolomíticos, sendo encontrada
também, na serpentina (RANGEL, 1978). A flogopita é um filossilicato formado por
camadas, sendo cada camada constituída por três lâminas (Figura 1). Duas lâminas de
tetraedro de silício e outra intermediária, de octaedros de cátions (Al3+, Fe2+, Mg2+). Na
lâmina tetraédrica ocorre substituição isomórfica e a ligação entre camadas é feita por
K+ desidratado. O íon potássio atua como agente aglutinador entre as lâminas
tetraédricas e octaédrica podendo implicar dessa forma em sua remoção (SILVA et al.,
2008). A suscetibilidade ao intemperismo está relacionada à presença de ferro e
magnésio que se oxidam com facilidade. A flogopita está classificada dentro do grupo
das micas, as quais possuem características de grande interesse industrial, como:
clivagem fácil que permite a separação em lâminas muito finas, flexibilidade, baixa
condutância térmica e elétrica, resistência a mudanças abruptas de temperatura
(SILVA et al., 2008).
Um levantamento preliminar no Estado da Bahia, realizado por Cruz Filho et
al. (2008), constatou potencial para rochas silicáticas (especialmente os flogopititos)
associados à mineração de esmeralda nos municípios de Campo Formoso (Garimpo
de Socotó) e Pindobaçu (Garimpo de Carnaíba). É importante pontuar que a extração
de pedras preciosas, como a esmeralda, traz como conseqüência um volume
9
grandioso de rochas desagregadas, além de rejeitos de minerações, gerando um
impacto negativo ao meio ambiente (CRUZ FILHO et al., 2008).
K+
10 Å
K+
Lâmina tetraédrica
Lâmina Octaédrica
Lâmina tetraédrica
[ ( Si3Al)O10 ]-5
[ Mg6(OH)4 ]+8
-5
K+ [ ( Si3Al)O10 ]
Figura 1. Esquema do arranjo cristalino lamelar da flogopita (Adaptado de SILVA et al., 2008).
São escassos os trabalhos que abordam a utilização de rochas moídas como
fonte de nutrientes para espécies florestais, especialmente a rochas moídas fontes de
potássio. Knapik (2005) observou maior crescimento em altura das espécies Mimosa
scabrella e Prunus sellowii com adição de pó de basalto quando comparado à
testemunha. Cofler (2007) verificou que as rochas carbonatito, flogopitito e ultramáfica
alcalina mostraram potenciais para a produção de mudas de Enterolobium
contortisiliquum.
Em culturas agronômicas, os trabalhos envolvendo a utilização de rochas
moídas já se encontram em estágio bastante promissor. Diversos pesquisadores já
observaram o efeito positivo da aplicação de rochas moídas no aumento da matéria
seca em diferentes culturas, tais como soja, sorgo, milho, manga e girassol (CASTRO
NETO 2005; SOBRAL et al., 2006; RESENDE et al., 2006; BARBOSA et al., 2007;
COSTA et al., 2007).
Em relação às propriedades químicas do solo Ribeiro et al. (2007), Pinheiro
et al. (2008) e Machado et al. (2005) constataram um aumento na saturação por bases
após a adição da rocha de rochas moídas, além de promover uma redução da acidez
do solo, através da liberação de cálcio e magnésio.
10
O emprego destas rochas como fonte alternativa de potássio possibilitará a
minimização de impactos negativos ambientais por transformar rejeito de mineração
em insumo agrícola. Além disso, a própria constituição dessas rochas potássicas faz
com quem a liberação de nutrientes ocorra mais lentamente, em uma velocidade
compatível com a demanda de plantas de porte arbóreo evitando perdas por processos
como a lixiviação e a volatilização (BORGES et al., 2006).
3.4. FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES
Micorrizas são associações entre a raiz da planta e fungos do Filo
Glomeromycota (SCHÜßLER et al., 2001), em que esta se beneficia pelo aumento da
absorção de água e nutrientes, enquanto que o fungo recebe da planta fotoassimilados
que permitem a finalização do seu ciclo reprodutivo (CARNEIRO et al., 1998).
Essa associação é simbiótica, pelo fato de os organismos co-existirem em
um mesmo ambiente físico raiz e solo, e mutualística, porque, em geral, ambos os
simbiontes se beneficiam da associação (BERBARA et al., 2006). A simbiose
micorrízica contribui para a sobrevivência, estabelecimento e crescimento das
espécies, principalmente em ambientes estressantes, onde as micorrizas arbusculares
exercem grande influência na estruturação das comunidades vegetais (VAN DER
HIEIJDEN et al.,1998; HARRISON, 2005).
Os fungos micorrízicos surgiram há 400 milhões de anos, tal época coincide
com o aparecimento da plantas terrestres (BERBARA et al., 2006). Cerca de 70 a 90 %
das espécies vegetais fazem associação com os fungos micorrízicos arbusculares
(MOREIRA e SIQUEIRA, 2006; PARNISKE, 2008), incluindo algumas espécies de
pteridófitas e briófitas. Isso indica que a simbiose mutualística entre raiz e fungo é mais
regra do que exceção na natureza (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).
Em espécies vegetais de florestas neotropicais, Trappe (1987) relata que
cerca de 13,4 % das espécies não formam associação micorrízica, 70,9 % forma
micorrizas arbusculares e 15,7 % forma outro tipo de simbiose radicular com os fungos.
Siqueira et al., (1998) verificou que de 131 espécies florestais de ocorrência na Região
Sudeste, apenas 8 % não formam associação com as micorrizas arbusculares.
Os fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) pertencem ao filo monofilético
Glomeromycota, o qual é dividido em quatro ordens, dez famílias, 13 gêneros e
aproximadamente 202 espécies de acordo com uma classificação baseada em
características morfológicas e moleculares (SOUZA, 2007).
11
Os esporos dos FMAs podem até germinar na ausência de planta
hospedeira, no entanto, eles são biotróficos obrigatórios, ou seja, só completam o seu
ciclo de vida e produzem novas gerações de esporos na presença de vida
fotoautotrófica (PARNISKE, 2008). São assexuados e a rede de hifas dos fungos é
geralmente asseptada e cenocítica, com centenas de núcleos que compartilham o
mesmo citoplasma. O micélio por ser uma célula totipotente, se diferencia em várias
outras células, como as vesículas, as células auxiliares, arbúsculos e novos esporos.
Os esporos encontram-se no solo em estado de queiscência e precisam ser
ativados para iniciar o processo de germinação (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002). Ainda
não se sabe ao certo como a germinação é ativada. Para PARNISKE (2008) a planta
libera exudados, como as strigolactonas, que induzem a germinação do esporo e a
ramificação das hifas em algumas espécies de fungos aumentando a atividade
fisiológica dessas estruturas fúngicas.
Após a germinação, há a formação de hifas. Algumas delas se diferenciam e
formam um tipo de apressório chamado de hifopódio. Através de pressão mecânica
exercida pela raiz, além de enzimas, o hifopódio penetra na célula cortical da raiz
hospedeira. Em seguida há formação dos arbúsculos que são estruturas responsáveis
pela troca de nutriente entre o fungo e a planta. Estima-se que 20% dos produtos
fotossintéticos (aproximadamente 5 bilhões de toneladas de carbono por ano)
produzidos pela planta são consumidos pelos FMAs (PENG et al., 1993; PARNISKE,
2008). Talvez por esse dispêndio tão alto de energia sofrido pela planta, os efeitos
benéficos dos fungos sobre o hospedeiro sejam observados somente em situações de
estresse, como por exemplo, o baixo teor de nutrientes no solo. Assim, quando a planta
estiver bem suprida, não dependerá da absorção micotrófica e a presença do fungo na
raiz torna-se um investimento energético supérfluo, ou sem retorno, sendo essa uma
possibilidade para que a planta tenha desenvolvido um mecanismo de controle da
simbiose.
3.4.1. EFEITOS DOS FMAs
Os FMAs assumem importante papel na recuperação de áreas degradadas
ou na restauração florestal devido aos seus efeitos benéficos, tanto nutricionais como
não-nutricionais.
12
Efeitos nutricionais
As hifas dos FMAs podem aumentar a área de absorção das raízes
explorando lugares onde as raízes dificilmente alcançariam, e por isso geralmente
acumulam maiores quantidades de vários macro e micronutrientes. O micélio que
explora o solo absorve água e nutrientes, especialmente o fósforo e zinco, mas
também o nitrogênio, o potássio, enxofre, cálcio, magnésio dentre outros, e os transfere
às plantas hospedeiras por intermédio dos arbúsculos (BERBARA et al., 2006).
O fósforo na maioria dos solos tropicais, sobretudo em áreas degradadas, é
um dos nutrientes mais limitantes ao desenvolvimento da planta (SIQUEIRA e SAGGIN
JÚNIOR, 1998), apresentando baixa mobilidade no solo. Dessa forma, a simbiose com
os fungos micorrízicos arbusculares torna-se importante durante o plantio de espécies
vegetais nativas em áreas degradadas, por contribuir para o melhor aproveitamento
desse nutriente no solo (SOUZA e SILVA, 1996), permitindo um maior acúmulo e
concentração nos tecidos vegetais, uma vez que o transporte de fósforo no solo ocorre
por difusão.
Os FMAs favorecem a ação de microrganismos benéficos como os fixadores
de nitrogênio e os solubilizadores de fosfato. A presença de fungos micorrízicos
arbusculares quando inoculados conjuntamente com rizóbios aumenta a capacidade de
espécies leguminosas arbóreas fixadoras de nitrogênio absorverem nutrientes,
principalmente fósforo e água, do solo influenciando positivamente no crescimento
destas plantas (FRANCO e FARIA, 1997; JESUS et al., 2005; GROSS et al., 2004).
Os efeitos na concentração dos cátions básicos (Ca, Mg e K) dependem da
disponibilidade relativa de cada nutriente no solo (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002).
Embora o potássio apresente uma mobilidade levemente baixa na maioria dos solos
(JANOS, 1987), em geral, a aquisição de potássio, como dos demais cátions é
aumentada em plantas colonizadas com FMAs quando comparadas com plantas nãomicorrizadas (CLARK e ZETO, 2000). O efeito dos FMAs na aquisição de cátions é
mais freqüente em plantas crescidas em solos ácidos. Geralmente, os solos ácidos são
pobres em bases catiônicas, o que pode limitar o crescimento das plantas em muitos
solos (CLARK e ZETO, 2000).
Efeitos não-nutricionais
Os FMAs possuem efeitos diretos e indiretos em outros processos
fisiológicos da planta, como na absorção de água (efeito direto), na abertura estomática
e na entrada de CO2 (efeitos indiretos) (ALLEN et al., 1980; WU e XIA, 2006). Em
13
geral, lugares onde há déficit hídrico, as plantas são beneficiadas quando colonizadas
por fungos micorrízicos, o que é geralmente atribuído à melhoria do estado nutricional
(MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). Plantas micorrizadas apresentam maior potencial de
água e turgor das folhas, como também maior taxa de transpiração e abertura
estomática nas folhas.
A colonização por FMAs pode proteger as raízes de plantas contra a ação de
determinados patogénos. Os FMAs não atuam como agentes de biocontrole típico nas
raízes, mas minimizam os efeitos ou danos causados pelos nematóides, fungos
patogênicos do sistema radicular e algumas pragas (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006)
Os FMAs amenizam os efeitos adversos da acidez do solo e excesso de
metais pesados na absorção de nutrientes. Para Cristie et al. (2004), plantas
associadas aos FMAs podem reter metais pesados nas raízes e diminuir a
translocação destes metais para a parte aérea.
As hifas dos FMAs e as raízes finas desempenham funções importantes na
agregação e estabilidade dos agregados do solo. Dentro e em volta dos agregados, as
hifas e as raízes finas formam uma rede biológica que entrelaçam e mantém juntas as
partículas do solo (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). Uma atividade desempenhada pela
atividade dos fungos micorrízicos é produção de uma glicoproteína, denominada de
glomalina, a qual está relacionada com a agregação e estoque de carbono do solo.
Essa função é importante, porque a estruturação do solo modifica a capacidade de
mobilização de nutrientes, o conteúdo de água, a penetração de raízes e o potencial
erosivo dos solos (BERBARA et al., 2006).
3.4.2.
FMA
EM
PLANTAS
ARBÓREAS
DE
DIFERENTES
GRUPOS
SUCESSIONAIS
Para que haja sucesso em revegetação de áreas degradadas, é necessário
que as plântulas possuam fonte contínua de nutrientes (ZANGARO et al., 2002). Uma
prática que poderia permitir esta obtenção é a inoculação de microrganismos como os
fungos micorrízicos arbusculares. Os FMAs propiciam às plântulas a capacidade de
absorver nutrientes e água do solo aumentando assim, as taxas de crescimento e
sobrevivência no campo, haja vista, que as mudas quando transplantadas estão
submetidas a estresses climáticos e ataque de patógenos (CARNEIRO et al., 1998).
Como foi mencionado anteriormente, a simbiose entre os fungos micorrízicos
arbusculares e plantas são mais regra do que exceção natureza. No entanto, alguns
14
grupos ecológicos apresentam variabilidade na susceptibilidade para a colonização e
inoculação de fungos micorrízicos.
Zangaro et al. (2002) avaliaram a resposta de inoculação de fungos
micorrízicos em espécies arbóreas nativas do Paraná e verificaram que colonização de
FMA em casa de vegetação foi geralmente elevada entre as espécies pioneiras e
secundárias iniciais, sendo baixa entre as secundárias tardia e muito baixa entre as
climácicas.
Há algumas evidências de que espécies arbóreas de grupos ecológicos que
pertencem às fases iniciais da sucessão apresentam maiores taxas de colonização
micorrízica do que as espécies que pertencem às fases finais da sucessão (SIQUEIRA
et al., 1998; ZANGARO et al., 2002; PASQUALINE et al., 2007). Tal comportamento
demonstra a grande variabilidade intra-específica na susceptibilidade para a
colonização de FMA e para inoculação.
Para Siqueira et al. (1998) devido às sementes das espécies de estágio
sucessional tardio serem grandes e com reservas de nutrientes elevadas, estas
independem da colonização micorrízica como também da adubação fosfatada para seu
crescimento inicial, podendo ser sustentando através das reservas da semente. Tal
comportamento fisiológico não ocorre em sementes de espécies características do
início da sucessão, as quais são pequenas e com baixa reserva de nutrientes.
3.5. INFLUÊNCIA DO POTÁSSIO SOBRE A FOTOSSÍNTESE
Em geral, áreas degradadas são caracterizadas por ambientes com alto grau
de estresse, onde as plantas são submetidas a condições adversas no que se diz
respeito à captação e utilização de recursos primários, tais como, luz, CO2, água e
nutrientes, podendo dessa forma inferir na atividade fotossintética da planta e
consequentemente na produção de biomassa (MARENCO et al., 2001; SANTOS JR.,
2003; GONÇALVES et al., 2005; SILVESTRINI et al., 2007). Estas condições adversas
fazem com que as plantas desenvolvam estratégias adaptativas que favoreçam o
estabelecimento e o crescimento nessas áreas durante o seu ciclo de vida (PUERTA,
2002). Assim, vários aspectos ligados à eficiência fotossintética, como a utilização da
energia luminosa, a assimilação de carbono, a regulação na absorção de água e de
nutrientes, podem ser otimizados em função das diferentes exigências de cada espécie
(SANTOS JR., 2003).
15
Entre os fatores abióticos que afetam substancialmente a atividade
fotossintética, os teores de nutrientes disponíveis no solo destacam-se devido às
funções específicas que os elementos minerais desempenham nas plantas (SILVA et
al., 2006). Entre os nutrientes essenciais à planta, o potássio é um dos elementos que
influencia o crescimento, desenvolvimento e metabolismo da planta, embora não faça
parte de nenhuma molécula orgânica (ZHAO et al., 2001).
Plantas com deficiência em potássio apresentam um decréscimo na
fotossíntese (PEOPLES e KOCH, 1979; ZHAO et al., 2001; REDDY e ZHAO, 2005).
Este decréscimo é atribuído a diminuição no tamanho e número de estômatos
(COOPER et al., 1965). Embora haja uma diminuição na condutância estomática, o
aumento da resistência estomática e do mesófilo ao CO2 é o fator primário responsável
pela diminuição das taxas fotossintéticas (PEOPLES e KOCH, 1979). Para Pretty
(1982) a redução nas taxas fotossintéticas e aumento da respiração ocasionada por um
suprimento inadequado de potássio podem reduzir as reservas de carboidratos na
planta, inferindo assim na produtividade da planta.
Neste contexto, o conhecimento dos processos ecofisiológicos por diferentes
espécies florestais nativas torna-se necessário para compreender o estabelecimento de
uma comunidade florestal após distúrbio natural ou antrópico.
3.6. AS ESPÉCIES ARBÓREAS ESTUDADAS
3.6.1. Mimosa bimucronata (DC) Kuntze
Mimosa bimucronata (maricá) pertence à família Leguminosae e à subfamília
Mimosoideae e ocorre desde os estados de Pernambuco ao Rio Grande do Sul em
ambientes de mata pluvial Atlântica e na floresta latifoliada semidecídua das bacias do
Paraná e Uruguai (LORENZI, 2002). Sua madeira é indicada para lenha, por produzir
carvão de ótima qualidade, e ainda é utilizada para marcenaria e carpintaria (RIBAS et
al., 1996). Apresenta fácil reprodução por estacas e boa rebrota, dando novo corte para
lenha cada dois ou três anos (MARCHIORI, 1993). É uma espécie pioneira que ocorre
em áreas ensolaradas, geralmente na borda, apresentando rápido crescimento (D. S.
ALMEIDA, comunicação pessoal). Destaca-se por sua adaptação a terrenos úmidos e
rochosos, podendo ser recomendada para controle de processos erosivos e para
plantio em terrenos sujeitos a inundação periódica. Também é uma espécie indicada
para a composição de reflorestamentos heterogêneos destinados à recuperação da
16
vegetação de área degradadas e perturbadas (LORENZI, 2002), especialmente por se
tratar de uma leguminosa que fixa nitrogênio atmosférico.
Barbosa e Faria (2006) encontraram na serapilheira (fração foliar) elevada
concentrações de N, P, K e Ca, demonstrando que esta espécie possui um potencial
elevado quanto ao conteúdo nutricional à recomposição de ecossistemas. Tal
característica é importante, especialmente em solos tropicais, onde as florestas
conseguem crescer em substrato pobre em nutrientes somente a partir da manutenção
dos mesmos sob altos níveis de biomassa (BARBOSA e FARIA, 2006).
Mimosa bimucronata, em um estudo realizado por Bitencourt et al. (2007),
mostrou-se uma ótima espécie nucleadora em áreas de mineração, por fornecer abrigo
à fauna, além de proteger as plântulas de diversas espécies do pisoteio de bovinos.
Também é uma espécie em potencial que pode ser inserida em sistemas agroflorestais
por apresentar bens e serviços ambiental tais como, apicultura, mourões, barreiras
vivas e banco de proteína (MARCHIORI, 1993; LUSTOSA, 2008).
3.6.2. Parkia pendula (Willd.) Walp.
Parkia pendula (visgueiro, jueirana vermelha) é uma árvore da família
Leguminosae, subfamília Mimosoideae que ocorre em florestas de terra firme de
Honduras na América central, da Região Amazônica, sul da Bahia, norte do Espírito
Santo, Pernambuco e Alagoas (ROSA e CAVALCANTI, 2005; MARTINI et al., 2007;
PIECHOWSKI, 2007). Sua madeira é utilizada na carpintaria e marcenaria (ROSA e
CAVALCANTI, 2005; COSTA et al., 2006). É uma espécie bastante ornamental,
podendo ser utilizada em arborização urbana (LORENZI, 2002).
Embora seja uma leguminosa, esta espécie não se associa com bactérias
fixadoras de nitrogênio (SPRENT, 2001), mas também é utilizada em projetos de
restauração florestal, especialmente porque as suas plântulas apresentam taxas de
crescimento relativamente altas em florestas abertas como também baixa taxa de
mortalidade, além de ser polinizada por morcegos (KNOWLES e PARROTTA, 1995).
Os quirópteros frugívoros são freqüentadores habituais de clareiras e outros espaços
abertos no interior de florestas, para onde transportam diariamente centenas de
sementes que serão incorporadas ao banco de sementes do solo ou germinarão sob
condições de intensa luminosidade (SILVA, 2003). Os morcegos frugívoros são os
principais responsáveis pelo transporte e deposição de sementes em florestas
tropicais, contribuindo para a recomposição da vegetação em trechos alterados (SILVA,
2003).
17
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25
CAPÍTULO I
ROCHA POTÁSSICA NO CRESCIMENTO INICIAL, COMPORTAMENTO
FOTOSSINTÉTICO E COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA DE DUAS ESPÉCIES
ARBÓREAS
RESUMO
Rochas
silicáticas
potássicas
podem
ser
utilizadas
na
agricultura
como
condicionadoras do solo e fonte de potássio para plantas. Duas leguminosas arbóreas
tropicais (Mimosa bimucronata e Parkia pendula) submetidas a diferentes doses de
rocha filossilicática potássica (flogopitito) moída e uma dose de KCl foram testadas em
dois experimentos de vaso, um para cada espécie, com o intuito de verificar o efeito da
sobre o crescimento inicial dessas plantas e sobre as propriedades químicas de um
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Os tratamentos consistiram de cinco doses de
flogopitito (0, 50, 100, 150, e 200 mg dm-3 de K na composição da rocha) e uma dose
de KCl (100 mg dm-3) como referência. Altura, diâmetro do coleto, número de folhas e
parâmetros fotossintéticos das plantas foram mensurados durante os períodos de
crescimento (90 e 120 dias para M. bimucronata e P. pendula, respectivamente).
Biomassa total, porcentagem de colonização micorrízica, teor de nutrientes e
propriedades químicas do solo foram averiguados ao final dos experimentos. Plantas
de M. bimucronata submetidas à maior dose de flogopitito (200 mg dm-3 de solo)
tiveram biomassa significativamente maior do que as cultivadas em solo sem adição da
rocha potássica. Para P. pendula não houve diferença significativa na produção de
biomassa das plantas crescidas nas diferentes dosagens de flogopitito. Também não
houve diferença entre as duas fontes de K testadas (rocha moída e KCl) quanto a
produção de matéria seca para ambas as espécies. Esse resultado juntamente com o
baixo teor de K encontrado no tecido dessas plantas e a ausência de efeito do KCl e do
flogopitito sobre a condutância estomática e taxa de fotossintética de ambas
leguminosas, indicam que baixas quantidades de K são requeridas para o crescimento
inicial dessas duas arbóreas tropicais. A adição de flogopitito ao Latossolo nas
diferentes doses testadas não provocou aumento no teor de K disponível, entretanto,
com a elevação da dose da rocha moída ocorreu a diminuição na acidez potencial do
26
solo, sugerindo o efeito condicionador do solo desempenhado pelo flogopitito. O teor
de fósforo disponível no Latossolo dos dois experimentos foi reduzindo conforme
aumento das dosagens de flogopitito, o que provavelmente foi resultado da
precipitação do P com algum dos elementos que compõe essa rocha, possivelmente o
Ca. Essa precipitação do P disponível possivelmente influenciou no grau de
colonização micorrízica de ambas as espécies de leguminosas, uma vez que as
plantas submetidas as maiores dosagens de flogopitito tiveram maior porcentagem de
micorrização nas suas raízes. O teor de K em plantas de M. bimucronata tendeu a um
pequeno incremento conforme o aumento das dosagens de flogopitito aplicadas ao
solo. Assim, a utilização do flogopitito no crescimento inicial de arbóreas que requerem
baixa demanda de K pode ser uma tecnologia alternativa viável e de baixo custo para
produção sustentável de mudas de árvores tropicais.
Palavras-chave: flogopita, nutrição vegetal, propriedades químicas do solo, produção
de mudas de arbóreas tropicais.
27
INTRODUÇÃO
Para controlar os impactos negativos causados pela degradação, a
restauração florestal vem como uma ferramenta que busca a recuperação de parte da
biodiversidade local e a facilitação dos processos biológicos relacionados à
manutenção do ecossistema florestal através do plantio, condução e manejo de
espécies florestais nativas (KAGEYAMA et al., 2003).
No setor florestal, especialmente no que se diz respeito ao plantio de
espécies nativas, são escassos trabalhos sobre a ecologia, biologia, ecofisiologia e
nutrição mineral das espécies, embora o uso de arbóreas em plantios heterogêneos
para fins conservacionistas seja prática usual. Do ponto de vista nutricional, é
imprescindível conhecer as exigências de cada planta, sobretudo em espécies
florestais nativas que apresentam comportamento distinto quanto à absorção,
translocação e eficiência de utilização de cada nutriente (RESENDE et al., 2000;
FLORES-AYLAS et al., 2003; WINCKLER et al., 2006).
Entre os nutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento da planta,
o potássio é o segundo mais requerido participando de diversos processos bioquímicos
e fisiológicos das plantas (TAIZ e ZEIGER, 2004). Em contrapartida, é um dos
macronutrientes menos estudados, especialmente em espécies arbóreas nativas. Para
suprir a demanda do potássio exigida pelas plantas é necessária a entrada de fontes
externas no sistema solo, como os fertilizantes industriais, sobretudo na forma de
cloreto de potássio. Todavia, grande parte do potássio (91 %) utilizado na agricultura
brasileira é importada (GEOFAGOS, 2009), o que faz dos estudos de fontes
alternativas de potássio uma grande importância para o desenvolvimento do setor
agrícola e florestal, uma vez que os trabalhos que abordam a utilização de rochas
moídas como fonte de nutrientes são escassos no setor florestal (KINAPK, 2005;
COFLER, 2007).
Rochas como o flogopitito, que contêm quantidades consideráveis de
flogopita e talco (SILVA et al., 2008), quando moídas (in natura), são promissoras para
aplicação na agricultura, uma vez que tendem a solubilizar o K com relativa facilidade e
apresentar efeito alcalinizante, atuando como condicionador do solo (RESENDE et al.,
2006). A flogopita [KMg3Al(OH)Si4O10] é um filossilicato do grupo das micas, produzido
pelo metamorfismo dos calcários magnesianos cristalinos ou dos mármores dolomíticos
(RANGEL, 1978).
28
A conciliação entre produtividade, redução do custo de produção e
conservação ambiental são os pilares para alcançar o desenvolvimento sustentável
(AMADOR, 2003). O estudo sobre fontes alternativas de potássio para nutrição de
plantas tangencia estes três pilares no sentido de reduzir custos com o fertilizante e
transformar um rejeito da mineração em insumo agrícola visando a produtividade do
cultivo (CRUZ FILHO et al., 2008).
Outro fator que pode contribuir para a sustentabilidade do ambiente é a
utilização de microrganismos benéficos às plantas, dentre os quais se destaca a
inoculação de fungos micorrízicos arbuscular (FMA), os quais aumentam a área de
absorção de nutrientes da raiz através das hifas extra-radicais. Os FMA colonizam as
raízes, formando simbioses com cerca de 80-90% das espécies das plantas em
ecossistemas florestais tropicais (BRUNDRETT, 2002). As muitas espécies florestais
tropicais brasileiras colonizadas por FMA (ZANGARO et al., 2002) apresentam
diversidade de características e comportamentos na autorenovação das suas
populações naturais, havendo dessa forma, a necessidade de conhecer a autoecologia
das espécies utilizadas em projetos de restauração florestal.
Mimosa bimucronata (maricá) pertence à família Leguminosae e ocorre
desde os estados de Pernambuco ao Rio Grande do Sul em ambientes de mata pluvial
Atlântica e na floresta latifoliada semidecídua das bacias do Paraná e Uruguai
(LORENZI, 2002). Ocorre em áreas ensolaradas, geralmente na borda ou em clareiras
das matas, apresentando rápido crescimento (D. S. ALMEIDA, comunicação pessoal;
MARCHIORI, 1993). Destaca-se por sua adaptação a terrenos úmidos e rochosos,
podendo ser recomendada para controle de processos erosivos e para plantio em
terrenos
sujeitos
a
inundação
periódica.
Indicada
para
a
composição
de
reflorestamentos heterogêneos destinados à recuperação da vegetação de área
degradadas e perturbadas (LORENZI, 2002). Além de ser uma leguminosa que nodula
e fixa nitrogênio (SPRENT, 2001), esta espécie produz grande quantidade biomassa
com elevado conteúdo nutricional (BARBOSA e FARIA, 2006), mostrando-se uma
espécie em potencial para a revegetação de áreas degradadas onde os solos são
essencialmente de baixa fertilidade. A M. bimucronata por ser uma espécie tolerante a
condições adversas, mostrou-se ser uma espécie em potencial para promover os
processos de facilitação em áreas de condições críticas (BITENCOURT et al., 2007),
como as áreas de mineração. BITENCOURT et al. (2007) observaram que a M.
bimucronata propiciou abrigo à fauna, funcionou como poleiro para avifauna, além de
29
proteger as plântulas de diversas espécies do pisoteio de bovinos em áreas de
mineração de carvão.
Parkia pendula (Willd.) Walp. (visgueiro, jueirana vermelha) também é uma
espécie da família Fabaceae nativa do Brasil. Apresenta distribuição geográfica restrita
à floresta pluvial amazônica e atlântica, especialmente Sul da Bahia e Norte do Espírito
Santo, Pernambuco e Alagoas (LORENZI, 2002; PIECHOWSKI, 2007). É utilizada
como ornamental, podendo ter seu uso na arborização urbana (LORENZI, 2002).
Embora seja uma leguminosa, esta espécie não faz associação com bactérias
fixadoras de nitrogênio e não forma nódulos (SPRENT, 2001). É uma espécie bastante
utilizada em projetos de restauração florestal, especialmente porque as suas plântulas
apresentam taxas de crescimento relativamente altas em florestas abertas como
também baixa taxa de mortalidade, além de ser polinizada por morcegos (KNOWLES e
PARROTTA, 1995). Esta polinização por morcegos frugíveros contribui para a
recomposição da vegetação em áreas alteradas (SILVA, 2003), visto que esses
animais são os principais responsáveis pelo transporte e deposição de sementes em
florestas tropicais (KNOWLES e PARROTTA, 1995).
Alguns estudos realizados apontam que as espécies florestais apresentam
respostas diferenciadas à fertilização potássica e que estas respostas podem está
relacionadas com o grupo sucessional de cada espécie (DUBOC, 1994; RENÓ 1994;
SILVA et al., 1997). Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de uma
rocha potássica sobre o crescimento inicial, colonização micorrízica e comportamento
fotossintético de duas espécies arbóreas nativas.
30
MATERIAL E MÉTODOS
Instalação e condução do experimento
Dois experimentos independentes (para cada espécie de arbórea, Mimosa
bimucronata e Parkia pendula) foram realizados em casa de vegetação utilizando terra
de um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, proveniente do distrito de Serra Grande,
município de Uruçuca, região sul da Bahia. Foram coletados cerca de 700 kg de terra
da camada de 0 - 20 cm, cujo resultado da análise química e granulométrica é
mostrado na Tabela 1.
A terra coletada foi trazida para a Universidade Estadual de Santa Cruz e
(UESC) deixado sob lona em área coberta até aplicação de calcário dolomítico (PRNT
100%) para a correção de acidez e obtenção de uma saturação por bases de 60%. Foi
aplicada ao solo uma fertilização básica com 50 mg dm-3 de N; 130 mg dm-3 de P e 10
mL dm-3 de uma solução contendo os seguintes micronutrientes: Boro (0,46 g L-1 de
ácido bórico), Cobre (0,52 g L-1 de sulfato de cobre), Molibdênio (0,19 g L-1 de
molibdato de sódio, manganês (1,32 g L-1) e zinco (1,76 g L-1 de sulfato de zinco). O
fornecimento do nitrogênio e do fósforo foi efetuado via fertilizante, como sulfato de
amônio e superfosfato triplo, respectivamente. Os nutrientes foram cuidadosamente
homogeneizados ao solo.
Os tratamentos consistiram do fornecimento de cinco doses de flogopitito
(rocha potássica) correspondentes à aplicação de 50, 100, 150, e 200 mg dm-3 de K
presente na composição da rocha, mais uma dose de cloreto de potássio (fonte
solúvel) equivalente a 100 mg dm-3 de K, fornecido via sal p.a. (KCl) em 10 repetições.
O flogopitito, com uma granulometria menor que 2 mm, foi aplicado ao solo na forma in
natura e sua caracterização química é apresentada na Tabela 2. O flogopitito e o KCl
foram cuidadosamente homogeneizados ao volume de solo (4,8 dm3) correspondente
para cada vaso. Após a correção, fertilização e adição das doses de flogopitito, o solo
foi umedecido, incubado por uma semana e caracterizado quimicamente (Tabela 3).
O experimento foi montado em 17 de junho de 2008 em casa de vegetação
nas dependências da UESC, no município de Ilhéus, Bahia, sendo observado um prazo
de 30 dias entre a aplicação do flogopitito e transplantio das mudas (início do
experimento). As mudas de Mimosa bimucronata (DC) Kuntze e Parkia pendula (Willd.)
Walp foram obtidas a partir de sementes. Após a emergência das mudas, estas foram
transplantadas para vasos plásticos contendo 4,8 dm3 de solo não esterelizado
(previamente fertilizado) e inoculadas com 1 g de substrato contendo propágulos e
31
esporos (aproximadamente 70 unidades) de FMAs. Os inóculos foram uma mistura de
4 espécies de FMAs: Gigaspora margarita Becker & Hall, Scutellespora heterogama
(Nicol. & Gerdemann) Walker & Sanders, Scutellespora calospora (Nicol. & Gerd.)
Walker & Sanders e Glomus clarum Nicol. & Schenck, os quais foram gentilmente
cedidos pela Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ).
Tabela 1. Análise química e granulométrica de um Latossolo
Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da camada de 0 a 20 cm
no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA.
Característica
Teor
pH (CaCl2)
4,1
Argila (%)
55
Areia (%)
38,46
Silte (%)
6,26
M.O (g dm-3)
39
-3
4
P (mg dm )
-3
S (mg dm )
10
K (mmolc dm-3)
0,6
Ca (mmolc dm-3)
5
-3
Mg (mmolc dm )
2
Al (mmolc dm-3)
4
H + Al (mmolc dm-3)
52
-3
SB (mmolc dm )
7,6
-3
T (mmolc dm )
59,6
V (%)
13
mt (%)
34
B (mg dm-3)
0,33
Cu (mg dm-3)
0,6
Fe (mg dm-3)
87
-3
Mn (mg dm )
1,1
-3
Zn (mg dm )
0,5
M.O (matéria orgânica), SB (soma de bases), T (capacidade de troca
catiônica), mt (saturação por alumínio) e V (saturação por bases).
-1
Métodos utilizados: M.O: NaCr2O + 2 mol L + H2SO4; S: Ca (H2PO4)2 0,01
-1
-1
mol L ; P e K: Resina; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L ; H + Al: SMP;
Micronutrientes: Cu, Fe, Mn, Zn: DTPA-TEA, pH 7,3; B: BaCl2.2H2O 0,125 %.
Tabela 2. Composição química do flogopitito oriundo da localidade de Campo
Formoso-BA. Análise realizada pelo Laboratório de Petrologia Aplicada à
Pesquisa Mineral da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Si02 Al203 MnO Fe2O3 MgO Na2O
CaO
K2O
P2O5
%
46,09 9,05
0,15
9,21
21,89
0,20
4,77
6,60
0,10
32
Tabela 3. Características químicas de um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de
Uruçuca, BA após a correção da acidez, fertilização e aplicação das doses de
flogopitito (antes do plantio).
Doses de flogopitito (mg dm-3)
KCl (mg dm-3)
Característica
0
50
100
150
200
100
pH (CaCl2)
5,2
5,1
5,2
5,1
5,2
5,3
M.O (g dm-3)
42
44
44
47
51
49
-3
P (mg dm )
34
34
44
44
36
42
S (mg dm-3)
35
38
41
39
44
37
-3
K (mmolc dm )
0,8
0,9
0,8
0,8
0,9
2,9
-3
Ca (mmolc dm )
22
24
25
25
24
28
-3
Mg (mmolc dm )
16
18
18
19
18
22
Al (mmolc dm-3)
0
0
0
0
0
0
-3
H + Al (mmolc dm )
42
42
38
38
38
34
-3
SB (mmolc dm )
38,8
42,9
43,8
44,8
42,9
52,9
-3
T (mmolc dm )
80,8
84,9
81,8
82,8
80,9
86,9
V (%)
48
51
54
54
53
61
0
0
0
0
0
0
mt (%)
-3
B (mg dm )
0,37
0,54
0,37
0,34
*
0,21
-3
Cu (mg dm )
*
*
*
*
*
0,1
Fe (mg dm-3)
178
83
92
77
227
22
-3
Mn (mg dm )
1,4
1,3
3,1
0,3
0,5
1,3
Zn (mg dm-3)
0,9
0,2
0,6
0,2
0,2
0,4
* Resultado < 0,1.
M.O (matéria orgânica), SB (soma de bases), T (capacidade de troca catiônica), mt
(saturação por alumínio) e V (saturação por bases).
Métodos utilizados: M.O: NaCr2O + 2 mol L-1 + H2SO4; S: Ca (H2PO4)2 0,01 mol L-1; P e K:
Resina; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L-1; H + Al: SMP; Micronutrientes: Cu, Fe, Mn, Zn: DTPATEA, pH 7,3; B: BaCl2.2H2O 0,125 %.
Durante o período experimental, as mudas foram irrigadas diariamente com
água deionizada para manter a capacidade de campo em torno de 100%. Uma
adubação complementar com N em cobertura, na forma de uréia, foi efetuada no
decorrer do experimento, fornecendo 50 mg dm-3 de N.
33
Análise do crescimento das plantas
Quinzenalmente foram mensurados as seguintes variáveis do crescimento
vegetal: altura; diâmetro do coleto mensurado 1 cm acima do solo, com auxílio de um
paquímetro digital; número de folhas; tamanho de entrenó com auxílio de régua (exceto
para Parkia pendula), mensurado a partir do quarto entrenó da base da planta.
Após o final do experimento as plantas foram retiradas dos vasos, sendo que
as raízes foram lavadas sobre uma peneira fina com jatos brandos de água para
remoção do solo aderido nas raízes, com coleta de segmentos de raiz retidos pela
peneira. Em seguida foi quantificado o volume de raiz utilizando-se uma proveta com
água, o valor excedido de água corresponde ao volume de raiz da espécie. Em
seguida, as plantas foram separadas em raiz e parte aérea e secas em estufa à 75ºC
por 72 horas. Posteriormente, as amostras foram pesadas separadamente em balança
para a determinação da massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca de raízes
(MSR). A partir dos valores de massa seca de parte aérea e raiz foram calculados os
valores de massa seca total (MST), cuja fórmula é MST = MSRA + MSR; a razão de
massa foliar (RMF = MSPA/MST) e a razão de massa de raiz (RMR = MSR/MST).
Colonização micorrízica
Para a avaliação do grau de colonização micorrízica foram coletadas, ao final
do experimento, aproximadamente 2 g de raízes finas. Em seguida as raízes foram
clarificadas com KOH 10% (PHILLIPS e HAYMAN, 1970) e coradas com azul de
tripano 0,5% sendo que a estimativa da colonização foi calculada pelo método de placa
riscada (GIOVANNETTI e MOSSE, 1980).
Parâmetros fotossintéticos
Os parâmetros de trocas gasosas foram avaliados a cada 30 dias após o
transplante das mudas em 4 plantas (repetições) de cada tratamento. As medições
foram realizadas entre as 8:00 e 12:00h utilizando folhas completamente expandidas e
maduras, localizadas entre o terceiro e o quinto par de folhas a partir do ápice. Os
parâmetros de trocas gasosas em nível foliar foram avaliados utilizando-se um sistema
portátil para medição de fotossíntese LI-6400 (Li-Cor, USA), equipado com uma fonte
de luz 6400-02B RedBlue. A taxa de fotossíntese líquida por unidade de área foliar
(An), a condutância estomática ao vapor de água (gs), a taxa transpiratória foliar (E) e
as concentrações de CO2 interno (Ci) e ambiente (Ca) foram estimadas a partir dos
valores da variação de CO2 e da umidade no interior da câmara, determinados pelo
34
analisador de gases por infravermelho do referido aparelho. Durante as medições a
temperatura da folha foi mantida em 27 ± 1 ºC e a concentração ambiente de CO2 foi
mantida em 380 µmol mol-1 por meio do injetor de CO2 do equipamento.
Determinação das características químicas do solo
Após a retirada das plantas dos vasos foram coletadas amostras de solo de
cada tratamento e repetição para análise química de solo (EMBRAPA, 1997).
Determinação do acúmulo de nutrientes foliares
Após a secagem das amostras em estufa a 70 °C elas foram moídas
separadamente para folhas, galhos e raízes para realização da análise de nutrientes no
tecido vegetal. Para análise de N, P e K foram feitas digestões sulfúrica seguindo a
metodologia recomendada por TEDESCO et al., (1995). O N total foi determinado pelo
método semi-micro Kjeldhal após digestão sulfúrica. O fósforo foi determinado por
espectrofotometria e o potássio por fotômetro de chama.
Análise estatística
Os resultados de cada experimento envolvendo as duas espécies arbóreas
foram analisados separadamente. Os dados referentes à matéria seca, número de
folhas, tamanho de entrenó, grau de colonização micorrízica e comportamento
fotossintético foram avaliados por meio da análise da variância seguida do teste de
Tukey em nível de 5% de probabilidade. Os resultados do teor de macro e
micronutrientes nas folhas e no solo foram analisados por regressão com coeficientes
linear e quadrático, sendo aceitos os modelos que apresentaram todos os coeficientes
significativos a até 5% de probabilidade pelo teste F e o maior coeficiente de
determinação ajustado. Esses teores foram também analisados por contraste entre as
doses de KCl e de flogopitito sendo os contrastes considerados significativos a até 5%
de probabilidade pelo teste F.
35
RESULTADOS
A. Análise de crescimento das mudas
Após o período experimental verificou-se que as diferenças entre as médias
de massa seca de parte aérea, massa seca de raiz, razão de massa foliar e razão de
massa de raiz para Mimosa bimucronata não foram significativas entre as doses de
flogopitito. Em contrapartida, os valores de biomassa total para a dose máxima de
flogopitito foram superiores a dose mínima da rocha potássica e, no entanto, não
diferiram do tratamento com KCl (Figura 1a). Para Parkia pendula, após 120 dias do
transplantio, as médias de massa seca da parte aérea, massa seca de raiz, biomassa
total, razão de massa foliar e razão de massa de raiz não diferiram entre os
tratamentos, embora o valor de biomassa total (Figura 1b) tenha sido maior para o
tratamento com 200 mg dm-3 de flogopitito.
a
b
A
AB
20
AB
15
AB
AB
B
Biomassa total (g)
Biomassa total (g)
15
10
10
5
5
0
0
0
50
100
Doses de f logopitito (mg
KCl
dm -3)
e KCl ( 100 mg
150
dm -3)
200
0
50
100
KCl
150
200
Doses de f logopitito (mg dm-3) e KCl (100 mg dm-3)
Figura 1. Valores médios para biomassa total de plantas de Mimosa bimucronata (a) e Parkia
pendula (b) submetidas a cinco doses de flogopitito e uma de KCl cultivadas por 90 e 120 dias,
respectivamente em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Letras iguais acima das barras
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A adição do flogopitito não afetou o crescimento em altura (Figura 2) e
diâmetro (Figura 3) da espécie M. bimucronata e P. pendula aos 90 e 120 dias,
respectivamente, após o transplantio.
36
H = 8.2784+0.9343*x+0.0375*y
b
Altura
= 4.8237+0.0938*x+0.0008*y
D = 0.6888+0.0446*x+0.0011*y
a
Figura 2. Valores médios de altura de Mimosa bimucronata (a) e Parkia pendula (b) em função
das doses de flogopitito e dias após o transplantio. * significativo a 5 % pelo teste F.
Diametro = 0.5171+0.0326*x+0.0011*y
a
b
Diâmetro (mm)
D = 0.6888+0.0446*x+0.0011*y
Do
se
sd
ef
log
op
itit
o(
mg
d
m -3
)
D
so
pó
a
ias
n
pla
ns
a
r
t
tio
Figura 3. Valores médios de diâmetro de Mimosa bimucronata (a) e Parkia pendula (b) em
função das doses de flogopitito e dias após o transplantio. * significativo a 5 % pelo teste F.
37
B. Colonização micorrízica
De modo geral, a porcentagem de colonização micorrízica nas raízes de M.
bimucronata e P. pendula foi baixa (menor que 50%). Em raízes de M. bimucronata a
dose máxima de flogopitito (200 mg dm-3) apresentou a maior porcentagem de
colonização micorrízica, bem como o tratamento com a dose 150 mg dm-3 e KCl
(Figura 4). Para as raízes de P. pendula foi observado que a porcentagem maior de
colonização ocorreu no tratamento com KCl. As doses de flogopitito, com exceção da
dose 50 mg dm-3 apresentaram valores semelhantes de colonização entre si, não
havendo diferença significativa.
40
a
b
A
A
30
AB
C oloniz aç ão m ic orríz ic a (%)
Colonização micorrízica (%)
AB
30
AB
20
B
B
AB
20
AB
AB
10
10
C
B
0
0
0
50
100
KCl
-3
150
200
-3
Doses de flogopitito (mg dm ) e KCl (100 mg dm )
0
50
100
KCl
150
200
Doses de f logopitito (mg dm -3) e KCl (100 mg dm -3)
Figura 4. Porcentagem de colonização micorrízica em Mimosa bimucronata (a) e Parkia
pendula (b) submetida a cinco doses de flogopitito e uma dose de KCl após 90 e 120 dias de
cultivo, respectivamente, em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Letras iguais acima
das barras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Doses maiores de flogopitito resultaram em menores teores de fósforo
disponível no solo após o cultivo de M. bimucronata e P. pendula. Importante notar que
nas raízes das plantas submetidas às doses elevadas de flogopitito foi evidenciado
maior grau de colonização micorrízica nas raízes de ambas as espécies (Figura 5).
38
a
b
40
30
Grau de colonização micorrízica
Teor de P disponív el no solo
30
Grau de colonização micorrízica
Teor de P disponível no solo
30
25
10
10
20
P disponível no solo (mg L-1)
20
Colonização micorrízica (%)
20
P disponível no solo (mg L-1)
Colonização micorrízica (%)
30
20
15
10
10
5
0
0
0
50
100
150
200
0
0
0
Doses de f logopitito (mg dm -3)
50
100
150
200
Doses de flogopitito (mg dm-3)
Figura 5. Porcentagem de colonização micorrízica em Mimosa bimucronata (a) e Parkia
pendula (b) nas diferentes doses de flogopitito e teor de fósforo disponível em um Latossolo
Vermelho-Amarelo distrófico após 90 e 120 dias, respectivamente, de cultivo das plantas.
C. Análise química do solo após o experimento
A análise por contraste, entre as duas formas de fornecimento de potássio,
dos teores de nutrientes no solo após o cultivo de M. bimucronata apontou que a
adubação com cloreto de potássio foi superior para K disponível e saturação por bases.
Já a adubação com flogopitito foi superior ao KCl para as concentrações de P, Ca2+,
Al3+, H + Al, soma de bases, capacidade de troca catiônica e saturação por alumínio
(Tabela 4). Já após o cultivo de P. pendula, a análise por contraste apontou que a
adubação com cloreto de potássio foi superior para os teores de Mg2+ e soma de
bases, ao passo que, o flogopitito foi superior para os valores de acidez potencial,
saturação por bases e saturação por alumínio (Tabela 5).
Tabela 4. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado
da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 90 dias
de cultivo com Mimosa bimucronata submetida a cinco doses de flogopitito e uma de KCl (100
mg dm-3) e contraste entre essas doses e o KCl.
pH
Doses
0
50
100
150
200
KCl (ref.)
Contraste
/
1/
P
K
-1
água
mg L
5,34
5,37
5,28
5,09
5,3
5,37
18,78
27,33
19,52
10,03
9,79
9,12
0,08
ns
-6,64
.
Mg
Ca
Al
H +Al
____________________________
cmolc dm
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,02
0,01
***
2,3
2,00
2,48
2,08
1,96
2,23
0,05
ns
1,86
2,76
2,78
2,16
2,43
1,8
-0,50
***
0,10
0,08
0,10
0,08
0,07
0,03
-0,05
9,01
8,63
8,83
5,43
5,57
5,36
*
SB
T
V
mt
-3____________________________
-1,78
***
4,16
4,76
5,27
4,24
4,39
4,04
-0,44
%
13,74
13,40
14,09
9,67
9,96
9,40
•
-2,31
***
31,75
35,57
37,31
43,91
43,88
42,94
24,33
16,92
19,27
18,79
17,48
6,82
***
-10,45
3,71
**
*** ** * •
1 Diferença entre a adubação via KCl e flogopitito.
: significativo a 0,001; 0,01; 0,05 e 0,1 respectivamente pelo teste F.
SB (soma de bases), T (capacidade de troca catiônica), V (saturação por bases) e mt (saturação por alumínio).
Métodos utilizados: P: Mehlich 1; K: acetato de amônio a pH 7,0; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L-1; H + Al: Acetato de cálcio a pH 7,0.
39
Tabela 5. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA
após 120 dias de cultivo com Parkia pendula submetida a cinco doses de flogopitito e uma
de KCl (100 mg dm-3) e contraste entre essas doses e o KCl.
pH
Doses
P
K
-1
água
mg L
0
50
100
150
200
5,29
5,35
5,28
5,12
5,25
21,57
25,05
23,82
20,16
18,24
KCl
1/
Contraste
5,25
ns
-0,01
27
ns
4,36
Mg
Ca
_____________________
0,05
0,04
0,03
0,04
0,04
1,49
1,71
1,71
1,73
1,55
Al
3+
H +Al
cmolc dm
2,75
2,86
2,79
2,84
2,72
0,20
0,20
0,20
0,22
0,22
0,2
1,92
3,03
0,2
ns
***
ns
ns
0,13
0,24
0,20
-0,01
SB
T
-3________________________
8,94
8,81
8,68
8,35
8,02
V
________
mt
________
%
4,30
4,62
4,54
4,63
4,32
34,76
38,43
37,00
33,09
30,53
32,49
21,75
22,17
21,63
23,25
23,42
21,75
22,17
21,63
23,25
7,72
5,16
**
*
-0,70
0,56
39,68
ns
4,10
19,62
**
-3,87
19,62
**
-2,35
1/
Diferença entre a adubação via KCl e flogopitito. *** ** * • : significativo a 0,001; 0,01; 0,05 e 0,1 respectivamente pelo teste F.
SB (soma de bases), T (capacidade de troca catiônica), V (saturação por bases) e mt (saturação por alumínio).
Métodos utilizados: P: Mehlich 1; K: acetato de amônio a pH 7,0; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L-1; H + Al: Acetato de cálcio a pH 7,0.
No solo após o cultivo de M. bimucronata, a equação de ajuste indica que a
partir da dose 50 mg dm-3, o aumento das doses de flogopitito reduziu a concentração
de P no solo (Figura 6a). O mesmo comportamento foi observado no solo após o
cultivo de P. pendula, em que a concentração de P disponível na solução d solo tendeu
a diminuir com o aumento das doses de flogopitito (Figura 6b).
a
b
ŷ = -0.0006x
+ 0.03952++21.295
R2+=21.395
0.69
y =2 -0.0006x
0.0395x
30
y = -0.0004x 2 + 0.0525x + 22.188
ŷ = 0.0004x2 – 0.0525x
+ 22.188 R2 = 0.85
R2 = 0.8599
30.0
25
25.0
20
20.0
P (m g L -1 )
P (m g L -1 )
R2 = 0.6965
15
a
15.0
10
10.0
5
5.0
0.0
0
0
50
100
150
-3
Doses de flogopitito (m g dm )
200
0
50
100
150
200
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Figura 6. Equações de ajuste para os teores de fósforo de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de flogopitito
aplicadas no solo.
A adição de flogopitito, em qualquer uma das doses testadas, não alterou o
teor de potássio na solução do solo, após o cultivo de M. bimucronata, que se manteve
constante (0,01 cmolc dm-3) como pode ser observado na Tabela 4 e na Figura 7a
abaixo. Para o solo, após o cultivo de P. pendula, a equação de ajuste para K indica
que a adição de flogopitito não provocou aumento significativo no teor de K no solo
(Figura 7b).
40
a
0.012
b
0.01
ŷ = 1E-06x2 – 0.003x + 0.0497
R2 = 0.77
R2 = 0.7714
0.05
K (co m o l c d m -3 )
K (cm o lc d m -3 )
y = 1E-06x 2 - 0.0003x + 0.0497
0.06
ŷ=y
0.008
0.006
0.004
0.002
0.04
b
0.03
0.02
0.01
0
0
50
100
150
0.00
200
0
Doses de flogopitito m g dm -3
50
100
150
200
-3
Doses de flogopitito (mg dm )
Figura 7. Equações de ajuste para os teores de potássio de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de flogopitito
aplicadas no solo.
Após 90 dias do cultivo de M. bimucronata, verificou-se que os teores de
Mg2+ (Figura 8a) e Ca2+ (Figura 9a) do Latossolo estudado não sofreram aumentos
significativos de disponibilidade como indicam as equações de ajuste. Quando se
avalia os resultados obtidos para o solo após cultivo de P. pendula houve um pequeno
aumento de Mg2+ devido a adição das doses flogopitito, diminuindo, entretanto, na dose
máxima (Figura 8b), ao passo que a concentração de cálcio não foi alterada com a
adição da rocha potássica (Figura 9b).
a
b
y = -1E-05x 2 + 0.0018x + 2.2097
ŷ = -1E-05x2 + 0.0018x + 2.2097 R2 R
=20.28
= 0.2852
3
2.0
1.9
2.5
c
1.8
-3 -3
Mg
omc dm
Mg (cm
(cmol
c dm ) )
Mg (cmol c dm -3)
y = -2E-05x 2 + 0.0047x + 1.4986
ŷ = -2E-05x2 – 20.0047x + 1.4986 R2 = 0.77
R = 0.9368
2
1.5
1
0.5
1.7
1.6
1.5
1.4
1.3
1.2
1.1
0
0
50
100
150
Doses de flogopitito (m g dm -3)
200
1.0
0
50
100
150
200
Doses de flogopitito (mg dm -3)
Figura 8. Equações de ajuste para teores de magnésio de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de flogopitito
aplicadas no solo.
41
a
b
2
y = -5E-05x + 0.0119x + 2.0186
R2 = 0.4599
3
3.0
2.5
Ca (cmol c dm -3 )
Ca (cmol c dm -3)
2.5
2
1.5
1
0.5
y = -0.0002x
ŷ = -0.0002x
+ 2.808+ 2.808
R2 = 0.0461
R2 = 0.0461
2.0
d
1.5
1.0
0.5
0
0
50
100
150
0.0
200
0
50
Doses de flogopitito (m g dm -3)
100
150
200
Doses de flogopitito m g dm -3
Figura 9. Equações de ajuste para teores de cálcio de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de flogopitito
aplicadas no solo.
Os valores de acidez potencial, no solo após cultivo de M. bimucronata e P.
pendula, diminuíram nas doses mais elevadas de aplicação da rocha potássica,
apresentando um efeito linear (Figura 10). No entanto, os valores da saturação por
bases do solo aumentaram na medida em que a dose de flogopitito era elevada no solo
após o cultivo de M. bimucronata (Figura 11a). Apresentando comportamento inverso,
a saturação por bases do solo após o cultivo de P. pendula diminuiu com o aumento
das doses de flogopitito (Figura 11b).
a
b
y = -0.0202x + 9.51
R2 = 0.7619
8
H + Al (cmolc dm -3)
H + Al (cmolc dm -3 )
10
y = -0.0046x + 9.02
ŷ = – 0.0046x
+ 9.02 R2 = 0.94
R2 = 0.9497
10.0
6
4
2
8.0
e
6.0
4.0
2.0
0.0
0
0
0
50
100
150
200
50
100
150
200
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Figura 10. Equações de ajuste para acidez potencial de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após cultivo por 90 dias com
Mimosa bimucronata (a) e por 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de
flogopitito aplicadas no solo.
42
a
2
50.0
0.0648x+ +3232.036
= 0.93
yŷ==0.0648x
.036R2 =R
0.9322
40.0
30.0
20.0
10.0
2
+ 31.369
ŷ = 0.0007x – 0.1729x- +0.1729x
31.369 R = 0.86
35.0
Satu ração p o r b ases (% )
Satu ração p o r b ases (% )
b
y2= 0.0007x 2
R2 = 0.8676
30.0
25.0
f
20.0
15.0
10.0
5.0
0.0
0.0
0
50
100
150
0
200
50
100
150
200
-3
Doses de flogopitito (mg dm )
Doses de flogopitito (mg dm -3)
Figura 11. Equações de ajuste para saturação por bases de um Latossolo Vermelho -Amarelo
distrófico coletado em Serra Grande, município de Uruçuca, BA após 90 dias de cultivo com
Mimosa bimucronata (a) e 120 dias com Parkia pendula (b) em função das doses de flogopitito
aplicadas no solo.
D. Análise do tecido vegetal
A análise por contraste para as concentrações de nutrientes na biomassa de M.
bimucronata, entre as duas formas de fornecimento de potássio, indicou que a
adubação com cloreto de potássio foi superior para as médias de N em todos os
compartimentos da planta, bem como o conteúdo de nitrogênio (Tabela 6). Tanto o teor
como o conteúdo em P nas folhas e galhos das plantas submetidas as doses de
flogopitito foram superiores as das submetidas ao KCl. Já as médias dos teores de K,
via adubação com cloreto de potássio, foram superiores a todas as doses de flogopitito
em todos os compartimentos da planta (Tabela 6).
Tabela 6. Teores médios de nitrogênio fósforo e potássio e conteúdo (cont.) nos diferentes
compartimentos das plantas de Mimosa bimucronata após 90 dias de cultivo em um Latossolo
Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande,
município de Uruçuca, BA submetidas a cinco doses de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm-3) e
contraste entre essas doses e o KCl.
Nitrogênio
Fósforo
Potássio
Doses
Raiz
mg dm-3
Folha
Galho
Cont.
Raiz
___________
g kg-1__________
Folha
Galho
Cont.
____________
g kg-1_________
Raiz
Folha
Galho
Cont.
___________
g kg-1__________
0
12,6
25,36
6,22
414,31
1,08
1,44
0,47
23,95
2,22
4,51
2,64
50
11,93
26,54
5,04
427,43
1,32
2,02
0,68
38,07
2,22
4,51
2,22
94,87
100
13,61
26,2
5,2
366,40
0,96
1,60
0,51
23,10
2,32
7,63
3,68
131,05
150
14,78
26,71
3,86
405,21
1,19
1,47
0,35
23,22
2,84
4,72
3,57
104,47
200
KCl
(controle)
13,94
23,18
4,7
328,61
0,53
1,30
1,35
32,58
1,79
8,05
3,05
117,12
15,79
27,88
5,54
438,22
1,16
1,42
0,34
23,48
13,46
9,09
8,88
239,55
ns
*
ns
1/
Constraste
ns
2
1,90
0,45
49,83
1/ Diferença entre a adubação via KCl e flogopitito,:
**
0,16
*** **
*
,
**
-0,18
ns
-0,38
ns
-4,71
**
11,17
ns
2,86
**
5,75
89,63
132,12**
significativo a 0,001, 0,01, 0,05 e 0,1, respectivamente pelo teste F.
43
Nos tecidos vegetais da P. pendula, a análise por contraste indicou que a
adubação via cloreto de potássio foi superior para os teores foliares de nitrogênio e
potássio em ambos os compartimentos da planta, porém a adubação com flogopitito foi
superior para o teor foliar de fósforo na parte área. Em relação ao conteúdo de
nutrientes na planta, o flogopitito foi superior em relação a adubação via cloreto de
potássio somente para o conteúdo de fósforo (Tabela 7).
Tabela 7. Teores médios de nitrogênio fósforo e potássio e conteúdo (cont.) nos
diferentes compartimentos das plantas de Parkia pendula após 120 dias de
cultivo em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, coletado da camada de 0 a
20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA submetidas a cinco
doses de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm-3) e contraste entre essas doses e
o KCl.
Nitrogênio
Doses
Fósforo
Folha
_______
-1______
0
8,23
19,66
155,4
0,71
1,83
23,9
2,43
4,72
-3
mg dm
g kg
Cont.
Potássio
Raiz
Raiz
Folha
_____
g kg
Cont.
-1_____
Raiz
_____
g kg
Folha
Cont.
-1______
89,6
50
9,07
18,48
144,7
1,20
1,62
38,1
2,84
4,72
94,9
100
9,24
21,00
218,7
1,22
1,49
23,1
3,05
4,93
131,1
150
8,40
23,18
196,8
0,84
1,38
23,2
2,43
4,93
104,5
200
8,57
30,74
379,1
0,92
1,06
32,6
2,43
3,36
117,1
KCl
(controle)
9,91
27,22
255,2
1,10
1,35
23,5
9,09
9,09
239,5
Contraste
1,01ns
3,84*
36,3**
0,05**
-0,04**
-4,7ns
6,40**
4,61**
132,1**
1/
1/
Diferença entre a adubação via KCl e flogopitito, ***
respectivamente pelo teste F,
** * •
: significativo a 0,001; 0,01; 0,05 e 0,1
Como mostra a análise de regressão para o N, o teor foliar de nitrogênio em
M. bimucronata (Figura 12a) apresentou um efeito quadrático significativo, tendendo a
diminuir com a dose máxima de flogopitito aplicada. No compartimento raiz, a
concentração de N aumentou, enquanto que foi mantida constante nos galhos. No
entanto, a análise de regressão para N em tecidos vegetais de P. pendula indicou que
o aumento das doses de flogopitito proporcionou um aumento no teor de N foliar,
enquanto a concentração de N nas raízes não variou entre as doses de flogopitito
(Figura 12b).
As equações de ajuste para a concentração de P em tecidos vegetais de M.
bimucronata (Figura 12c) mostraram que não houve alterações significativas no teor de
P nas folhas com o aumento das doses de flogopitito, ao passo que o teor de P nas
raízes diminuiu com a dose máxima e nos galhos aumentou (Figura 12c). Em relação
44
ao teor de P em tecidos vegetais de P. pendula, o efeito linear significativo mostra uma
tendência em diminuir o teor deste nutriente na parte área (Figura 12d).
A análise de regressão para K, em tecidos vegetais de M, bimucronata,
indica um aumento na concentração de K nas folhas com o acréscimo das doses de
flogopitito, Já a concentração de K nos galhos e raízes houve pouca variação com o
aumento das doses de flogopitito (Figura 12e). Para P. pendula, as equações de ajuste
indicam que a concentração de K na parte área e raiz foram pouco afetadas pela
adição das doses da rocha potássica (Figura 12f).
Quando o teor total de P e K nos tecidos vegetais de M. bimucronata foi
analisado, foi observado que com doses maiores de flogopitito aplicado ao solo a
tendência foi de aumento na concentração de K, ao passo que a concentração P
tecidual manteve-se constante (Figura 12g).
Já no tecido vegetal de P. pendula não houve alteração na concentração
total de K com o aumento das doses de flogopitito, exceto na dose máxima onde foi
observada uma ligeira diminuição. Comportamento semelhante foi observado para os
teores de P (Figura 12h).
45
Folha
Galho
a
40
Raiz
2 - 0.0442x + 19.689
y●= Parte
0.0005x
R2 = +0.9827
aérea
ŷ = 0.0005x2 – 0.0442x
19.689 R2 = 0.98
2
2
Raiz 2
ŷ = -7E-05x – 0.0134x
+ 8.3643 R = 0.52
2
raiz = -7E-05x + 0.0134x + 8.3643 R = 0.5216
35
ŷ = 25,22 + 0,04x - 0,00024x² R²=0,91
ŷ = 62,06 - 0,022x + 0,72x² R²=0,87
ŷ = 121,44 + 0,02x - 0,24x²
R²=0,79
30
b
Nitrogênio ( g kg -1)
-1
de Nitrogenio (g kg ) -1
Teor Teor
de nitrogênio
(g kg )
50
30
20
10
25
20
15
10
5
0
0
0
50
100
150
Doses de flogopitito
(mg kg )
(mg
-1
c
100
150
200
∆ Parte aérea ŷ = -0.0036x + 1.8339 R2 = 0.96
d
2.0
● Raiz
1.8
-1
)
ŷ = -3E-05x 2 + 0.0039x + 1.1209 R2 = 0.70
2.0
Teor de fósforo (g kg
)
50
Doses de flogopitito (m d dm )
∆ Galho ŷ = 4E-05x 2 - 0.004x + 0.4832 R2 = 0.60
● Raiz
-1
0
-3
■ Folha ŷ = -4E-05x 2 + 0.0064x + 1.4913 R2 = 0.57
2.5
Teor de fósforo (g kg
200
dm-3)
1.5
1.0
0.5
ŷ = -4E-05x 2 + 0.0072x + 0.7887 R2 = 0.531
1.6
1.4
1.2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
0
50
100
150
0.0
200
0
50
Doses de flogopitito (m g dm -3)
■ Folha
10.0
e
ŷ = 2E-05x 2 + 0.011x + 4.515 R2 = 0.41
● Raiz
ŷ = -0.0005x + 2.3246
= 0.0097
)
8.0
Teor de potássio (g kg
Teor de potássio (g kg
6.0
4.0
2.0
0
f
5.0
4.0
3.0
2.0
1.0
50
100
150
0
200
50
150
200
∆ Potássio ŷ = -0.0059x + 7.7496 R2 = 0.31
9.0
g
100
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Doses de flogopitito (m g dm -3)
∆ Potássio ŷ = -8E-05x 2 + 0.0346x + 8.9418 R2 = 0.53
■ Fósforo ŷ = -0.0013x + 3.374 R2 = 0.05
h
)
8.0
Teores de K e P ( g kg
-1
14.0
Teor de K e P (g kg -1)
200
0.0
0.0
16.0
150
∆ Parte aérea ŷ = -0.005x + 5.0309 R2 = 0.36
● Raiz
ŷ = -5E-05x 2 + 0.0087x + 2.480
R2 = 0.62
6.0
-1
-1
)
∆ Galho ŷ = 0.0044x + 2.5939 R2 = 0.31
R2
100
Doses de flogopitito (m g dm -3)
12.0
10.0
8.0
6.0
4.0
■ Fósf oro ŷ = -0.0034x + 2.7981 R2 = 0.61
7.0
6.0
5.0
4.0
3.0
2.0
1.0
2.0
0.0
0.0
0
50
100
Doses de flogopitito (m g dm -3)
150
200
0
50
100
150
200
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Figura 12. Equações de ajuste para as concentrações de nitrogênio, fósforo e potássio nas
diferentes partes da planta e teor total de P e K nas plantas de Mimosa bimucronata e Parkia
pendula cultivadas em um Latossolo Vermelho – Amarelo com cinco diferentes doses de
flogopitito.
46
E. Comportamento fotossintético
A rocha potássica estudada, bem como o cloreto de potássio fornecido ao
solo não demonstraram diferenças significativas nos parâmetros fotossintéticos
analisados nos dois meses de avaliação para M. bimucronata (Tabela 8).
Tabela 8.Teores médios e desvio padrão (n = 4) da fotossíntese líquida
(A), condutância estomática (gs), concentração interna de CO2 (Ci),
relação entre concentração interna de CO2 e CO2 da respiração (Ci/Ca)
em Mimosa bimucronata submetidas a cinco doses de flogopitito e uma
de KCl (100 mg dm-3).
-3
Variável
-2 -1
A (µmol m s )
-2 -1
gs(µmol m s )
-1
Ci (µmol mol )
Ci/Ca
Tratamento (mg dm )
Julho
Setembro
0
1,57 ± 0,36
7,80 ± 1,08
50
2,72 ± 1,19
7,328 ± 1,21
100
3,04 ± 1,70
7,35 ± 1,69
150
3,05 ± 0,95
6,22 ± 1,14
200
1,14 ± 0,36
7,04 ± 2,56
KCl
1,24 ± 0,40
7,83 ± 2,02
0
16,95 ± 5,50
56,4 ± 16,7
50
21,90 ± 8,33
48,3 ± 9,6
100
24,82 ± 6,57
50,2± 7,6
150
20,71 ± 8,47
53,9 ± 6,8
200
12,09 ± 3,37
49,8 ± 17,8
KCl
14,87 ± 4,54
55,2 ± 16,2
0
218 ± 61
162 ± 37
50
175 ± 40
142 ± 32,00
100
151 ± 38
156 ± 43
150
173 ± 58
203 ± 11,00
200
219 ± 37
159 ± 38,0
KCl
232 ± 59
156 ± 32,00
0
0,56 ± 0,16
0,40 ± 0,09
50
0,45 ± 0,11
0,36 ± 0,08
100
0,39 ± 0,10
0,39 ± 0,10
150
0,45 ±0,15
0,51 ± 0,03
200
0,57 ± 0,10
0,40 ± 0,09
KCl
0,60 ± 0,15
0,39 ± 0,09
47
Para P. pendula os parâmetros fotossintéticos analisados foram significativos
apenas no mês de julho após a adição de flogopitito e cloreto de potássio. O
tratamento com a dose 50 mg dm-3 apresentarou valores inferiores de fotossíntese
líquida, condutância estomática, Ci, e relação Ci/Ca, ao passo que o tratamento sem
adição de nenhuma fonte de potássio apresentou valores superiores dos parâmetros
fotossintéticos analisados (Tabela 9).
Tabela 9. Teores médios e desvio padrão (n = 4) da fotossíntese líquida (A),
condutância estomática (gs), concentração interna de CO2 (Ci), relação entre
concentração interna de CO2 e CO2 da respiração (Ci/Ca) em Parkia pendula
submetidas a cinco doses de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm-3)
-3
Variável
-2 -1
A (µmol m s )
-2 -1
gs(µmol m s )
-1
Ci (µmol mol )
Ci/Ca
Tratamento (mg dm )
Julho
Setembro
0
11,67 ± 1,30a
13,12 ± 1,82
50
6,78 ± 1,64b
13,98 ± 1,99
100
11,61 ± 2,27a
11,18 ± 2,39
150
10,14 ± 1,43ab
11,19 ± 3,61
200
8,22 ± 2,01ab
11,00 ± 3,61
KCl
12,11 ± 3,38a
14,83 ± 1,94
0
182,33 ± 70,33a
110,0 ± 28,3
50
60,26 ± 22,88b
164,8 ± 17,3
100
144,42 ± 35,37ab
115,7 ± 56,2
150
93,48 ± 12,91ab
114,6 ± 42,0
200
95,12 ± 35,74ab
101,6 ± 40,1
KCl
124,90 ± 56,31ab
159,0 ± 67,9
0
257 ± 30a
192 ± 44
50
175 ± 40b
245 ± 35,00
100
182 ± 39ab
206 ± 71
150
198 ± 26ab
219 ± 50,00
200
225 ± 25ab
207 ± 18,00
KCl
201 ± 38ab
213 ± 61,00
0
0,68 ± 0,08a
0,48 ± 0,11
50
0,48 ± 0,10b
0,62 ± 0,09
100
0,62 ± 0,10ab
0,52 ± 0,18
150
0,42 ± 0,07ab
0,55 ± 0,12
200
0,59 ± 0,07ab
0,52 ± 0,05
KCl
0,53 ± 0,11ab
0,54 ± 0,16
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5% (n = 4),
48
DISCUSSÃO
Análise de crescimento das mudas de M. bimucronata e P. pendula
Os incrementos em altura, diâmetro, número de folhas e produção de
biomassa em M. bimucronata e P. pendula não diferiram significativamente sob efeito
das fontes de potássio (KCl e flogopitito) aplicadas. Esses resultados podem indicar
que ambas as espécies arbóreas, apesar de pertencerem a grupos sucessionais
diferentes (M. bimucronata é considerada pioneira enquanto que P. pendula é de
estágio sucessional secundário) e apresentarem velocidades de crescimento distintas
requerem baixa quantidade de K para seu crescimento inicial. SILVA et al. (1997)
avaliando o efeito da adubação potássica sobre espécies florestais nativas de
diferentes grupos ecológicos verificaram, entretanto, que o fornecimento de potássio
para espécies pioneiras e de sucessão tardia foi necessário para o crescimento inicial
destas plantas.
A produção de biomassa de M. bimucronata foi significativamente maior sob
a dose de 200 mg dm-3 de flogopitito comparada ao controle, entretanto para P.
pendula não houve diferença significativa entre estas dosagens, apesar da maior média
para biomassa averiguada na dosagem de 200 mg dm-3 de flogopitito. KNAPIK (2004)
observou que as mudas de Mimosa scrabella apresentaram maior crescimento em
altura nos tratamentos com utilização de pó de basalto quando comparado à
testemunha, embora não tenha apresentado diferença estatística. Em mudas de
Enterolobium contortisiliquum, COFLER (2007) observou um menor incremento em
altura no tratamento com flogopitito em comparação ao tratamento com KCl. Pesquisas
realizadas em culturas agrícolas (COSTA et al., 2007; BARBOSA et al., 2007;
ALMEIDA et al., 2007; RESENDE et al., 2006; THEODORO et al., 2006) utilizando
rochas brasileiras como fontes de nutrientes, especialmente o potássio, verificaram que
os incrementos nas características morfológicas e produção de biomassa, de modo
geral, foram inferiores aos tratamentos utilizando fontes solúveis de fertilizantes.
Entretanto, rochas como ultramáfica alcalina, brecha alcalina, biotita xisto, e flogopitito
apresentam cinéticas diferenciadas na liberação de nutrientes, ou seja, cada rocha
dependendo da composição mineralógica apresenta maior ou menor capacidade em
fornecer nutrientes ao solo, como por exemplo, o potássio.
49
Colonização micorrízica
Em espécies do início da sucessão (pioneiras) geralmente são encontradas
altas taxas de colonização micorrízica, tendendo estas ao decréscimo em espécies de
sucessão tardia (SIQUEIRA et al., 1998; ZANGARO et al., 2002; PASQUALINE et al.,
2007). A taxa de colonização micorrízica para M. bimucronata, que é uma espécie
pioneira, variou de baixa (20-39 %) a muito baixa (1-19 %) (ZANGARO et al., 2002).
Este comportamento deve está associado à concentração de fósforo aplicado no solo
(130 mg dm-3), uma vez que solos com concentração elevada de P inibem a
colonização micorrízica (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). Nos experimentos realizados
com M. bimucronata e P. pendula, as doses maiores (150 e 200 mg dm-3) de flogopitito
apresentaram maior colonização micorrízica do que as doses menores (50 e 100 mg
dm-3) e nessas maiores doses onde a concentração de P no solo após o cultivo da
espécie foi mais baixa do que as doses menores de flogopitito. Este comportamento
corrobora para o fato de que quanto maior a teor de fósforo disponível no solo, menor a
taxa de colonização micorrízica.
Os teores de potássio trocável e na solução do solo aparentemente não
influenciaram nas taxas de colonização micorrízica em M. bimucronata e P pendula.
Em mudas de Enterolobium contortisiliquum, COFLER, 2007 não verificou diferenças
significativas na taxa de colonização micorrízica após a adição de diferentes rochas
potássicas. Para CLARK e ZETO (2000), os resultados para aquisição de cátions,
como o potássio, por fungos micorrízicos arbusculares ainda são inconsistentes. Sabese que em plantas micorrizadas a aquisição de cátions é maior do que em plantas nãomicorrizadas. No entanto, OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2000 evidenciaram correlações
significativas e positivas entre colonização micorrízica e teor de potássio em espécies
florestais.
Análise química do solo após os experimentos
No solo após plantio de M. bimucronata as análises de contraste entre as
duas fontes de potássio fornecidas ao solo, apontaram que a adubação via flogopitito
aumentou as concentrações de P, Ca, Al, acidez potencial, soma de bases e
capacidade de troca catiônica. Já a adubação via cloreto de potássio aumentou os
valores de potássio trocável e saturação por bases em relação ao flogopitito. Para P.
pendula a adubação com cloreto de potássio proporcionou maiores teores de Mg e
soma de bases, enquanto que o flogopitito contribuiu para valores superiores de acidez
potencial, saturação por bases e saturação por alumínio. Estes resultados mostram que
50
houve baixa liberação de potássio pela rocha potássica aos 90 e 120 dias após o
cultivo de M. bimucronata e P. pendula, respectivamente. Em ambos os solos após o
cultivo das espécies arbóreas o teor de potássio disponível no solo variaram de baixo a
muito baixo de acordo com a classe de fertilidade para interpretação de potássio
(ERNANI et al., 2007).
A análise de regressão para o teor de fósforo no Latossolo Vermelho –
Amarelo distrófico da região sul baiana em função das doses de flogopitito adicionadas
apontou para uma diminuição do teor de fósforo disponível à medida que aumentavam
as doses de flogopitito nos solos com cultivo de M.bimucronata e P.pendula. Uma
hipótese para esta diminuição seria a de que o cálcio, ainda que presente em pequena
quantidade na composição do flogopitito pode ter precipitado o fósforo formando fosfato
de cálcio, transformando-o na forma não-lábil (NOVAIS et al., 2007). Outra hipótese
seria a adsorção do P por oxidróxidos de ferro, por meio de quimiossorção (NOVAIS et.
al., 2007). Nessa reação há trocas de ligantes, como OH- e OH2+, da superfície dos
óxidos por fosfato da solução.
Em relação à concentração de potássio trocável no solo após o cultivo de M.
bimucronata, a análise de regressão indicou que não houve alteração no K disponível
para as diferentes doses de flogopitito aplicadas. Para o solo após cultivo de P.
pendula verificou-se um aumento na concentração de potássio após a aplicação do
flogopitito, ainda que inexpressivo. Resultados similares foram obtidos por outros
autores utilizando a mesma rocha silicatada potássica (SOBRAL et al., 2006;
RESENDE et al., 2006; RIBEIRO et al., 2007). Entretanto, os mesmos autores
verificaram um efeito positivo do K trocável após incubação ao solo com aplicação das
rochas ultramáfica alcalina e brecha piroclástica. A inexpressiva liberação do potássio
pelo flogopitito deve estar associada à baixa solubilidade do K presente na rocha e sua
lenta liberação para a solução do solo. SOBRAL et al. (2006) correlacionando a
liberação de K ao longo do tempo em diferentes rochas potássicas, entre elas o
flogopitito, verificaram que a liberação de K diminuiu ao longo do tempo. Para os
autores, o K liberado pelas rochas, pode ter reagido com anions provenientes da
dissociação de sais liberados do solo. SILVA et al. (2008) avaliando a liberação de K
pelo flogopitito verificaram a baixa solubilidade desta rocha em água, porém quando
tratado com ácido nítrico à 0,01N sua solubilidade e liberação do K aumentaram
consideravelmente, sendo 3 vezes maior do que na rocha não tratada com o ácido. A
forma como o potássio está preso à estrutura cristalina da flogopita também implica na
51
dificuldade de sua remoção (SILVA et al., 2008), visto que o potássio desidratado
funciona como agente aglutinador entre as camadas tetraédricas e octaédricas.
A equação de ajuste para Ca indicou que a adição de flogopitito não afetou a
concentração deste nutriente no solo, ao passo que para Mg verificou-se um pequeno
aumento, após o cultivo de M. bimucronata e P. pendula. Esta discreta liberação de
magnésio pela rocha potássica deve estar relacionada com a quantidade expressiva de
óxido de magnésio presente no flogopitito (21,89% na amostra utilizada para os
experimentos com P. pendula e M. bimucronata). A aplicação do calcário pode ter
contribuído para omissão do efeito do flogopitito sobre a disponibilidade de cálcio e
magnésio, embora RIBEIRO et al. (2006) não tenha verificado valores elevado de Ca e
Mg com a aplicação de flogopitito no solo.
De um modo geral, houve uma elevação na acidez potencial do solo após o
cultivo da M. bimucronata e P. pendula. Sabe-se que as raízes possuem grande
influencia sobre a rizosfera e consequentemente sobre a disponibilidade de nutrientes,
uma vez que há liberação de H+ durante a produção de CO2 pela respiração radicular e
por microrganismos associados à rizosfera (FERNANDES, 2006), contribuindo dessa
forma para o aumento da acidez no solo. Contudo, a adição das doses de flogopitito
minimizou o efeito negativo da acidez potencial, sendo observado uma diminuição da
acidez à medida que se elevaram as doses de flogopitito. O aumento da saturação por
bases verificado nos experimentos com M. bimucronata corrobora para o fato de que a
rocha potássica contribuiu para a liberação de bases trocáveis no solo, ainda que esse
efeito tenha sido pequeno. A saturação por bases provocada pela adição do flogopitito
pode contribuir ainda para a redução do alumínio trocável, melhor estruturação física,
melhor capacidade de armazenamento e retenção de água e consequentemente
melhor resistência à erosão (RIBEIRO et al., 2006; MELAMED et al., 2007). Para P.
pendula a saturação por bases comportou-se de maneira diferenciada, diminuindo com
o acréscimo das doses de flogopitito. Este comportamento pode ter sido influenciado
pela liberação de H + ao solo provocado pelas raízes, ou ainda, pelo alto teor de sílica
que compõe o flogopitito.
Os comportamentos observados nas propriedades químicas no solo do
presente estudo podem estar associados a fatores intrínsecos as rochas, como a
composição mineralógica e a granulométrica e ainda a fatores do solo como o pH,
umidade, teor de matéria orgânica e atividade biológica (BARRETO, 1998;
OSTERROHT, 2003; MELAMED et al., 2007). Em contrapartida, a utilização de rochas
de baixa solubilidade é oportuna em projetos de restauração florestal, pois estas rochas
52
podem liberar nutrientes continuadamente atendendo a demanda das espécies
arbóreas que não requerem grandes quantidades de K para seu crescimento inicial.
Análise do tecido vegetal
As concentrações de N e K em todos os compartimentos da planta em M.
bimucronata foram superiores na adubação com cloreto de potássio. Para P. pendula o
teor de N e K na parte aérea também foi superior para adubação com cloreto de
potássio, enquanto a adubação com flogopitito apresentou valores superiores para P
na parte aérea. O valor de N encontrado na parte aérea da planta nas duas fontes de
potássio é considerado adequado (12 a 35 g kg-1), segundo MALAVOLTA et al. (1997),
para espécies florestais. Valores similares de N foram encontrados em folhas novas de
mudas de Peltophorum dubium (angico-amarelo) e P. pendula como reportado por
VENTORIM et al. (1999); ESPIG et al. (2008). Independentemente da fonte de potássio
aplicada ao solo, os teores médios de N mantiveram em níveis adequados na planta,
indicando que a aplicação de potássio em diferentes formas de K não influencia na
absorção de N pela M. bimucronata. NEVES et al. (2007) verificaram que os teores de
nitrogênio em folhas de Spondias tuberosa (umbuzeiro) não foram afetados pela
omissão da adubação potássica. Entretanto, para P. pendula o teor foliar de N
aumentou com as doses de flogopitito, apresentando teores médios similares ao que foi
fornecido pelo tratamento com cloreto de potássio.
Os teores de P encontrado na parte aérea da plantas de M.bimucronata e P.
pendula em todos os tratamentos também vão de encontro aos teores considerados
adequados para espécies florestais (1,0 a 2,3 g kg-1) segundo MALAVOLTA et al.
(1997). O teor de P encontrado na parte aérea de P. pendula, exceto no tratamento
fornecendo 200 mg dm-3 de flogopitito, foi superior ao encontrado por ESPIG et al.
(2008) em folhas novas de P. pendula (1,12 g kg-1). Embora as doses máximas (150 e
200 mg dm-3) de flogopitito tenham provocado uma redução do P disponível no solo, a
quantidade absorvida pelas duas espécies estudadas foi suficiente para o seu
crescimento inicial.
Em relação ao teor de potássio, os valores encontrados na parte aérea de M.
bimucronata e P. pendula estão abaixo da faixa (10 a 15 g kg-1) que é considerada
adequada para as espécies florestais (MALAVOLTA et al., 1997), mesmo no
tratamento utilizando fonte solúvel de potássio. Em folhas novas de P. pendula , ESPIG
et al. (2008) encontrou um teor de 10,7 g kg-1 de potássio. Observa-se ainda que os
maiores valores de acúmulo de K, com o acréscimo de doses de flogopitito, foram
53
verificados nas folhas, seguido das raízes e galhos para M. bimucronata. No entanto,
quando a fonte de potássio foi o cloreto de potássio, houve um maior acúmulo de K nas
raízes, seguida de folha e galhos. O mesmo comportamento foi observado para P.
pendula, onde grande parte do potássio ficou alocado na parte aérea. O potássio
movimenta-se no solo no solo em direção às raízes por difusão, devido à existência de
um gradiente de concentração, e por fluxo de massa, em decorrência da formação de
um gradiente hídrico. Assim muito da disponibilidade de K às plantas dependem muito
de sua difusão, que é dependente de diversos fatores intrínsecos ao solo, além de
atributos variáveis como a concentração do íon no solo (OLIVEIRA et al., 2004; NEVES
et al., 2009). Assim, esta baixa disponibilidade de K às plantas deve estar
correlacionada com a baixa concentração deste nutriente no solo estudado, dificultando
dessa forma o transporte de K por difusão. Embora o baixo teor de K disponível tenha
interferido na absorção de K pelas plantas, o crescimento inicial de ambas as espécies
não foi afetado pela deficiência de potássio no solo. Isto corrobora para a hipótese de
que as espécies M. bimucronata e P.pendula apresentam baixa exigência nutricional de
K.
O conteúdo de nutrientes em M. bimucronata e P. pendula, obedeceu a
seguinte ordem: N, K e P em todos os tratamentos. Estes resultados vão de encontro
aos observado por REZENDE et al. (2000). O conteúdo de nutrientes na biomassa
arbórea varia de elemento para elemento, em função dos diferentes níveis de
fertilidade do solo, além das características nutricionais intrínsecas de cada espécie. O
fornecimento de potássio, através de flogopitito e cloreto de potássio, possivelmente,
permitiram o acúmulo de nutrientes que passou a ser utilizado eficientemente em
ambas as espécies estudadas.
Quando se analisa o teor total de fósforo na biomassa total da M.
bimucronata houve pouca alteração, ao passo que em P. pendula constatou-se uma
redução no tecido vegetal com o acréscimo das doses de flogopitito. Tal
comportamento deve está relacionado com a transformação do P lábil para não-lábil,
diminuindo o teor de P disponível e no solo e consequentemente a absorção deste pela
planta, especialmente porque este nutriente apresenta baixa mobilidade no solo. Já o K
em M. bimucronata houve um aumento no teor no tecido vegetal à medida que
aumentaram as doses de flogopitito, embora tenha sido verificada uma baixa liberação
deste nutriente no solo. Para P. pendula não foi verificado aumento significativo no teor
de K com o aumento das doses de flogopitito. Alternativamente, pode-se inferir de que
este teor de K absorvido pela planta seja oriundo da fração orgânica viva no solo
54
(BASAK & BISWAS, 2009) ou da composição mineralógica do solo (ERNANI et al.,
2007), ou ainda como uma interação entre essas fontes de K. Em certos tipos de solos
com baixos níveis de K trocável (disponível), o potássio não-trocável também pode
contribuir significativamente para o fornecimento de potássio à planta (SHARPLEY,
1989; SILVA et al., 1995).
O K não tocável consiste predominantemente do K que fica entre as
camadas tetraédricas e octaédricas dos minerais argilosos não expandidos como a ilita
e do K aprisionado em minerais como o feldspato (BASAK e BISWAS, 2009). A maior
parte do K total do solo está na fração mineral (SPARKS, 1987). A liberação do K nãotrocável para sua forma trocável ocorre quando os níveis do K trocável e solubilizado
são reduzidos devido a remoção pela planta e, ou pela lixiviação e devido grande
atividade microbiana no local (SPARKS, 1987). Os poucos experimentos envolvendo a
capacidade de liberação de K por rochas silicatas potássicas moídas e seu uso como
fertilizante (SANZ SCOVINO e ROWELL, 1988; HISSINGER et al., 1992; BAKKEN et
al., 1997, 2000; BASAK e BISWAS, 2009) concluíram que apesar desse K ser
disponível para as plantas sua liberação e solubilização no solo é muito lenta. No caso
de algumas rochas silicatadas do grupo das micas seu uso agrícola tem eficiência
restrita devido (i) a sua baixa solubilidade e sua consequente reduzida disponibilidade
de nutrientes para as plantas, e (ii) a pouca praticidade de aplicar grandes quantidades
de rochas moídas nas terras agrícolas (HISSINGER et al., 1996; BOLLAND e BAKER
2000). O flogopitito, que contem um filossilicato do grupo das micas em sua
composição (a flogopita), utilizado nos experimentos com M. bimucronata e P. pendula
em um Latossolo Vermelho-Amarelo da região sul baiana, apresentou esse mesmo
comportamento descrito para outras micas.
Comportamento fotossintético das leguminosas arbóreas
Os resultados obtidos através dos parâmetros fotossintéticos para M.
bimucronata sugerem que o potássio, para esta espécie, não afeta a capacidade
fotossintética, independente das formas de potássio e da quantidade da rocha
potássica fornecidas ao solo. PEOPLES e KOCH (1979); LEIGH e JONES (1984)
encontraram taxas fotossintéticas inferiores em plantas de Medicago sativa, Gossypium
hersutum onde houve a omissão de potássio, bem como menor condutância
estomática. Os valores das taxas fotossintéticas encontrados para M.bimucronata
ficaram abaixo dos valores obtidos por SILVA et al. (2006) para outras espécies
arbóreas pioneiras cultivadas em solo sem adição de potássio.
55
Quando foi analisado o comportamento fotossintético de P. pendula
constatou-se que a dose 50 mg dm-3 no mês de julho apresentou uma menor
condutância estomática, reduzindo a capacidade da planta em absorver CO2 e
conseqüentemente suas taxas fotossintéticas.
Nota-se que, para estas espécies arbóreas, o potássio parece não influenciar
as taxas fotossintéticas e consequentemente a produtividade, uma vez que o
tratamento sem adição de potássio também apresentou valores similares nos
parâmetros fotossintéticos analisados. Isto pode sugerir o uso dessas duas espécies de
arbóreas nos projetos de restauração florestal e em áreas degradadas, que em geral
são ambientes com baixa fertilidade natural do solo e baixos teores de K, o qual
dependendo das condições edafo-climáticas pode ser facilmente lixiviado.
CONCLUSÃO
A dose máxima de flogopitito (200 mg dm-3) adicionada ao Latossolo
aumentou significativamente a biomassa total de M. bimucronata e resultou em maior
produção da biomassa de P. pendula;
A adição das doses de flogopitito contribuiu para a diminuição da acidez
potencial do solo após o cultivo de M. bimucronata e P. pendula influenciando
positivamente na saturação por bases. No entanto, as doses máximas de flogopitito
influenciaram para a diminuição teor de fósforo disponível no solo;
A taxa de colonização micorrízica em M. bimucronata e P. pendula foi maior
nas doses máximas (150 e 200 mg dm-3) de flogopitito;
Os parâmetros fotossintéticos, em ambas as espécies, não foram
influenciados por nenhuma das fontes de potássio adicionadas ao solo.
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61
CAPÍTULO II
EFEITO RESIDUAL DE ROCHA POTÁSSICA EM UM LATOSSOLO VERMELHOAMARELO DISTRÓFICO
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito residual de uma rocha potássica
(flogopitito) aplicada como fertilizantes e corretivos do solo. O experimento foi
conduzido em Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico cultivado com milho em
sucessão a Mimosa bimucronta (90 dias) e Parkia pendula (120 dias) sob condições de
casa de vegetação, em delineamento experimental inteiramente casualizado, com dez
repetições. Os tratamentos consistiram de cinco doses de flogopitito (0, 50, 100, 150 e
200 mg dm-3) e uma dose de KCl (100 mg dm-3) como referência. As variáveis
biométrica das plantas de milho crescidas em solo pós cultivo de Mimosa bimucronata
em que foram adicionadas diferentes doses de flogopitito foram maiores do que no solo
pós cultivo de P. pendula submetido às mesmas doses dessa rocha silicatada
potássica. O flogopitito tendeu a liberar pequenas quantidades de K para a solução do
solo tendo baixo efeito residual.
Palavras-Chave: milho, rochagem, fertilizante alternativo, agroecologia, sistemas
agroflorestais.
62
INTRODUÇÃO
Embora o conceito de restauração abranja os aspectos econômicos e
sociais, grande parte dos trabalhos tem considerado este assunto como meramente
ecológico ou silvicultural. Assim, os projetos de restauração podem se mostrar
ineficientes se as florestas não ocuparem um lugar na cultura da sociedade local e se a
comunidade rural não acreditar que possam se beneficiar diretamente ou em curto
prazo com a restauração (AMADOR, 2003).
Uma das questões mais importantes que emerge nos países em
desenvolvimento tem sido os alto custos de implantação dos projetos de
restauração/reabilitação, que são impeditivos para a grande maioria dos pequenos e
médios produtores rurais. Para que a restauração de ecossistemas venha ser
realmente efetivada por proprietários rurais, empresas e governo são importantes o
desenvolvimento de alternativas que a viabilizem economicamente. Neste panorama,
os sistemas agroflorestais podem cumprir um papel inovador, conciliando restauração,
conservação e produção (QUEIROZ et al., 2007).
A similaridade com os ecossistemas regionais, a biodiversidade e a busca
pela aceleração do processo sucessional que os sistemas agroflorestais proporcionam
podem contribuir para a restauração, bem como para a produção diversificada e
escalonada de alimentos garantindo dessa forma a renda econômica que incentivará a
tomada de decisão pelos agricultores (MONTAGNINI et al., 1992; FRANKE et al., 2000;
ALTIERI, 2002). Com isso, o uso de espécies florestais nativas associadas a
concomitante produção de alimentos básicos pode se tornar uma prática promissora
nas regiões tropicais.
Neste sentido, o uso de tecnologias que visam à mitigação dos impactos
negativos causados ao meio ambiente deve ser incorporado aos sistemas
agroflorestais, como por exemplo, a utilização de rochas moídas como fonte de
nutrientes. A rochagem é uma alternativa tecnológica que pretende diminuir o uso
intensivo de fertilizantes industriais, bem como se tornar uma prática facilmente
assimilada pelos agricultores, em função dos seus princípios agroecológicos e,
especialmente, de seus custos por ser um rejeito de indústrias mineradoras
(THEODORO et al.; REZENDE, 2006).
O Brasil é dependente da importação de grandes quantidades de potássio
(91 %) para suprir a demanda interna (GEOFAGOS, 2009), o que implica em valores
consideráveis na balança comercial, exigindo ações coordenadas no sentido de buscar
63
fontes alternativas de K para atender a demanda crescente e minimizar o impacto das
importações (KINPARA, 2006). Contudo, o uso potencial como fertilizante dessas
rochas é dependente da concentração das suas formas químicas (OLIVEIRA et al.,
2005), do grau de eficiência e da solubilização.
As rochas que contêm quantidades satisfatórias de biotita ou flogopita são as
mais promissoras para aplicação direta ao solo, uma vez que tendem a solubilizar-se e
liberar o potássio com relativa facilidade (RESENDE et al., 2006). MOREIRA et al.
(2006) ao verificar o efeito residual de rochas potássica após o cultivo de girassol e
soja observou que a aplicação de altas quantidades de biotita xisto, carbonatito e
ultramáfica alcalina ocasionou maior solubilização do potássio no solo.
A utilização da técnica da rochagem em plantios de espécies florestais é
incipiente, embora alguns estudos tenham demonstrado o potencial destas rochas na
produção de mudas, verificando incremento na produção de matéria seca total, altura e
diâmetro das plantas (KINAPK, 2005; COFLER, 2007), além dos efeitos positivos sobre
as propriedades químicas dos solos (MACHADO et al., 2005; RIBEIRO et al., 2007;
PINHEIRO et al., 2008).
As espécies Mimosa bimucronata e Parkia pendula apresentam potenciais
para serem inseridas nos sistemas agroflorestais por oferecer bens e serviços
ambientais. A madeira da M. bimucronata é indicada para lenha, por produzir carvão de
ótima qualidade, e ainda é utilizada para marcenaria e carpintaria (RIBAS et al., 1996).
Apresenta fácil reprodução por estacas e boa rebrota, dando novo corte para lenha
cada dois ou três anos (MARCHIORI, 1993). Por apresentar uma floração estival, pode
ser utilizada na apicultura, além de servir como banco de proteína (LUSTOSA, 2008). A
madeira da P. pendula pode ser utilizada na carpintaria e marcenaria, para caxotarias e
confecção de canoas (ROSA e CAVALCANTI, 2005). Além disso, ambas as espécies
apresentam diversas funções ecológicas podendo ser utilizadas em projetos de
restauração florestal (KNOWLES e PARROTTA, 1995; BARBOSA e FARIA, 2006;
BITENCOURT et al., 2007; PIECHOWSKI, 2007).
Diante
das
perspectivas
a
inclusão
dos
sistemas
agroflorestais
à
conservação ambiental, bem como na produção de alimentos e diminuição do uso de
insumos industrializados, o presente trabalho tem um objetivo de avaliar o efeito de
residual de uma rocha potássica sobre o crescimento de milho em solo após cultivo de
duas espécies arbóreas nativas.
64
MATERIAL E MÉTODOS
Instalação e condução do experimento
Após a conclusão de dois experimentos independentes realizados em casa e
vegetação sobre a influência de diferentes doses de flogopitito sobre o crescimento
inicial de duas leguminosas arbóreas (Mimosa bimucronata (DC) Kuntze e Parkia
pendula (Willd.) Walp) cultivadas em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
proveniente do distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, região sul da Bahia (ver
Capítulo 1), plantas de milho foram cultivadas nesse solo no intuito de avaliar o efeito
residual da rocha moída. As características químicas desse solo após cultivo de M.
bimucronata e P. pendula são apresentadas nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.
Tabela 1. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA
após 90 dias de cultivo com Mimosa bimucronata submetida a cinco doses de flogopitito e
uma de KCl (100 mg dm-3).
Doses
0
50
100
150
200
KCl (ref.)
pH
P
K
-1
água
mg L
5,34
5,37
5,28
5,09
5,3
5,37
18,78
27,33
19,52
10,03
9,79
9,12
Mg
Ca
Al
____________________________
H +Al
cmolc dm
0,01
0,01
0,01
0,01
0,01
0,02
2,3
2
2,48
2,08
1,96
2,23
1,86
2,76
2,78
2,16
2,43
1,8
0,1
0,08
0,1
0,08
0,07
0,03
SB
T
V
-3____________________________
9,01
8,63
8,83
5,43
5,57
5,36
4,16
4,76
5,27
4,24
4,39
4,04
mt
%
13,74
13,4
14,09
9,67
9,96
9,4
31,75
35,57
37,31
43,91
43,88
42,94
24,33
16,92
19,27
18,79
17,48
6,82
SB (soma de bases), T (capacidade de troca catiônica), V (saturação por bases) e mt (saturação por alumínio).
Métodos utilizados: P: Mehlich 1; K: acetato de amônio a pH 7,0; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L-1; H + Al: Acetato de cálcio a pH 7,0.
Tabela 2. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
coletado da camada de 0 a 20 cm no distrito de Serra Grande, município de Uruçuca, BA
após 120 dias de cultivo com Parkia pendula submetida a cinco doses de flogopitito e uma
de KCl (100 mg dm-3).
Doses
0
50
100
150
200
KCl
pH
P
K
-1
água
mg L
5,29
5,35
5,28
5,12
5,25
5,25
21,57
25,05
23,82
20,16
18,24
27
Mg
Ca
_____________________
0,05
0,04
0,03
0,04
0,04
0,2
1,49
1,71
1,71
1,73
1,55
1,92
Al
3+
cmolc dm
2,75
2,86
2,79
2,84
2,72
3,03
0,20
0,20
0,20
0,22
0,22
0,2
H +Al
SB
T
-3________________________
8,94
8,81
8,68
8,35
8,02
7,72
4.30
4.62
4.54
4.63
4.32
5,16
34,76
38,43
37,00
33,09
30,53
39,68
V
________
32.49
21.75
22.17
21.63
23.25
19,62
mt
________
%
23,42
21,75
22,17
21,63
23,25
19,62
SB (soma de bases), T (capacidade de troca catiônica), V (saturação por bases) e mt (saturação por alumínio).
Métodos utilizados: P: Mehlich 1; K: acetato de amônio a pH 7,0; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L-1; H + Al: Acetato de cálcio a pH 7,0.
65
Em cada um dos vasos dos tratamentos com as diferentes doses de
flogopitito e a dose única de KCl (100 mg dm-3) foram semeadas 5 plantas de milho,
que após 5 dias da germinação foram desbastas deixando apenas uma por vaso. O
milho foi a cultura selecionada para esse experimento por ser uma espécie exigente em
potássio. Durante todo o período experimental, realizado em casa de vegetação sob
condições naturais de temperatura e luminosidade, as plantas foram irrigadas
diariamente com água deionizada para manter a capacidade de campo em torno de
100%.
Após 40 dias da germinação das sementes foram mensurados os seguintes
parâmetros do crescimento vegetal: altura, diâmetro do coleto mensurado 1 cm acima
do solo, com auxílio de um paquímetro digital, e número de folhas. Nesse mesmo dia
as plantas foram coletadas, separadas em parte aérea e raiz, sendo estas lavadas
sobre uma peneira fina com jatos brandos de água para remoção do solo aderido nas
raízes, com coleta de segmentos de raiz retidos pela peneira. As partes das plantas
foram acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados e secadas em
estufa à 75ºC por 72 horas. Posteriormente, as amostras foram pesadas em balança
para a determinação da massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca de raízes
(MSR). A partir dos valores de massa seca de parte aérea e raiz foram calculados os
valores de massa seca total (MST), cuja fórmula é MST = MSRA + MSR; a razão de
massa foliar (RMF = MSPA/MST) e a razão de massa de raiz (RMR = MSR/MST).
Após pesagem a raiz e parte aérea das plantas foram moídas para realização da
análise de nutrientes no tecido vegetal. Para análise de N, P e K foram feitas digestões
sulfúrica seguindo a metodologia recomendada por TEDESCO et al., (1995). O N total
foi determinado pelo método semi-micro Kjeldhal após digestão sulfúrica. O fósforo foi
determinado por espectrofotometria e o potássio por fotômetro de chama.
Amostras de solo foram retiradas dos vasos após a coleta das plantas de
milho para análise das suas propriedades químicas (EMBRAPA, 1997).
Os dados referentes à matéria seca, diâmetro e número de folhas, foram
avaliados por meio da análise da variância seguida do teste de Tukey em nível de 5%
de probabilidade. Os resultados do teor de macro e micronutrientes nas folhas e no
solo foram analisados por regressão com coeficientes linear e quadrático, sendo
aceitos os modelos que apresentaram todos os coeficientes significativos a até 5% de
probabilidade pelo teste F e o maior coeficiente de determinação ajustado. Esses
teores foram também analisados por contraste entre as doses de KCl e de flogopitito
sendo os contrastes considerados significativos a até 5% de probabilidade pelo teste F.
66
RESULTADOS
As médias das variáveis biométricas mensuradas para as plantas de milho
foram superiores no tratamento em que se aplicou o cloreto de potássio como aponta a
Figura 1, não havendo diferenças significativas entre as doses de flogopitito. Observouse ainda que o milho do solo após cultivo de Mimosa bimucronata (90 dias) apresentou
valores superiores de biomassa total, diâmetro e número de folhas em relação ao milho
do solo após o cultivo da Parkia pendula (120 dias) independente da fonte de potássio
aplicada.
5.5
5.0
Solo após cultivo Mimosa
Solo após cultivo Parkia
a
10
b
Solo após cultivo Mimosa
Solo após cultivo Parkia
4.5
8
Diâmetro do coleto (mm)
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
6
4
2
1.0
0.5
0.0
0
0
50
100
KCl
150
-3
200
0
-3
50
100
KCl
150
200
Doses de flogopitito (mg dm-3) e KCl (100 ml dm-3)
Doses de flogopitito (mg dm ) e KCl (100 mg dm )
10
Solo após cultivo Mimosa
Solo após cultivo Parkia
c
8
Número de folhas
Biomassa total (g)
4.0
6
4
2
0
0
50
100
KCl
150
200
Doses de flogopitito (mg dm-3) e KCl (100 mg dm-3)
Figura 1. Valores médios para biomassa total (a), diâmetro do coleto (b) e número de folhas (c)
de plantas de milho em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico acrescido de flogopitito e
KCl após cultivo de Mimosa bimucronata e Parkia pendula por 90 e 120 dias, respectivamente.
67
Para as propriedades químicas do solo, a análise por contraste apontou que
a adubação potássica via cloreto de potássio foi superior para os teores de potássio,
soma de bases e saturação por bases com cultivo prévio de M. bimucronata e após 40
dias do cultivo sucessivo com o milho (Tabela 3). No solo com cultivo prévio de P.
pendula, as análises por contraste mostraram que o fornecimento de potássio via
cloreto de potássio foi superior para o valor de pH e concentração de K, não havendo
diferenças significativas nas outras propriedades químicas do solo (Tabela 3).
Tabela 3. Teores médios de nutrientes em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico após
cultivo com Mimosa bimucronata e Parkia pendula e cultivo sucessivo com milho
submetido a cinco doses de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm-3) e contraste entre essas
doses e o KCl.
Solo após cultivo de Mimosa bimucronata
pH
Doses
K
água mg L
0
50
100
150
200
KCl (referência)
Contraste
P
1/
5,41
5,44
5,45
5,43
5,43
5,57
0,4
ns
-1
14,09
16,53
14,52
15,69
14,71
14,75
-0,36
ns
Mg
Ca
Al
______________________
0,03
0,03
0,03
0,04
0,04
0,12
0,09
***
1,36
1,44
1,54
1,39
1,38
1,62
0,20
ns
cmolc dm
2,2
2,33
2,4
2,26
2,25
2,37
0,08
H +Al
ns
0,2
0,2
0,2
0,2
0,2
0,2
0,00
ns
SB
T
V
mt
-3________________________
9,27
8,68
8,71
9,34
9,6
9,11
-0,01
ns
%
3,6
3,81
3,98
3,7
3,68
4,12
12,87
12,49
12,69
13,04
13,28
13,22
0,37•
0,35
ns
28,04
30,54
31,46
28,37
27,72
30,97
27,87
26,31
25,14
27,22
27,36
24,95
*
-1,83•
1,74
Solo após cultivo de Parkia pendula
pH
Doses
K
água mg L
0
50
100
150
200
KCl (referência)
Contraste
P
1/
-1
Mg
Ca
___________________
Al
H +Al
cmolc dm
SB
T
V
mt
-3______________________
%
5,30
5,42
5,51
5,31
5,52
11,07
11,77
11,76
11,78
19,44
0,05
0,05
0,05
0,07
0,05
1,30
1,28
1,19
1,20
1,22
2,12
2,11
1,98
1,95
1,95
0,20
0,20
0,20
0,20
0,20
8,97
8,81
9,17
9,60
8,87
3,48
3,44
3,23
3,22
3,22
12,46
12,26
12,40
12,83
12,09
27,78
28,11
26,14
25,19
26,60
29,61
29,28
31,33
31,14
31,25
5,54
13,54
0,13
1,39
2,2
0,2
8,71
3,72
12,44
29,75
27,73
*
ns
ns
ns
0,13
0,38
0,08
**
0,15
ns
0,18
ns
0,00
ns
-0,37
ns
0,40
ns
0,03
2,99
-2,79
ns
11/
Diferença entre a adubação via KCl e flogopitito. *** ** * • : significativo a 0,001; 0,01; 0,05 e 0,1 respectivamente pelo teste
F.
SB (soma de bases), T (capacidade de troca catiônica), V (saturação por bases) e mt (saturação por alumínio).
Métodos utilizados: P: Mehlich 1; K: acetato de amônio a pH 7,0; Ca, Mg e Al: KCl 1 mol L-1; H + Al: Acetato de cálcio a pH
7,0.
68
As análises de regressão indicaram que não houve aumentos significativos
na disponibilidade de P (Figura 2a), Mg2+ (Figura2c), Ca2+ (Figura 2d) , acidez potencial
(Figura 2e) e saturação por bases (Figura 2f) do resíduo de flogopitito no solo com
cultivo prévio de M. bimucronata. Já para K, a equação de ajuste (Figura 2b) indicou
que os resíduos de flogopitito nos tratamentos com as doses máximas em que este foi
aplicado provocaram um aumento, ainda que pequeno, na concentração de K no solo,
apresentando um efeito quadrático significativo.
No solo após o cultivo de P. pendula, as análises de regressão revelaram
que o teor de P disponível foi maior somente na dose máxima como mostra a equação
de ajuste (Figura 2a). Para K (Figura 2b), apenas a dose 150 mg dm-3 proporcionou um
pequeno aumento deste nutriente no solo. Já os teores de Mg2+ (Figura 2c) e Ca2+
(Figura 2d) diminuíram na medida em que foram elevadas as doses de flogopitito,
apresentando um efeito quadrático significativo. Para a acidez potencial (Figura 2e) não
houve alterações significativas do resíduo da rocha potássica presente no solo. Já os
valores de saturação por bases (Figura 2e) tenderam a diminuir após os acréscimos de
flogopitito.
69
■ Solo após cultivo de M. bimucronata ∆ Solo após cultivo de P. pendula.
25
0.08
a
b
0.07
20
K (co m o l c d m -3 )
P (m g L -1 )
0.06
15
10
■ ŷ = 0.008x
+ 15.028
R2R2== 0.004
M = 0.0008x
+ 15.028
0.0041
∆ ŷ = 0.0004x2 – 0.0462x + 11.807 R2 = 0.84
5
0.05
0.04
0.03
0.02
2
2
■ ŷ = 3E-07x
+ 23E-06x
0.0284
= 0.80
+ 3E-06x +
+ 0.0294
R2 = R
0.8095
M = 3E-07x
∆ ŷ = -6E-07x2 + 0.0002x + 0.0471 R2 = 0.21
0.01
P = -6E-07x 2 + 0.0002x + 0.0471 R2 = 0.2143
P = 0.0004x 2 - 0.0462x + 11.807 R2 = 0.8458
0
0
0
50
100
150
200
0
50
Doses de flogopitito (mg dm -3)
200
Doses de flogopitito (mg dm )
d
3.0
1.6
1.4
2.5
1.2
C a (cm o l c d m -3 )
Mg (cm o l c d m -3 )
150
-3
c
1.8
100
1.0
2
■ ŷ = -1E-05x
+ +0.0024x
R2 = 0.59
P = -0.0005x
1.286 R2+= 1.3634
0.595
∆ ŷ = - 0.0005x + 1.286 R2 = 0.59
0.8
0.6
M = -1E-05x 2 + 0.0024x + 1.3634 R2 = 0.5973
2.0
1.5
1.0
■ ŷ = 6E-05x + 2.282 R2 = 0.003
0.4
M
+ 2.282 2R2+= 0.002x
0.0037 + 2.1834 R2 = 0.84
∆= 6E-05x
ŷ = -2E-07x
P = -2E-05x 2 - 0.002x + 2.1834 R2 = 0.8477
0.5
0.2
0.0
0.0
0
50
100
150
200
0
50
Doses de flogopitito (mg dm -3)
100
150
200
-3
Doses de flogopitito (m g dm )
10.0
35
30
e
25
6.0
2
M = 0.0026x + 8.856 R 2= 0.2628
■ ŷ = 0.0026x + 8.856 R = 0.26
∆ ŷ = -3E-07x2 + 0.007x + 8.8131 R2 = 0.28
V (% )
H + Al (cm o l c d m -3 )
8.0
4.0
f
20
2
2
2
2
M = -0.0003x
+ 0.0533x++28.315
28.315 R =R0.7535
■ ŷ = -0.0003x
+ 0.0533x
= 0.75
∆ ŷ = -9E-05x2 + 0.0291x + 28.277 R2 = 0.61
15
P = -3E-05x 2 + 0.0073x + 8.8131 R2 = 0.2861
10
P = 9E-05x 2 - 0.0291x + 28.277 R2 = 0.6125
2.0
5
0.0
0
0
50
100
150
-3
Doses de flogopitito (mg dm )
200
0
50
100
Doses de flogopitito (m g
150
200
dm -3)
Figura 2. Equações de ajuste para os teores de fósforo (a), potássio (b), magnésio (c), cálcio
(d), acidez potencial (e) e saturação por base (f) de um Latossolo Vermelho -Amarelo distrófico
após cultivo com Mimosa bimucronata e Parkia pendula e cultivo sucessivo com milho
submetido a cinco doses de flogopitito e uma de KCl (100 mg dm-3).
70
A análise por contraste para os teores foliares de nutrientes no milho no solo
após cultivo de M. bimucronata, entre as duas fontes de potássio, apontou que o
resíduo da adubação com as diferentes doses flogopitito resultou em um teor superior
apenas para o P em comparação com a ação residual da dose de cloreto de potássio
(Tabela 4). O mesmo comportamento também foi observado para o milho após o
cultivo de P. pendula. (Tabela 4).
Tabela 4. Teores médios de nitrogênio, fósforo e potássio e eficiência de utilização (E.U.) na parte
aérea da planta de milho após cultivo com Mimosa bimucronata submetido a cinco doses de
-3
flogopitito e uma de KCl (100 mg dm ) e contraste entre essas doses e o KCl.
Solo após cultivo de Mimosa bimucronata
Nitrogênio
Doses
-3
mg dm
0
50
100
150
200
KCl (referência)
1/
Contraste
Parte aérea
Conteúdo
-1
-1
g kg
19.48
19.99
16.29
17.13
19.15
24.36
5.95
ns
g kg
3.60
3.38
2.95
3.29
3.00
2.07
30,4
46.0
25.3
28.0
20.5
74.5
**
-3
mg dm
0
50
100
150
200
KCl (referência)
1/
Contraste
1/
Parte aérea
-1
g kg
6.41
6.04
5.72
5.68
6.09
6.32
0,27
ns
5.6
6.9
4.3
5.2
3.3
5.5
ns
Conteúdo
-1
7.8
4.7
4.3
4.2
5.2
10.9
*
5.7
Diferença entre a adubação via KCl e flogopitito.
respectivamente pelo teste F.
-0.19
*** ** * •
ns
Fósforo
Parte
Conteúdo
aérea
g kg
3.44
2.60
2.37
1.94
2.00
2.28
ns
Potássio
Parte
Conteúdo
aérea
-1
44.4
-1.18
0.5
Solo após cultivo de Parkia pendula
Nitrogênio
Doses
Fósforo
Parte
Conteúdo
aérea
kg
4.2
2.0
2.2
1.3
1.7
3.7
1.4
ns
g kg
3.57
4.82
4.20
5.03
6.07
29.59
**
24.85
5.6
10.4
6.1
7.9
5.9
80.6
**
73.4
Potássio
Parte
Conteúdo
aérea
-1
g kg
1.25
1.12
1.08
1.55
1.48
1.57
0,29
ns
1.5
0.9
1.0
1.1
1.2
2.6
1.4
ns
: significativo a 0,001; 0,01; 0,05 e 0,1
A análise de regressão entre as doses de flogopitito para o teor foliar de N no
milho, após o plantio de M. bimucronata apontou uma tendência de diminuição do
nutriente com o acréscimo das doses de flogopitito (Figura 3). Em relação ao P, houve
um aumento do teor do nutriente, embora pequeno, enquanto que o teor de K mantevese constante, como mostram as equações de ajuste abaixo (Figura 3).
71
Teor de nutriente foliar (g kg
-1
)
25.0
20.0
15.0
● Nitrogênio
ŷ = 0.0001x 2 - 0.0408x + 21.345 R2 = 0.39
■ Fósforo ŷ = -0.0026x + 3.5033 R2 = 0.57
10.0
∆ Potássio ŷ = 0.0104x + 3.6972 R2 = 0.77
5.0
0.0
0
50
100
150
200
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Figura 3. Equações de ajuste para as concentrações foliares de nitrogênio, fósforo e potássio
em milho crescido em solo após cultivo com Mimosa bimucronata submetido a cinco doses de
flogopitito.
A equação de ajuste para o teor de N foliar no milho em solo após cultivo de
P. pendula também indicou uma tendencia a decréscimo no teor de N à medida que
aumentou as doses de flogopitito (Figura 4). Para o teor foliar de P, este também
diminuiu como o acréscimo da rocha potássica, apresentando um comportamento
linear (Figura 4), enquanto que a equação de ajuste para o teor K tendeu para aumento
após a adição do flogopitito (Figura 4).
Teor de nutriente foliar (g kg
-1
)
7.0
6.0
5.0
● Nitrogênio
ŷ = 5E-05x 2 - 0.0129x + 6.5969 R2 = 0.75
■ Fósforo ŷ= 5E-05x 2 - 0.0163x + 3.4111 R2 = 0.98
4.0
∆ Potássio ŷ == 2E-05x 2 - 0.0016x + 1.194 R2 = 0.55
3.0
2.0
1.0
0.0
0
50
100
150
200
Doses de flogopitito (m g dm -3)
Figura 4. Equações de ajuste para as concentrações foliares de nitrogênio, fósforo e potássio
em milho crescido em solo após cultivo com Parkia pendula submetido a cinco doses de
flogopitito.
72
DISCUSSÃO
O cultivo sucessivo de milho após o plantio de M. bimucronata e P. pendula
no Latossolo Vermelho – Amarelo Distrófico proveniente de Serra Grande (Uruçuca,
BA) resultou em um incremento superior nas variáveis biométricas das plantas cultivas
no solo pós M. bimucronata quando comparadas com as cultivadas no solo pós P.
pendula. Comparando as doses de flogopitito e de KCl para o mesmo solo foi
observado que o milho do tratamento com cloreto de potássio apresentou
significativamente maior biomassa e diâmetro do coleto do que as plantas submetidas
à diferentes doses de flogopitito. RESENDE et al. (2006) ao avaliar o efeito residual de
biotita xisto, brecha alcalina e ultramáfica alcalina obtiveram pouca variação na
produção de matéria seca ao cultivar milheto africano (Pennisetum sp.) após cultivo de
soja (Glycine max). Os autores verificaram ainda que embora o KCl tenha
disponibilizado maior teor de K ao solo como também as plantas terem absorvido maior
quantidade desse nutriente, a produção em matéria seca não foi significativamente
diferente. SOBRAL et al. (2006) observou uma relação linear entre diferentes doses da
brecha (rocha potássica) e produção de matéria seca do milheto. Já para a soja o
fornecimento de potássio ao solo via rochas potássicas como flogopitito, ultramáfica e
brecha não proporcionaram aumento na produção de biomassa total nessas plantas
(SOBRAL et al., 2006).
Os valores de diâmetro de coleto e número de folhas encontrados para o
milho cultivado em solo pós P pendula e pós M bimucronata estão abaixo dos
encontrados por ANDREOTTI et al. (2001) utilizando adubação potássica em níveis
adequados. Isso indica que o efeito residual da rocha potássica e do cloreto de
potássio sobre o crescimento dessas plantas foi limitado, visto que nessa fase de
desenvolvimento o milho requer grandes quantidades deste nutriente para atender a
elevada taxa de crescimento (SILVA et al., 2000).
Em relação às propriedades químicas do Latossolo utilizado no experimento,
as análises de contraste para a concentração de nutrientes disponíveis no solo após
plantio de M. bimucronata e P. pendula com cultivo sucessivo de milho, não apontaram
diferenças significativas entre a rocha potássica e o cloreto de potássio, exceto para a
saturação por bases, teor de K, V% e mt para o solo com plantio prévio de M.
bimucronata, e teor de K e pH para o solo pós P. pendula. A baixa quantidade de
potássio liberado pela rocha potássica, em relação ao cloreto de potássio se deve a
mineralogia da rocha. O flogopitito utilizado neste experimento é intimamente
associado à ocorrência de esmeralda, praticamente monominerálico, formado pela
73
mica flogopita com alto teor de sílica o que lhe confere uma baixa taxa de solubilização
(GIULIANI e COUTO, 1988). Uma alternativa para aumentar a taxa de solubilização do
flogopitito seria a inoculação de microrganismos. LOPES-ASSAD et al. (2006)
verificaram que a aplicação de Aspergillus niger junto ao flogopitito promoveu um
aumento da acidez, em meio de cultura, ao longo do tempo e consequentemente uma
maior taxa de solubilização do potássio. Os microrganismos podem atacar à superfície
da rocha e criar micro-ambientes onde a concentração de ligantes, atividades de
acidificação e redox pode aumentar significativamente comparada ao volume da
solução alterando a taxa de reação das rochas, isto é, contribuindo para uma maior
taxa de solubilização de nutrientes (BARD, 2006).
As equações de ajuste para o efeito residual do flogopitito para as
concentrações de K disponível no solo indicam que após o cultivo sucessivo de milho
no solo pós M. bimucronata (cultivada por 90 dias) houve um pequeno aumento apenas
na dose 150 mg dm-3, ao passo que no solo pós P. pendula (cultivada por 120 dias) o K
disponível no solo aumentou sutilmente com o acréscimo nas doses de flogopitito,
indicando a liberação lenta de K com o transcorrer do tempo. MOREIRA et al. (2006) e
RESENDE et al. (2006) evidenciaram que as rochas brecha, biotita xisto e ultramáfica
alcalina proporcionaram considerável efeito residual do K para cultivos sucessivos. Isto
indica que o maior ou menor efeito residual das rochas potássicas está associado à
composição mineralógica de cada rocha e o tempo para liberação e solubilização
desse nutriente no solo.
Os teores de K, Ca e Mg nos solos pós M. bimucronata e P. parkia e após o
cultivo do milho apresentaram um desbalanço com diferentes doses de flogopitito
adicionadas. O potássio liberado pelo flogopitito não foi suficiente para contrabalancear
a maior concentração de Ca2+ e Mg2+ do solo. Cálcio, magnésio e potássio competem
pelo mesmo sítio ativo durante o processo de absorção radicular, assim este
desbalanço inicial de íons pode resultar em uma menor absorção de K e
consequentemente um menor desenvolvimento da planta (ANDREOTTI et al., 2001). O
K é o segundo nutriente mais absorvido pelo milho, sendo que 29% do que é pela
planta absorvido é exportado para os grãos e a quantidade máxima de seu acúmulo
ocorre antes do N e P (BORGES, 2008), sendo até superior aos do N no estádio inicial
do crescimento (VASCONCELLOS et al., 1983; BORGES, 2008).
Os teores foliares de N, P e K foram maiores para o milho crescido em solo
pós-cultivo de M. bimucronata do que no solo pós-cultivo de P. pendula,
principalmente, o teor de N. Entretanto, estes valores estão baixo daqueles
74
encontrados para o milho nos diferentes estádios de crescimento (BORGES, 2008) e
especialmente aos 40 dias que foi tempo de cultivo dessas plantas. Nos solos pós
cultivo de M. bimucronata e P. pendula os teores foliares de nitrogênio, fósforo e
potássio no milho aos 40 dias, independente do tratamento, foram menores dos que os
encontrados por BORGES (2008) para as plantas de milho nessa fase do
desenvolvimento utilizando fertilizante químico. Este baixo teor de nutrientes
encontrado nos tecidos foliares do milho parece ter limitado o seu crescimento inicial,
especialmente o potássio que é requerido em grandes quantidades no estádio inicial. É
importante salientar, que os teores de nitrogênio e fósforo no solo devem está
adequados no estádio inicial de crescimento do milho para garantir boa produtividade
de grãos, cujo estádio requer maiores quantidades de nitrogênio e fósforo (BORGES et
al., 2008).
MOREIRA et al. (2006) verificaram que os teores foliar de K em soja após
cultivo prévio de girassol foram maiores nas rochas carbonitito, brecha, biotita xisto e
ultramáfica alcalina sendo superior ao tratamento com KCl. Os baixos teores foliares de
K encontrado nas plantas de milho crescidas em solo pós cultivo de M. bimucronata e
P. pendula estão correlacionados com a baixa concentração desse nutriente na
solução do solo a qual possivelmente reflete a baixa solubilização do K presente na
composição do flogopitito.
Desta maneira, sugere-se que em plantios consecutivos ou em sistemas
agroflorestais haja uma nova aplicação da rocha moída, ou então, que a dose do
flogopitito no cultivo inicial seja aumentada a fim de garantir um suprimento adequado
de
potássio
ao
solo.
Adicionalmente,
sugere-se
também
a
inoculação
de
microrganismos a fim de contribuir para uma maior taxa de solubilização do potássio.
5. CONCLUSÃO
A produção de biomassa e o diâmetro do coleto das plantas de milho
crescidas em solo pós cultivo de M. bimucronata em que foram adicionadas diferentes
doses de flogopitito foram maiores do que no solo pós cultivo de P. pendula submetido
às mesmas doses dessa rocha silicatada potássica;
O flogopitito tende a liberar pequenas quantidades de K para a solução do
solo tendo baixo efeito residual.
75
6. REFERÊNCIAS
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78
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização do flogopitito no crescimento inicial de arbóreas que apresentam
baixa exigência nutricional em potássio pode ser uma alternativa tecnológica viável e
de baixo custo durante a implantação de projetos de restauração florestal e,ou
recuperação de áreas degradadas.
A adição do flogopitito ao Latossolo estudado nas diferentes doses testadas
contribuiu positivamente para a diminuição da acidez potencial do solo, sugerindo o uso
da rocha moída como condicionador do solo.
Devido o baixo efeito residual da rocha filossilicática potássica, recomendase que em cultivo sucessivo haja uma nova aplicação da rocha moída, ou então, que a
dose do flogopitito no cultivo inicial seja aumentada, especialmente para o caso de
implantação de sistemas agroflorestais e rotação de culturas.
79
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