Estudos Unidos e China: do desafio econômico à cooperação

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Centro Universitário de Belo Horizonte
Wanderson Teodoro Carvalho
ESTADOS UNIDOS E CHINA: do desafio econômico à
cooperação
Belo Horizonte
2008
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Wanderson Teodoro Carvalho
ESTADOS UNIDOS E CHINA: do desafio econômico à
cooperação
Monografia apresentada ao Centro
Universitário de Belo Horizonte
como requisito parcial à obtenção
do título de bacharel em Relações
Internacionais.
Orientador: Professor Túlio H.
Ferreira.
Belo Horizonte
2008
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Wanderson Teodoro Carvalho
ESTADOS UNIDOS E CHINA: do desafio econômico à
cooperação
Monografia apresentada ao Centro
Universitário de Belo Horizonte
como requisito parcial à obtenção
do título de bacharel em Relações
Internacionais.
Orientador: Professor Túlio H.
Ferreira.
Monografia aprovada em: 09/12/2008.
Banca examinadora:
_______________________________________________
Profª. Sylvia Marques, Uni-BH
__________________________________________________
Prof. Clégis Dolabela, Uni-BH
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Dedico a minha mãe, guerreira, que mesmo com tantas brigas
nunca deixou de acreditar em mim, e sempre lutou para que eu
tivesse o melhor. Dedico ao meu pai também, meu grande ídolo,
o cara que eu quero ser quando crescer.
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Meus sinceros agradecimentos ao meu orientador, por toda a
paciência e orientação prestada para que eu pudesse finalizar
esse trabalho.
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"É necessário ter o caos aqui dentro para gerar uma estrela."
[Friedrich Nietzsche]
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Resumo
O presente trabalho foi realizado como requisito parcial para a obtenção do titulo de
Bacharel em Relações Internacionais. Este trabalho visa discutir os acontecimentos
históricos e econômicos que possibilitaram a aproximação de Estados Unidos e China,
fazendo com que estes se tornassem parceiros comerciais e passassem a ser altamente
dependentes economicamente um do outro. Para atingir os objetivos propostos o
trabalho inicia discutindo os principais acontecimentos históricos ocorridos de 1890 até
o final do século XX. Inicia-se mostrando a formação dos blocos que levaram a
Primeira Guerra Mundial, em seguida a crise de 1929, abordando então a Segunda
Guerra Mundial. Sobre a Segunda Guerra mundial são apresentadas as explicações mais
freqüentes para a eclosão do conflito. É apresentada a postura dos Estados Unidos
durante o período assim como a chinesa. Logo em seguida, ocorre a discussão sobre a
Guerra Fria, tornando visível a atuação chinesa como atuante dos dois blocos
ideológicos em momentos distintos. Para o desenvolvimento do trabalho se inicia a
sessão três apresentando o desenvolvimento da economia mundial, através de
condicionantes econômicos como PIB, importação e exportação. Partindo então dos
dados apresentados na economia mundial, inicia-se o desenvolvimento da discussão
sobre a economia dos Estados Unidos e a da China. Como a China encontra-se em
desenvolvimento econômico, tornou-se necessário também demonstrar quais são os
setores responsáveis por impulsionar o crescimento econômico chinês. Por fim,
desenvolve-se a idéia de disputa comercial entre os dois países resultante em
cooperação. Os dois países são altamente dependentes um do outro economicamente, e
com isso verifica-se através do arcabouço teórico selecionado uma tendência cada vez
maior a cooperação entre eles.
Palavras-chave:
PIB,
Investimento
Direto
Externo,
Cooperação,
Exportação,
Importação.
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Sumário
1. Introdução.......................................................................................................................... 9
2. Breve Histórico Mundial.................................................................................................. 11
2.1.De 1890 ao final da Guerra Fria.................................................................................. 11
2.2. Estados Unidos da América ....................................................................................... 20
2.3. República Popular da China....................................................................................... 22
2.4. Estados Unidos da América x República Popular da China. ....................................... 24
3. Condicionantes Econômicos ............................................................................................ 26
3.1.Fatores econômicos mundiais ..................................................................................... 26
3.2. A economia dos Estados Unidos da América ............................................................. 28
3.3. A ascensão da economia chinesa ............................................................................... 30
3.4. A participação do investimento direto na economia chinesa....................................... 32
3.5. EUA e China: Uma disputa comercial ....................................................................... 36
3.6. Estados Unidos x China: A busca pela cooperação .................................................... 41
3.7 Objetivos de política externa chinesa .......................................................................... 42
4. Conclusão ........................................................................................................................ 45
5. Referências Bibliográficas ............................................................................................... 47
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo da história do mundo moderno, as relações internacionais sofreram
profundas modificações. Novas potências ascenderam no sistema internacional. A
dinâmica internacional alterou-se tanto que até mesmo os países que não são
considerados como grandes potências exercem, hoje, importantes papéis perante o
sistema internacional.
Entretanto, para entendermos alguns processos faz-se necessário a apresentação
de alguns eventos que, de forma interligada, determinaram o resultado final. O presente
trabalho trata das relações dos Estados Unidos da América com a República Popular da
China, determinando se existe cooperação entre eles.
Para atingir tais objetivos, demonstram-se as principais alterações no mundo
moderno,
sendo,
portanto
demonstrado
no
presente
trabalho
os
principais
acontecimentos do século XX, e uma abordagem com os dois países envolvidos na
discussão. No primeiro momento, serão apresentados os principais momentos para a
alteração das relações internacionais, levando a ordem internacional que conhecemos
hoje.
Dentro da mesma seção ocorrerá uma discussão sobre os Estados Unidos da
América. Como o país deixou a sua posição contrária a qualquer tipo de imperialismo,
utilizando-se de uma postura isolacionista, para a condição de superpotência,
modificando o discurso e afirmando que o destino do país está intimamente ligado aos
passos dados em todo o mundo.
Logo em seguida, serão analisadas as principais alterações ocorridas no século
XX na China, abordando os antecedentes da revolução cultural, e a chegada de Deng
Xiaoping ao poder, promovendo a abertura econômica da china, mas mantendo a
mesma orientação política, gerando desenvolvimento e possibilitando a melhoria nas
condições de vida da população chinesa.
Para encerrar a seção, será feita um breve histórico entre os dois países
diretamente, envolvendo questões que geraram litígio entre os dois países e em seguida,
fatores que contribuíram para a reaproximação entre os dois países.
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Esse trabalho possui um cunho econômico, visando demonstrar a cooperação
existente entre os dois países no que tange as questões econômicas, e, portanto, em um
segundo momento como vem sendo as relações comerciais entre os dois países a partir
da entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 11 de dezembro de
2001.
Será realizada uma comparação entre os dados comerciais dos dois países a fim
de verificar parceiros em comum, e sua representatividade para as duas economias em
questão. Nesta mesma seção, quais são os setores mais fortes de cada país
comercialmente, e como estes investem seus lucros internamente.
Por fim, através da utilização de possíveis objetivos chineses, ocorrerá uma
analise sobre as possibilidades de cooperação entre os dois países envolvidos no
trabalho, demonstrando como a participação em instituições internacionais pode
contribuir para a mesma.
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2. BREVE HISTÓRICO MUNDIAL
2.1 De 1890 ao final da Guerra Fria
O século XX inicia-se com a Europa completamente movimentada por questões
políticas. Percebe-se desde o final do século anterior, por volta de 1890, à formação de
dois blocos de poder. Já em 1907, mesmo que de uma forma involuntária, existia a
polarização em dois grupos, que futuramente iriam compor os adversários da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918). Pode-se atribuir tal acontecimento à intensa disputa que
ocorria fora do continente europeu por áreas imperiais, e que refletiam diretamente nas
relações entre os Estados europeus (SARAIVA, 2001).
Após vários anos de embates políticos sobre áreas coloniais e zonas de
influências, principalmente para produtos industrializados, uma vez que os principais
Estados europeus desejavam aumentar seus mercados consumidores, em 1914, eclode o
que então na época se tratava da maior guerra já vista pelo homem. Em 28 de junho de
1914, morre Franz Ferdinand, herdeiro ao trono austríaco, assassinado por um estudante
nacionalista bósnio. A Bósnia havia sido anexada pela Áustria- Hungria, e com isso, um
intenso movimento nacionalista surgia na capital Saravejo, e com isso um grupo
terrorista intitulado Mão Negra planejara o assassinato do arque duque.
Esse assassinato gerou uma repercussão internacional muito intensa, pois a
Áustria encontrou no assassinato um motivo para iniciar uma invasão militar à Bósnia.
Entretanto, necessitaria de ajuda da Alemanha, pois acreditavam que haveria uma
intervenção russa a favor da Bósnia. Na Alemanha já existia um sentimento belicista
contra a Rússia e estes enxergaram na possibilidade de apoio a Áustria uma forma de
aumentarem seu poder dentro do continente, isolando de vez qualquer possibilidade
russa de intervenção em seus interesses. Sendo assim, no dia 5 de julho, a Alemanha
enviou a Áustria à chamada carte blanche, na qual declarava total e incondicional apoio
a Áustria. “A única exigência feita pela Alemanha era que a Áustria agisse rápido, para
então confrontar as grandes potências com um fait accompli” (SARAIVA, 2001).
Após várias pressões alemãs sobre a Áustria, no dia 28 de julho foi declarada
guerra contra a Sérvia, iniciando o bombardeio de Belgrado. Imediatamente o que era
uma guerra local, tornou-se uma guerra continental – em 1° de agosto a Alemanha
declarou guerra à Rússia e no dia 3 à França; no dia 4 a Grã-Bretanha entrou na guerra.
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Devido a polarização iniciada no inicio do século, cada vez mais a guerra foi ganhando
participantes europeus, sendo que em 1917, com a entrada dos Estados Unidos e outros
países ultramarinos, a guerra ganha escala mundial.
Após várias batalhas, em 1917 com a conflagração da Revolução Russa, os
russos assinaram um cessar fogo com a Alemanha. Em 1918, os aliados alemães
(Bulgária, Turquia e a Austria-Hungria) já não eram mais capazes de suportar a guerra,
e desmoronaram um a um, e pedindo o cessar fogo. Com a revolução em Berlim, a
Alemanha aceitou o cessar fogo, e conseqüentemente sua derrota.
Em junho de 1919, iniciou-se a discussão do Tratado de Paz de Versalhes, com o
intuito de discutir as conseqüências da guerra e atribuir às responsabilidades das perdas
humanas e materiais gerados com a Primeira Guerra Mundial aos alemães e seus
aliados, gerando pesadas penalidades a eles. Com o Tratado de Versalhes, e as pesadas
penalidades geradas aos alemães, iniciou-se o desenvolvimento de um sentimento
nacionalista muito forte dentro da Alemanha. Iniciou-se, especialmente pela direita
nacionalista alemã, uma luta que usava a ciência histórica contra a chamada “mentira da
culpa da guerra” (SARAIVA, 2001).
Mesmo com o final da primeira Guerra Mundial, as relações internacionais ainda
continuavam tumultuadas, principalmente devido às conseqüências geradas pelo
conflito. Entre os países vencedores estavam os Estados Unidos, que surgiam como
potência, e passavam a integrar o jogo internacional junto com as demais potências
européias, influenciando então nas questões internacionais, como na agenda de
discussões por exemplo. Alem disso, a forma como a Conferência da Paz ocorria, trazia
consigo grandes questões que poderiam se transformar em problemas internacionais,
como a exclusão dos vencidos da mesa de negociações, onde também não existia
representação da então criada União Soviética.
O tratado de paz ainda gerou profundas conseqüências para a economia alemã,
uma vez que esses perderam 83% de seus haveres no exterior como reparações de
guerra. Com isso outros países passaram a ter maior participação no comercio
internacional, como os Estados Unidos que passaram a exportar 37% e Japão 8% a mais
do que exportavam no inicio do conflito (SARAIVA, 2001).
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Como forma de tentar garantir a paz, criou-se a Liga das Nações, que
funcionaria como um sistema de segurança mútua, a fim de que fosse evitado um novo
conflito tão devastador como o anterior. Um sistema de segurança mutua1 pode ser
entendido como a realização de políticas semelhantes e coordenadas de legitima defesa
por parte de seus membros, com base no pressuposto de que a segurança é um problema
que melhor se resolve com o trabalho conjunto entre os Estados (MANDELBAUM,
2003). Essa “Sociedade de Nações” tinha como propósito, através da cooperação entre
os membros e a solução pacífica de controvérsias, promoverem o desarmamento dos
Estados, a paz e a segurança de seus membros. Entretanto, mesmo com a criação da
Liga das nações, conflitos ainda ocorreram na década de 1920, e a organização só
conseguiu apaziguar algumas zonas de litígio no continente europeu, e repassar as
grandes potências européias países incapazes de se governarem. Com isso pode-se dizer
que a Liga das Nações teve um êxito muito modesto até 1925, passando a partir de
então a viver em uma fase de esperanças de 1925 a 1929 e um declínio para seu fim nos
anos 30.
A década de 1920 foi marcada não somente pela tentativa dos Estados de
assegurarem a paz, mas também pelo desastre econômico iniciado ao final da década, e
que gerou profundas conseqüências em todo o mundo. A crise, iniciada nos Estados
Unidos em 1929, espalhou-se por todo o mundo, que ainda tentava se reerguer dos
destroços que a Primeira Guerra Mundial, não somente no setor econômico, como no
social, cultural entre outros provocara.
A partir de 1929, o que foi possível perceber foi cada vez mais resultados
negativos na economia, sendo que os preços despencaram e a produção industrial
também sofreu uma forte baixa. Devido basicamente a esses acontecimentos, o
comércio internacional, que estava aumentando suas relações, perdeu força e começou a
declinar, gerando com isso a diminuição das reservas monetárias dos países, e uma
conseqüência social extremamente seria – o desemprego.
O comércio internacional chegou a seu nível mais baixo em 1934: 66,2%
inferior ao de 1929. O capitalismo desmoronou-se: individualismo, livre
iniciativa e mercado cedem o passo ao nacionalismo econômico, ao
protecionismo alfandegário e à autarquia política. Pelo lado político, assistiuse à descrença nas instituições do Estado Liberal, ao acirramento das lutas
1
Vide: MANDELBAUM, MICHAEL. As idéias que conquistaram o mundo: paz, democracia e livre
iniciativa. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003, pág. 117.
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partidárias e doutrinais, à busca de alternativas radicais, ao crescimento dos
egoísmos nacionais (SARAIVA, 2001, p.191).
A crise era, portanto, generalizada, com escala mundial, e conseqüências cada
vez mais imprevisíveis. Entretanto o que os países começaram a utilizar como prática a
fim de conseguirem reverter os efeitos da crise, utilizava-se de um pressuposto
capitalista, que era contestado naquele momento: o individualismo. Muitos países foram
responsáveis por essas práticas, mas pode-se considerar, sem que seja retirada a
responsabilidade dos demais Estados, três casos dessa postura iniciada em 1933, que
transformava um problema internacional em um caso mundial: a Alemanha, onde se
verifica a ascensão do fascismo e a escolha de Hitler para chanceler; a mudança na
postura no que tangia as relações de política externa italiana, caracterizando-se pela
força, sendo implantada por Mussolini e; a mudança de governo no Japão, que passou a
ser controlado por militares nacionalistas, deixando, portanto o pacifismo de lado.
Observam-se então em 1933, a consolidação de três grandes potências no
sistema internacional, União Soviética, Estados Unidos e Japão. Cada uma dessas novas
potências estava empenhada na defesa de um interesse diferente. A União Soviética
ainda tentava resistir às pressões capitalistas, e com isso, excluía-se de todo o conflito
externo, até que se consolidasse seu status e pudesse exercer influência nas relações
internacionais. Já os Estados Unidos encontravam-se engajados nas questões
econômicas, desejando proteger seu mercado, abrindo os mercados alheios e o
saneamento econômico da Europa, para que fosse possível a continuidade no pagamento
de suas dividas. Estavam também focados em questões de segurança com o intuito de
aumentar a sua capacidade estratégica ao nível de grande potência e conseqüentemente
contendo os demais países, principalmente os da Europa continental e o Japão. Os
Japoneses através de uma tentativa de imperialismo buscavam a penetração regional a
fim de aumentar seu mercado para seus excedentes industriais. (SARAIVA, 2001).
Era possível perceber que o mundo caminhava para um novo conflito, pois o
fortalecimento do nacionalismo, aliado a ditaduras nacionais que já dominavam a
Europa central e a Europa oriental fazia com que as relações exteriores entre os países
passassem a ocorrer em função da idéia de tornarem-se cada vez mais próximos dos
países grandes para que fosse possível dominar os pequenos. Com isso, Hitler tentava
dominar o leste, enquanto por sua vez Mussolini buscava o domínio do Adriático e do
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mediterrâneo. Unia-se ao impulso imperialista alemão e italiano o imperialismo
japonês, que buscava, através do pretexto de equilibrar a balança de comercio, uma
expansão cada vez maior sobre os chineses.
Contava-se, então, com alguma atitude das potências democráticas européias ou
das duas novas grandes potências, Estados Unidos e União Soviética para
contrabalancear as ações dos governos autoritários. Entretanto os grandes países
europeus ainda estavam presos a segurança coletiva, e os Estados Unidos e a União
Soviética se encontravam extremamente focados nas próprias questões internas. Sob
esse prisma de inércia o mundo praticamente assistiu a agressão japonesa sobre a China
pela questão da Manchúria, e as agressões italianas sobre a Etiópia, guiando-se para o
acirramento das tensões internacionais, com grande possibilidade de um novo conflito
em grande escala.
Hitler possuía grandes aspirações enquanto no poder e, com o passar do tempo,
foi possível perceber o aumento dos projetos para o futuro do mundo, que incluíam
desde a exclusão dos espaços onde a França possuía influência no continente, até a
partilha do mundo com os japoneses. Ficava claro então ao final da década de 1930 que
Hitler e todo o seu governo, não hesitariam em utilizar o uso da força para obter seus
objetivos.
Portanto, diante de todo o clima hostil que vivia a Europa, em 1939 Hitler
invade a Polônia, e com isso Grã-Bretanha e a França declaram guerra à Alemanha,
iniciando assim o conflito armado, que até então era um conflito basicamente europeu.
Hitler seguia então sem problemas com os aliados. O Japão estava muito ocupado
envolvido na sua ofensiva contra os chineses, a Itália ainda não havia entrado na guerra
e a União Soviética ainda não era uma potência militar no centro da Europa. Com isso,
tudo seguia muito bem para a invasão alemã à França, em maio de 1940. O sucesso
Alemão em sua ofensiva contra os franceses foi tão vitoriosa que em 14 de junho Paris
já estava sob domínio dos alemães. Com isso, a França passou então a ser somente uma
peça de xadrez na guerra britânico-alemã.
A derrota francesa expressou a ruptura de uma velha ordem internacional do
século XIX. A balança de poder que havia conformado a sociedade
internacional européia, com valores e regras de conduta comuns, havia
erodido de vez. A Alemanha era o pivô da crise que se estendia na balança de
poder da Europa desde a Grande Guerra (SARAIVA, 2001, p.230)
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Os norte-americanos compreenderam o vazio que se formava nas relações
internacionais com a derrota francesa, e estavam preocupados, pois o lado europeu cedia
a Hitler e o asiático encontrava-se ameaçado devido ao expansionismo que promovia o
Japão pelo pacífico. Devido a todo esse cenário de incertezas, a opinião publica
rapidamente começou a manifestar-se, fazendo pressões nos governos das potências
centrais.
Em 1941, os alemães invadiram a União Soviética, e os japoneses atacaram
bases norte-americanas, no ataque em Pearl Harbor. Com isso, a guerra então deixava
de ser somente européia, passando a possuir um caráter mundial, com a união dos
conflitos existentes na Europa e na Ásia em um único conflito. Esse fato alterava
profundamente as relações internacionais, pois surgia o conceito de superpotência, e
junto com o conceito a política da superpotência que seria exercida pelos Estados
Unidos, através da supremacia econômica, e a vontade planetária de intervir
politicamente (SARAIVA, 2001).
Entretanto, ao mesmo tempo em que o mundo observava a ascensão norteamericana à grande potência mundial, surgia nas relações internacionais um novo
gigante: a União Soviética. Em 1944, os soviéticos iniciaram uma contra ofensiva aos
alemães, fazendo com que estes recuassem da Ucrânia, Polônia e Bielo-Rússia.
Em 1945, Berlim já estava sucumbida, e em seguida, devido ao bombardeio a
Hiroshima e Nagasaki foi à vez do Japão desmoronar, junto com o sonho de existir uma
terceira grande potência nas relações internacionais no pós-guerra. Durante os anos 40
até o final dos anos 50, só existiam dois pólos de poder nas relações internacionais:
Washington e Moscou.
A busca pela paz voltou a ser o objetivo dos países e então surgia a ONU
(Organização das Nações Unidas) como uma tentativa de superar o fracasso obtido pela
Liga das Nações após a Primeira Guerra Mundial e demonstrar a força dos vitoriosos.
Sendo assim, reunidos em São Francisco entre 25 de abril e 25 de junho de 1495, os
vencedores deixaram a necessidade de uma aliança militar em segundo plano, para
agora tratar da criação de instrumentos para gerenciar a paz no mundo. As relações
internacionais seriam sustentadas na base do compromisso e do diálogo. Dessa maneira,
a carta assinada em São Francisco tornava-se então o principal instrumento de regulação
das relações internacionais, trazendo a tona toda à supremacia do Realismo sobre o
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Idealismo que era presente de maneira muito clara na Liga das Nações e ainda o
descolamento da Europa do centro das principais discussões mundiais.
Os Alemães conquistaram a França em vinte dias. Já se passaram dois anos e
os Estados Unidos ainda não subjugaram a pequena Coréia. Que espécie de
força é essa? As principais armas americanas (...) são meias de náilon,
cigarros e outras mercadorias. Querem subjugar o mundo, mas não
conseguem subjugar a pequena Coréia. (STALIN, 1952 apud
MANDELBAUM, 2003, pag. 25).
Muitos afirmam que a Guerra Fria pode ser considerada como a Terceira Guerra
Mundial. Para defender tal argumento, os defensores dessa afirmação apóiam-se no
argumento de Thomas Hobbes que “a guerra consiste não só na batalha ou no ato de
lutar: mas num período de tempo em que a vontade de disputar a batalha é
suficientemente conhecida” (MANDELBAUM, 2003).
Levando em consideração todo o longo período em que Estados Unidos e União
Soviética estiveram engajados em uma disputa ideológica, onde a qualquer momento
poderia eclodir um conflito com proporções nucleares, gerações inteiras assistiram a
essa vontade de disputar a batalha citada por Hobbes. Entretanto, diferentemente dos
outros conflitos ocorridos na história da humanidade, em termos objetivos não existia a
eminência de um conflito armado, apesar da existência da possibilidade.
O mundo então foi dividido em zonas de influência, onde as duas superpotências
possuíam suas áreas de atuação. Até os anos 1970 a situação entre os dois países esteve
razoavelmente controlada, pois os dois países aceitavam a divisão desigual do mundo,
sendo que a partir dessa década o mundo se viu mergulhado em uma grave crise
econômica e política (HOBSBAWN, 1995).
Embora a Rússia soviética pretenda espalhar sua influência de todas as
formas possíveis, a revolução mundial não faz mais parte de seu programa, e
nada há nas condições internas da União que possa encorajar um retorno a
velhas tradições revolucionárias. Qualquer comparação entre a ameaça alemã
antes da guerra e uma ameaça soviética hoje deve levar em conta [...]
diferenças fundamentais [...] Há, portanto infinitamente menos perigo de uma
súbita catástrofe com os russos do que com os alemães.
Frank Roberts, embaixada britânica, Moscou, para o Foreign Office,
Londres, 1946, in Jensen (1991, p.56)
A Guerra Fria gerou uma grande corrida armamentista no ocidente, entretanto,
as armas nucleares não foram utilizadas, e não houve confronto direto entre as duas
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superpotências. Indiretamente os dois países estiveram envolvidos em três conflitos de
grande proporção. O comunismo obteve êxito na China, e abalado os Estados Unidos,
através do disfarce da Organização das Nações Unidas, rapidamente intervieram na
Coréia, buscando a continuidade de sua influência na região (HOBSBAWN, 1995).
Após vários anos de conflito ideológico (1945-1991), a União Soviética não
resistiu e veio abaixo, sendo então declarada a vitoria dos Estados Unidos com seu
liberalismo. O fim da Guerra Fria, não deve ser analisado somente como o fim de um
conflito internacional, mas sim o fim de uma era, que terminara não só para o oriente,
mas para todo o mundo (HOBSBAWN, 1995).
Ao término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os países intensificaram a
prática do comércio internacional. Durante esse período posterior ao grande conflito, o
comércio
internacional era realizado
principalmente em torno
de produtos
industrializados, e ao longo do tempo somando-se a outras categorias como de serviços
por exemplo. Durante as reuniões de Bretton Woods, começou-se a configuração de
toda estrutura jurídica do comércio mundial que observamos atualmente. Surgiu à idéia
da criação de instituições com poder regulatório, a fim de evitar novas cries econômica
como a do período entre guerras.
Foi apresentado então o projeto para a criação de três instituições internacionais:
o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD) e a Organização Internacional do Comércio (OIC). As duas
primeiras instituições, FMI e BIRD2, tiveram seus projetos concretizados e realizam
atividades no sistema até os dias atuais. Já a OIC foi vetada pelo senado norteamericano, gerando descrédito do sistema sobre a organização. O fato da organização
não ter sido aprovada pelo senado norte-americano contribuiu para que a OIC nunca
saísse do papel.
Foi criado o Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT-1947), sendo que
se estabeleceu que a sua principal função fosse servir como foro de negociações para a
redução de barreiras tarifárias. Essas negociações periódicas do GATT eram chamadas
de Rodadas. Entretanto, o GATT não possuía um Sistema de Solução de Controvérsias,
Para maiores esclarecimentos sobre FMI e BIRD. Vide: HERZ, Mônica; HOFFMANN, Andrea Ribeiro.
Organizações internacionais: história e práticas. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
2
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sendo focada a resolução de conflitos através da solução diplomática, devido ao caráter
de foro que o GATT possuía (BARRAL, 2007).
Durante a Rodada do Uruguai (1986-1994), novamente foram apresentadas
propostas para a reforma do sistema de Solução de Controvérsias. A idéia da
necessidade de reforma do Sistema de Solução de controvérsias não ocorria em
consenso entre as partes contratantes, sendo que havia os que defendiam a manutenção
de uma estrutura com suas bases fundamentadas em negociações para a solução de
conflitos e por outro lado a outra parte dos Estados contratantes defendia a manutenção
de uma estrutura baseada em regras. Através das discussões criaram a Organização
Mundial do Comércio (OMC), que começou a vigorar em 1º de janeiro de 1995 e o
Entendimento sobre Soluções de Controvérsias (ESC), sendo que a organização foi
estabelecida sob uma visão mais legalista. Entretanto a possibilidade da Solução de
Controvérsias foi mantida através do Sistema de Negociações.
Já a OMC, surge com o intuito de além de servir como foro de negociações,
função que era atribuída ao GATT, também atuar na implementação de acordos e
monitorar políticas comerciais dos seus membros. A sede da organização está em
Genebra, na Suíça, e atualmente possui cerca de 150 membros o que representa 97% do
comércio atual. (COSTA, 1996)
A OMC está pautada em dois princípios: o princípio da Nação mais Favorecida
(NMF) e o princípio do Tratamento Nacional (TN). O princípio da Nação mais
Favorecida estabelece que, ao conceder uma vantagem comercial de um Estado A para
um Estado B, automaticamente essa vantagem comercial estará sendo concedida a todos
os demais membros da organização. Já o princípio do Tratamento Nacional determina
que um Estado ao importar um determinado produto não pode discriminá-lo, devendo
conceder o mesmo tratamento dos produtos nacionais.
Um dos principais avanços da OMC em relação ao GATT é que as negociações
só ocorriam através do GATT caso fossem a respeito de produtos industrializados. Esse
fato limitava a ação dos Estados, uma vez que a produção da maioria dos Estados não se
limitavam a produtos industrializados, e caso possuíssem alguma controvérsia com
outro Estado em função de outros tipos de produtos, não teriam onde resolvê-los.
Durante a Rodada do Uruguai essa limitação deu lugar a ampliação para a discussão de
bens, serviços e propriedade intelectual, sendo que essa mudança ocorreu devido a
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criação da Organização Mundial do Comércio, que visava atuar com uma diversidade
maior de questões.
Diante da ascensão das organizações internacionais, o mundo se organizava,
buscando um maior diálogo entre os Estados para atingirem a paz, e incentivando o
comércio mundial, de forma que esse pudesse reerguer as economias européias
devastadas com a guerra. Entretanto, em conjunto com o término da Segunda Guerra
Mundial e o surgimento de organizações que buscavam integrar cada vez mais os
países, surgia a Guerra Fria, envolvendo Estados Unidos e União Soviética, os dois
países que saíram da grande guerra como grande potência.
2.2 Estados Unidos da América
Os Estados Unidos possuíam até o final do século XIX uma postura isolacionista
declarada, havendo alteração nessa postura somente no final do século. Entretanto,
mesmo com essa postura declarada, os norte-americanos já exerciam influência
financeira de uma forma informal dentro da América Latina. Desta maneira, suas
investidas imperialistas do final do século XIX são consideradas como um fenômeno
novo para os europeus (SARAIVA, 2001).
Pode-se dizer que o imperialismo estadunidense ocorria em três frentes distintas.
A política na América Central tinha por objetivo a criação de um “mediterrâneo
americano” onde ocorreria a completa dominação desses povos. Na América do sul,
tinha-se por objetivo fazer frente direta contra a Grã-Bretanha, que atuava na região.
Com isso, criaram a Doutrina Monroe, que aparentemente visava à proteção da
independência dos povos americanos. Entretanto, esta se tornou como um grande trunfo
americano, na defesa de seus interesses econômicos e contra a concorrência européia.
Por fim, o imperialismo norte-americano buscava obter benefícios na Ásia oriental e no
Pacífico. Entretanto, os Estados Unidos não tinham como ambição a criação de um
grande império, tendo como principal interesse na região o acesso ao mercado chinês.
(SARAIVA, 2001).
Durante a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos mantiveram-se fora do
conflito até 1917, quando a sua entrada pode ser considerada como decisiva para o fim
do conflito. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os norte-americanos passaram a
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fazer parte do grupo das potências mundiais, passando a exercer grande influência sobre
as principais discussões mundiais.
É notável o ganho de destaque que os Estados Unidos passaram a possuir no
mundo, quando observado que a crise de 1929 que gerou danos devastadores em todo o
mundo, iniciou nos Estados Unidos, com a diminuição dos índices de comércio
internacional, tornando-se o mais baixo em 1934.
Os americanos tinham tão definidos a questão de que passaram a fazer parte
definitivamente do grupo das grandes potências, e devido a esse fato, tornavam-se
dependentes das ações de outros países. O ex-presidente Wilson chegou a declarar que
eram partícipes, querendo ou não, da vida do mundo e que inevitavelmente, tudo que
afeta a humanidade diz respeito aos americanos3.
De maneira semelhante ao ocorrido na Primeira Guerra Mundial, na Segunda
Guerra os EUA passaram a fazer parte do conflito somente em 1941, sendo que a guerra
começara em 1939. Após a reeleição do presidente Roosevelt, iniciou-se uma
preparação da opinião publica norte-americana para a entrada do país na guerra. Os
ataques japoneses a base norte-americana, no ataque à Pearl Harbor, fizeram com que os
Estados Unidos Mergulhassem de vez no conflito, e mais uma vez, em conjunto com
seus aliados, saíram vencedores.
Entretanto, o fim da Segunda Guerra Mundial, não significou para os Estados
Unidos tranqüilidade para exercerem sua supremacia no mundo, devido então ao novo
conceito que lhe posicionava como superpotência. Iniciou-se então o conflito ideológico
com os soviéticos, e que em alguns momentos esteve à beira de um novo conflito
armado, mas dessa vez com proporções mundiais. A guerra fria foi um teste para o
poder americano e uma prova de ideais. A União Soviética então não resistiu, e o
capitalismo norte-americano sagrou-se então como única superpotência do globo em
1991 (MANDELBAUM, 2003).
Desde sua independência, a busca por maiores oportunidades econômica se fez
altamente presente nas relações exteriores dos Estados Unidos. A busca por ampliar
3
Para maiores esclarecimentos vide: Agenda de Política Externa: Eventos significativos das relações
exteriores dos EUA – 1900-2001, pág. 5.
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seus mercados faz-se presente ao longo de toda história pós-independência norteamericana.
2.3 República Popular da China
No início do século XX, o mundo observa uma China que possui apenas suas
glórias passadas. O país encontrava-se mergulhado na pobreza, e as riquezas nacionais
encontravam-se sob o domínio estrangeiro. Diante desse quadro, em 1911, com o
propósito de alterar essa terrível situação em que vivia o país, iniciou-se uma revolta
liderada por Sun Yat-sem e com isso a republica foi proclamada. Sun Yat-sem foi
responsável por fundar o Kuomintang (KMT), que tinha o propósito de criar um Estado
moderno, dinamizador do capitalismo. Entretanto, apesar de todas essas propostas, o
país não conseguiu encontrar o seu caminho, pois se encontrava mergulhado em
disputas dos senhores da guerra (FISHMAN, 2006).
Em 1921 foi fundado o Partido Comunista Chinês (PPC), entretanto, mesmo
seguindo o Kormintern que era responsável por orientar os partidos comunistas de todo
o mundo, e que era sediado em Moscou, os chineses não lutavam diretamente pelo
socialismo. Desejava-se fortalecer a burguesia nacional juntamente com o Kuomintang
para que se tornasse possível derrotar os senhores da guerra e conseqüentemente tirar o
país do atraso que estava inserido.
Contra a sua vontade, a China se viu inserida na Segunda Guerra Mundial
precocemente, pois, em 1937, o Japão declarou guerra total contra o país. O KMT
encontrava-se dominado pela corrupção, e, com isso, não possuía ações efetivas para a
luta contra os invasores estrangeiros. Com isso, o PPC mostrava-se mais dedicado a
população. Para conter os japoneses foi criado o Exército Vermelho.
Quando, em 1945, os japoneses foram derrotados na Segunda Guerra Mundial,
iniciou-se uma disputa entre o KMT e o PPC. Entretanto, nem mesmo o apoio dos
Estados Unidos foi capaz de fazer com que o KMT saísse vencedor dessa disputa, pois
o PPC conseguira o apoio da população. Iniciava-se então, com a chegada de Mao TséTung a Pequim de forma vitoriosa, a era do comunismo a China (FISHMAN, 2006).
Ao tomar o poder, o governo comunista iniciou importantes mudanças:
distribuiu terras aos camponeses, acabou com a poligamia e com o casamento forçado
pelos pais, controlou a inflação, reconstruiu o país e aumentou os direitos sindicais. Em
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1952, com o apoio da classe operária tomaram para o Estado as grandes empresas,
extinguindo assim a burguesia na China. O apoio soviético se fez presente desde o
inicio da revolução na China, enviando armas, dinheiro, tecnologia, remédio.
Visando estabelecer a China como potência econômica, Mao Tsé-Tung criou em
1958 o projeto Grande Salto Para Frente, tentando mobilizar toda a China para que
fosse possível atingir o objetivo. Este projeto dava prioridade total às comunas rurais,
que eram grandes fazendas com autonomia financeira, onde existia certa igualdade de
salários, funcionando como se fosse um mini mundo comunista. Dentro das comunas
rurais existiam escolas e hospitais gratuitos, além de oficinas e pequenas fabricas
(FISHMAN, 2006).
O resultado do Salto Para Frente foi um enorme fracasso, pois a indústria
cresceu muito pouco, e no campo onde foram construídas fornalhas com o intuito de
desenvolver a indústria, o que se via era um grande desperdício de matéria-prima. Para
agravar a situação, o país sofrera naquele período com severas enchentes que
prejudicara a execução do projeto, além de perder o apoio da União Soviética.
Sem o apoio da superpotência os chineses passaram a utilizar a filosofia que
valia tudo contra os soviéticos, acusando-os de social-imperialistas, e aproximando-se
diplomaticamente dos Estados Unidos. Em 1973, China e Estados Unidos criaram
conjuntamente os chamados “escritórios de contato”, que tinham o objetivo de
funcionar como embaixadas nas capitais de ambos os países.
Em 1978, Deng Xiaoping assume o poder, e inicia uma série de mudanças na
China comunista. Inicia-se uma abertura econômica, através de políticas de livre
mercado que tiveram como conseqüência a melhoria no padrão de vida da população.
Outro objetivo estabelecido por Deng foi à modernização da economia chinesa, assim
como buscava uma aproximação com os países do ocidente. Entretanto, mesmo com o
projeto de abertura econômica que possuía Deng, a China não estava disposta a
promover simultaneamente a abertura econômica como desejado por vários países que
possuíam interesses no país. (MELO, 2005).
Com o propósito de atrair capital externo, a partir de 1980 foram criadas as
Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), sendo notável a semelhança do modelo
administrativo com o ocidental. Em 1997 a China incorporou Hong Kong e em 1999
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Macau, onde somente Hong Kong acrescentou US$ 145 bilhões à economia chinesa.
Com a incorporação dos dois territórios, criou-se o conceito de “um país, dois
sistemas”, onde a parte continental continua sob o sistema socialista e em Hong Kong e
Macau o uso do sistema capitalista.
Após um determinado período negociando sua entrada para a Organização
Mundial do Comércio, a China apoiada pelos Estados Unidos tornou-se membro da
organização em 11 de dezembro de 2001. Sua entrada para a organização mundial do
comércio representa uma nova mudança nas relações internacionais, entretanto, o
mundo encontrava-se mobilizado quase que por inteiro com os ataques sofridos pelos
Estados Unidos em 11 de setembro do mesmo ano. Sua entrada na organização foi de
certa forma ofuscada pela mobilização de solidariedade que se formou em todo mundo
para com os norte-americanos.
Hoje, a China já se consolidou como um país com importante papel no sistema
internacional, tornando-se imprescindível a participação da mesma em negociações que
se referem a varias questões. O país conta atualmente com uma população total de certa
de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, sendo cobiçado por muitos outros países
devido ao seu potencial consumidor.
Os chineses se tornaram mundialmente reconhecidos por sua capacidade de
fazerem as coisas acontecerem, que se faz interessante nesse trabalho citar as
olimpíadas que ocorrerão no ano corrente, em Beijing. Receber tal competição
internacional, em uma era onde se valoriza em excesso os esportes, como forma de
diminuir problemas sociais em países em desenvolvimento, demonstra o peso que a
abertura chinesa ao mundo, pelo menos comercialmente, tem para a ordem internacional
contemporânea.
2.4 Estados Unidos da América X República Popular da China
Em diferentes momentos da história moderna, Estados Unidos e China já
estiveram diante de embates diplomáticos, e por vezes diante de motivos plausíveis para
que voltassem a se relacionar.
Durante a guerra fria, a China assumiu o papel que a URSS exercia no leste
europeu, como um país pouco comprometido com o ideal liberal. A Guerra Fria possuía
uma particularidade: as forças entre americanos e soviéticos eram praticamente
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simétricas e iguais. Entretanto, não era possível observar essa simetria e igualdade na
comparação entre Estados Unidos e China. A China tornara-se uma potência terrestre,
devido ao tamanho da sua população e de seu território, sendo que os Estados Unidos
possuíam o posto de maior potência naval e aeronáutica.
A China era um elefante, lento e nem um pouco ágil em razão do peso em terra,
contudo não era páreo para as forças navais e aéreas dos Estados Unidos a qualquer
distância além de seu próprio litoral. Os Estados Unidos, pelo menos no leste asiático,
era uma baleia e uma águia, potente em alto-mar e no ar, mais fraco em terra.
(MANDELBAUM, 2003).
Devido a essas diferenças de poder, e até mesmo a distância geografia, o
relacionamento militar entre os dois países manteve-se estável, sendo a defesa a postura
mais adequada para os dois países.
Em julho de 1971 ocorre a chamada “diplomacia do ping-pong”, onde a China
convidou a equipe de tênis de mesa americana para jogar em Pequim. Aproveitando o
convite, o secretário de Estado Henry Kissinger vai secretamente à China para preparar
o terreno para uma visita do então presidente Nixon ao país.
A partir de 2001, iniciou-se uma profunda discussão entre os chineses e norteamericanos nas questões que dizem respeito a Taiwan, pois a China não concorda com a
venda de armamentos por parte dos Estados Unidos a ilha.
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3. CONDICIONANTES ECONÔMICOS
3.1 Fatores econômicos mundiais
Com o aumento do processo de globalização, é possível perceber no sistema
internacional uma integração cada vez maior da economia e dos setores que a compõe.
Para podermos realizar considerações acerca das mudanças ocorridas e sobre a dinâmica
de funcionamento da economia internacional, precisamos inicialmente defini-la.
ALMEIDA (2001) determina a economia internacional como o conjunto de economias
realizando o intercambio de bens, serviços, capitais e tecnologias, estando estas
economias inseridas em um contexto dinâmico composto por assimetrias estruturais.
Com o passar dos séculos, a dinâmica de funcionamento da economia passou por
profundas alterações. Entretanto, se realizarmos uma análise mais cautelosa poderemos
perceber que em relação aos Estados que exercem influência na economia internacional,
somente houve a troca de um ou outro Estado. Percebemos que praticamente o mesmo
grupo reduzido de Estados do atual G-7, exercia hegemonia na economia internacional
nos séculos anteriores (ALMEIDA, 2001).
No presente trabalho, sempre que for citado o conceito de hegemonia se fará
referência ao conceito de hegemonia de Gramsci, onde:
hegemonia é o poder adicional que advém a um grupo dominante em virtude
de sua capacidade de guiar a sociedade numa direção que não só serve aos
interesses do grupo dominante como também é percebida pelos grupos
subordinados como a serviço de interesses mais gerais (ARRIGHI, 2008,
pag. 159).
Através desse conceito percebemos que a hegemonia na economia internacional
está associada a um pequeno número de Estados que possuem a capacidade de
decidirem os rumos da economia, de acordo com os seus interesses, e de uma forma
ideológica de acordo com os interesses dos demais.
Sobre a mudança na dinâmica do processo econômico percebemos que no final
do século XX houve uma troca de valorizações. No inicio do século ocorria à
valorização sobre os componentes da matéria prima e dos valores extrínsecos de um
bem durável. No atual momento observado na economia internacional, percebe-se que
ocorre uma maior valorização sobre os valores que dizem respeito à inteligência
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intelectual sobre os processos produtivos e sobre os materiais compostos utilizados em
sua fabricação e transferência de “Know-How” (ALMEIDA, 2001).
Se analisarmos a estrutura de produção atual, e o funcionamento dos sistemas
financeiros podemos ter uma idéia da profundidade das mudanças ocorridas na
economia internacional. Devemos levar em consideração também que a população do
planeta quadruplicou entre o século XIX e o século XX, e esse aumento populacional
alterou profundamente a dinâmica de mão-de-obra.
A especialização afetou profundamente a estrutura de produção e os avanços
tecnológicos foram responsáveis pelo aumento do produto per capita a uma velocidade
muito maior do que o aumento da produção. As previsões feitas não foram confirmadas
e apesar da natureza fundamental da atividade econômica ter continuado a mesma,
percebe-se um incremento de 19 vezes no produto global. A despeito das alterações nos
sistemas financeiros, houve finalmente uma maior interação de maneiras diversas com
os processos produtivos, com as tendências de comércio e com os movimentos de
capitais.
A economia internacional passou por alguns choques durante o período
compreendido entre os séculos XIX e XX. Entretanto, percebe-se como já foi dito a
manutenção dos mesmos Estados conquistando a hegemonia. Marx afirma que a
acumulação de capital ao longo do tempo tende a reduzir a taxa de lucro e por fim,
acabar com a expansão econômica. Entretanto, Marx ainda afirma que mesmo essa
tendência sendo real, em nenhum momento impossibilita uma nova expansão
(ARRIGHI, 2008). Através dessa afirmação podemos explicar a manutenção dos
mesmos Estados entre o grupo dos definidores dos rumos da economia internacional,
uma vez que esses Estados estão sempre capazes de realizar o crescimento econômico
mesmo quando sua expansão econômica é prejudicada pela acumulação de capital ao
longo do tempo.
A queda da taxa de lucro trás consigo uma conseqüência:
Assim como Smith, Marx enfatiza como a queda persistente e generalizada
da taxa de lucro transforma a competição entre capitalistas de jogo de soma
positiva, em que os capitais se beneficiam da expansão uns dos outros, em
jogo de soma zero (ou até negativa), ou seja, em “competição assassina” cujo
objetivo primário é tirar os outros capitais do negócio, mesmo que isso
signifique sacrificar o próprio lucro, contanto que ajude a atingir o objetivo
(ARRIGHI, 2008, pag. 94).
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O capitalismo globalizado e liberal, caracterizado na belle-époque foi
profundamente transformado a partir dos eventos ocorridos pós-primeira guerra. Passou
a ser observada uma maior intervenção dos Estados na economia, protecionismo
comercial, desvalorizações cambiais maciças entre outras mudanças (ALMEIDA,
2001).
Com as mudanças observadas na economia internacional, percebeu-se a
ascensão do investimento direto estrangeiro (IDE)
4
. Junto com o comércio
internacional, o IDE converteu-se em uma das principais fontes de crescimento
econômico.
3.2 A economia dos Estados Unidos da América
Ao final do século XIX, os Estados Unidos eram grandes exportadores de
produtos primários. Entretanto, no final do século, os Estados Unidos ascenderam à
posição de primeira potência industrial. Nos anos 30, o país passou a acumular ainda a
condição de grande potência financeira, ao operar-se na passagem da hegemonia
financeira do dólar nos mercados financeiros (capitais para empréstimos e investimentos
diretos) (ALMEIDA, 2001).
Buscando o aumento do seu crescimento, os Estados Unidos realizaram uma
combinação do Keynesianismo militar e social. No Keynesianismo militar ocorreram
enormes gastos com seu próprio armamento e com o armamento de seus aliados além
de uma mobilização de uma ampla rede de bases militares quase permanentes ao longo
do globo. Já no Keynesianismo social praticado pelos Estados Unidos houve o
patrocínio da ideologia da busca pelo pleno emprego, pelo elevado consumo e pelo
desenvolvimento no sul global (ARRIGHI, 2008). Essas práticas foram adotadas pelos
Estados Unidos com o intuito de alterar o rumo de estagnação que o capitalismo estava
levando as economias mundiais, para que fosse possível direcionar a economia norteamericana de volta ao crescimento.
4
O IDE, na concepção do Fundo Monetário Internacional (FMI, 1998) designa como um investimento
que visa adquirir um interesse duradouro em uma empresa cuja exploração ocorre em outro país que
não o do investidor, com o objetivo de influir efetivamente na gestão da empresa em questão.
(Investimento Direto Externo no Mercosul: o papel da Europa, Mohamed Amal; Guillermo Bermudez;
Marcela Cristini; Patrícia Luiza Kegel; Ramiro Moya; Fernando Seabra, pag. 13)
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Durante as décadas de 1980 e 1990, os Estados Unidos, através da difusão da
sua ideologia, conseguiram convencer várias economias que seria mais vantajoso
liberalizar suas economias. Em geral, essa política ideológica foi responsável pelo
surgimento de crises financeiras, cambiais e em algumas vezes uma combinação de
ambas. Essas crises foram responsáveis pela diminuição do investimento nos países
afetados que passaram a acumular déficits no balanço de pagamentos, e então foram
inspirados ao desejo de acumular reservas em moeda estrangeira. Esses países então
passaram a investir seus recursos na maior economia do mundo, ou seja, nos Estados
Unidos. Muitos investiram na compra de títulos da divida norte-americana. Entretanto,
enquanto existem financiadores para os Estados Unidos o dólar se mantém em alta, mas
quando o quadro se inverter, e os investidores já não estiverem mais dispostos a
patrocinar os EUA o dólar passará então a operar em baixa. Entretanto, em termos da
dívida norte-americana, todos os compromissos dos EUA estão estabelecidos em dólar.
Portanto, com a desvalorização do dólar, a dívida norte-americana será menor
(ARRIGHI, 2008).
Os norte-americanos seguem com o maior PIB na economia mundial. Segundo o
departamento de comércio, desde 1987 as exportações estadunidenses tiveram um
crescimento de 66%, passando a fabulosa soma de US$ 421,6 bilhões de dólares em
1991. Suas importações também foram recordes já que totalizaram 488,1 bilhões. Essas
quantias deram para os EUA a supremacia no mercado internacional (OLIVEIRA,
2001).
A fim de beneficiar-se e usufruir cada vez mais do imenso mercado consumidor
que foi criado no mundo, os Estados Unidos realizaram algumas mudanças na
mentalidade diplomática. Em 1992, em entrevista concedida pelo então subsecretário de
Estado Laurence Eagleburger, houve a confirmação dessa mudança. O então
subsecretário afirmou que era preciso modificar o pensamento de utilizar da diplomacia
somente para questões políticas e militares, incluindo na pauta as questões comerciais.
Completou ainda que os embaixadores designados para os países que possuíam o título
de maiores importadores seriam então selecionados entre empresários e advogados
comerciais de alto prestígio (OLIVEIRA, 2001).
Em conjunto com as mudanças de mentalidade que foram observadas nos EUA,
podemos perceber como conseqüência, que em 1992 sua economia apresentou o maior
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desempenho do planeta, uma vez que, com apenas 5% da população mundial, o país
conseguiu produzir 25% de todos os produtos e serviços comercializados no mundo.
Torna-se ainda mais impressionante o desempenho se consideramos que apenas uma
entre
três
empresas
norte-americanas
participam
do
comércio
internacional
(OLIVEIRA, 2001).
Durante um longo período da história, os EUA consolidaram sua posição no
comércio internacional através da exportação de material bélico. Entretanto, esse
segmento passa por um profundo declínio no comércio internacional. Diante de tal fato,
houve uma mudança no foco, e já é possível observar uma consolidação dos
equipamentos antipoluentes, que em 1993 somaram a cifra dos US$ 80 bilhões de
dólares exportados (OLIVEIRA, 2001).
Outro dado impressionante, e que confirma a supremacia dos Estados Unidos
frente ao comércio internacional é o desempenho das grandes corporações norteamericanas que estão espalhadas por todas as partes do mundo. As operações dessas
empresas somam a impressionante quantia de 1,4 trilhões de dólares. Para se ter idéia
do que isso representa no comércio internacional, essa quantia corresponde à metade do
valor das exportações mundiais.
3.3 A ascensão da economia Chinesa
Há algum tempo, faz-se notável o desempenho da economia chinesa. Smith
defende que para obter altas taxas de crescimento é necessário realizar o que para ele
seria o “caminho natural das coisas” ou caminho da opulência. Para seguir esse
“caminho natural das coisas” é necessário que a maior parte do capital seja investida em
primeiro lugar na agricultura, depois no setor manufatureiro, e por fim no comércio
exterior (ARRIGHI, 2008). Para muitos analistas, é esse o caminho que a China se
propõe a fazer.
Existem dois caminhos ao desenvolvimento econômico, o “antinatural”,
realizado na Europa, com ênfase no comércio exterior e o “natural”, que foi realizado na
China, onde o foco era o mercado interno. Segundo ARRIGHI (2008) o curso natural
gerou uma vantagem comercial para a china, pois,
Mesmo depois que os canhões britânicos venceram a muralha de
regulamentações governamentais que fechavam a economia de mercado da
China, os mercadores e os fabricantes britânicos tiveram dificuldade para
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competir com seus colegas chineses na maioria das atividades. No que diz
respeito a China, a força militar real, mais do que a artilharia metafórica das
mercadorias baratas, foi à chave para a subjugação do oriente ao ocidente
(ARRIGHI, 2008, pag. 89).
Mesmo com as altas taxas de crescimento econômico apresentadas pela China, o
país ainda segue como um país pobre se analisarmos a renda per capita. Comparando
com as demais economias asiáticas ou em relação às economias avançadas, a renda per
capita chinesa encontra-se bem abaixo.
É possível perceber ainda que o crescimento da economia chinesa ganhou
destaque após as reformas de 1979. As reformas foram responsáveis por criar uma
diversificação das formas de propriedade, estimular a criação de empresas privadas,
incentivar o lucro e tornar mais frouxo o controle do Estado sobre as diversas
dimensões da economia (MARTINS, 2005).
As reformas geraram ainda uma abertura gradativa ao comércio exterior. A
abertura promovida pelo governo chinês iniciou-se na década de 80 de forma
extremamente lenta com a abolição das restrições existentes sobre a importação e a
exportação. Logo nos anos seguintes, a abertura comercial tornou-se mais intensa com
os fluxos de investimento direto e a promoção da diminuição das tarifas (MARTINS,
2005).
Já no sistema financeiro, as reformas foram substanciais principalmente no setor
bancário. Até meados dos anos oitenta existia somente um banco passando para uma
situação mais adequada dentro da realidade financeira moderna.
Analisando o período compreendido entre 1980 a 2004, é possível perceber que
o crescimento médio do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 9,5% o que se encontra
muito além do crescimento da economia mundial. Em 2004, a economia mundial
cresceu 5,1% sendo que a china foi responsável por um quarto desse crescimento. Entre
2000 e 2004 as importações chinesas foram responsáveis por 15% da expansão da
economia mundial (MARTINS, 2005).
Para MARTINS (2005) os resultados apresentados pela China estabelecem que a
acumulação de capital entre 1979 e 1998 foi o principal responsável pelo crescimento
econômico chinês.
Esta contribuição está relacionada quer com a manutenção, de forma
sustentada nas ultimas décadas, de um ritmo significativo de investimento em
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capital físico quer com a elevada elasticidade do produto em relação ao
capital. (MARTINS, 2005, pag. 68).
Os ganhos de produtividade obtidos foram resultados de um comportamento
mais eficiente dos agentes econômicos, com um reflexo de uma maior autonomia de
decisão na agricultura e nas empresas, além de desenvolvimento de mecanismos de
mercado.
A china conseguiu também penetrar com seus produtos manufaturados nas
principais economias do mundo, atingindo atualmente índices significativos. Essa
penetração chinesa reflete a forte vantagem obtida na produção, uma vez que a mão-deobra barata e altamente determinante (MARTINS, 2005).
O aumento do PIB chinês tem refletido e beneficiado cada vez mais o setor
industrial. Em três anos, a produção industrial sofreu uma elevação de 11% ao ano. Em
compensação, a produção do setor agrícola no mesmo período ficou bem abaixo e o
setor de serviços cresceu ligeiramente abaixo do crescimento apresentado pelo PIB.
Em suma, os resultados dos diversos estudos existentes parecem evidenciar
que os principais fatores explicativos do crescimento do PIB chinês tem sido,
em grande medida, a acumulação de capital físico e o aumento da eficiência
na economia resultante nomeadamente do êxodo agrícola e das reformas
estruturais implementadas desde 1978. Nesse contexto, a continuação do
processo de urbanização, de níveis de poupança e investimento significativos
e do processo de reformas estruturais em curso perspectivam a manutenção
de um elevado ritmo de crescimento na economia chinesa (MARTINS, 2005,
pag. 72).
3.4 A participação do investimento direto na economia chinesa
Após a recessão dos anos 80, a retomada do crescimento dos fluxos de
investimento direto externo (IDE) trouxe várias expectativas positivas para os analistas
e governos acerca da importância exercida pelo IDE como fator responsável por auxiliar
na integração econômica, tanto dos países destinatários como dos países oriundos
devido às relações existentes entre investimento, comércio tecnologia e fluxos
financeiros (ACIOLY, 2005).
Entre os países em desenvolvimento, a China, durante os anos 1990, liderou a
atração de investimentos diretos através do recebimento de IDE sob a forma de novos
projetos para a instalação de empresas. Esses investimentos têm sido dirigidos
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prioritariamente para a indústria de transformação, principalmente para as atividades
que possuem maior valor agregado.
Entre 1990 e 1999, a China cresceu a uma taxa média de 9,5% ao ano e nesse
período acumulou cerca de US$ 213,7 bilhões em investimento direto
externo, ocupando o terceiro lugar no rank dos maiores absorvedores de
investimento do mundo, e o primeiro lugar entre os países em
desenvolvimento (ACIOLY, 2005, pag. 25)
A partir de 1986, o governo chinês adotou uma série de medidas que visavam
mudar a estrutura setorial dos IDEs recebidos, direcionando-os para a indústria de
transformação, para os setores de exportação orientadas através de prioridades e para os
setores de mais alta tecnologia. Em 1986, o volume total de investimento direto no setor
primário correspondia a 40%, já em 1998, esse setor acumulava apenas 3,1%, enquanto
em 1993, o setor manufatureiro já era responsável pela maior absorção de IDE
(ACIOLY, 2005).
Em 1990, a prioridade passou a ser o fortalecimento da indústria química, de
máquinas e equipamentos de transportes, eletrônicos e comunicação, e com isso o
governo adotou medidas mais fortes a fim de aumentar a participação de investimentos
diretos nas indústrias de capital-intensivas (ACIOLY, 2005).
Com a entrada da China para a Organização mundial do comercio (OMC), em
2001, inicia-se uma nova fase da abertura da economia chinesa. A partir desse fato foi
possível perceber uma recepção de investimento direto em novos setores como
tecnologia de ponta e investimentos que visam estabelecer centros de pesquisa e
desenvolvimento para o país.
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A tabela acima se refere ao acumulado sobre a distribuição da China em 2001. A
presente tabela então pode ilustrar como a indústria chinesa é o principal foco do
investimento direto, recebendo uma cota muito maior do que a agricultura, que até 1986
era o principal alvo do IDE.
Com a afirmação chinesa como pólo industrial mundial, a economia asiática foi
profundamente alterada, gerando um importante desvio de comércio e de investimentos.
Vários exportadores asiáticos foram deslocados do mercado americano e passaram a
absorver importantes fluxos de IDE. A estratégia chinesa de penetrar no mercado
mundial além de aumentar suas importações e exportações, criando para as economias
mundiais, principalmente para as asiáticas, um grande mercado em expansão, com alto
índice de investimento direto (ACIOLY, 2005).
Quando, em 1979, o governo chinês decidiu modernizar sua economia e atingir
uma maior inserção no sistema internacional, o investimento direto foi considerado a
melhor estratégia para alcançar três diferentes objetivos. Segundo LEMOINE (2000
apud ACIOLY, 2005, pag. 27-28), esses objetivos compreendiam em aumentar a
participação do país no comercio internacional, favorecer o acesso a fontes de capital e
tecnologia avançada e por fim, introduzir modernas técnicas administrativas nas
indústrias chinesas.
Em 1980, com o objetivo de orientar a localização do IDE, o governo chinês
criou quatro zonas econômicas especiais (ZEEs) como um teste, para um projeto bem
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mais amplo. Essas zonas estavam localizadas em Guandong e nas províncias de Fujian e
eram: Shenzhen, Zhuhai, Xiamen e Shantou (ACIOLY, 2005).
A política de atração de investimentos foi baseada em tratamentos
administrativos preferenciais e redução e isenções tarifárias naquelas
indústrias para as quais o IDE foi consideradas desejado: setores
exportadores e setores alvos de política de substituição de importações.
Dentre as políticas para as empresas estabelecidas nas zonas econômicas, as
mais destacadas foram as que estimularam a entrada de empresas nos setores
produtivos, com projetos acima de 10 anos (ACIOLY, 2005, pag. 28).
A experiência obteve êxito e com isso, o número de zonas que eram alvo de
políticas econômicas especiais ao longo da região costeira chinesa foi aumentando e
ainda foram estabelecidas zonas de Desenvolvimento Econômico e tecnológico, que
possuíam o objetivo de incentivar investimentos estrangeiros no setor de tecnologia para
que então fosse possível desenvolver os setores de energia e transportes (ACIOLY,
2005).
Em conjunto com as medidas criadas a fim de incentivar o investimento
estrangeiro no país, o governo chinês, a fim de evitar a evasão de divisas, impôs às
empresas estrangeiras cotas de exportações e obrigações para manter o equilíbrio das
contas em moeda estrangeira.
Quanto ao modo de entrada de investimento direto externo na China, este se
deu primeiramente sob a forma de joint ventures – as chamadas foreign
invested enterprises (FIEs). Essa forma jurídica foi autorizada em 1979, e
estipulou que o o capital estrangeiro poderia contabilizar 25% do capital total
de uma joint-veinture. A segunda forma de entrada de IDE foi por meio da
organização das Wholly Foreign firms – empresas com participação
estrangeira total, permitidas apenas dentro das zonas especiais (ACIOLY,
2005, pag. 29).
A política chinesa para atração de investimento direto foi extremamente eficaz,
uma vez que, após 20 anos, de realização da política de atração, as exportações chinesas
passaram de 26 bilhões de dólares para 249 bilhões de dólares entre 1985 a 2000. Toda
a estrutura setorial também foi alterada, uma vez que em 1985 o setor primário e
manufaturados naturais correspondiam por 49% do total exportado. Já em 2000, a
participação caiu para apenas 12%, enquanto os produtos manufaturados não baseados
em recursos naturais atingiram a marca de 89% (ACIOLY, 2005).
As empresas estrangeiras foram requisitadas através da lei a conservarem
constante equilíbrio entre suas receitas e gastos em moeda estrangeira. Caso quisessem
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investir no país, as empresas estrangeiras eram obrigadas a seguir essa determinação
(ACIOLY, 2005).
Esse país enveredou por uma estratégia de inserção internacional via
comércio e investimento direto para a qual contaram, além de suas vantagens
específicas, outros fatores como a criação de ambiente macroeconômico
favorável ao crescimento (sem o qual seria impossível receber investimentos
novos e negociar com as empresas multinacionais), a manutenção de uma
política cambial estável e favorável às exportações e o estabelecimento de um
marco regulatório para a atuação dessas empresas de acordo com os objetivos
da política industrial e tecnológica amplamente articulada com a política de
comércio exterior (ACIOLY, 2005, pag. 30).
Devido à estratégia utilizada pela China para conseguir se inserir no sistema
internacional, fez-se de grande importância a fiscalização e políticas de atração setorial
para o investimento externo, uma vez que a manutenção de moeda estrangeira foi
responsável pelo êxito chinês em seu processo de abertura comercial.
À medida que a produtividade agrícola aumentava, a economia se abria e se
modernizava através da importação de máquinas e equipamentos, a natureza
da restrição se deslocava para o setor externo (MEDEIROS, 1999, pag. 107).
É evidente que, em seu processo de abertura comercial, a China foi favorecida
pelo fato de não ter dívida externa, o que possibilitou um alto engajamento financeiro.
Outro fator que beneficiou o processo de inserção chinesa na economia internacional
está relacionado ao fato de não fazer parte do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio) o que possibilitou que o governo pudesse adotar políticas que concentrassem
os investimentos na indústria de transformação e ainda associasse as atividades das
empresas estrangeiras ao seu próprio desempenho exportador.
3.5 EUA e China: uma disputa comercial
Com todo o crescimento econômico apresentado pelos chineses e uma enorme
população, a China representa para os exportadores e investidores dos Estados Unidos
um grande mercado em potencial.
Os EUA, hábil e prudentemente, procuram manter bom relacionamento com
a RPC que, sabem muito bem, será sua rival na área comercial e econômica,
já na primeira década do século XXI. A previsão não é só do professor
americano Paul Samuelson (prêmio Nobel de economia), mas também de
Nixon, que sobre a China, assim se manifestou: Sem duvida se converterá em
superpotência econômica e militar no próximo século. O que torna vital a
preservação de nossas relações com aquele país (OLIVEIRA, 2001, pag. 47)
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Já em 1995, os maiores parceiros comerciais da China eram Japão, Hong Kong,
Estados Unidos, Formosa, Coréia do Sul e Alemanha. Segundo relatório apresentado no
mesmo ano, o déficit dos EUA com a China foi de US$ 33,8 bilhões. Excluindo Hong
Kong, os Estados Unidos tem sido o grande alvo das exportações chinesas, que ocorrem
basicamente em torno de sapatos têxteis e os produtos eletrônicos que possuem baixo
valor unitário. Para os norte-americanos, a China é o maior mercado em expansão de
suas exportações. Essas exportações são formadas por aviões, equipamentos, produtos
químicos e grãos (MEDEIROS, 1999).
Todo o crescimento chinês, entretanto, produz profundas alterações em toda a
dinâmica internacional, uma vez que a ampliação de seus recursos econômicos
possibilita o investimento em outras áreas de dominação. Entretanto, a China ainda se
encontra distante do ponto em que seus recursos financeiros serão suficientes para
financiar uma investida pela hegemonia regional. Portanto, na condição de
superpotência, nada impede que os Estados Unidos tentem ao máximo retardar a
ascensão chinesa (MEARSHEIMER, 1992 apud ARRIGHI, 2008, pag. 213).
Até o presente momento, o que é possível de ser observado é que Washington
avalia a possibilidade de contar com a China em várias estratégias, como a de coalizão
de equilíbrio. Entretanto, com o engajamento estadunidense na luta contra o terror,
passaram a depender cada vez mais de crédito e de mercadorias estrangeiras baratas,
possibilitando que a China impusesse um tipo de “imperativo estrutural” (ARRIGHI,
2008).
Atualmente os Estados Unidos tem pouca influência na China. O Sr Bush
precisa da ajuda da China para lidar com a Coréia do Norte. [...] Além disso,
a compra de títulos do tesouro norte-americano pelo banco central da china é
uma das principais maneiras de os Estados Unidos financiarem seu déficit
comercial. [...] Apenas quatro meses depois da operação flight suit [macacão
de piloto], a superpotência transformou-se em pedinte das nações que
costumava insultar. Missão cumprida! (KRUGMAN, 2003 apud ARRIGHI,
2008, pag. 214).
A disputa entre EUA e China ocorre de uma forma tão clara que mesmo os
Estados unidos sendo os maiores parceiros comerciais na Ásia, o crescimento chinês
ocorre em uma velocidade tão grande, que hoje a China já se tornou o maior parceiro
comercial dos dois aliados mais importantes dos EUA na região: Japão e Coréia do Sul
(ARRIGHI, 2008).
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Está bem definido que o crescimento chinês encontra-se altamente acelerado no
âmbito econômico, uma vez que, entre 2001 e 2004, a China foi responsável por um
terço do aumento das importações mundiais. Com isso, hoje a China é o grande
estimulador da Ásia central, e grande responsável pela recuperação econômica do Japão
(ARRIGHI, 2008).
No ano 2000, o governo chinês abriu mão, voluntariamente, de dívidas africanas
que somavam 1,2 bilhões de dólares. Como conseqüência dessa atitude observou-se que
nos cinco anos seguintes, o comércio com a áfrica que se encontrava em torno dos 10
bilhões, elevou-se para 40 bilhões de dólares (ARRIGHI, 2008).
A sensação é de que a China tenta ao máximo agradar, ajudar, acomodar-se
aos vizinhos, enquanto os Estados Unidos são vistos como país cada vez mais
envolvido com sua própria política externa, impondo à força ao mundo esse
programa (PERLEZ, 2003 apud ARRIGHI, 2008, pag. 215).
Na América do Sul, a China também buscou se fazer presente. Sua atuação
ocorreu de forma muito mais intensa do que as iniciativas norte-americanas na região,
que se limitaram apenas a uma rápida visita a reunião da Apec, em 2004 no Chile
enquanto os representantes chineses passaram mais de duas semanas visitando
Argentina, Brasil, Chile e Cuba, e anunciaram mais de 30 bilhões de dólares em
investimentos em matérias-primas básicas (ARRIGHI, 2008).
No que tange a liberalização mundial do comércio, a China também conseguiu
ofuscar os Estados Unidos, já que, em termos regionais, a China conseguiu firmar
acordos de integração com a ASEAN (Association of south East Asian Nations, ou
Associação de Nações do Sudeste Asiático) simultaneamente enquanto formava laços
econômicos com Japão, Coréia do Sul e Índia. Já em âmbito global, realizou aliança
com Brasil, Índia e África do sul como forma de junto com o G-20 realizar uma
ofensiva na reunião da OMC que ocorreu em 2003, em Cancun. Essa ofensiva visava
protestar contra o sistema de dois pesos e duas medidas que se encontrava presente nas
políticas do norte, que desejavam impor a abertura do mercado do sul, mas em
compensação mantinham práticas ferozmente protecionistas. Essa Política pode ser
observada principalmente nos setores em que se torna evidente a vantagem competitiva
do sul.
Nesse aspecto, a China também levou vantagem em relação aos EUA, já que os
Estados Unidos acabaram por abrir mão dos acordos multilaterais para se beneficiarem
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de acordos bilaterais que tinham como objetivo romper a aliança formada em Cancun,
ou ainda passaram a buscar apoio à guerra ao terror (ARRIGHI, 2008).
HARVEY (2003 apud ARRIGHI, 2008, pag. 221) define que existe um
imperialismo do tipo capitalista, que ocorreria como uma “fusão extraordinária” “entre a
política de Estado e de império” e os processos de acumulação de capital no espaço e no
tempo. A política de Estado e de império refere-se às estratégias políticas, diplomáticas
e militares que são realizadas por um estado na luta pela garantia de seus interesses. Já o
segundo componente refere-se aos fluxos de poder econômico, que ocorrem ao longo do
espaço e do tempo, pela prática diária de produção, trocas, comércio, fluxo de capital,
transferência de dinheiro, migração de mão-de-obra, transferência de tecnologia,
especulação monetária, fluxo de informações e impulsos culturais.
Harvey especulou que, nessas circunstâncias, os Estados Unidos ficariam
extremamente tentados a usar seu poder sobre o petróleo para frear a China,
provocando, no mínimo, um conflito geopolítico na Ásia central e talvez o
espalhando para um conflito mais global (HARVEY, 2003 apud ARRIGHI,
2008, pag. 236).
ARRIGHI (2008) argumenta que os Estados Unidos devem se sentir aliviados,
uma vez que a China deseja e utiliza seus dólares para comprar as empresas americanas
e não levá-las a falência. A China dá todos os sinais de que surge como concorrente
estratégico dos Estados Unidos, e que travará uma intensa concorrência pelo acesso aos
recursos que são escassos, como água potável, por exemplo.
Segundo um relatório divulgado pelo pentágono sobre a capacidade militar dos
chineses, estes possuem atualmente uma postura considerada beligerante. O ponto chave
do relatório encontra-se no fato de que a China vem aumentando sua capacidade de
travar guerras fora do território. Segundo o pentágono, isso representa intenso perigo
para a ordem internacional. Ainda, segundo o relatório, os chineses já possuem força
suficiente para ameaçarem o equilíbrio militar regional. Em resposta aos norteamericanos, as autoridades chinesas declararam que o relatório possuía o intuito
proposital de disseminar que a China consiste em uma ameaça mundial. Defendeu ainda
que esse relatório interfere grosseiramente nos assuntos internos chineses além de
constituir uma provocação as relações chinesas com outros países (ARRIGHI, 2008).
Com o novo clima de sensibilidade global que os Estados Unidos criaram, e com
o aumento substancial da dependência econômica em relação à China, o governo Bush
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teve que proceder de forma mais cautelosa no intuito de preservar o poder norteamericano de uma instabilidade que eles mesmos criaram. Devido a esse fato, pode-se
justificar a relutância norte-americana em impor medidas protecionistas a seus produtos,
pois essas medidas poderiam provocar medidas retaliativas por parte da China, o que
dentro do território norte-americano poderia ser extremamente prejudicial, já que
poderia gerar o aumento dos juros norte-americanos que poderiam gerar conseqüências
imprevisíveis sobre a construção e consumo estadunidense.
Ainda como resposta ao clima de desconfiança criado pelos Estados Unidos, em
2004, o presidente chinês Hu Jintao fez uma declaração defendendo os “quatro nãos” e
os quatro “sins pregados” pela China. Os “quatro nãos” consistem em não a hegemonia,
não ao uso da força, não aos blocos e não a corrida armamentista, enquanto os “quatro
sins” consistiam em sim a construção da confiança internacional, sim a diminuição das
dificuldades sim ao desenvolvimento da cooperação e sim ao evitamento dos confrontos
(ARRIGHI, 2008). Essas declarações visam claramente contrabalancear a visão criada
pelos norte-americanos de que o país possui intenções bélicas ou hegemônicas, e
defender que a China encontra-se altamente empenhada com o livre comércio e o
desenvolvimento da cooperação internacional.
Enquanto a China e os Estados Unidos brigam pela predominância
geopolítica, o resto da Ásia oriental quer apenas uma área comercial mais
eficiente e acesso a um mercado maior. Neste momento, o maior mercado é a
China. Como conseqüência, na cúpula da Asean realizada nas Filipinas em
janeiro de 2007, a China ocupou o centro do palco, assinou um novo acordo
de comércio de serviços e, o que foi mais importante, participou
integralmente dos vários acordos que visam transformar a associação numa
entidade semelhante à União Européia (ARRIGHI, 2008, pag. 309).
Podemos perceber que a China vem sendo assimilada, no presente momento,
pelo sistema internacional e que seus líderes parecem saber muito bem que tentar
desalojar os Estados Unidos consiste em uma estratégia um tanto quanto inútil. Com
isso, os lideres chineses parecem entender que para a predominância global, a
disseminação de forma cautelosa de sua ideologia, de um país dois sistemas, é sim o
caminho mais seguro para a China (ARRIGHI, 2008).
Ao contrário do que muitos afirmam, a China se tornou extremamente atraente
pelo capital estrangeiro, não apenas por sua grande reserva de mão-de-obra barata.
Muitos defendem que pelo mundo existem outras reservas desse tipo disponíveis. O que
funcionou como um diferencial para a China foi à grande qualidade dessa mão-de-obra,
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em termos de saúde, educação e sua grande capacidade de alto gerenciamento, mesmo
sendo substancialmente barata (ARRIGHI, 2008).
O casamenteiro que facilitou o encontro entre o capital estrangeiro, as
empresas chinesas fornecedoras de mão-de-obra e as autoridades do governo
foi o capital da diáspora chinesa. Esse papel de casamenteiro foi possibilitado
pela determinação com que a RPC, no governo de Deng, buscou a ajuda dos
chineses no exterior para abrir a China ao comércio e ao investimento
internacionais e tentar recuperar Hong Kong, Macau e, finalmente, Taiwan,
de acordo com o modelo uma nação, dois sistemas (ARRIGHI ,2008, pag.
357).
3.6 Estados Unidos X China: A busca pela cooperação
Atualmente, percebemos no sistema internacional a busca intensa por
cooperação. Com o aumento da relevância internacional de alguns Estados, os Estados
que possuem o status de potência precisam se adaptar e buscar formas de cooperação
com esses Estados. Além disso, a cooperação gera uma parceria que em muitos casos
pode render benefícios para as partes dispostas a cooperar (TERRILL, 2005).
Com essa idéia da cooperação, esta terceira seção se caracterizará pela busca de
fatores que possam possibilitar ou não a cooperação entre Estados Unidos e China.
Como visto, os dois países possuem ampla relevância para a economia internacional,
gerando grandes riquezas, e devido a esse fator, podem buscar seus interesses em
diferentes campos de ação.
Como o foco do presente trabalho se atribui a China, as análises serão feitas
sobre possíveis interesses da China.
Durante o século XVIII, a China interessava ao resto do mundo devido aos seus
chás e sua seda (TERRILL, 2005). Buscavam-se os produtos chineses, mas não havia a
preocupação em realizar uma reflexão sobre o que a China poderia querer dos outros
povos. Devido ao seu atual desempenho econômico inicia-se a preocupação de quais
são os interesses chineses para com o resto do mundo.
Segundo TERRILL (2005) quando à China nos anos 40 começou a chamar a
atenção do resto do mundo, com seus acontecimentos, sabia-se que o interesse chinês
definido por Mao Zedong, era ser no futuro o que a União Soviética era naquela época.
Entretanto, hoje, os interesses chineses são duros de serem compreendidos. O mundo
entende muito bem que os Estados Unidos estão interessados em alcançarem livres
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mercados e se possível sob regimes democráticos. Entretanto, a China com seu sucesso
econômico sob um regime comunista acaba personificando um enigma.
3.7 Objetivos de política externa chinesa
Atualmente, as ações chinesas não são se comparadas a de outros Estados como
ações agressivas, ou revisionistas, pois não é clara a tentativa de alterar o status quo. A
China passa por um momento econômico em que seu PIB segue crescendo a passos
largos, possibilitando que esta possa investir em vários segmentos de seu país.
TERRILL (2005) determina que é possível identificar que a China possui quatro
interesses principais: estabilidade interna, orientação da política externa para sustentar o
crescimento econômico, manter sua região geográfica tranqüila e por fim ter sua
reputação realçada.
A China possui algumas tensões dentro de seu território como a questão do
Tibet. Entretanto, o governo chinês declara abertamente a importância de manter o seu
território integrado, sem qualquer tipo de divisão. Divisões dentro do território chinês
podem encorajar outras regiões que não estejam satisfeitas com a forma de organização
do Estado chinês, e isso poderia prejudicar os interesses e até mesmo o desempenho da
China, uma vez que esta teria que voltar a sua atenção para apaziguar os ânimos dentro
de seu território (TERRILL, 2005).
Dessa forma, pode ser observada nos interesses chineses a busca em manter sua
estabilidade interna, em torno de uma sociedade que continue funcionando como base
para o crescimento econômico. Para isso, pelo menos a princípio, a China pode contar
com o apoio norte americano, uma vez que hoje a China possui grande participação na
pauta de importação dos Estados Unidos, e estes estão interessados em manter seu
mercado abastecido, com produtos cada vez melhores e com um baixo valor (TERRILL,
2005).
Após a era Mao Zedong, com a tomada do controle por Deng Xiaoping a
economia quadruplicou no tamanho, e seu crescimento anual continua em uma media de
oito, nove por cento ao ano. O comércio externo tem expandido em 25% anualmente.
Todo o impulso econômico pós-Mao é abastecido pelo dinheiro estrangeiro. Diante
desse crescimento, mesmo que ainda existam segmentos com índices de renda muito
baixos, é possível perceber hoje na China o fortalecimento de um orgulho que segue
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melhorando cada vez mais sobre a nação e que seguem legitimando um regime que
nunca enfrentou uma eleição.
Com o declínio contínuo do marxismo, sem que ocorra a declaração da adoção
de alguma filosofia pública oficial, a China deseja manter seu regime, e, para isso,
necessitam manter seu crescimento econômico, uma vez que este crescimento comprova
a eficiência de seu sistema. Dessa forma, a China busca manter o interesse norteamericano pelos produtos chineses, e busca formas de aumentar a cooperação e
aproximar suas relações com os Estados Unidos. Essas ações podem ser percebidas com
a entrada Chinesa à Organização Mundial do Comércio em 2001, e a suspensão de
testes com mísseis na costa de Taiwan em 1996. As orientações chinesas em torno de
tomarem cursos de ações que de certa forma servem aos interesses norte-americanos,
possuem o interesse de evitar danos as exportações aos Estados Unidos, que
representam muito na pauta chinesa (TERRILL, 2005).
A China encontra-se geograficamente localizada em uma região muito
complicada, sendo que é o único país do mundo que tem que tratar os 14 vizinhos de
forma amigável, uma vez que sete deles cobrem mais de 600 milhas de sua fronteira e
outros quatro fecham sua linha costeira. Nos primeiros 30 anos, a República Popular da
China foi guerra em todos os seus cinco flancos (TERRILL, 2005).
Entretanto, devido a sua posição geográfica complicada é interessante para a
China manter o ambiente calmo na região. A China ainda passa por um processo de
estabilização econômica, e, com isso, não é interessante para o país ter que investir seus
recursos em deslocamentos de tropas para abastecer conflitos. Além disso, a China tem
buscado atingir cada vez mais mercados ao redor do mundo, e, por isso, torna-se
indispensável à presença de credibilidade internacional.
Visando atingir esses objetivos, a partir dos anos 80, a China adotou uma
política externa “cheia de sorrisos” em várias direções, com a difusão da idéia de que
“realizavam uma política da paz e da independência”. Com essa filosofia, perante vários
conflitos, ou iminência de um conflito, o posicionamento chinês ocorre em torno da
manutenção da paz aderindo o status quo. Essa postura pacifista aproxima cada vez
mais os norte-americanos e chineses fazendo com que a cooperação entre eles aumente
de forma considerável e possibilitou que hoje a China goze do privilégio de não possuir
nenhum inimigo (TERRILL, 2005).
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O quarto objetivo chinês consiste em aumentar sua reputação para que possa
aumentar sua influência no continente asiático. Dessa forma, a China busca promover
dentro do continente asiático uma insinuação da doutrina Monroe. Entretanto, mesmo
com essa visão de que os asiáticos devem resolver suas dificuldades sem a participação
de outros povos, a China busca não comprometer sua relação com os Estados Unidos e
quando seus interesses coincidem a china acaba indo junto com os Estados Unidos para
a execução dos mesmos. Dessa forma, as relações entre os dois países tendem a se
estreitar cada vez mais, uma vez que não há choques de interesses diretos entre os dois
(TERRILL, 2005).
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4. CONCLUSÃO
Durante o século XX, o mundo assistiu a duas guerras sangrentas, e que
afetaram a profundamente a estrutura do sistema internacional. Essas guerras mudaram
por completo a forma como os Estados percebiam a presença uns dos outros e estes
passaram a lidar com mais cautela uns com os outros. A Primeira (1914-1917) e a
Segunda Guerra (1939-1945) mostraram a capacidade humana de se autodestruir, e
indivíduos de diferentes nacionalidades passaram a abominar e a temer a probabilidade
de um novo conflito tão devastador como as duas guerras.
A crise de 1929, fez com que grandes capitalistas quebrassem, e passassem a
viver na mais profunda miséria, assim como a maioria dos indivíduos. A quebra da
bolsa de Nova Iorque trouxe conseqüências que até então não haviam sido previstas.
Desemprego, pobreza, queda no consumo, já eram desdobramentos vistos em outras
crises do sistema capitalista. Entretanto, quando foi percebida a difusão da desgraça a
que havia sido submetido o ser humano, sendo castigados pela fome e pelo desespero,
tornou-se mais evidente a necessidade de lidar com mais cuidado em relação as relações
internacionais.
A agenda internacional também foi profundamente modificada. A segurança
ainda é a principal preocupação dos Estados. Entretanto, os assuntos de segurança antes
estavam ligados somente a questão militar. Atualmente entende-se que a segurança de
um Estado não está condicionada somente ao que tange o campo militar, mas também
ao campo econômico, militar, de meio ambiente e etc. Os Estados passaram então a
observar de forma mais cautelosa todos esses campos e hoje observamos que a
construção da agenda internacional ocorre de acordo com as necessidades de cada área.
O presente trabalho buscou lidar com os aspectos econômicos de dois países,
EUA e China, de modo a verificar as possíveis implicações para as relações
internacionais. Observou-se então, a luta constante dos norte-americanos para manterem
sua posição hegemônica no sistema. Entretanto estes estão lidando com desafios cada
vez maiores, e atualmente necessitam conviver com outro gigante, que cresce a passos.
Essa convivência tende então a ocorrer da melhor forma possível, uma vez que os dois
Estados criaram uma conjuntura onde ambos dependem economicamente do outro.
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Os Estados Unidos possuem um mercado interno altamente consumidor, e
necessitam abastecer seu mercado, suprindo essa demanda. A China então se tornou o
maior parceiro comercial dos Estados Unidos. Os chineses possuem uma indústria
interna disposta a produzir cada vez mais, e produzir a baixos custos, o que se torna
altamente lucrativo para a economia estadunidense uma vez que essa diminui os riscos
de déficit na balança comercial e possibilitam importações cada vez mais volumosas.
Já a China saiu de uma condição extremamente precária e ascendeu no sistema
internacional de forma extraordinária. Essa mudança de condição é atribuída à forma
como a China organizou sua indústria nacional, de forma que pudesse produzir produtos
de alta qualidade, possibilitando assim competir no mercado internacional, e com preços
muito baixos, através da utilização de mão-de-obra barata. Entretanto, a mão-de-obra
barata empregada na indústria chinesa está longe de ser desqualificada, pelo contrario.
Possui alto grau de qualificação, e ainda a herança oriental da disciplina. Entretanto,
para criar as bases para a implantação dessa indústria nacional forte, e continuar
mantendo-a, a China tornou-se altamente dependente de investimento direto externo
(IDE). O IDE aplicado na economia chinesa é advindo dos Estados Unidos, fazendo
com que a China também dependa dos Estados Unidos assim como eles dependem da
China.
Os dois países necessitam então de manter boas relações um com o outro, para
que possam continuar sustentando seus gigantescos índices econômicos. Dessa forma,
após serem analisados vários aspectos, desde históricos como econômicos, pode-se
afirmar que os dois países possuem uma tendência cada vez maior a cooperação. Sendo
assim, os dois países possuem relações que dificilmente levaram a um conflito entre
eles. Os Estados Unidos foram responsáveis diretos pela entrada da China na OMC, já
que se pode dizer que existiu campanha norte-americana para mostrar aos demais
membros à importância de ter a China como membro da organização. Essa atitude
reflete o interesse norte-americano em aumentar cada vez mais as relações comerciais
com os chineses.
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