III Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG I Salão de Extensão & I Mostra Científica http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao ISSN 2318-8014 RELAÇÃO ENTRE FORÇA MÁXIMA DE MEMBROS INFERIORES COM A ÁREA MUSCULAR A O TEMPO DE PRÁTICA Talita Molinaria, Caroline Pieta Diasa, Carlos Leandro Tiggemanna a) Grupo de Pesquisa e Estudos em Saúde e Performance da Faculdade da Serra Gaúcha Informações de Submissão e Autor Correspondente Talita Molinari, endereço: Rua 25 de julho, 186/202 Garibaldi - RS - CEP: 95720-000 Palavras-chave: força máxima, área muscular, hipertrofia muscular . INTRODUÇÃO: A força muscular pode ser definida como a quantidade máxima de força que um músculo pode gerar sendo capacidade física importante para o condicionamento físico (KOMI, 2003). O treinamento de força conduz às adaptações neurais estruturais que ocorrem no sistema neuromuscular tendo com consequência a produção e ganho de força (HAKKINEN, 1994; ENOKA, 1997), bem como, pode promover um aumento da área de secção transversa da musculatura esquelética ou hipertrofia muscular (ADAMS, CHENG, HADDAD & BALDWIN, 2004). Moritani e DeVries (1979) elucidaram as diferentes fases de contribuição neural e hipertrófica nas mudanças de força muscular, demonstrando que os ganhos iniciais de força são oriundos das adaptações neurais, sendo que ganhos hipertróficos passam a contribuir principalmente após 6 a 8 semanas de treinamento. O objetivo do estudo foi verificar a relação entre a força máxima de membros inferiores com a área muscular e o tempo de prática. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Do ponto de vista estrutural, a força é determinada por fatores como o número de pontes cruzadas de miosina que interagem com os filamentos de actina, número de sarcômeros, comprimento e os tipos de fibras musculares, do posicionamento das fibras do grupo muscular e das áreas e seção transversa do músculo. Estas fibras hipertrofiadas disponibilizam mais pontes cruzadas para a produção de força em uma contração máxima, aumentando assim, a capacidade de gerar força quando comparadas a Caxias do Sul – RS, de 15 a 17 de Setembro de 2015 III Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 892 fibras normais (HAMIL & KNUTIZEN, 1999). MATERIAL E MÉTODOS: Este estudo contou com amostra de 10 homens residentes da cidade de Garibaldi, com idade entre 19 a 31 anos, com média de tempo de prática de 34,6±28,8 meses (mínimo de 6 meses e máximo de 96 meses). Para avaliação da força máxima utilizou-se o teste de uma repetição máxima (1RM) do exercício cadeira extensora, sendo que para a estimativa da quantidade de massa muscular da coxa, foi utilizada a fórmula citada por Rech (2011) a qual calcula a área de massa muscular da coxa baseada no perímetro da coxa média e na dobra cutânea da coxa média. O tempo de prática foi considerado por meio do relato da quantidade de meses que o sujeito estava realizando TF sem interrupção superior a um mês. Os valores descritivos estão apresentados por meio de média e desvio padrão, sendo a associação entre as variáveis realizada por meio do teste do teste de Correlação de Pearson, sendo adotado um nível de significância de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÕES: No teste de força máxima obteve-se média de 77,3±9,44 kg (com mínimo de 65 kg e máximo de 96 kg), na área muscular da coxa obtivemos média de 215,21±18,63 cm² (com mínimo de 182,22 cm² e máximo de 250,76 cm²) e para o tempo de prática uma média de 34,6±28,8 meses (mínimo de 6 meses e máximo de 96 meses). Foi observada uma correlação positiva fraca (r = 0,306; p = 0,389) entre os valores do teste de força máxima e a área muscular da coxa, e uma correlação positiva moderada (r = 0,547; p = 0,102) entre os valores do teste de força máxima com o tempo de prática dos indivíduos, sendo que ambas não foram significativas. Uma correlação moderada e significativa foi encontrada entre a área muscular da coxa e o tempo de prática (r = 0,632; p = 0,050). No estudo de Pompeu et al. (2004) onde correlacionaram a força muscular obtida no exercício supino reto livre com a área muscular do braço obtiveram uma boa correlação, com valor de r = 0,81. Okano et al. (2008) em seu estudo avaliou o comportamento da força muscular e da área muscular do braço durante 28 semanas, e os valores foram correlacionados a cada oito semanas de treinamento totalizando três fases. Na primeira fase a correlação foi moderada (r = 0,48), na segunda fase a correlação foi forte (r = 0,85), e na fase final a correlação foi muito forte (r = 0,91). Demonstrando que com o passar do tempo de treinamento, ocorrendo às adaptações neurais e hipertróficas, as correlações foram aumentando mostrando que quanto mais massa muscular o sujeito possuísse mais forte ele seria. No presente estudo a correlação apresentada foi fraca em relação à área muscular da coxa, moderada em relação ao tempo de prática. Sugerindo que neste caso o maior colaborador para o aumento de força foi o tempo de prática e não o tamanho da área muscular, sendo que o tempo de pratica está bastante variado, com sujeitos que já fizeram Caxias do Sul – RS, de 15 a 17 de Setembro de 2015 III Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 893 interrupções e que não praticam com muita frequência semanal. CONCLUSÃO: Não foram encontradas correlações significativas entre a força máxima com a área de secção transversa e com o tempo de prática, sendo que somente foi encontrada associação entre a AST e o tempo de prática, indicando que, quanto maior o tempo de prática, maiores os valores de massa muscular. REFERÊNCIAS ADAMS, G.R.; CHENG, D.C.; HADDAD, F.; BALDWIN, K.M. Skeletal muscle hypertrophy in response to isometric, lengthening, and shortening training bouts of equivalent duration. Journal of Applied Physiology, Washington, v.96, p.1613-8, 2004. ENOKA, R. M. Neural adaptations with chronic Physical activity. Journal of Biomechanics, Nova York, v.30, n.5, p.447-455, 1997. HAKKINEN, K. Neuromuscular adaptation during Strength training, Aging, Detraining, and Immobilization. Clinic Review Physiology Rehabilitation Medicine, Nova York, v.6, n.3, p.161-198, 1994. HAMIL, J.; KNUTZEN, K.M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. São Paulo: Manole, 1999. KOMI PV. Strength and power in sport. Blackwell: London, 2003. MORITANI, T.; DE VRIES, H. A. Neural factors versus hypertrophy in the time course of muscle strength gain. American Journal Physiologic Medicine, Illinois, n.58, p.115-130, 1979. RECH, Cassiano Ricardo. Antropometria para a estimativa da massa muscular. In: PETROSKI, Edio Luiz, PIRES NETO, Cândido Simões, GLANER, Maria Fátima. (Org.). Biométrica . Fontoura , 2010. p.111-125 POMPEU, Fernando A.M.S.; GABRIEL, Daniele; PENA, Bianca Gama; RIBEIRO, Pedro. Áreas de secção transversa do braço: implicações técnicas e aplicações para avaliação da composição corporal e da força dinâmica máxima. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 10, Nº 3 – Mai/Jun, 2004. OKANO, Alexandre Hideki; CYRINO, Edilson Serpeloni; NAKAMURA, Fábio Yuzo; et al. Comportamento da força muscular e da área muscular do braço durante 24 semanas de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 2008;10(4):379-385. Caxias do Sul – RS, de 15 a 17 de Setembro de 2015