caracterização das propriedades biomecânicas do tríceps

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
THAYSA DE OLIVEIRA LIMA SOUZA
CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO
TRÍCEPS SURAL CORRELACIONADAS COM ATIVIDADE
FUNCIONAL DE SALTO EM ESCOLARES COM SOBREPESO E
OBESIDADE
RECIFE
2011
THAYSA DE OLIVEIRA LIMA SOUZA
CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO
TRÍCEPS SURAL CORRELACIONADAS COM ATIVIDADE
FUNCIONAL DE SALTO EM ESCOLARES COM SOBREPESO E
OBESIDADE
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Fisioterapia do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para
obtenção do Grau de Mestre em Fisioterapia.
Linha de Pesquisa: Fisioterapia: Desempenho físicofuncional e qualidade de vida.
Orientadora: Profª Drª Karla Mônica Ferraz
Co-orientador: Prof. Dr. Daniel Lambertz
RECIFE
2011
Souza, Thaysa de Oliveira Lima
Caracterização das propriedades biomecânicas do
tríceps sural correlacionadas com atividade funcional de
salto em escolares com sobrepeso e obesidade / Thaysa
de Oliveira Lima Souza. – Recife: O Autor, 2011.
119 folhas: il., fig.; 30 cm.
Orientador: Karla Mônica Ferraz
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Fisioterapia, 2011.
Inclui bibliografia, anexos e apêndices.
1. Músculos- propriedades mecânicas.
2. Salto
vertical.
3. Criança. 4. Índice de massa corpórea. I.
Ferraz, Karla Mônica. II.Título.
611.73
CDD (20.ed.)
UFPE
CCS2011-082
DEDICATÓRIA
À Deus, pelo amor infinito.
Aos meus pais, Flávio de Souza e Adalgisa Ma de Oliveira Lima, que me deram
o alicerce da vida e me ensinaram as lições que não estão nos livros.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por todas as oportunidades que tem dado à minha vida, por me suprir
em todas as necessidades, pela força interior para superar as dificuldades, por
mostrar o caminho nas horas incertas. Obrigada, meu Pai, por me dar saúde para
prosseguir meu caminho na busca do conhecimento, pelas pessoas maravilhosas
em meu caminho durante essa trajetória. Sou grata a Ti, por tudo.
Aos meus pais, Flávio de Souza e Adalgisa Ma de Oliveira Lima, responsáveis
pela formação de meus valores e caráter. Obrigada pelo incondicional esforço e
dedicação para o meu crescimento pessoal e profissional. Tenho muito orgulho de
ser sua filha.
Ao meu irmão, Igor de Oliveira Lima Souza, pelas vezes em que lhe foi exigido
paciência para entender o significado deste sonho.
Aos meus pequenos, Artur Henrique Vieira e Ana Carolina Vieira (Tuzinho e
Aninha), por me ensinarem o amor puro. Vocês fazem uma grande diferença em
minha vida! Tataia ama muito.
À minha tia e segunda mãe, Severina Ma Vieira, a qual amo muito, pela sua
compreensão nas horas em que eu precisei me ausentar durante a elaboração deste
trabalho.
Aos meus queridos tios, Henrique José de Oliveira Lima e Débora Ma Thorpe
Lima e primas, Rafaella Thorpe e Ramona Thorpe por acreditarem na minha
capacidade, por todo o carinho e amor.
Às amigas de infância, Vivianne Padilha e Paloma Velez, por conhecerem o
significado desta etapa e por não me permitirem esquecer de que mesmo em
momentos difíceis e controversos, a perseverança alcança seus frutos.
Aos primos Artur de Castro (in memoriam) e Ana Cristina Vieira, pelo orgulho
que sentem de mim.
Aos colegas da primeira turma do Mestrado em Fisioterapia – UFPE (2009):
Adriana Sarmento, Alana da Gama, Antônio Francisco, Dinalva Lacerda, Emanuela
Vale, Jacqueline Barcelar, João Danyell, Leila Barbosa, Pedro Lima, Roberta
Machado, Rodrigo Oliveira, Silvana Uchôa, Thales Sales, pelo conhecimento
científico compartilhado e momentos de integração bastante produtivos. Aprendi
muito com vocês.
Às parceiras sempre presentes, Emanuela Vale e Leila Barbosa, pelo
companheirismo, apoio e amizade. Compartilhamos momentos de angústia e
vitórias. Uma grande surpresa que o destino guardou para mim.
Aos meus orientadores, também responsáveis pela missão que aqui se
cumpre, Karla Mônica Ferraz e Daniel Lambertz, pela confiança e incentivo. A
construção do conhecimento não apenas se traduz nas páginas deste texto hoje
entregue, mas na maturidade de toda uma vida a seguir.
Aos companheiros de pesquisa, Luciana Chaves, Lauro Holanda, Mariana
Dantas, Eveline Ramos, Carla Raquel, Danyelle Geber, João Vítor Paiva, pela
amizade, competência, solidariedade e gentileza. A participação de vocês foi
fundamental para a realização deste trabalho.
Aos que compõem o Departamento de Fisioterapia da UFPE, por contribuírem
para a minha formação.
Às secretárias da pós-graduação, Niége Melo e Maria Carolina Henriques,
sempre solícitas e disponíveis.
Às crianças que participaram desta pesquisa, pois sem elas nenhuma dessas
páginas estaria completa.
Agradeço a toda minha família e aos meus amigos pela torcida, incentivos e
orações. Obrigado por acreditarem no meu esforço. Isso é amor!
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos
anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou
como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de
profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar os
montes, se não tiver amor, nada serei.
O amor é paciente, é benigno. O amor jamais acaba.
Agora, pois, permanecem a esperança, a fé e o amor; destes,
o maior é o amor.
(1° Coríntios 13)
RESUMO
RESUMO
Introdução: A obesidade representa um dos mais importantes problemas de saúde
pública, sendo o excesso de peso corporal um fator de risco que contribui para
doenças em todo o mundo. Sujeitos obesos têm mudanças morfológicas e
funcionais no músculo esquelético. Objetivo: Caracterizar as propriedades
biomecânicas do músculo esquelético em crianças com excesso de peso e
investigar a correlação entre estas propriedades e o desempenho no salto vertical.
Materiais e Métodos: Realizou-se um estudo de corte transversal envolvendo 62
crianças (♂30/ ♀32) de 9 anos (104 a 112 meses), divididas em grupos com IMC
normal (n=33) e com IMC alto (n=29), segundo os critérios de IMC escore-z
conforme sugere a Organização Mundial de Saúde (2007). Com o Ergômetro de
Tornozelo (Bio2M®), as propriedades contráteis e elásticas do tríceps sural foram
avaliadas através da contração voluntária máxima (CVM), pico de torque (Pt), tempo
de contração (CT), tempo de médio relaxamento (HRT), taxa de desenvolvimento de
torque (dPt/dt), atraso eletromecânico (EMD), eficiência neuromuscular (NME),
índice do déficit de ativação (IDA), índice de resistência musculotendínea (RIMT). O
desempenho do salto vertical (SV) foi avaliado através da Plataforma de Força
(EMG System do Brasil®). Resultados: O grupo com IMC alto apresentou maiores
valores de CVM (p<0.001) e Pt (p=0.02), porém não houve diferença quando essas
variáveis foram normalizadas com a área de secção transversa da panturrilha (CSA).
Os grupos não apresentaram diferenças em CT e HRT (p>0.05). O grupo com IMC
alto obteve maior dPt/dt (p=0.01) e menor EMD (p=0.019). Os valores de NME e IDA
foram similares entre os grupos (p>0.05). RIMT não apresentou diferenças nos
valores médios, porém há inclinações diferentes na relação MT Ratio-Torque entre
sujeitos de cada grupo. O salto vertical foi menor no grupo com IMC alto, mesmo
quando normalizado com CVM (p<0.001). Os grupos apresentaram positiva
correlação entre RIMT e SV/CVM (p<0.05). Apenas o grupo com IMC alto mostrou
correlação ente EMD e SV/CVM (r=0.44; p<0.05). Conclusão: As crianças com IMC
alto apresentaram modificações nas propriedades neuromecânicas e menor
desempenho no salto vertical, sugerindo um processo adaptativo. A oposta relação
entre as propriedades mecânicas e o salto vertical afirma que este movimento em
crianças deve ser entendido como uma atividade funcional, não somente um
componente mecânico da função muscular.
Palavras-chave: propriedades mecânicas, salto vertical, criança, índice de massa
corpórea.
__________________________________________________________________________________
ABSTRACT
ABSTRACT
Introduction: obesity represents a major public health problem as a risk factor that
contributes to disease worldwide. Obese subjects have morphological and functional
changes in skeletal muscle. Objective: to characterize the triceps surae
neuromechanical properties in high Body Mass Index (BMI) prepubertal children and
to investigate its influence on vertical jump performance. Methods: 62 children (♂30/
♀32) of 9 years (104 to 112 months) were divided in normal (n=33) or high BMIgroup (n=29), according to z-score from World Health Organization (2007).
Contractile and elastic properties of the triceps surae were evaluated using an Ankle
Ergometer by maximal voluntary contraction (MVC), twitch torque (Pt), contraction
time (CT), half relaxation time (HRT), rate of torque development (dPt/dt),
electromechanical delay (EMD), neuromuscular efficiency (NME), activation deficit
index (ADI), and musculotendinous stiffness ratio index (RIMT). Vertical jump
performance (VJ) was evaluated with a force platform. Results: high BMI-group had
increased MVC (p<0.001) and Pt (p=0.02), but no difference when normalized by
cross sectional area (p>0.05). CT and HRT were not different (p>0.05). High BMIgroup had increased dP/dt (p=0.01) and lower EMD (p=0.019). NME, ADI and
medium values of RIMT were not different, but the relation RIMT-torque had different
slopes between groups. Vertical jump was lower in high BMI-group, even if
normalized with MVC (p<0.001). There was a positive RIMT-VJ/MVC correlation in
both groups (p<0.05). Only high BMI-group showed EMD-VJ/MVC correlation.
Conclusion: high BMI children present modifications in neuromechanical properties
and lower performance in vertical jump, suggesting an adaptation process. The
opposite adjustment of the mechanical properties and vertical jump highlighted that
movement in children should be seen as a functional activity, not only a mechanical
component of muscle function.
Key-words: mechanical properties, vertical jump, children, body mass índex
__________________________________________________________________________________
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.
Representação da estrutura do músculo estriado esquelético
p.19
Figura 2.
Representação da ultraestrutura do sarcômero: delimitado por
duas linhas Z e formado por filamentos finos, grossos e
proteína estrutural titina
p.21
Figura 3.
O deslizamento dos filamentos grossos produz encurtamento
dos sarcômeros sem qualquer alteração no comprimento dos
filamentos grossos ou finos. As faixas I e H são reduzidas
p.22
Figura 4.
Representação da sucessão de eventos do mecanismo de
acoplamento excitação-contração
p.23
Figura 5.
Representação da sequência de eventos na contração
muscular
p.24
Figura 6.
Representação do modelo de três componentes proposto por
Hill (1938), modificado por Shorten (1987)
p.27
Figura 7.
Relação EMG-Força representando a contribuição dos fatores
centrais e/ou periféricos no desenvolvimento da força
p.30
Figura 8.
Representação do traçado eletromiográfico (EMG) do abalo
muscular do tríceps sural provocado pela onda M e os
parâmetros a serem avaliados em função do tempo
p.31
Figura 9.
Representação do teste de abalo simples interpolado a 25%
da contração voluntária máxima
p.34
Figura 10.
Representação da relação logarítmica entre a capacidade
voluntária e involuntária de produção de força (DA x CVM)
p.35
Figura 11.
Representação do processo de seleção da amostra
p.48
Figura 12.
Plataforma de Força (EMG System do Brasil®)
p.50
Figura 13.
A: Diagrama de linhas representando as posições do membro
para cima e para baixo durante as fases do salto;
p.51
B: Representação da força de reação vertical sobre a
plataforma durante as fases do salto
p.51
Figura 14.
Avaliação Biomecânica
p.52
Figura 15.
Posicionamento do sujeito no pedal ajustável e disposição dos
eletrodos
p.53
Figura 16.
Representação da determinação do torque voluntário máximo
p.54
__________________________________________________________________________________
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 17.
Representação do cálculo do Índice do Déficit de Ativação
(IDA)
p.55
Figura 18.
Representação do cálculo da resistência musculotendínea
durante o Teste de Liberação Rápida
p.56
Figura 19.
Relação Resistência-Torque
p.57
__________________________________________________________________________________
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
+dPt/dt
Taxa de desenvolvimento de torque
-dPt/dt
Taxa de relaxamento
&&
DQ
Aceleração angular
DQ
Deslocamento angular
CAE
Ciclo de alongamento-encurtamento
CC
Componente contrátil
CEP
Componente elástico em paralelo
CES
Componente elástico em série
CMJ
Countermovement Jump, salto com contramovimento
CSA
Cross Seccional Area, área de secção transversa
CT
Contraction Time, tempo de contração
CVM
Contração voluntária máxima
DA
Déficit de ativação
DJ
Drop Jump, salto de uma altura pré-determinada
EMD
Electromechanical Delay, atraso eletromecânico
EMG
Eletromiografia
HRT
Half Relaxion Time, tempo de médio relaxamento
I
Inércia
IDA
Índice do déficit de ativação
IMC
Índice de massa corpórea
MET
Equivalente metabólico
MHC
Myosin Heavy Chain, cadeia pesada de miosina
MLC
Myosin Light Chain, cadeia leve de miosina
Mmáx
Máxima resposta motora direta
MT
Musculotendíneo
__________________________________________________________________________________
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
NME
Eficiência neuromuscular
Pi
Fosfato inorgânico
Pt
Pico de torque
RIMT
Índice de resistênica musculotendínea, MT stiffness Ratio Index
SJ
Squat Jump, salto a partir de uma posição de agachamento
SV
Salto vertical
TA-EMG
Atividade eletromiográfica do tibial anterior
TI
Twitch Interpolated, abalo simples interpolado
TN
Troponina
TS-EMG
Atividade eletromiográfica do tríceps sural
TS-EMGCVM Atividade eletromiográfica durante a contração voluntária máxima
__________________________________________________________________________________
SUMÁRIO
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
INTRODUÇÃO .................................................................................................................
1.
Fisiologia Muscular.............................................................................................
1.1. Estrutura do Músculo Estriado Esquelético ..........................................................
1.2. Mecanismo de Contração Muscular .....................................................................
1.3. Classificação das Fibras Musculares.....................................................................
2.
Propriedades Biomecânicas do Músculo Esquelético ....................................
2.1. Modelo de Mecânica Muscular .............................................................................
2.1.1 Estudo do Componente Contrátil ..........................................................................
- Produção de Força em condições voluntárias ...........................................................
- Produção de Força em condições induzidas .............................................................
Resposta a um abalo muscular ..............................................................................
Abalo Simples Interpolado ......................................................................................
2.1. 2 Estudo do Componente Elástico ..........................................................................
2.2. Implicações Funcionais das Propriedades Elásticas ............................................
3.
Atividade Funcional de Salto .............................................................................
3.1. Interação Salto-Resistência ..................................................................................
4.
Considerações sobre Obesidade ......................................................................
18
18
18
21
25
26
26
28
28
30
30
33
35
38
39
41
42
__________________________________________________________________________________
SUMÁRIO
5.1. Obesidade e Propriedades Biomecânicas do Músculo Esquelético .......................
5.
Objetivos do Estudo ...........................................................................................
6.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................
6.2 Objetivos Específicos ...............................................................................................
MATERIAIS E MÉTODOS ...............................................................................................
1.
Local do Estudo ..................................................................................................
2.
Período de Realização do Estudo .....................................................................
3.
Desenho do Estudo.............................................................................................
4.
População do Estudo ..........................................................................................
5.
Amostra ..................................................................................................................
5.1 Amostragem ................................................................................................................
5.2 Critérios de Elegibilidade ..........................................................................................
5.3 Procedimentos para Seleção de Participantes ........................................................
6.
Procedimentos para Coleta de Dados ..............................................................
6.1
Avaliação Antropométrica .....................................................................................
6.2
Avaliação da Atividade Física Habitual .................................................................
6.3
Avaliação da Habilidade Funcional do Salto Vertical ............................................
6.4
Avaliação Biomecânica .........................................................................................
6.4.1 Contração Voluntária Máxima ...............................................................................
6.4.2 Onda M .................................................................................................................
6.4.3 Twitch Interpolado - Técnica do Abalo Simples Interpolado .................................
6.4.4 Teste de Liberação Rápida ...................................................................................
7.
Análise Estatística ..............................................................................................
43
45
45
45
46
46
46
46
47
47
47
47
47
49
49
49
49
51
53
54
55
55
57
__________________________________________________________________________________
SUMÁRIO
8.
Considerações éticas .........................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................
RESULTADOS .................................................................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................
58
59
77
111
LISTA DE APÊNDICES..............................................................................................
113
APENDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................
113
APÊNDICE B – Protocolo de Avaliação Antropométrica e Biomecânica ...................
114
APÊNDICE C – Questionário de Avaliação do Nível de Atividade Física Habitual .... 115
LISTA DE ANEXOS....................................................................................................
116
ANEXO I – Carta de aceite do Comitê de Ética em Pesquisa- UFPE .......................
116
ANEXO II - Carta de Anuência para o desenvolvimento da Pesquisa ............... 117
ANEXO III - Autorização para o Desenvolvimento da Pesquisa .........................
118
ANEXO IV – Comprovante de Submissão do Artigo de Resultados ..................
119
__________________________________________________________________________________
APRESENTAÇÃO GERAL
APRESENTAÇÃO GERAL
O músculo esquelético tem importante função no desempenho da
atividade locomotora, uma vez que é gerador de força para manutenção da
estabilidade articular e da postura. Além disso, reage constantemente a mudanças
ambientais e pode reorganizar seu metabolismo em resposta a demandas
funcionais. O entendimento dos aspectos do desempenho muscular pode elucidar as
possíveis alterações nas características da cinética de contração, eficiência
neuromuscular e propriedades elásticas em condições adversas, como no
sobrepeso.
O sobrepeso e em especial o aumento da obesidade juvenil são
considerados atualmente um problema de saúde mundial, o que desperta particular
interesse por conta do envolvimento de alterações metabólicas em diversas doenças
e das repercussões na vida adulta. Além dos distúrbios metabólicos, destaca-se a
ocorrência de possíveis modificações nas propriedades mecânicas do músculo
esquelético.
__________________________________________________________________________________
APRESENTAÇÃO GERAL
A organização estrutural e funcional do músculo esquelético se reflete nas
suas funções e consequentemente nas propriedades mecânicas. Dessa forma, o
estudo das repercussões do sobrepeso ou obesidade infantil nas propriedades
biomecânicas do músculo esquelético se mostra relevante. O reconhecimento e
identificação
do
comportamento
neuromuscular
permitirão
uma
melhor
caracterização da população infantil, detectando dificuldades e/ou atrasos e
permitindo ações precoces caso haja alterações.
A intervenção precoce previne o acúmulo de déficits em relação às
habilidades mínimas necessárias para que as crianças possam adquirir novos
comportamentos que lhe sejam exigidos. Neste sentido, a proposta do presente
trabalho é caracterizar as propriedades biomecânicas do músculo esquelético em
crianças com sobrepeso e obesidade e investigar a correlação entre estas
propriedades e o desempenho no salto vertical.
Segundo as normas do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da
UFPE, o trabalho de dissertação, aqui apresentado, foi estruturado da seguinte
forma:
1. Capítulo de Introdução
2. Capítulo de Material e Métodos.
3. Capítulo de Referências: contemplando as referências relativas aos capítulos de
Introdução e Material e Métodos.
4. Capitulo de Resultados: apresentado sob a forma de um artigo original intitulado
“MECHANICAL PROPERTIES AND VERTICAL JUMP PERFORMANCE IN
CHILDREN WITH HIGH AND NORMAL BODY-MASS INDEX”
5. Considerações Finais
6. Apêndices
7. Anexos
__________________________________________________________________________________
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.
FISIOLOGIA MUSCULAR
1.1
ESTRUTURA DO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO
O músculo estriado esquelético é delimitado por um tecido conjuntivo
denso – epimísio – que envolve o conjunto fascículos que constituem o músculo.
Cada feixe de fibras é circundado por outra camada de tecido conjuntivo, o
perimísio. Cada fibra muscular é envolvida pelo endomísio, que a separa das fibras
vizinhas (Figura 1). Sob esta terceira camada de tecido, o sarcolema envolve o
conteúdo celular da fibra. Nas extremidades do músculo, estes envoltórios unem-se
às bainhas de tecido intramuscular para formar os tendões que conectam o músculo
ao periósteo (MCCOMAS, 2001; MCCARDLE et al., 2008).
Cada fibra muscular única multinucleada contém unidades funcionais
menores localizadas paralelamente ao eixo longitudinal da fibra: miofibrilas, que se
caracterizam por uma alternância entre faixas claras (I, isotrópicas) e escuras (A,
anisotrópicas) ao longo de seu comprimento (Figura 1). Estas faixas estão ligadas à
_______________________________________________________________________________18
CAPÍTULO 1
presença de miofilamentos (principalmente actina e miosina) que se sobrepõem,
atribuindo um aspecto estriado à fibra muscular. A linha Z divide ao meio a faixa I e
adere ao sarcolema, o que delimita o sarcômero e proporciona estabilidade à
estrutura inteira (MCCARDLE et al., 2008). Os filamentos de actina e miosina dentro
do sarcômero contribuem para a mecânica de contração muscular. Os sarcômeros
distribuem-se em série e seus filamentos possuem uma configuração paralela dentro
da fibra (MCCARDLE et al., 2008).
Figura 1. Representação da estrutura do músculo estriado esquelético.
Fonte: http://anatomia1apablovenegas.blogspot.com
O filamento de miosina é composto por duas partes: cauda e cabeça.
Esta molécula é constituída por duas cadeias pesadas (Myosin Heavy Chain, MHC)
e quatro cadeias leves (Myosin Light Chain, MLC). É sobre a cabeça da miosina que
atua a enzima Miosina ATPase. Os filamentos de actina são unidos por suas
extremidades à linha Z pela a- Actinina e se estendem, paralelamente ao eixo da
miofibrila, ao meio do sarcômero ao longo das faixas I e A (MCCOMAS, 2001). Estes
filamentos são constituídos por duas cadeias (actina-F) dispostas em dupla hélice,
por uma proteína globular (actina-G), pela tropomiosina, que se localiza no sulco da
_______________________________________________________________________________19
CAPÍTULO 1
hélice da actina e bloqueia os sítios de ligação entre actina e miosina, e pela
troponina (TN) que se instala sobre a tropomiosina (MCCARDLE et al., 2008).
A troponina é composta por três proteínas: troponina T (TN-T)
responsável pela fixação à tropomiosina; troponina I (TN-I) inibe a atividade da
ATPase na cabeça da miosina; troponina C (TN-C) com seu sítio específico de
ligação ao cálcio (Ca+2). Quando a TN-C está saturada de Ca+2, o efeito inibitório da
TN-I é ativado (MCCARDLE et al., 2008).
O centro da faixa A contém a zona H, uma zona clara pela ausência de
filamentos de actina. A faixa M mantém a orientação dos filamentos de miosina
dentro do sarcômero e divide ao meio a porção central da zona H, que delineia o
centro do sarcômero e consiste nas estruturas protéicas que apóiam o arranjo dos
filamentos de miosina (MCCOMAS, 2001; MCCARDLE et al., 2008).
A manutenção estrutural destes filamentos contráteis durante o
deslizamento das pontes cruzadas é fornecida por proteínas de suporte, p. ex., titina
e nebulina. A titina é uma proteína filamentosa, ancorada nas linhas Z, estende-se
ao centro do sarcômero longitudinalmente e liga-se à miosina (WANG e WRIGHT,
1988) (Figura 2). Segundo McComas (2001), cada par de fios de titina funciona
como um estabilizador longitudinal para o filamento de miosina, mantendo-o no
centro do sarcômero durante a contração e relaxamento. As fixações sobre os
filamentos de miosina são feitas pelas proteínas C e H (SOTERIOU et al., 1993). A
proteína C mantém os filamentos espessos em uma organização regular. A
nebulina, também fixada à linha Z, coexiste com os filamentos de actina e controla o
número de monômeros de actina - comprimento dos filamentos - e parte de sua
inextensibilidade (KRUGER et al., 1991).
_______________________________________________________________________________20
CAPÍTULO 1
Figura 2. Representação da ultraestrutura do sarcômero: delimitado por duas linhas Z
e formado por filamentos finos, grossos e proteína estrutural titina. Fonte: WIDMAIER
et al., 2004.
Filamentos
intermediários
encontrados
em
músculos
estriados
esqueléticos são os filamentos de desmina, que ligam as linhas Z de sarcômeros
adjacentes de uma mesma miofibrila assim como sarcômeros de miofibrilas
adjacentes (MCCARDLE et al., 2008). São estes filamentos intermediários que,
através de suas ligações transversais de uma linha Z a outra, mantêm todas as
fibras organizadas dentro da fibra muscular (MCCOMAS, 2001).
1.2
MECANISMO DE CONTRAÇÃO MUSCULAR
Durante a contração muscular, o comprimento dos filamentos de actina e
miosina permanece constante. Ao contrário, a dimensão dos sarcômeros varia em
função do deslizamento entre esses filamentos: o comprimento da faixa A se
mantém inalterado, enquanto a faixa I e a zona H têm variação em seus tamanhos
_______________________________________________________________________________21
CAPÍTULO 1
(Figura 3). Um certo número de eventos ocorre entre o momento em que o
sarcolema, percorrido por um potencial de ação, é despolarizado e o encurtamento
do sarcômero acontece.
Figura 3. O deslizamento dos filamentos grossos produz encurtamento dos
sarcômeros sem qualquer alteração no comprimento dos filamentos grossos ou finos.
As faixas I e H são reduzidas. Fonte: WIDMAIER et al., 2004.
O potencial de ação se propaga ao longo dos túbulos transversos do
sarcolema
e
atinge
a
proximidades
das
cisternas
terminais
do
retículo
sarcoplasmático (Figura 4). Esta despolarização permite a abertura dos canais de
Ca+2 e acarreta a liberação deste íon pelos sacos laterais do retículo
sarcoplasmático. Ocorre um imediato aumento na concentração de Ca +2 intracelular,
que se liga ao sítio específico na TN-C (Figura 5). Esta ligação modifica a
conformação da molécula de tropomiosina, que desliza sobre a cadeia helicoidal da
actina, liberando os sítios específicos para a ligação com as cabeças globulares da
miosina. Ao mesmo tempo, a fixação do Ca+2 à TN-C permite a remoção do efeito
inibitório exercido pela TN-I sobre a atividade ATPásica na cabeça da miosina. Esta
_______________________________________________________________________________22
CAPÍTULO 1
atividade permite a hidrólise de ATP em ADP e Pi (fostato inorgânico) dependente
de Mg+2, produzindo energia.
A energia desta reação produz uma modificação do ângulo formado entre
a cabeça de miosina e a actina e, portanto, um deslizamento dos filamentos de
actina sobre os filamentos de miosina. A tração ao nível das extremidades de um
filamento de actina ocorre em sentido oposto: um ciclo único encurta o sarcômero
em cerca de 1% (MARIEB, 2005).
Figura 4. Representação da sucessão de eventos do mecanismo de acoplamento
excitação-contração. Fonte: WIDMAIER et al., 2004.
_______________________________________________________________________________23
CAPÍTULO 1
O complexo actina-miosina permanece estável até que a presença de
uma nova molécula de ATP permita a interrupção da ligação entre esses filamentos,
o reposicionamento das cabeças de miosina e a formação de um novo complexo
miosina-ATP. Se a concentração intracelular de Ca+2 for suficientemente elevada, o
ciclo se repete (MCARDLE, 2008). Durante uma mesma contração, o ciclo se
reproduz várias vezes em função da freqüência dos potenciais de ação emitidos pelo
motoneurônio a. Quanto maior o número de ciclos, maior o encurtamento: um abalo
muscular pode levar a cerca de 50% do encurtamento do músculo (MARIEB, 2005).
O mecanismo de acoplamento excitação-contração termina quando a
concentração intracelular de Ca+2 torna-se inferior a 1 µmol/L – concentração de
repouso – e os sítios de ligação da TN-C são liberados. Os canais de Ca+2 do
retículo sarcoplasmático se fecham pela ausência do potencial de ação e o Ca +2
citoplasmático é transportado ativamente para as cisternas reticulares (MCCOMAS,
2001) (Figura 5).
Figura 5. Representação da sequência de eventos na contração muscular. Fonte:
WIDMAIER et al., 2004.
_______________________________________________________________________________24
CAPÍTULO 1
1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS MUSCULARES
As fibras musculares, presentes ao nascimento, diferenciam-se em
músculos estriados esqueléticos
devido
a
suas propriedades histológicas,
histoquímicas e fisiológicas, i.e., segundo suas características moleculares,
metabólicas, estruturais e contráteis (PETTE & SARON, 2001). Uma associação
entre os estudos mecânicos e histológicos permite definir três grandes famílias de
músculos: músculos ditos lentos, caracterizados pela cadeia pesada de miosina do
tipo MHCI, constituídos por uma maior proporção de fibras tipo I com grande
resistência à fadiga e muitas vezes utilizados para a manutenção postural; músculos
rápidos,
pouco resistentes à fadiga, constituídos em sua maioria por fibras
musculares do tipo II e divididos em dois subgrupos correspondentes aos dois tipos
de cadeia pesada de miosina – MHCIIa e MHCIIb; músculos mistos, compostos por
proporções diferentes dos tipos principais de fibra (LUCAS et al., 2000; MCCOMAS,
2001; SOUTO MAIOR, 2008).
Neste contexto, Lucas et al. (2000) ressaltam a existência de outras
isoformas – MHCIIx - com características híbridas de modo a expressar mais de
uma forma de MHC em diferentes combinações. Por exemplo, Bottinelli et al. (1994)
mostrou que as fibras dos músculos plantares de ratos podem exprimir as isoformas
I – IIa, IIa – IIx, IIx – IIb. Esta co-expressão pode representar até 85% das fibras dos
músculos plantares (DI MASO et al., 2000). Tal polimorfismo pode favorecer o
mecanismo de transição do perfil fenotípico da fibra quando ocorre uma modificação
da demanda funcional (BALDWIN & HADAD, 2001; PETTE & SARON, 2001). Neste
caso, segundo Pette e Saron (2000), o esquema geral das transições reversíveis
das isoformas de MHC são as seguintes: MHCI ↔ MHCIIa ↔ MHCd/x ↔ MHCIIb.
Assim, o polimorfismo pode ser uma característica das fibras com alto
potencial adaptativo. A transição do perfil fenotípico é conhecida como sendo
afetada pela inervação/atividade neuromuscular, carga ou descarga mecânica,
alteração no perfil hormonal, tipo de treinamento, envelhecimento.
A importância do papel da inervação para o estabelecimento do perfil
fenotípico de músculos específicos tem sido enfatizada por experimentos com
_______________________________________________________________________________25
CAPÍTULO 1
reinervação cruzada (WOLPAW & CARP, 2006; KAWANO et al., 2007; MAGGS et
al., 2008). Considerando os efeitos da imobilização e microgravidade, houve
diferenças na velocidade de encurtamento dos músculos avaliados (EDGERTON et
al., 1995; GOUBEL, 1997; FITTS, 2000; KUBO et al., 2000; MULDER et al., 2007;
CORNACHIONE et al., 2010).
Estudos afirmam que a sobrecarga mecânica altera a força e a morfologia
muscular, com um aumento das fibras resistentes à fadiga (ADAMS, 2000; PETTE &
SARON, 2001; THORLUND et al., 2010). Outros estudos sugerem que a obesidade
está relacionada com uma maior proporção de fibras tipo IIB, em função de
modificações na capacidade oxidativa do músculo (KELLEY et al., 2002; TANNER et
al., 2002). Staron et al. (2000) afirmaram que diferenças hormonais, principalmente
em relação à testosterona, pode contribuir para diferenças nas concentração das
isoformas de MCH. No que se refere ao treinamento, as adaptações ocorrem de
forma diferente em treinos de endurance (GOUBEL & MARINI, 1997; BUCHANAN &
MARSH, 2001; GROSSET et al., 2009; DUFFELL, 2010), força (OCHALA et
al.,2005; ANDERSEN & AAGAARD, 2010) e treino pliométrico (POUSSON et al.,
1991; ALMEIDA-SILVEIRA et al., 1994; GROSSET et al., 2009; FOURÉ, et al.,
2011).
2.
PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
2.1
MODELO DE MECÂNICA MUSCULAR
Uma das
representações das propriedades mecânicas do músculo
esquelético utiliza o modelo proposto por AV Hill (1938). Este modelo aborda o
músculo esquelético caracterizado por propriedades contráteis, mas também por
propriedades elásticas. Hill (1938; 1950) estabeleceu três elementos constitutivos
básicos da estrutura muscular: componente contrátil (CC); componente elástico em
série (CES); componente elástico em paralelo (CEP) (Figura 6).
_______________________________________________________________________________26
CAPÍTULO 1
Figura 6. Representação do modelo de três componentes proposto por Hill (1938),
modificado por Shorten (1987). Fonte: SHORTEN, 1987.
O CC representa tanto as relações dinâmicas entre a força e a velocidade
de encurtamento muscular quanto as propriedades estáticas entre força e
comprimento Este componente, composto pelo complexo actina-miosina, é
responsável por converter energia química em mecânica, sendo, portanto, a fonte
geradora de força ativa (UGRINOWISTCH, 1998; ENOKA, 2000).
Em série com o CC, o CES é responsável pela transmissão da força de
contração à periferia e é dividido em duas porções: fração ativa, representada pelas
pontes entre actina e miosina e miofibrilas (HUXLEY e SIMMONS, 1971); fração
passiva, localizada nos tendões e tecido conjuntivo (SHORTEN, 1987). Esta
heterogeneidade do CES leva a uma relação não-linear de tensão-extensão. Além
disso, o grau de resistência do CES tem uma relação linear e crescente com o
aumento dos níveis de torque (LAMBERTZ et al., 2003b).
O CEP reflete a elasticidade passiva do músculo quando não é ativado
pelas forças contráteis (HOROWITS, 1992). É composto pelo sarcolema, tecidos
conectivos
e
proteínas
estruturais:
desmina
(BORIEK,
2001);
titina
(TSKHOVREBOVA & TRINICK, 2002). A titina é participa da integridade estrutural
do sarcômero e da produção de força passiva quando os sarcômeros são alongados
_______________________________________________________________________________27
CAPÍTULO 1
(MCCOMAS, 2001). Além disso, embora localizada no CEP, presume-se que ela
também desempenha um papel quando o músculo é contraído (HERZOG, 2000).
Cada um destes componentes pode ser caracterizado do ponto de vista
mecânico. Estes métodos de trabalho, focando CC e o CES sob
condições
voluntárias e induzidas, são abordados a seguir.
2.1. 1 ESTUDO DO COMPONENTE CONTRÁTIL
-
PRODUÇÃO DE FORÇA EM CONDIÇÕES VOLUNTÁRIAS
A força desenvolvida pelo músculo é conhecida como sendo proporcional
ao número de sarcômeros arranjados em paralelo e assim sua fisiológica área de
secção transversa (cross-sectional área, CSA) (IKAI & FUKUNAGA, 1968). A força é
um dos mais importantes índices de performance física (FOLLAND & WILLIAMS,
2006; GROSSET et al., 2008). Estudos estão freqüentemente focados nas
mudanças na força isométrica voluntária máxima em crianças (PӒӒSUKE et al.,
2000; LAMBERTZ et al., 2003b; PAIVA et al., 2008; 2009). A medição da ativação
muscular é fundamental para quantificar a função muscular com aplicabilidade em
fins clínicos e de pesquisa (FOLLAND & WILLIAMS, 2006).
A contração voluntária máxima (CVM) depende da ativação alcançada
durante determinadas séries de contração voluntária máxima, do nível de
coordenação intra a intermuscular do sujeito, além de fatores psicológicos e
motivacionais subjetivos (LAMBERTZ et al., 2003a; FOLLAND & WILLIAMS, 2006;
GROSSET et al., 2008; HORSTMAN, 2009). Neste contexto, a literatura retrata
diferenças no desenvolvimento da força dos músculos recíprocos de crianças
influenciados pela capacidade de ativação muscular (KANEHISA & YATA, 1995;
LAMBERTZ et al., 2003a; GROSSET et al., 2008). Além disso, diferenças no
controle motor contribuem para os mais baixos torques encontrados em crianças
mais novas (LAMBERTZ et al., 2003b; GROSSET et al., 2008).
Conforme discutido anteriormente, a força desenvolvida por um músculo
depende do nível de ativação. Assim, a eletromiografia (EMG), que mede o nível de
_______________________________________________________________________________28
CAPÍTULO 1
excitação, pode ser usada para avaliar a capacidade do músculo de desenvolver
força, ou seja, permite a estimativa do início do recrutamento das unidades motoras,
além da identificação do recrutamento completo dessas unidades (MADELEINE et
al., 2001; AKATAKI et al., 2004; HAYASHIBE et al., 2009).
Independente do tipo de relação EMG - Força, é possível, avaliar a
contribuição relativa dos fatores centrais e periféricos envolvidos nos ganhos de
força isométrica (Figura 7). Assim, de acordo com o modelo proposto por Moritani e
De Vries (1979), observou-se ganhos de força após um período de treinamento
estão relacionados:
1. exclusivamente ao mecanismo central quando a inclinação da relação não
é afetada, mas o nível máximo de EMG é maior. Os ganhos de força são
devido à melhora do comando nervoso.
2. ao músculo, puramente periférica, a inclinação da relação diminui sem
alteração do EMG máx. Os ganhos de força são devido à hipertrofia
muscular.
3. fatores centrais como periféricos, quando a inclinação da relação diminui e
aumenta EMG max. Os ganhos de força são causados pela melhora do
comando nervoso e hipertrofia muscular.
Assim, a inclinação da relação EMG-Força pode fornecer um informações
acerca da eficiência neuromuscular.
_______________________________________________________________________________29
CAPÍTULO 1
Figura 7. Relação EMG- Força representando a contribuição dos fatores centrais e/ou periféricos no
desenvolvimento da força. 1. Modificações dos fatores centrais. 2. Modificações dos fatores
periféricos. 3. Modificações dos fatores centrais e periféricos. Fonte: Modificado de Moritani & De
Vries, 1979.
-
PRODUÇÃO DE FORÇA EM CONDIÇÕES INDUZIDAS
RESPOSTA A UM ABALO MUSCULAR
Segundo a literatura, é possível alcançar mais altos torques com a
eletroestimulação do que com a contração voluntária (IKAI & FUKUNAGA, 1970).
Assim, para obtenção das características contráteis de forma induzida, utiliza-se a
onda M - resposta motora direta -, que é a expressão eletromiográfica da contração
muscular provocada pela estimulação elétrica do músculo (MORA et al., 2003;
TUCKER & TÜRKER, 2007). Através de técnicas de estimulação elétrica, é possível
quantificar as propriedades contráteis independente da vontade ou habilidade do
indivíduo (GROSSET et al., 2005).
A resposta motora máxima direta é obtida com o aumento da intensidade
de estimulação até o ponto em que a amplitude da resposta M não se altera, o que
corresponde à ativação total do músculo (HWANG, 2002). Segundo Klass et al.
(2004), tal estimulação traduz medidas do potencial de ação muscular, transmissão
neuromuscular, excitação do sarcolema. Além disso, a medida da capacidade total
_______________________________________________________________________________30
CAPÍTULO 1
de ativação é utilizada como um fator de normalização da atividade muscular
(LAMBERTZ et al., 2001).
Dentre os parâmetros que podem ser avaliados pela estimulação máxima
do nervo motor, encontram-se: I. a latência, i.e., atraso eletromecânico
(electromechanical delay, EMD), que diz respeito ao início da onda M, o atraso entre
a excitação das fibras musculares e o desenvolvimento de uma tensão; II. a
amplitude máxima, ou seja, o pico de torque (Pt); III. o tempo de contração
(contraction time, CT), que é o intervalo de tempo entre o início e o máximo de
contração; IV. o tempo de médio relaxamento (half relaxion time, HRT), tempo
necessário para haver uma queda de 50% da tensão máxima; V. a taxa de
desenvolvimento da força/torque (+dPt/dt) e a taxa de relaxamento (-dPt/dt).
(GROSSET et al., 2005) (Figura 8).
Figura 8. Representação do traçado eletromiográfico (EMG) do abalo muscular do tríceps
sural provocado pela onda M e os parâmetros a serem avaliados em função do tempo. Os
pontos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 permitem o cálculo do atraso eletromecânico (EMD), taxa de
desenvolvimento de torque (dPt/dt), tempo de contração (CT), pico de torque e tempo de
médio relaxamento (HRT). Fonte: GROSSET et al., 2005.
O tempo de contração tem relação inversa com a velocidade de
encurtamento dos sarcômeros, ou com a velocidade de hidrólise do ATP, que pode
estar relacionado com a concentração de Ca+2 disponível, ou seja, a densidade deste
_______________________________________________________________________________31
CAPÍTULO 1
íon das cisternas do retículo sarcoplasmático. O tempo de contração também
representa a soma das atuações das unidades motoras que são ativadas pelo
estímulo elétrico. Uma mudança no tempo de contração pode indicar uma mudança
de população das unidades motoras que participam deste tempo. Quanto mais um
músculo é rico em unidades motoras rápidas, o tempo será curto (RICE et al., 1988;
FOEHRING et al., 1988).
O tempo de médio relaxamento representa a velocidade com que o Ca+2 é
captado pelo retículo sarcoplasmático. Ele determina o ritmo de redução da força
quando não há mais potencial de ação. A relação +dPt/dt representa a cinética de
liberação de Ca+2 intracelular (ASHLEY et al., 1993; HARRIDGE et al., 1996; PATEL
et al., 1996; MCDONALD et al., 1997). Ao contrário, a relação -dPt/dt representa a
cinética
de
recaptação
de
Ca+2 intracelular
pelas
cisternas
do
retículo
sarcoplasmático.
Zee e Voigt (2001) afirmam que durante a estimulação elétrica apenas o
tríceps sural é ativado, o que elimina a influência de outros grupamentos
musculares. Considerando este grupamento muscular, o twitch – abalo muscular
provocado pela estimulação do nervo motor - foi usado para comparar as
propriedades contráteis dos músculos esqueléticos entre crianças e adolescentes
(DAVIES et al., 1983), entre escolares pré e pós-púberes e adultos (DAVIES, 1985;
PӒӒSUKE et al., 2000) e entre pré-púberes de uma faixa etária restrita 7 aos 11
anos (GROSSET et al., 2005; PAIVA et al., 2009).
O atraso eletromecânico é definido como o intervalo entre o início da
atividade eletromiográfica e o início do desenvolvimento da força (MORA et al.,
2003; MURAOKA et al., 2004). O EMD é influenciado por diferentes estruturas de
mecanismos, entre eles, o tempo necessário para: propagação do potencial de ação
na membrana muscular; processo de acoplamento excitação-contração; estiramento
do CES pelo elemento contrátil (CAVANAGH & KOMI, 1979). O tempo para este
último fator é considerado como de grande influência sobre o EMD. O tempo
necessário para o alongamento do CES pelo CC está relacionado com a taxa de
desenvolvimento da força de contração e, portanto, a miotipologia (CAVANAGH &
KOMI, 1979). A avaliação do atraso eletromecânico pode, portanto, fornecer
_______________________________________________________________________________32
CAPÍTULO 1
informações indiretas sobre as mudanças na elasticidade musculotendínea
(WINTER & BROOKES, 1991).
Norman e Komi (1979) referem que o EMD é diferente no bíceps e tríceps
braquial, o que é atribuído a uma diferente composição em tipos de fibra. Segundo
Grosset et al. (2008), as fibras lentas são mais rígidas e apresentam menor EMD,
menor velocidade de transmissão de força à periferia, ao contrário das fibras
rápidas, mais complacentes. Dessa forma, observa-se que o EMD e a
rigidez/resistência apresentam adaptações em direções opostas.
Além disso, o EMD é método para avaliação da elasticidade
musculotendínea de forma induzida (WINTER & BROOKES, 1991; GROSSET et al.,
2008; 2009). O EMD informa principalmente acerca da transmissão de força através
elementos elásticos com maior ou menor complacência do que sobre o processo de
acoplamento excitação-contração (CAVANAGH & KOMI, 1979). Assim, o tempo para
alongar a unidade musculotendínea é considerado uma parte essencial dos valores
de EMD (CAVANAGH & KOMI, 1979).
Os valores de EMD foram diferentes em relação ao gênero em sujeitos
adultos (WINTER & BROOKES, 1991); diferente em relação ao comprimento
muscular no qual foi mensurado (MURO & NAGATA, 1985 apud GROSSET et al.,
2005) e considerando e estado de estabilidade do tornozelo (MORA et al., 2003).
Em cada caso, as diferenças nos valores do EMD foram interpretadas em termos de
mudanças na rigidez musculotendínea. Apenas no estudo de Grosset et al. (2005)
foi encontrada a utilização do EMD em crianças utilizando o tríceps sural. Antes
disso, Akai e Aoki (1996) estudaram o EMD em flexores do cotovelo em condições
estáticas e dinâmicas. Para Grosset et al. (2005), os altos valores de EMD
encontrados em pré-adolescentes e suas mudanças relacionadas à idade indicam
um aumento na rigidez musculotendínea relacionada à idade.
ABALO SIMPLES INTERPOLADO
_______________________________________________________________________________33
CAPÍTULO 1
Considerando as mudanças na capacidade de ativação e as condições
subjetivas do sujeito avaliado, discutidas anteriormente, Shield & Zhou (2004)
defendem a aplicação de um estímulo elétrico em adição à CVM para mensurar o
drive central do músculo durante a CVM, o que permite uma acurada determinação
da força voluntária máxima. A técnica do abalo simples interpolado (twitch
interpolated, TI) envolve a comparação da capacidade de ativação numa contração
voluntária máxima ou submáxima e quando esta é sobreposta por um estímulo
elétrico supramáximo (DOWLING et al., 1994; ALLEN et al., 1995; BEHM et al.,
1996), ou seja, esta técnica permite estudar o grau de ativação da unidade motora
durante o esforço voluntário (TAYLOR, 2009; HORSTMAN, 2009).
Folland e Williams (2006) ressaltam que a fração de contração que
aparece sobreposta à contração voluntária indica a proporção de músculo não
ativado (Figura 9). A força produzida pela estimulação elétrica em cima da força
voluntária é chamada de força de abalo interpolada. Além disso, esta força de abalo
diminui à medida que aumenta a ativação muscular voluntária (SUTER & HERZOG,
2001). A proporção de músculo não ativado é identificada como o déficit de ativação
(DA) (SHIELD & ZHOU, 2004; TODD et al., 2003; OSKOUEI et al., 2003). O
percentual do DA tem uma relação logarítmica com o nível de contração voluntária e
a inclinação desta relação é definida como índice do déficit de ativação (IDA)
(GROSSET et al., 2008) (Figura 10).
CVM
Figura 9. Representação do teste de abalo simples interpolado a 25% da contração
voluntária máxima. Desenvolvimento do torque numa flexão plantar sob condições
isométricas, registro da atividade eletromiográfica do tríceps sural (TS-EMG) e do tibial
anterior (TA-EMG). A seta indica a porção do músculo ativada involuntariamente. Fonte:
GROSSET et al., 2008.
_______________________________________________________________________________34
CAPÍTULO 1
Torque (% CVM)
Figura 10. Representação da relação logarítmica entre a capacidade voluntária e
involuntária de produção de força (DA x CVM). Fonte: GROSSET et al., 2008.
O abalo simples interpolado é considerado um parâmetro para estimar a
capacidade de força em pacientes com dificuldade na geração de força, assim como
esclarecer sobre a contribuição neural em casos de diminuição da força muscular
(TAYLOR, 2008; HORSTMAN, 2009). O TI evidenciou diferenças no padrão de
ativação em pacientes com lesão musculoesquelética (HURLEY et al., 1994; SUTER
et al., 1998), com alterações no controle motor do movimento (HORSTMAN, 2009).
Em crianças, Grosset et al. (2008) evidenciaram as diferenças nos padrões de
ativação na faixa etária de 7 a 11 anos e sua comparação com indivíduos adultos
(Figura 10).
2.1.2 ESTUDO DO COMPONENTE ELÁSTICO
As propriedades elásticas do músculo esquelético estão relacionadas à
rigidez
ou
complacência
de
estruturas
tendíneas
e/ou
musculotendíneas
dependendo do nível de observação, i.e., músculos isolados (em modelos de
experimentação animal) ou grupamentos musculares.
_______________________________________________________________________________35
CAPÍTULO 1
A estruturas tendíneas – tendão e aponeurose – têm sido mostradas
como sendo o maior componente do CES, com grande influência no desempenho
mecânico do músculo (KUBO
et
al.,
1999).
De fato, informações sobre as
propriedades deste componente são essenciais para o mecanismo do desempenho
humano e função muscular (CAVAGNA, 1977; KUBO et al., 1999; ZEE & VOIGHT,
2001). Em experimentos com fibra muscular em preparação de músculo isolado,
Bosco et al. (1982) e Barros et al. (2004) mostraram que o músculo solear, rico em
fibras lentas, apresentam características elásticas diferentes do músculo extensor
longo dos dedos (EDL), rico em fibras rápidos. Tem sido mostrado por Toursel et al.
(1999) que as fibras lentas apresentam menor complacência que as fibras rápidas.
Além disso, o treinamento pode mudar as propriedades elásticas do músculo
esquelético, além de induzir o fenômeno de transição do tipo de fibra muscular.
Neste sentido, Goubel e Marini (1987) observaram um aumento na
resistência do CES muscular, que foi associado ao relativo aumento de fibras lentas
no músculo isolado. Após período de treino pliométrico, uma evolução mecânica
oposta foi encontrada no músculo sóleo, i.e., uma diminuição na rigidez e um
aumento de fibras rápidas (POUSSON et al., 1991; ALMEIDA-SILVEIRA et al.,
1996). Este último resultado também ressalta que a hiperatividade geralmente leva a
um aumento na rigidez de estruturas colágenas (WOO et al., 1982), enquanto a
hipoatividade mostra uma evolução oposta (ALMEIDA-SILVEIRA et al., 2000). O fato
de que a porção passiva também pode mostrar uma adaptação ao treinamento foi
observada por Kovanen et al. (1980).
Dessa forma, o ajuste do CES pode ocorrer devido a respostas
adaptativas de sua fração ativa e passiva. Em condições de hipoatividade, utilizando
um modelo de microgravidade simulada, Canon e Goubel (1995) relataram uma
baixa rigidez do CES no músculo sóleo, o que, posteriormente, confirmou-se nos
estudos de Toursel et al. (1999) para fibras musculares e para Almeida-Silveira et al.
(2000) no tendão isolado. Além disso, Toscano et al. (2008) registraram um aumento
na rigidez no músculo isolado após um período de desnutrição pré-natal, o que não
foi concordante com o concomitante aumento das fibras rápidas.
Diferentes grupos musculares têm sido abordados no estudo das
propriedades elásticas, com enfoques diversos. Os flexores de cotovelo, por
_______________________________________________________________________________36
CAPÍTULO 1
exemplo, foram avaliados em patologias que afetavam a capacidade de marcha,
como a Distrofia Muscular de Duchenne (CORNU et al., 1998; 2001). Em outros
casos, considerando a função de sustentação do corpo e outras atividades físicas, o
grupo muscular tríceps sural tem sido largamente utilizado. Entre os estudos
existentes utilizando este grupamento, encontra-se o efeito a longo prazo da
hipogravidade por vôo espacial (LAMBERTZ et al., 2001), diferenças de respostas
musculares relacionadas a idade em crianças (LAMBERTZ et al., 2003b; GROSSET
et al., 2005; PAIVA et al., 2009), mudanças da força de contração relacionadas ao
estado nutricional (PAIVA et al., 2008).
Analisando
as
adaptações
após
um
período
de
hipoatividade,
corroborando com os estudos em animais, Kubo et al. (2004) encontraram uma
diminuição da rigidez tendínea após um período de restrição ao leito. Por outro lado,
os achados Lambertz et al. (2001) revelaram uma diminuição da rigidez
musculoarticular
sob
condições passivas,
porém
um
aumento
na
rigidez
musculotendínea como efeitos da microgravidade sob condições ativas. Estes
últimos autores sugerem um mecanismo adaptativo, p. ex. mudanças no drive
neural, para contrabalançar os diferentes ajustes de rigidez das estruturas ativa e
passiva.
Ao analisar condições de hiperatividade, os estudos com modelos animais
e os realizados em humanos demonstram evolução oposta: após um período de
treino pliométrico, Almeida-Silveira et al. (1996) relataram uma diminuição da rigidez
do CES no sóleo de ratos, enquanto Pousson et al. (1990) referiram um aumento na
resistência em músculo de humanos. Em paralelo, ressalta-se que as propriedades
elásticas se adaptam de forma diferente a depender do tipo de atividade e da
estrutura analisada.
Em 2001, Kubo et al. fizeram alusão a um aumento na rigidez tendínea
após treino isométrico, ao contrário do estudo de Ochala et al. (2005), que
evidenciou uma diminuição da resistência musculotendínea após o treino de força.
No estudo de Kubo et al. (2007b), estruturas tendíneas aumentaram a sua rigidez
após um treino com pesos, mas não variou após o treino pliométrico. Em contraste,
a resistência articular aumentou após este treino, sem alterações com o treino de
_______________________________________________________________________________37
CAPÍTULO 1
força. Gosset et al. (2009) observaram um aumento na rigidez musculotendínea do
tríceps sural após um treino de endurance, porém uma diminuição após o treino
pliométrico, o que concorda com uma mudança da tipologia de fibras. Treino de
endurance privilegia um aumento em fibras lentas, menos complacentes, e treino
pliometrico um aumento em fibras rápidas, mais complacentes.
A maturação fisiológica que acompanha o crescimento e desenvolvimento
é igualmente responsável por modificações nas propriedades elásticas do músculo.
Em crianças saudáveis, a rigidez tendínea de extensores do joelho (KUBO et al.,
2001) e o índice de rigidez musculotendínea de flexores plantares diminui com o
crescimento (LAMBERTZ et al., 2003b; PAIVA et al., 2009). Entretanto, esta
evolução não foi observada por Cornu e Goubel (2001) em flexores do cotovelo.
Lambertz et al. (2003 a, b) propuseram mudanças na capacidade de ativação
muscular como fatores que influenciam na avaliação das propriedades elásticas.
Além disso, considera-se o efeito da maturação dos tecidos elásticos (LAMBERTZ et
al., 2003b), assim como um diferente comportamento entre as porções ativa e
passiva em termos de rigidez musculotendínea (CORNU et al., 1997).
Grosset et al. (2010) demonstraram que a imobilização afeta este
processo. Em crianças imobilizadas, houve um aumento na resistência do complexo
musculoarticular do tornozelo. Em associação com os dados da literatura que
ratificam a diminuição da resistência com o desuso em condições passivas
(LAMBERTZ et al., 2001; KUBO et al., 2004), concluiu-se que este aumento da
rigidez do complexo musculoarticular indica um expressivo aumento na rigidez de
estruturas envolvidas em condições ativas, i.e., a parte contrátil do CES, mas que
também mostraram que o desuso pela hipoatividade ou imobilização pode mostrar
opostas/ diferentes adaptações.
2.2 IMPLICAÇÕES FUNCIONAIS DAS PROPRIEDADES ELÁSTICAS
O termo “stiffness” é definido como a resistência de um objeto ou corpo a
mudanças de comprimento (BRUGHELLI & CRONIN, 2008). A depender da
estrutura analisada e do método de quantificação, pode-se identificar diferentes tipos
_______________________________________________________________________________38
CAPÍTULO 1
de stiffness: tendíneo, musculotendíneo – que envolve os elementos ativos e
passivos do CES – e musculoarticular. Este último envolve não apenas as
propriedades elásticas do CES, mas também estruturas passivas, incluindo pele,
ligamentos e superfícies articulares (LAMBERTZ et al., 2001; RABITA et al., 2008).
Ao se considerar o sistema musculoesquelético, o grau de resistência ou
rigidez das estruturas governa a mecânica de interação com o ambiente externo.
Segundo Lambertz et al. (2001), por exemplo em condições de desuso, ocorre um
aumento na resistência articular diminui a amplitude de movimento e altera a
performance neuromuscular, o que torna o movimento normal mais difícil.
Os estudos acerca da rigidez dessas estruturas servem como mais um
parâmetro de avaliação do desempenho físico, grau de estabilidade entre estruturas,
além de ser mais uma variável de medida para a funcionalidade. Nesse sentido, na
manutenção do equilíbrio na postura ereta, a resistência passiva das estruturas
musculotendíneas atua no sentido contrário da força gravitacional, a qual tem a
tendência de provocar uma queda do corpo para frente. A literatura retrata que a
contribuição deste momento de força restaurador da postura – a resistência passiva,
sem participação direta do sistema nervoso – seja de 65 a 90% da força
gravitacional (LORAM & LAKIE, 2002; CASADIO et al., 2005).
Dessa forma, a influência das propriedades elásticas está presente em
muitas atividades diárias, como correr, andar, saltar. Nestas atividades, aproveita-se
a capacidade elástica inerente aos CES, pois utilizam o ciclo de alongamentoencurtamento (CAE) (RABITA et al., 2008). Este componente da função muscular
será discutido a seguir, assim como o salto vertical escolhido como parâmetro para
verificar como é influenciado pela resistência musculotendínea nesta atividade.
3.
ATIVIDADE FUNCIONAL DE SALTO
Dentre os métodos utilizados para verificar a influência das propriedades
elásticas nas atividades funcionais, encontra-se a avaliação do salto vertical. Este
componente, como citado anteriormente, utiliza o CAE, o qual é um componente
_______________________________________________________________________________39
CAPÍTULO 1
fisiológico que tem como função aumentar a eficiência mecânica do movimento:
ocorre acúmulo de energia potencial elástica durante ações musculares excêntricas,
a
qual
é
liberada
na
fase
concêntrica
subseqüente
(CAVAGNA,
1977;
UGRINOWITSCH, 1998; KOMI, 2000; ISHIKAWA et al., 2006; RABITA et al., 2008).
Segundo Farley e Morgenroth (1998), durante a ação muscular
excêntrica, produz-se um trabalho negativo, o qual tem parte da sua energia
mecânica absorvida e armazenada sob a forma de energia potencial elástica nos
CES. Quando ocorre a passagem da fase excêntrica para a concêntrica, os
músculos podem utilizar parte desta energia rapidamente, aumentando a geração de
força na fase subseqüente, com menor gasto metabólico e maior eficiência
mecânica (KUBO et al., 1999). Porém, se a passagem de uma fase para outra for
lenta, a energia potencial elástica será dissipada sob a forma de calor, não sendo
convertida em energia cinética (CAVAGNA, 1977; GOUBEL, 1997). Verificou-se que
a capacidade de geração de força pode aumentar em 20% com a participação do
CAE. Além disso, Komi (1986) afirmou que, em duas atividades idênticas, em que
uma delas utiliza o CAE, o consumo de oxigênio será menor naquela que utilizar
CAE.
De acordo com Souto Maior (2008), além da influência do grau de
resistência das estruturas no desempenho do salto vertical, outros embasamentos
fisiológicos podem ser encontrados como explicação para diferenças nos padrões de
salto em diferentes sujeitos, tais como o padrão de recrutamento de unidades
motoras e o reflexo miotático originado da ativação de estruturas proprioceptiva
quando do estiramento. Assim, o CAE é regulado pela quantidade do padrão de
ativação nervosa, pela energia elástica armazenada e pelo equilíbrio entre os fatores
nervosos facilitadores e inibidores da contração muscular (BOBBERT, 2001; HOF et
al., 2002; SOUTO MAIOR, 2008).
Dentre as diferentes técnicas de execução do salto vertical, estudos
destinados a quantificar a contribuição da energia potencial elástica no desempenho
do músculo partiram da comparação da resposta motora observada em diferentes
técnicas de execução do salto, entre elas: o salto a partir de uma posição de
agachamento (squat jump, SJ); salto de uma altura pré-determinada (drop jump, DJ);
_______________________________________________________________________________40
CAPÍTULO 1
saltitamentos (Hopping) e salto com contramovimento (countermovement jump,
CMJ) (KUBO et al., 1999; 2005; 2007a; BOJSEN-MØLLER et al., 2005; RABITA et
al., 2008; SOUTO MAIOR, 2008).
Este último tipo de salto, utilizado no presente estudo, é caracterizado por
um agachamento a partir da posição ereta – fase excêntrica -, em que o indivíduo
executa o mais rápido possível a transição para a fase concêntrica. Ao se considerar
o fato das fibras musculares trabalharem na relação força-velocidade, durante o
contramovimento ocorre o rápido recolhimento do tendão e as fibras musculares
trabalham em uma mínima velocidade de encurtamento. Isto o que sugere que a
elasticidade tendínea representa o mais importante componente em exercícios com
o CAE (KUBO et al., 2007a).
3.1
INTERAÇÃO SALTO-RESISTÊNCIA
Um melhor entendimento acerca da real influência das propriedades
elásticas – resistência ou complacência - em movimentos que utilizam o CAE pode
explicar os diferentes desempenhos encontrados na literatura, pois este tópico ainda
está aberto a discussões.
Entre os estudos com a proposta de investigar a correlação entre as
propriedades elásticas e o desempenho no CAE, influências opostas foram
registradas: Walshe & Wilson (1997) e Kubo et al. (1999) registraram uma correlação
negativa entre as propriedades elásticas de estruturas tendíneas do vasto lateral e o
desempenho no salto com ou sem contra-movimento. Recentemente, Grosset et al.
(2008) relataram que uma diminuição do índice de resistência musculotendínea do
tríceps sural conduz a um melhor desempenho no salto vertical. Por outro lado,
Bojsen-Moller et al. (2005) e Burguess et al. (2007) apresentaram uma correlação
positiva entre a rigidez tendínea do vasto lateral com o salto e Anderson e Pandy
(1993), Voigt et al. (1995) e Arampatizis (2001) consideram que um nível de
resistência ideal seria benéfico para o movimento.
_______________________________________________________________________________41
CAPÍTULO 1
No presente estudo, considera-se o estado de sobrepeso e obesidade
como outro fator que influencia no desempenho do salto vertical, pois uma baixa
performance seria também justificada pelo movimento de maior massa contra
gravidade (RIDDIFORD-HARLAND et al., 2006; SARTORIO et al., 2006). De acordo
com Fricke et al. (2006), a força exercida pelos membros inferiores em um CMJ é
uma função exponencial dos parâmetros de massa corporal. Então, o salto será
considerado relativizado com a capacidade de produção de força, ou seja, como
uma variável independente da condição de aumento de peso. Para tanto, as
variáveis relacionadas ao desempenho do salto foram normalizadas com a
contração voluntária máxima. Desta forma, consegue-se eliminar a influência do
excesso de peso nesta variável e aborda-se a atividade de salto como o produto da
interação entre as propriedades elásticas, capacidade de ativação e produção de
força.
4.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OBESIDADE
A obesidade representa um dos mais importantes problemas de saúde
pública, sendo o excesso de peso corporal o sexto fator de risco que contribui para
doenças em todo o mundo (WHO, 2002). Cerca de 110 milhões de crianças são
classificadas atualmente como em estado de sobrepeso ou obesidade (CALI &
CAPRIO, 2008). Estudos comprovam que os países em desenvolvimento, nos quais
peso e crescimento eram os principais problemas de saúde nas crianças, estão
passando por uma transição nutricional: sobrepeso e obesidade estão se tornando
predominantes como conseqüência de um ambiente caracterizado por alimentos
ricos em calorias, mais acessíveis, associados ao estilo de vida sedentário (UAUY et
al., 2001). Da mesma forma, apesar do histórico ligado à desnutrição, o Brasil revela
tendências de aumento na obesidade infantil (ABRANTES, 2002; BATISTA-FILHO &
RISSIN, 2003).
Além da melhoria das condições de saúde e de alimentação da
população, a relação entre o estado nutricional precoce e suas repercussões na vida
adulta pode ter influência nessa nova tendência (HALES & OZANNE, 2003). Sabe_______________________________________________________________________________42
CAPÍTULO 1
se que os desvios nutricionais adquirem maior gravidade quando ocorrem em
crianças mais jovens. Se ocorrerem durante o período crítico do desenvolvimento,
problemas nutricionais podem alterar o padrão dos eventos celulares, com
conseqüências deletérias para a aquisição de padrões fisiológicos maduros do
organismo (RESNICK et al., 1979; NOBACK e EISENMAN, 1981; SAYER &
COOPER, 2005).
Evidências epidemiológicas indicam que a desordens nutricionais durante
os períodos fetal e infância predispõem o indivíduo adulto a doenças como diabetes
tipo II, hipertensão e hiperlipidemia (HALES & BARKER, 1992; HARRIS et al., 2006).
Além disso, evidências científicas têm revelado que a aterosclerose e a hipertensão
arterial são processos patológicos iniciados na infância, e nesta faixa etária são
formados os hábitos alimentares e de atividade física (WANG e LOBSTEIN, 2006;
STURM, 2007). Assim, a obesidade está associada com problemas de saúde não
apenas na faixa etária pediátrica, mas também é um fator de risco precoce para
morbi-mortalidade na vida adulta (WEISS et al., 2004; DANIELS, 2006; HARRIS et
al., 2006).
4.1
OBESIDADE E PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
Além das modificações metabólicas e cardiovasculares, o excesso de
peso envolve a sobrecarga do sistema musculoesquelético, sujeitando-o a cargas
funcionais progressivas devido a influências combinadas da massa corporal e
transporte contra a gravidade durante a realização das atividades da vida diária,
físicas e de lazer (SCHOENAU, 2005). Em adultos obesos e com diabetes, têm sido
relatadas alterações morfofuncionais no músculo esquelético, como a progressão da
resistência à insulina (HITTEL et al., 2009). Em crianças e adolescentes com grave
resistência à insulina, houve deposição aumentada de lipídios nos compartimentos
visceral e muscular (SINHA et al., 2002; CALI e CAPRIO, 2008).
_______________________________________________________________________________43
CAPÍTULO 1
Uma provável explicação para a suposta tendência de acumular lipídios
no meio intramuscular pode ser uma alteração no número e função da mitocôndria
dentro do miócito (KELLEY et al., 2002). Simoneau et al. (1995) afirmam que a
função mitocondrial danificada contribui para a redução na função oxidativa, com
redução na taxa de produção de ATP e de fostatos inorgânicos, o que pode refletir
numa menor proporção de fibras musculares tipo I em relação às fibras tipo II
(PERTESEN et al., 2004; CALI & CAPRIO, 2008).
A tendência a acumular lipídios no tecido muscular pode ser
geneticamente determinada, mas também influenciada por uma dieta rica em
gorduras – induzindo ao aumento do nível de ácidos graxos circulantes -, além da
inatividade física (GRAF et al., 2004; CALI & CAPRIO, 2008). Dessa forma, em
indivíduos sedentários, com ingestão de excesso de energia associada a uma
capacidade reduzida para oxidar gorduras, há maior propensão ao armazenamento
de gordura em geral, especificamente no músculo esquelético (CALI & CAPRIO,
2008; MILJKOVIC-GACIC et al., 2008). Essa deposição influenciaria a organização
estrutural e funcional do músculo, modificando as propriedades contráteis e elásticas
das estruturas musculotendíneas.
Tendo
em
vista
que
o
sistema
muscular
esquelético
reage
constantemente à demanda funcional e pode alterar temporariamente o seu
metabolismo
em
resposta à
perturbação
de
curto
prazo
ou
reorganizar
características metabólicas e funcionais para estabelecer adaptações a longo prazo
(NOBLE et al., 2004), infere-se que a provável deposição de lipídios no tecido
muscular e o excesso de peso alterariam as propriedades biomecânicas do músculo.
Neste sentido, Lazzer et al. (2009) afirmam que os músculos dos
membros inferiores estão submetidos a uma sobrecarga diária e a obesidade infantil
é capaz de interferir no trofismo da massa muscular. Entretanto, não se sabe em
que componentes musculoesqueléticos as crianças obesas seriam capazes de se
adaptar à sobrecarga muscular, ou responder a intervenções que objetivem a
redução da massa corporal ou a melhoria de suas capacidades motoras.
_______________________________________________________________________________44
CAPÍTULO 1
5.
OBJETIVOS DO ESTUDO
5.1
OBJETIVO GERAL
Caracterizar as propriedades biomecânicas do músculo esquelético de
escolares, em estados de sobrepeso ou obesidade, assim como de escolares na
mesma faixa etária com IMC classificado como normal, e investigar a correlação
entre essas propriedades e o desempenho no salto vertical.
5.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Realizar avaliação antropométrica para classificação dos escolares em grupos
com IMC normal e alto.
· Investigar o nível de atividade física habitual da amostra.
· Avaliar as propriedades biomecânicas do músculo esquelético.
· Avaliar a influência do sobrepeso e obesidade nas propriedades contráteis e
elásticas do músculo esquelético.
· Avaliar o desempenho no salto vertical.
· Investigar a influência do excesso de peso no desempenho do salto vertical e
verificar a influência da biomecânica do grupo muscular tríceps sural nesta
atividade.
_______________________________________________________________________________45
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2 MATERIAIS E MÉTODOS
1.
LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi desenvolvido no Departamento de Nutrição - Laboratório de
Biomecânica, Campus Recife; no Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte,
Campus Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e na clínica de
fisioterapia Fisio & Pilates em Boa Viagem, Recife – Pernambuco.
2.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO
A coleta de dados foi realizada entre os meses de abril e setembro de
2010.
3.
DESENHO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo analítico de corte transversal.
_______________________________________________________________________________46
CAPÍTULO 2
4.
POPULAÇÃO DO ESTUDO
Os participantes foram provenientes das Escolas Municipais Oswaldo
Lima Filho; João XXIII; Faculdade da Criança; Aglaíres; Professora Mariana Amália;
Projeto Novo Caminhar e do Programa de Fortalecimento Familiar e Comunitário –
Aldeias Infantis - no Centro Social Engenho do Meio.
5.
AMOSTRA
5.1
AMOSTRAGEM
O processo de amostragem foi por conveniência com escolares oriundos
dos locais mencionados, de acordo com os critérios de eligibilidade.
5.2
CRITÉRIOS DE ELIGIBILIDADE
Foram incluídos na pesquisa escolares com idade de 9 anos (104 a 108
meses), de ambos os gêneros, divididos em grupos com IMC normal (escore-z entre
-1 e +1 DP) e IMC alto (escore-z > +1 DP). Participaram do estudo crianças sem
déficits sensoriais, histórico de patologias neuromusculoesqueléticas ou cirurgias
traumato-ortopédicas prévias.
Os critérios de exclusão foram a não compreensão ou não aceitação dos
comandos verbais e instrumentos dos testes, assim como apresentação de qualquer
condição clínica que impedisse a realização da avaliação. Crianças que, mesmo
com IMC normal, apresentassem déficit nos índices peso/idade e/ou altura/idade
(escore-z <-2 DP) foram excluídas da amostra.
5.3
PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DE PARTICIPANTES
_______________________________________________________________________________47
CAPÍTULO 2
Os pesquisadores tiveram acesso às listas nas instituições com nomes e
datas de nascimento das crianças. A seguir, foram selecionados os possíveis
participantes segundo a faixa etária pretendida. Os pais ou responsáveis foram
informados deste estudo através de reuniões nas instituições das quais as crianças
fazem parte e então eram informados acerca do conteúdo da pesquisa e sobre a
possibilidade dos filhos participarem da pesquisa. Após compreenderem e
assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A), a criança
era avaliada para verificar a adequação aos critérios de inclusão. A figura 11
representa o fluxograma do processo de seleção da amostra.
Crianças avaliadas
para eligibilidade
(n=157)
Crianças recrutadas
para avaliação
(n=89)
INCLUÍDAS (n=62)
EXCLUÍDAS (n=68)
1. INELEGÍVEIS
- Déficit altura/idade ou
peso/idade (n=13)
- IMC baixo (n=8)
- Não autorizadas (n=39)
2. ELEGÍVEIS MAS NÃO
RECRUTADAS
- Condição clínica adversa (n=1)
- Recusa em participar (n=3)
- Desistência da autorização
(n=4)
PERDAS (n=27)
- Incapaz de realizar os
testes (n=12)
- Recusa ao protocolo de
avaliação (n=15)
- Grupo IMC normal (n=33)
- Grupo IMC alto (n=29)
Figura 11. Representação do processo de seleção da amostra.
_______________________________________________________________________________48
CAPÍTULO 2
6.
PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
6.1
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Os escolares foram classificados em grupos com IMC normal e alto
segundo os valores de IMC escore Z (WHO, 2007). Além disso, foram avaliados
quanto aos dados antropométricos: peso, altura, comprimento da perna e do pé
(PAIVA et al., 2009), dobra cutânea da panturrilha (ELBERG et al., 2004; FREITASJÚNIOR et al., 2008) e circunferência da panturrilha (TONSON et al., 2008)
(APÊNDICE B).
6.2
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL
Tendo em vista que as propriedades elásticas e contráteis do músculo
esquelético possuem capacidade de adaptação segundo a demanda funcional
(CORNU et al., 1997; LAMBERTZ et al., 2001), pretendeu-se avaliar crianças com o
mesmo nível de atividade física habitual. A avaliação do nível de atividade física
habitual foi baseada no questionário desenvolvido por Godin e Shepard (1985)
(APÊNDICE C), que permite estimar as atividades realizadas numa semana em
equivalente metabólico (MET). As crianças foram questionadas acerca do número
de vezes em que passavam 15 minutos em atividades classificadas como leves (3
METs), moderadas (5 METs) ou intensa (9 METs) em uma semana típica. O escore
total foi obtido pela multiplicação da freqüência de cada categoria de acordo com os
valores de METs e os produtos foram somados (SCERPELLA et al., 2002)
6.3
AVALIAÇÃO DA HABILIDADE FUNCIONAL DO SALTO VERTICAL
A análise do salto vertical foi realizada com a Plataforma de Força (EMG
System do Brasil®), composta por duas superfícies rígidas de formato retangular,
separadas por quatro células de carga, que têm sua resistência elétrica variando
com a deformação mecânica (Figura 12). Os transdutores de pressão da plataforma
medem a força de reação do solo. Desta forma, é possível se calcular a altura obtida
_______________________________________________________________________________49
CAPÍTULO 2
no salto vertical durante o tempo correspondente a metade da fase de vôo, i.e.,
tempo de subida. O registro e análise dos saltos foram feitos com o software
BIOMEC 4000 (EMG System do Brasil®) e a freqüência utilizada para aquisição dos
dados foi de 500Hz, com um ganho de 600 no amplificador.
Figura 12. Plataforma de Força (EMG System do Brasil®). Fonte: Dados da pesquisa.
O desempenho no salto vertical foi avaliado através do salto partindo da
posição de pé com um contra movimento preliminar (CMJ) (Figura 13). Conforme
descrito por Cruz (2003), o indivíduo foi posicionado de pé, mãos na cintura, parado
no centro da Plataforma de Força (EMG System do Brasil®). Ao comando do
examinador, o indivíduo flexionava as pernas e imediatamente as estendia
(DURWARD et al., 2001; KUBO et al., 2007b) -, buscando atingir o máximo de
altura; após a queda, o indivíduo reequilibrava-se dentro do limites da plataforma e
voltava a ficar na posição estática até que o controlador do teste o autorizasse a sair
da posição. O sujeito era inicialmente familiarizado com o tipo de salto e depois
eram feitas três aquisições. Após a análise, o salto que atingiu a maior altura foi
tomado como o desempenho do indivíduo (FOURÉ et al, 2010; KUBO et al., 2007b).
_______________________________________________________________________________50
CAPÍTULO 2
A
B
Figura 13. A: Diagrama de linhas representando as posições do membro para cima e para baixo
durante as fases do salto; B: Representação da força de reação vertical sobre a plataforma durante
as fases do salto. Fonte: Cruz, 2003.
6.4
AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA
A análise das propriedades mecânicas musculares foi realizada com o
Ergômetro de Tornozelo (Bio2M®) (LAMBERTZ et al., 2008). Trata-se de um
aparelho composto por uma cadeira de assento ajustável às características
antropométricas do indivíduo a ser avaliado e um pedal com ajuste rotacional (Figura
14). O ergômetro proporciona a mensuração da força isométrica durante a flexão
plantar em condição estática e das propriedades elásticas da unidade músculotendão. A unidade diretora do ergômetro é conectada ao computador portátil
equipado com o software ACQ dados para interpretação e registro dos dados, que
foram posteriormente analisados com o software ERGO ANALYSIS 2.0. Além disso,
o ergômetro é conectado a um osciloscópio, eletromiógrafo, eletroestimulador.
_______________________________________________________________________________51
CAPÍTULO 2
Figura 14. Avaliação Biomecânica. Fonte: Dados da pesquisa.
O sujeito a ser avaliado foi posicionado no assento ajustável de modo que
as articulações do joelho e tornozelo fossem posicionadas nas angulações de 120° e
90° respectivamente (Goniômetro Carci®), de modo a obter o ângulo de melhor
torque do tornozelo e minimizar a influência de outros músculos. O osciloscópio
proporciona o retorno visual durante o protocolo, assim como a interatividade entre
sujeito e avaliador.
Para o registro eletromiográfico, foram utilizados eletrodos de superfície
(Ag-AgCl, 3M®) (10 mm em diâmetro) em cada parte do tríceps sural, i.e., músculo
sóleo, gastrocnêmios medial e lateral.
A impedância da pele foi reduzida menos de 10kΩ, com a utilização de
álcool, gaze e esponja para esfoliação. Os eletrodos foram posicionados no ventre
de cada músculo, com uma distância de 2 cm entre os pólos. O eletrodo referência
foi colocado ao redor da tíbia (Figuras 14 e 15). O sinal eletromiográfico foi
amplificado entre 2000 ou 12000 e foi utilizado um filtro passa-banda (20-500Hz).
Após aquisição, o processamento do sinal foi feito com o filtro passa-banda de
ordem 6 Butterworth (80-300Hz). Isto foi necessário devido ao inevitável ruído da
_______________________________________________________________________________52
CAPÍTULO 2
rede (60Hz), mesmo com a utilização de uma bateria de 12V de corrente direta
como fonte de alimentação do amplificador EMG, em função de um aterramento
insuficiente.
Os estímulos elétricos eram obtidos por uma fonte de corrente contínua,
com 1ms de duração de pulso e intensidade (mA) regulada para se obter a máxima
resposta direta do sujeito. Os estímulos eram aplicados no nervo tibial posterior, com
o cátodo colocado na fossa poplítea e o ânodo na coxa, próximo à linha suprapatelar
(Figura 15). A máxima resposta direta foi utilizada para normalizar o registro
eletromiográfico, eliminando diferentes influências da pele e a impedância sob os
eletrodos de superfície.
Figura 15. Posicionamento do sujeito no pedal ajustável e disposição dos eletrodos.
Fonte: Dados da pesquisa.
6.4.1 CONTRAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA
A força absoluta para a contração voluntária máxima foi determinada
através da flexão plantar sob condições isométricas, enquanto se solicitava à criança
a desenvolver sua máxima contração contra o pedal imóvel. Foram realizados três
_______________________________________________________________________________53
CAPÍTULO 2
registros em cada teste. Durante o teste, a criança pôde acompanhar a evolução da
sua contração através da tela do osciloscópio, interagindo com o teste e sendo
incentivada e observada pelos avaliadores (Figura 16). A CVM de cada avaliação foi
definida com a maior contração dos três registros obtidos. A CVM foi então
convertida para torque máximo, multiplicado pelos valores da força com o braço de
alavanca correspondente. O braço de alavanca é a distância entre o eixo de rotação
do pedal e a força do transdutor, o qual é conectado perpendicularmente à ventosa
eletromagnética do pedal.
Figura 16. Representação da determinação do torque voluntário máximo.
6.4.2
ONDA M
Trata-se da máxima resposta motora direta, obtida através da aplicação
de estímulos elétricos no nervo tibial posterior. A intensidade do estímulo era
ajustada gradativamente, gerando uma série de respostas (onda M) do tríceps sural.
A intensidade do estímulo capaz de ter provocado a maior resposta de contração é
registrada, realizando-se cinco estímulos. Através dos abalos musculares, é possível
a avaliação do pico de torque (Pt), tempo de contração (contraction time, CT), tempo
de médio relaxamento (half relaxion time, HRT), taxa de desenvolvimento de torque
(dPt/dt) e atraso eletromecânico (electromechanical delay, EMD) (GROSSET et al.,
2005) (Figura 9).
_______________________________________________________________________________54
CAPÍTULO 2
6.4.3 TWITCH INTERPOLADO – TÉCNICA DO ABALO SIMPLES INTERPOLADO
Para a realização deste teste, o indivíduo é solicitado a manter uma
contração isométrica submáxima (proporções de 25%, 35%, 50%, 75% e 100% da
CVM) e em seguida é submetido a uma eletroestimulação simples supramáxima –
com intensidade 20% maior que a referente à onda M - do nervo tibial posterior que
é superposta ao nível de contração voluntária (Figura 17) (SHIELD & ZHOU, 2004;
GROSSET et al., 2008). Em seguida, calcula-se o DA e o IDA (ver item 2.1.1, p.3334).
Figura 17. Representação do cálculo do Índice do Déficit de Ativação (IDA). Fonte:
Dados da pesquisa.
6.4.4 TESTE DE LIBERAÇÃO RÁPIDA
As propriedades elásticas do complexo musculotendíneo foram avaliadas
pela técnica de liberação rápida do pedal durante uma contração isométrica
(GOUBEL & PERTUZON, 1973). Foram realizados quatro registros de contração
submáxima nas proporções de 25%, 35%, 50% e 75% da CVM. A resistência
_______________________________________________________________________________55
CAPÍTULO 2
musculotendínea foi calculada como a razão entre as variações na aceleração
&& ) e deslocamento angular (DQ) , multiplicado pelo valor da inércia (I),
angular ( DQ
&& / DQ × I (TOGNELLA et al., 1997; LAMBERTZ et al.,
expresso pela fórmula: S = DQ
2001; 2008) (Figura 18). As características do componente elástico em série são
mensuradas no início do movimento de liberação rápida, i.e., quando os elementos
elásticos estão supostamente recolhidos e antes de alguma mudança reflexa ou
atividade muscular (ANGEL et al., 1965).
Figura 18. Representação do cálculo da resistência musculotendínea durante o Teste
de Liberação Rápida. Fonte: LAMBERTZ et al., 2008.
A resistência musculotendínea está relacionada com o torque isométrico
correspondente, calculada nos 200ms anteriores ao movimento de liberação rápida.
A inclinação da relação linear resistência-torque foi obtida e definida como o índice
de resistência do complexo musculotendíneo (RIMT) e utilizada para atestar
mudanças na resistência musculotendínea independente do nível de torque
solicitado e evitar as contribuições da CVM e CSA (LAMBERTZ et al., 2001) (Figura
19).
_______________________________________________________________________________56
CAPÍTULO 2
Figura 19. Relação Resistência- Torque. Fonte: Dados da pesquisa.
A atividade do tríceps sural foi expressa como uma média do registro
eletromiográfico (TS-EMG), calculado como a razão entre a área e a duração do
sinal durante torque isométrico 500ms imediatamente antes do teste liberação rápida
(LAMBERTZ et al., 2003). Para fins de comparação entre os sujeitos, o TS-EMG foi
normalizado com a respectiva atividade eletromiográfica durante a contração
voluntária máxima (TS-EMGCVM). Foi construída uma relação TS-EMG/EMGCVM –
Torque para atestar mudanças na capacidade de ativação nas crianças. Então, para
expressar o output da força, por input elétrico, com inverso da inclinação desta
relação obtém-se o índice de eficiência neuromuscular (NME), que pode ser máximo
ou submáximo. Da mesma forma, a atividade do tibial anterior (TA-EMG) foi
registrada, de forma a se obter o índice de coativação (LAMBERTZ et al., 2003).
7.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
O teste ANOVA two-way foi usado para verificar diferenças no IMC em
relação ao gênero, incluindo a interação entre ambos. Como não foram observadas
_______________________________________________________________________________57
CAPÍTULO 2
diferenças entre os gêneros, os dados biomecânicos, antropométricos e de atividade
física foram agrupados e analisados estatisticamente através teste paramétrico tStudent para amostras independentes ou do teste de Mann-Whitney, dependendo se
os dados apresentaram uma distribuição normal ou não (Sigma Stat, USA).
A análise estatística também incluiu a análise da regressão linear para
testar a relação MT stiffness ratio– torque. As melhores análises de regressão foram
utilizadas para indicar a correlação da relação entre RIMT ou EMD – VJ/MVC. Para
tais análises, utilizou-se o programa estatístico Sigma Stat. Foi adotado o nível de p<
0.05 para indicar significância estatística. Os valores estão apresentados como
média ou mediana (P25/P75) ± EPM e média ± DP nas figuras.
8.
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Esta pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade
Federal
de
Pernambuco,
segundo
as
normas
e
diretrizes
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos – resolução CNS
196/96, CAAE – 0345.0.172.000-08 (ANEXO I). A participação no estudo foi
voluntária e os responsáveis por cada escolar serão informados do conteúdo da
pesquisa e de detalhes metodológicos, através do termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, conforme descrito no item 5.4 (APÊNDICE A), conforme resolução
196/96 do CONEP, o qual foi assinado pelo pesquisador e familiar.
_______________________________________________________________________________58
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRANTES, M.M.; LAMONOUNIER, J.A.; COLOSIMO, E.A. Overweight and obesity
prevalence among children and adolescents from Northeast and Southeast regions
of Brazil. Jornal de Pediatria, v.78, n.4, p. 335-340, 2002.
ADAMS, G.R. et al. Effects of spaceflight and thyroid deficiency on rat hindlimb
development. II. Expression of MHC isoforms. Journal of Applied Physiology, v.88,
n.3, p.904-916, 2000.
AKATAKI,
K.;
MITA,
K.;
WATAKABE,
M.
Electromyographic
and
mechanomyographic estimation of motor unit activation strategy in voluntary force
production. Electromiography and Clinical Neurophysiology, v. 44, n.8, p.489-496,
2004.
ALLEN, G.M.; GANDEVIA, S.C.; MCKENZIE, D. Reliability of measurements of
muscle strength and voluntary activation using twitch interpolation. Muscle & Nerve,
v. 18, n.6, 593-600, 1995.
_______________________________________________________________________________59
CAPÍTULO 3
ANGEL, R.W.; EPPLER, W.; IANNONE, A. Silent period produced by unloading of
muscle during voluntary contraction. Journal of Physiology, v.180, n.4, p.864-870,
1965.
ASAI, H.; AOKI, J. Force development of dynamic and static contractions on children
and adults. International Journal of Sports Medicine, v. 17, p. 170-174, 1996.
ALMEIDA-SILVEIRA, M.I. et al. Effects of stretch-shortening cycle training on
mechanical properties and fibre type transition in the rat soleus muscle. Pflügers
Arch: European Journal of Physiology, v.427, n.4, p.289-294, 1994.
ALMEIDA-SILVEIRA, M.I.; LAMBERTZ, D.; PEROT, C.; GOUBEL, F. Changes in
stiffness induced by hindlimb suspension in rat Achilles tendon. European Journal of
Applied Physiology, v.81, n.3, p.252-257, 2000.
ALMEIDA-SILVEIRA, M.I.; PEROT, C.; GOUBEL, F. Neuromuscular adaptations in
rats trained by muscle stretch-shortening. European Journal of Applied Physiology
and Occupational Physiology, v.72, n.3, p.261-266, 1996.
ANDERSEN, J.L.; AAGAARD, P. Effects of strength training on muscle fiber types
and size; consequences for athletes training for high-intensity sport. Scandinavian
Journal of Medicine & Science in Sports, v. 20, supp.2, p. 32-38, 2010.
ANDERSON F.C.; PANDY, M.G. Storage and utilization of elastic strain energy
during jumping. Journal of Biomechanics, v.26, n. 1413-1427, 1993.
ARAMPATZIS, A.; SCHADE, F.; WALSH, M.; BRÜGGMANN, G. Influence of leg
stiffness and its effect on myodynamic jumping performance. Journal of
Electromyography and Kinesiology, v.11, p. 355-354, 2001.
ASHLEY, C.C. et al. Activation and relaxation mechanisms in single muscle fibers.
Advances in Experimental Medicine and Biology, v.332, p.92-114, 1993.
BALDWIN, K.M.; HADAD, F. Effects of different activity and inactivity paradigms on
myosin heavy chain gene expression in striated muscle. Journal of Applied
Physiology, v.90, p.345-357, 2001.
_______________________________________________________________________________60
CAPÍTULO 3
BARROS, K.; CANON, F.; FREITAS-SILVA, S.R; et al. Neonatal malnutrition : effects
on contractile and elastic properties. Archives of Physiological and Biochemical
Supplementation, v.112, p.154, 2004.
BATISTA-FILHO, M; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências
regionais e temporais. Cadernos de Saúde Pública, v.19, sup. 1, 2003.
BEHM, D.G.; St-PIERRE, D.M.; PEREZ, D. Muscle inactivation: assessment of
interpolated twitch technique. Journal of Applied Physiology ,v.81, n.5, p.2267-2273,
1996.
BOBBERT, M.F. Dependence of human squat jump performance on the series
elastic compliance of the triceps surae: a simulation study. The Journal of
Experimental Biology, v.204, n.3, p.533-542, 2001.
BOJSEN-MOLLER J.; MAGNUSSON, S.P.; RASMUSSEN, L.R.; KJAER, M.;
AAGAARD, P. Muscle performance during maximal isometric and dynamic
contractions is influenced by the stiffness of the tendinous structures. Journal of
Applied Physiology, v. 99, p. 986-994, 2005.
BORIEK, A.M. Desmin integrates the three-dimensional mechanical properties of
muscles. American Journal of Physiology. Cell Physiology, v.280, p. 46-52, 2001.
BOROOJERDI, B. et al. Mechanisms underlying human motor system plasticity.
Muscle & Nerve, v.24, n.5, p.602-613, 2001.
BOSCO, C. Store and recoil of elastic energy in slow and fast types of human
skeletal muscles. Acta Physiologica Scandinavica, v.116, n.4, p. 343-349, 1982.
BOTTINELLI, R. et al. Maximum shortening velocity and coexistence of myosin
heavy chain isoforms in single skinned fast fibres of rat skeletal muscle. Journal of
Muscle Research and Cell Motility, v.15, n.4, 413-419, 1994.
BRUGHELLI, M.; CRONIN, J. A review of research on the mechanical stiffness in
running and jumping: methodology and implications. Scandinavian Journal of
Medicine & Science in Sports, v.18, n.4, p. 417-426, 2008.
_______________________________________________________________________________61
CAPÍTULO 3
BUCHANAN, C.I.; MARSH, R.L. Effects of long-term exercise on the biomechanical
properties of the Achilles tendon of guinea fowl. Journal of Applied Physiology, v. 90,
p. 164-171, 2001.
BURGESS, K. E.; CONNICK, M. J.; GRAHAM-SMITH, P.; PEARSON, S.J.
Plyometric vs. isometric training influences on tendon properties and muscle output.
Journal of Strength and Conditioning Research, v.2, p.986-989, 2007.
CALI, A.M.G.; CAPRIO, S. Obesity in Children and Adolescents. The Journal of
Clinical Endocrinology and Metabolism, v. 93, p. 31-36, 2008.
CANON, F.; GOUBEL, F. Changes in stiffness induced by hindlimb suspension in rat
soleus muscle. European Journal of Physiology, v.429, n.3, p.332-337, 1995.
CASADIO, M.; MORASSO, SANGUINETI. Direct measurement of ankle stiffness
during quiet standing: implications for control modelling and clinical application. Gait
& Posture, v.21, n.4, p.410-424, 2005.
CAVAGNA, G.A. Storage and utilization of elastic energy in skeletal muscle. Exercise
and Sport Sciences Reviews, v.5, p.89-129, 1977.
CAVANAGH, P.R.; KOMI, P.V. Electromechanical delay in human skeletal muscle
under concentric and eccentric contractions. European Journal of Applied
Physiology, v.42, n.3, p.159-163, 1979.
CORNACHIONE, A. et al. Effects of eccentric and concentric training on
capillarization and myosin heavy chain contents in rat skeletal muscles after hindlimb
suspension. Acta Histochemica, v.10, 2010.
CORNU, C.; ALMEIDA-SILVEIRA, M.I.; GOUBEL, F. Influence of plyometric training
on the mechanical impedance of the human ankle joint. European Journal of Applied
Physiology and Occupational Physiology , v.76, n. 282-288, 1997.
CORNU, C.; GOUBEL, F.; FARDEAU, M. Stiffness of knee extensors in Duchenne
muscular dystrophy. Muscle & Nerve, v.21 n.12, p.1772-1774, 1998.
_______________________________________________________________________________62
CAPÍTULO 3
CORNU, C.; GOUBEL, F.; FARDEAU, M. Musculotendinous ad joint elastic
characteristics during elbow flexion in children. Clinical Biomechanics, v. 16, n.9, p.
758-764, 2001.
CRUZ, E.M. Estudo do salto vertical: uma análise da relação de forças aplicadas.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual
de Campinas. Campinas, 2003.
DANIELS, S. The consequences of childhood overweight and obesity. Future Child,
v.16, p.47-67, 2006.
DAVIES, C.T. Strength and mechanical properties of muscle in children and young
adults. Scandinavian Journal of Sports Science, v. 7, p. 11-15, 1985.
DAVIES, C.T.; WHITE, M.J.; YOUNG, K. Muscle function in children. European
Journal of Applied Physiology, v.52, n.1, p. 111-114, 1983.
DI MASO, N.A.; CAIOZZO, V.J.; BALDWIN, K.M. Single-fiber myosin heavy chain
polymorphism during postnatal development: modulation by hypothyroidism.
American Journal of Physiology, v.278, n.4, p.1099-1106, 2000.
DOWLING, J.J. et al. Are humans able to voluntarily elicit maximum force?
Neuroscience Letters, v. 179, n.2, p.25-28, 1994.
DUCHATEU, J.; ENOKA, RM. Neural adaptations with chronic activity patterns in
able-bodied humans. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, v. 81,
supp. 11, 17-27, 2002.
DUFFELL, L.D. et al. Effects of endurance and strength-directed electrical stimulation
training on the performance and histological properties of paralyzed human muscle: a
pilot study. Muscle & Nerve, v.42, n. 5, p.756-763, 2010.
DURWARD, BRIAN R.; BAER, GILLIAN D.; ROWE, PHILIP J. Movimento Funcional
Humano: mensuração e análise. São Paulo: Manole, 2001.
EDGERTON, V.R. et al. Human fiber size and enzymatic properties after 5 and 11
days of spaceflight. Journal of Applied Physiology, v.78, n.5, p.1733-1739, 1995.
_______________________________________________________________________________63
CAPÍTULO 3
ENOKA, R.M. Bases Neuromecânicas da Cinesiologia. São Paulo: Manole, 2000.
ELBERG, J. et al. Comparasion of methods to asses in children`s body composition.
American Journal of Nutrition, v.80, p.64-69, 2004.
FARLEY, C.T.; MORGENROTH, D.C. Leg stiffness primarily depends on ankle
stiffness during human hopping. Journal of Biomechanics, v.32, n.3, p.267-273,
1999.
FITTS, R.H.; RILEY, D.R.; WIDRICK, J.J. Physiology of a microgravity environment.
Invited Review: Microgravity and skeletal muscle. Journal of Applied Physiology, v.
89: 823-839, 2000.
FOEHRING, R.C.; SYPERT, G.W.; MUNSON, J.B. Relation of whole muscle
contractile properties to source of innervations. Experimental Neurology, v. 101, p.
366-373, 1988.
FOLLAND, J.P.; WILLIAMS, A.G. Methodological issues with the interpolated twitch
technique. Journal of Electromyography and Kinesiology, v. 17, n.3, p.317-327, 2006.
FOURÉ, A. Effects of plyometric training on both active and passive parts of the
plantarflexors series elastic component stiffness of muscle-tendon complex.
European Journal of Applied Physiology, v. 111, n.3, p. 539-548, 2011.
FOURÉ, A.; NORDEZ, A.; CORNU, C. Plyometric training effects on Achilles tendon
stiffness and dissipative properties. Journal of Applied Physiology, v.109, n.3, p.849854, 2010.
FREITAS-JÚNIOR, I.F.; FERNANDES, R.A.; BUONANI,C. et al. Impedância
bioelétrica e indicadores de gordura corporal e risco cardiovascular em
adolescentes. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano,
v.10, p.19-24, 2008.
FRICKE et al. Mechanography: a new device for the assessment of muscle function
in pediatrics. Pediatric Research, v.59, p.46-49, 2006.
_______________________________________________________________________________64
CAPÍTULO 3
GODIN, G.; SHEPHARD, R.J. A simple method to assess exercise behavior in the
community. Canadian Journal of Applied Sport Sciences, v.10, n.3, p.141-146, 1985.
GRAF, C. et al. Correlation between BMI, leisure habits and motor abilities in
childhood (CHILT-Project). International Journal of Obesity, v.28, p.22-26, 2004.
GROSSET, J. F.; MORA, I.; LAMBERTZ, D.; PEROT, C. Voluntary activation of the
triceps surae in prepubertal children. Journal of Electromyography and Kinesiology,
v.18, n.3, p. 455-465, 2008.
GROSSET, J.F.; PISCIONE, J.; LAMBERTZ, D.; PEROT, C. Paired changes in
eletromechanical delay and musculo-tendinous stiffness after endurance or
plyometric training. European Journal of Applied Physiology, v.105, p.131-139, 2009.
GROSSET, J.F. et al. Age-related changes in twitch properties of plantar flexor
muscles in prepubertal children. Pediatric Research, v.58, n.5, p.966-970, 2005.
GOUBEL F. Changes in mechanical properties of human muscle as a result of
spaceflight. International Journal of Sports Medicine, v.18, supp.4, p. 285-S287,
1997.
GOUBEL, F.; PERTUZON, E. Evaluation of the elasticity of muscle in situ by the
quick-release method. Archives Internationales de Physiologie et de Biochimie, v.81,
p.697–707, 1973.
GOUBEL, F.; MARINI, J. Fibre type transition and stiffness modification of soleus
muscle of trained rats. Pflügers Arch: European Journal of Physiology, v.410, n.3,
p.321-325, 1987.
IKAI, M.; FUKUNAGA, T. Calculation of muscle strength per unit cross-sectional area
of human muscle by means of ultrasonic measurement. Internationale Zeitschrift für
angewandte Physiologie, v. 26, p. 26-32, 1968.
HALES, C.N.; BARKER, D.J.P. The thrifty phenotype hypotesis. British Medical
Bulletin, v.60, p.5-20, 1992.
HALES, C.N.; OZANNE, S.E. The dangerous road of catch up growth. Journal of
Physiology, v.547, p.5-10, 2003.
_______________________________________________________________________________65
CAPÍTULO 3
HARRIDGE, S.D. et al. Whole-muscle and single-fiber contractile properties and
myosin heavy chain isoforms in humans. Pflugers Arch, v. 432, p. 913-920, 1996.
HARRIS, K.M.; GORDON-LARSEN, P.; CHANTALA, K.; UDRY, R. Longitudinal
trends in race/ethnic disparities in leading health indicators from adolescence to
young adulthood. Archives of Pediatrics & Adolescence Medicine, v.160, p.74-81,
2006.
HAYASHIBE, M.; GUIRAUD, D.; POIGNET, P. EMG-based neuromuscular modeling
with full physiological dynamics and its comparison with modified Hill model. Annual
International Conference of the Engineering in Medicine and Biology Society, p.
6530-6533, 2009.
HERZOG, W. Cellular and Molecular Muscle Mechanics. In: Skeletal Muscle
Mechanics: From Mechanisms to Function. Chichester, UK: 2000.
HILL, A.V. The heat of shortening and the dynamic constant of muscle. Proceedings
of the Royal Society of London, v.24, p.136-195, 1938.
HILL, A.V. The series elastic component of muscle. Proceedings of the Royal Society
of London, v.137, p. 273-280, 1950.
HITTEL, D.S.; BERGGREN, J.R.; SHEARER, J.; BOYLE, K.; HOUMARD, J.A.
Increased Secretion and Expression of Myostatin in Skeletal Muscle from Extremely
Obese Women. Diabetes, v.58, p.30-38, 2009.
HOF, A.L.; VAN ZANDWIJK, J.P.; BOBBERT, M.F. Mechanics of human triceps
surae muscle in walking, running and jumping. Acta physiologica Scandinavica,
v.174, p.17-30, 2002.
HOROWITS, R. Passive force generation and titin isoforms in mammalian skeletal
muscle. Biophysical Journal, v. 61, n.2, p.392-398, 1992.
HORSTMAN, A.M. The interpolated twitch can be a useful tool in patient research.
Journal of Applied Physiology, v.107, p.367-398, 2009.
_______________________________________________________________________________66
CAPÍTULO 3
HUXLEY, A.F.; SIMMONS, R.M. Proposed mechanism of force generation in striated
muscle. Nature, v.233, n. 22., p.533-538, 1971.
HURLEY, M.V.; JONES, D.W.; NEWHAM, D.J. Arthrogenic quadriceps inhibition and
rehabilitation of patients with extensivetraumatic knee injuries. Clinical Science, v. 86,
n.3, p. 305–310, 1994.
HWANG, I.S. Assessment of soleus motoneuronal excitability using the joint angle
dependent H reflex in humans. Journal of Electromygraphy and Kinesiology, v.12,
n.5, p.361-366, 2002.
ISHIKAWA, M. et al. Contribution of the tendinous tissue to force enhancement
during stretch-shortening cycle exercise depends on the prestretch and concentric
phase intensities. Journal of Electromyography and Kinesiology, v. 16, n.5, p. 423431, 2006.
KANEHISA, H.; YATA, H. A cross-sectional study of the size and strength of the
lower leg muscles during growth. European Journal of Applied and Occupational
Physiology, v.72, n.2, p.150-156, 1995.
KAWANO, K.; NAGANO, A.; OCHIAI, N.; KONDO, T.; MIKAMI, Y.; TAJIRI, Y.
Restoration of elbow function by intercostal nerve transfer for obstetrical paralysis
with co-contraction of the biceps and the triceps. The Journal of Hand Surgery,
European Volume. v. 32, n.4, p.421-426, 2007.
KELLEY, D.E.; HE, J.; MENSHIKOVA, E.V. RITOV, V.B. Dysfunction in mitochondria
in human skeletal muscle in type 2 diabetes. Diabetes, v.51, n.10, p.2944-2950,
2002.
KLASS, M.; GUISSARD, N.; DUCHATEAU, J. Limiting mechanisms of force
production after repetitive dynamic contractions in human triceps surae. Journal of
Applied Physiology, v.96, N.4, p.1516-1521, 2004.
KOMI, P.V. et al. Force and EMG power spectrum during eccentric and concentric
actions. Medicine and Science in Sports and Exercise. v. 32, n.10, p. 1752-1762,
2000.
_______________________________________________________________________________67
CAPÍTULO 3
KOMI, P. V. Training of muscle strength and power: interaction of neuromotoric,
hypertrophic, and mechanical factors. International Journal of Sports Medicine,v.7,
p.10-15, 1986.
KOVANEN, V.; SUOMINEN, H.; HEIKKINEN, E. Connective tissue of fast and slow
skeletal muscle in rats. Effects of endurance training. Acta Physiologica Scandinava,
v. 108, n.2, p.173-180, 1980.
KRUGER, M.; WRIGHT, J.; WANG, K. Nebulin as a length regulator of thin filaments
of vertebrate skeletal muscles: correlation of thin filament length, nebulin size, and
epitope profile. The Journal of Cell Biology, v.115, p.97-107, 1991.
KUBO, K. Effects of 20 days of bed rest on the viscoelastic properties of tendon
structures in lower limb muscles. British Journal of Sports Medicine, v.38, n.3, p.324330, 2004.
KUBO, K. et al. In vivo dynamics of human medial gastrocnemius muscle- tendon
complex during stretch-shortening cycle exercise. Acta Physiologica Scandinava,
v.170, n.2, p.127 -135, 2000.
KUBO, K.; KANEHISA, H.; FUKUNAGA T. Influences of repetitive drop jump and
isometric leg press exercises on tendon properties in knee extensors. Journal of
strength and conditioning research, v.19, n.4, p.864-870, 2005.
KUBO, K.; KAWAKAMI, Y.; FUKUNAGA, T. Influence of elastic properties of tendon
structures on jump performance in humans. Journal of Applied Physiology, v.87, n.6,
2090-2096, 1999.
KUBO, K. et al. Effects of isometric training on the elasticity of human tendon
structures in vivo. Journal of Applied Physiology, v.91, p.26-32, 2001.
KUBO, K. et al. Effects of plyometric and weight training on muscle-tendon complex
and jump performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 39, n.10,
p.1801-1810, 2007.
KUBO K, et al. Influences of tendon stiffness, joint stiffness, and electromyographic
activity on jump performances using single joint. European Journal of Applied
Physiology, v.99, n.3, 2007.
_______________________________________________________________________________68
CAPÍTULO 3
KUBO, K. et al. Growth changes in the elastic properties of human tendon structures.
International Journal of Sports Medicine, v.22, n.2, 138-143, 2001.
LAMBERTZ D, PÉROT C, KASPRANSKI R, GOUBEL F. Effects of long-term
spaceflight on mechanical properties of muscles in humans. Journal of Applied
Physiology, v.90, p.179-188, 2001.
LAMBERTZ, D. et al. Influence of long-term spaceflight on neuromechanical
properties of muscles in humans. Journal of Applied Physiology, v. 94, n.2, p.490498, 2003.
LAMBERTZ, D. et al. Evaluation of musculotendinous stiffness in prepubertal
children, taking into account muscle activity. Journal of Applied Physiology, v.95,
p.64-72, 2003.
LAMBERTZ, D. et al. A reproducibility study on musculotendinous stiffness
quantification, using a new transportable ankle ergometer device. Journal of
Biomechanics, 2008.
LAZZER, S. et al. Maximal explosive muscle power in obese and non-obese
prepubertal children. Clinical physiology and functional imaging, v.29, n.3, p.224-228,
2009.
LORAM, I. D.; LAKIE, M. Direct measurement of human ankle stiffness during quiet
standing: the intrinsic mechanical stiffness is insufficient for stability. The Journal of
Physiology, v.15, n. 545(Pt 3), 1041-1053, 2002.
LUCAS, C.A.; KANG, L.H.; HOH, J.F.Y. Monospecific antibodies against the three
mammalian fast limb myosin heavy chains. Biochemical and Biophysical Research
Communications, v. 272, p.303-308, 2000.
MADELEINE, P. et al. Mechanomyography and electromyography force relationships
during concentric, isometric and eccentric contractions. Journal of Electromyography
and Kinesiology, v.11, n.2, p.113-121, 2001.
MARIEB, E.I. Anatomie et physiologie humaines. 6.ed. Edition De Boeck Université,
2005.
_______________________________________________________________________________69
CAPÍTULO 3
MAGGS, A.M.; HUXLEY, C.; HUGHES, S.M. Nerve-dependent changes in skeletal
muscle myosin heavy chain after experimental denervation and cross-reinnervation
and in a demyelinating mouse model of Charcot-Marie-Tooth disease type 1A.
Muscle & Nerve, v.38, n.6, p.1572-1584, 2008.
MCCARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício. 6.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
MCCOMAS, A.J. Skeletal muscle form and function. 3.ed. United States of America:
Human Kinetics, 2001.
MCDONALD, K.S.; WOLFF, M.R.; MOSS, R.L. Sarcomere length dependence of the
rate of tension redevelopment and submaximal tension in rat and rabbit skinned
skeletal muscle fibers. The Journal of Physiology, v. 15, n.3, p. 607-621, 1997.
MILJKOVIC-GACIC I., WANG X., KAMMERER C.M., GORDON C.L., BUNKER C.H.,
KULLER LH, PATRICK AL, WHEELER VW, EVANS RW, ZMUDA JM. Fat infiltration
in muscle: new evidence for familial clustering and associations with diabetes.
Obesity, v.16, n.8, p.1854-60, 2008.
MORA, I.; QUINTERO, S.; PÉROT, C. Electromechanical assessment of ankle
stability. European Journal of Applied Physiology, v.88, n.6, p.558-564, 2003.
MORITANI, M.A.; DE VRIES, H.E. Neural factors versus hypertrophy in the time
course of muscle strength gain. American Journal of Physical Medicine, v.58, n.3,
p.115-130, 1979.
MULDER, E.R. et al. Knee extensor fatigability after bedrest for 8 weeks with and
without countermeasure. Muscle & Nerve, v.36, n.6, p.798-806, 2007.
MURAOKA, T. et al. Influence of tendon slack on electromechanical delay in the
human medial gastrocnemius in vivo. Journal of Applied Physiology, v. 96, n.2,
p.540-544, 2004.
MURO, M.; NAGATA, A. The effects on electromechanical delay of muscle stretch of
the human triceps surae. In: Winter, D.A. et al. Biomechanics IX- A Human Kinetics,
Chapaign, p. 89-90, 1985.
_______________________________________________________________________________70
CAPÍTULO 3
NOBACK, C.R.; EISENMAN, L.M. Some effects of protein-calorie undernutrition on
the developing central nervous system of the rat. The Anatomical Record, v.201,
p.67-73, 1981.
NOBLE, E.G.; RICE, C.L.; THAYER, E.R.; THAYLOR, A.W. Envolving Concepts of
skeletal muscle fibers. Medicine Sports Science Basel, Karger, v.46, p.36-61, 2004.
NORMAN, R.W.; KOMI, P.V. Electromechanical delay in skeletal muscle under
normal movement conditions. Acta physiologica Scandinavica, v.106, n.3, p.241-248,
1979.
OCHALA, J. et al. Effect of strength training on musculotendinous sfiffness in elderly
individuals. European Journal of Applied Physiology, v.94, n.1-2, p.126-133, 2005.
OSKOUEI, B.C. et al. Variability in the interpolated twitch torque for maximal and
submaximal voluntary contractions. Journal of Applied Physiology, v.95, n.4, p.16481655, 2003.
PAIVA, M.G. et al. Mechanical properties of the plantar flexor muscles in
malnourished prepubertal children. Computer Methods in Biomechanics and
Biomedical Engineering S1, p.179-180, 2008.
PAIVA, M.G. et al. Assessment of mechanical properties of the tríceps surae in
prepubertal children of Northeast of Brazil. Brazilian Journal of Biomechanics. v.18,
p.61-68, 2009.
PÄÄSUKE, M.; ERELINE, J.; GAPEYEVA, H. Twitch contraction properties of plantar
flexor muscles pre- and post-pubertal boys and men. European Journal of Applied
Physiology, v.82, n.6, p.459 -464, 2000.
PATEL, J.R.; DIFFEE, G.M.; MOSS, R.L. Myosin regulatory light chain modulates the
Ca+2 dependence of the kinetics of tension development in skeletal muscle fibers.
Biophysical Journal, v.70, n.5, p. 2333-2340, 1996.
PETERSEN, K.; DUFOUR, S.; BEFROY, D.; GARCIA, R. SHULMAN, G.L. Impaired
mitochondrial activity in the insulin-resistant offspring of patients with type 2 diabetes.
The New England Journal of Medicine, v.350, n.7, p.664-671, 2004.
_______________________________________________________________________________71
CAPÍTULO 3
PETTE, D.; STARON, R.S. Transitions of muscle fiber phenotypic profiles.
Histochemistry and Cell Biology, v.115, n.5, p.359-372, 2001.
POUSSON, M.; PERÓT, C.; GOUBEL, F. Stiffness changes and fibre type transitions
in rat soleus muscle produced by jumping training. Pflugers Arch: European Journal
of Physiology, v.419, n.2, p.127-130, 1991.
POUSSON, M.; VAN HOECKE, J.GOUBEL, F. Changes in elastic characteristics of
human muscle induced by eccentric exercise. Journal of Biomechanics, v.23, n.4,
p.343-348, 1990.
RABITA, G.; COUTURIER, A.; LAMBERTZ, D. Influence of training background on
the relationships between plantarflexor intrinsic stiffness and overall musculoskeletal
stiffness during hopping. European Journal of Applied Physiology, v.103, n.2, p.163171, 2008.
RESNICK, O.; MILLER, M.; FORBES, W.; HALL, R.; KEMPER, T.; BRONZINO, J.;
MORGANE, P. J. Developmental protein malnutrition: influences on the central
nervous system of the rat. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, v.3, n.4, p.233246, 1979.
RICE, C.L. et al. Comparison of the histochemical and contractile properties of the
human triceps surae. European Journal of Applied Physiology, v.58, p.165-170,
1988.
RIDDIFORD-HARLAND DL, STEELE JR, BAUR LA. Upper and lower limb
functionality: are these compromised in obese children? International Journal of
Pediatric Obesity, v.1, p.42-9, 2006.
SARTORIO, A. et al. Age- and gender-related variations of leg power output and
body composition in severely obese children and adolescents. Journal of
endocrinological investigation, v.29, p.48-54, 2006.
SAYER, A.A.; COOPER, C. Fetal programming of body composition and
musculoskeletal development. Early Human Development v.81, n.9, p.735-744,
2005.
_______________________________________________________________________________72
CAPÍTULO 3
SCERPELLA T.A.; TULADHAR, P.; KANALEY, J.A. Validation of the GodinShephard questionnaire in prepubertal girls. Medicine & Science in Sports &
Exercise, v.34, p.845–850, 2002.
SCHOENAU, E. From mechanostat theory to development of the “Funcional MuscleBone Unit”. Journal Musculoskeletal Neuronal Interaction, v.5 n.3, p.232-238, 2005.
SIMONEAU, J.A.; COLBERG, S.R.; THAETE, F.L.; KELLEY, D. Skeletal muscle
glycolytic and oxidative enzyme capacities are determinants of insulin sensitivity and
muscle composition on obese woman. FASEB, v.9, n.2, p.273-278, 1995.
SINHA, R. et al. Prevalence of impaired glucose tolerance among children and
adolescents with marked obesity. The New England Journal of Medicine, v.346,
n.11, p.802-810, 2002.
SHIELD, A.; ZHOU, S. Assessing Voluntary Muscle Activation with the Twitch
Interpolation Technique. Sports Medicine, v. 34, n.4, p. 253-267, 2004.
SHORTEN, M.R. Muscle elasticity and human performance. In: B. van Gheluwe & J.
Atha. Medicine and Science, p.1-18. Basel: Karger, 1987.
STARON, R.S. et al. Fiber type composition of the vastus lateralis muscle of young
men and women. The Journal of Histochemistry and Cytochemistry, v.48, n.5, p.623–
629, 2000.
SOUTERIOU, A.; GAMAGE, M; TRINICK, J. A survey of interactions made by the
giant protein titin. Journal of Cell Science, v.104, p.119-123, 1993.
SOUTO MAIOR, A. Fisiologia dos Exercícios Resistidos. São Paulo: Phorte, 2008.
STURM, R. Increases in morbid obesity in the USA: 2000-2005. Public Health, v.121,
n.7, p.492-496, 2007.
SUTER, E.; HERZOG, W. Effect of number of stimuli and timing of twitch application
on variability in interpolated twitch torque. Journal of Applied Physiology, v. 90, n.3,
p.1036-1040, 2001.
_______________________________________________________________________________73
CAPÍTULO 3
TANNER, C.J. et al. Muscle fiber type is associated with obesity and weight loss.
American Journal of Physiology, v. 282, n.6, p.1191–1196, 2002.
TAYLOR, J.L. The interpolated twitch does provide a valid measure of the voluntary
activation of the muscle. Journal of Applied Physiology, v.107, n.1, p.354-355, 2009.
THORLUND, J.B. et al. Changes in muscle strength and morphology after muscle
unloading in Special Forces missions. Scandinavian Journal of medicine & science in
sports, v.18, 2010.
TODD, G.; TAYLOR, J.L.; GANDEVIA, S.C. Measurement of voluntary activation of
fresh and fatigued human muscles using transcranial magnetic stimulation. The
Journal of Physiology, v. 551, p. 661–671, 2003.
TOGNELLA, F. et al. A mechanical device for studying mechanical properties of
human muscles in vivo. Journal of Biomechanics, v.30, p.1077-1080, 1997.
TONSON, A.; RATEL, S.; LE FUR, Y.; COZZONE, P.; BENDAHAN, D. Effect of
Maturation on the Relationship between Muscle Size and Force Production. Medicine
Science Sports and Exercise v.40, n.5, p.918-925, 2008.
TOSCANO, A.E.; MANHÃES-DE-CASTRO, R.; CANON, F. Effect of a low-protein
diet during pregnancy on skeletal muscle mechanical properties of offspring rats.
Nutrition, v.24, n.3, p.270-278, 2008.
TOURSEL, T.; STEVENS, L.; MOUNIER, Y. Evolution of contractile and elastic
properties of rat soleus muscle fibres under unloading conditions. Experimental
Physiology, v. 84, p. 93–107, 1999.
TUCKER, K.J.; TÜRKER, K.S. Triceps surae stretch and voluntary contraction alters
maximal M-wave magnitude. Journal of Eletromyography and Kinesiology, v.17, n.2,
p.203-211, 2007.
UAUY, R.; ALBALA, C.; KAIN, J. Obesity trends in Latin American: transiting from
under-to overweight. Journal of Nutrition, v.131, n.3, p.893-899, 2001.
_______________________________________________________________________________74
CAPÍTULO 3
UGRINOWITSCH, C.; BARBANTI, V.J. O ciclo de alongamento e encurtamento e a
"performance" no salto vertical. Revista Paulista de Educação Física v.12, p.85-94,
1998.
WIDMAIER, E.P.; RAFF, H.; STRANG, K.T. Vander, Sherman, Luciano's Human
Physiology: The Mechanisms of Body Function. United States: McGraw-Hill, 2004.
VOIGT, M.; SIMONSEN, E.B. Mechanical and muscular factors influencing the
performance in maximal vertical jumping after different prestretch loads. Journal of
Biomechanics, v.28, n.3, p.293-307, 1995.
WALSHE A.D.; WILSON, G.J. The influence of musculotendinous stiffness on drop
jump performance. Canadian Jounal of Applied Physiology, v.22, n.117-132, 1997.
WANG, K.; WRIGHT, J. Architecture of the sarcomere matrix of skeletal muscle:
immunoelectron microscopic evidence that suggests a set of parallel inextensible
nebulin filaments anchored at the Z line. The Journal of Cell Biology, v.107, p. 21992212, 1988.
WANG, Y.; LOBSTEIN, T. Worldwide trends in childhood overweight and obesity.
International Journal of Pediatric Obesity, v.1, p.11-25, 2006.
WEISS, R. et al. Obesity and metabolic syndrome in children and adolescents. The
New England Journal of Medicine, v.350, n.23, p.2362-2374, 2004.
WEISS, T. et al. Rapid functional plasticity of the somatosensory cortex after finger
amputation. Experimental Brain Research, v.134, n.2, p.199-203, 2000.
WHO. Report of the Joint/ WHO Expert Consultation on Diet, Nutrition, and the
Prevention of Chronic Diseases, 2002.
WHO.
(World
Health
Organization
http://www.who.int/growthref/hfa_girls_
5_19years_z.pdf and http://www.who.int/growthref/hfa_boys_5_19years_z.pdf. 2007.
WINTER, E.M.; BROOKES, F.B. Electromechanical response times and muscle
elasticity in men and women. European Journal of Applied Physiology, v. 63, p.124128, 1991.
_______________________________________________________________________________75
CAPÍTULO 3
WOLPAW, J.R.; CARP, J.S. Plasticity from muscle to brain. Progress in
neurobiology, v. 78, n.5, p. 233-263, 2006.
WOO, S.L. et al. Mechanical properties of tendon and ligaments. Biorheology, v. 19,
p.397-408, 1982.
ZEE, M.; VOIGT, M. Moment dependency of the series elastic stiffness in the human
plantar flexors measured in vivo. Journal of Biomechanics, v. 34, n.11, p.1399-1406,
2001.
_______________________________________________________________________________76
Download