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evsPUC GO
ISSN 1983-781X
Infecções secundárias em acidentes
ofídicos: uma avaliação bibliográfica
Secondary infeccions in snakebite accidents:
a bibliographic evaluation
Patrícia Regina Gomes Verissimo de Faria Silva1,2, Raquel Virgínia Rocha Vilela1, Ana Paula Possa1
1 Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Instituto Superior de Medicina. Alameda Ezequiel
Dias, 275. CEP 30130-110 – Belo Horizonte – MG.
2 Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Saúde. Escola de Ciências Médicas, Farmacêuticas e Biomédicas. Avenida Universitária, 1440 – Setor Universitário. CEP 74605-010 – Goiânia – GO.
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
Resumo: O presente trabalho trata de uma revisão bibliográfica exploratória e correlacional de casos publicados sobre
acidentes ofídicos com infecções secundárias e análise microbiológica dos abscessos, bem como da microbiota oral das
serpentes. As buscas foram realizadas nas bases de dados Scielo e PubMed. Como palavras-chave foram utilizadas:
ofidismo, microbiota, infecções secundárias e abscessos. Os dados epidemiológicos oficiais foram obtidos a partir do sistema eletrônico do SINAN do Ministério da Saúde. A maior incidência de acidentes ofídicos é com serpentes do gênero
Bothrops, com uma incidência entre 1 e 20% de infecções secundárias/abscessos. Os resultados indicaram 17 espécies de
bactérias isoladas de abscessos derivados de infecções secundárias e 37 espécies identificadas de culturas com material
da cavidade oral de serpentes venenosas e não venenosas. Comum a ambos (abscessos e cavidades orais das serpentes
venenosas) encontram-se, por ordem de importância (ocorrência em abscessos): Morganella morganii, Escherichia coli,
Staphylococcus aureus, Providencia sp., Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginosa, Proteus sp. e Klebsiella sp. Existe
uma tendência ao uso preferencial do Cloranfenicol como antibiótico de primeira escolha. Entretanto, o aparecimento de
cepas resistentes sugere o procedimento de hemoculturas antibiograma, além da antibioticoterapia de amplo espectrol.
Palavras-chave: Acidentes ofídicos. Abscessos. Bactérias. Microbiota oral.
Abstract: The current study deals with an exploratory and correlational bibliographic review of published cases of
snakebite accidents with secondary infections and microbiological analyses of the abscesses as well as the oral microbiota of the snakes. The searches were carried out on Scielo and PubMed databases. As key words, we used snakebite
accidents, microbiota, secondary infections, and abscesses. The official epidemiological data were obtained through the
SINAN electronic system of the Ministry of Health. The highest incidence of snakebite acidentes is with snakes of the
genus Bothrops with an incidence between 1 and 20% of secondary infections/abscesses. The results indicated 17 species
of bacteria isolated from abscesses derived from secondary infections and 37 species identified from material of the oral
cavities of venomous and non-venomous snakes. Common to both (abscesses and oral cavities of venomous snakes) we
found, in order of importance (occurrence in abscesses): Morganella morganii, Escherichia coli, Staphylococcus aureus,
Providencia sp., Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginosa, Proteus sp., and Klebsiella sp. There is a tendency towards
the use of chloramphenicol as the antibiotic of first choice. However, the finding of multiresistant bacteria strains suggest
the hemoculture procedure and antibiogram tests beyond the broad-spectrum antibiotic therapy.
Keywords: Snakebite accidents. Abscesses. Bacteria. Oral microbiota.
Autor correspondente: [email protected]
Recebido: janeiro, 2016 | Aceito: fevereiro, 2016 | Publicado: outubro, 2016
Este artigo está licenciado com uma Licença Creative Commons.
Atribuição Sem Derivações 4.0 CC BY-NC-ND.
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
flora bucal das serpentes (constituída por grande núme-
INTRODUÇÃO
ro de bactérias anaeróbias e gram-negativas), existindo
Os acidentes ofídicos representam sério proble-
um maior risco quando o tempo entre o acidente e a
ma de saúde pública nos países tropicais pela frequência
soroterapia é dilatado4,12. Serpentes das famílias Co-
com que ocorrem e pela morbi-mortalidade que ocasio-
lubridae, Dipsadidae e Elapidae também demonstram
nam. Dados oficiais do Ministério da Saúde indicam
possuir uma microbiota oral variada, mas com o vene-
uma média de 20.000 casos por ano para o país sendo
no sem a ação proteolítica, diminuindo a possibilidade
os mais graves os botrópicos, crotálicos e laquéticos .
de infecções secundárias relevantes. Apesar de consti-
1,2
As serpentes do grupo botrópico (jararacas) são
tuírem uma preocupação no tratamento de acidentados,
responsáveis pelo maior número de acidentes ofídicos no
essa microbiota varia com a espécie, idade, hábitos ali-
país, sendo encontradas em todo o território nacional. As
mentares e sazonalidade das espécies de serpentes13.
atividades fisiopatológicas do veneno botrópico podem ser
Sendo uma sequela importante, que deman-
definidas como proteolítica, mais bem definida como in-
da uma conduta médica baseada na antibioticoterapia
flamatória aguda, coagulante e hemorrágica. As principais
(profilática ou não), o presente trabalho visou um le-
complicações são: a) infecções secundárias; b) abscesso; c)
vantamento bibliográfico das descrições de análises
necrose; d) choque; e e) insuficiência renal aguda (IRA)
microbiológicas das infecções secundárias em aciden-
.
1,3,4
Os acidentes com cascavéis (crotálicos) apresen-
tes ofídicos no Brasil.
tam o maior coeficiente de letalidade devido à frequência com que evolui para insuficiência renal aguda (IRA).
MATERIAL E MÉTODOS
As atividades fisiopatológicas do veneno crotálico podem ser definidas como neurotóxica, miotóxica e coa-
1. Abrangência do Estudo
gulante. A principal complicação do acidente crotálico é
a insuficiência renal aguda (IRA), com necrose tubular
geralmente de instalação nas primeiras 48 horas
.
O presente trabalho trata de uma revisão bibliográfica exploratória e correlacional. O estudo com-
1,5,6
Os acidentes com surucucus (laquéticos) são ra-
preendeu todos os casos publicados sobre acidentes
ros. As atividades fisiopatológicas do veneno laquético
ofídicos com infecções secundárias e análise microbio-
podem ser definidas como coagulante, hemorrágica e
lógica dos abscessos.
inflamatória aguda. As manifestações do envenenamento são semelhantes às do acidente botrópico1,4,7.
2. Dados Bibliográficos
baixa de acidentes, especialmente por possuírem hábi-
As buscas foram realizadas nas bases de dados
tos semifossoriais e não terem uma índole agressiva.
Scielo (http://www.scielo.br) e PubMed (http://www.ncbi.
As atividades fisiopatológicas do veneno elapídico po-
nlm.nhi.gov/pubmed). Os critérios de busca para as bases
dem ser definidas como neurotóxicas, apesar dos dados
de dados não se limitaram ao ano de publicação, mas fo-
experimentais demonstrarem um grande conjunto de
ram feitas até o final de 2011. Como palavras-chave foram
atividades farmacológicas que incluem efeitos miotó-
utilizadas: ofidismo, microbiota, infecções secundárias e
xicos, hemorrágicos e cardiovasculares
abscessos. Os resultados foram refinados com buscas nas
.
1,8,9,10
A grande maioria dos acidentes por serpentes
seguintes áreas: Toxicon ou toxinologia ou toxinology ou
não venenosas (famílias Colubridae e Dipsadidae) é
medicina tropical ou Infectology ou infectologia ou veno-
destituída de importância por causarem apenas feri-
mous animals ou animais venenosos.
mentos superficiais da pele, com um quadro sintomatológico que envolve dor local, edema e eritema, po-
3. DADOS COMPARATIVOS
dendo acarretar, tardiamente, infecções secundárias .
11
Abscessos, celulite e erisipela que aparecem na
3.1. Ministério da Saúde
região das picadas por serpentes resultam de condições
propícias ao crescimento de microrganismos, provoca-
Nas avaliações comparativas foram utilizados
dos em função da ação inflamatória aguda local e da
os dados oficiais da Unidade Técnica de Zoonoses por
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
As cobras-corais possuem uma casuística muito
18
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
Roedores e Agravos Estratégicos (URA), através do
RESULTADOS
Grupo de Trabalho de Animais Peçonhentos, do Ministério da Saúde (DF).
3.2. Dados Epidemiológicos Oficiais
1. Ofidismo
No período de 2008 a 2010, foram registrados
87.383 acidentes ofídicos no Brasil. Desse total, 63.873
Os dados epidemiológicos oficiais foram obti-
(73,10%) acidentes foram causados por serpentes bo-
dos a partir do sistema eletrônico do SINAN (Sistema
tropóides (Bothrocophias e Bothrops), 6.671 (7,63%)
de Informação de Agravos de Notificação) do Ministé-
por Crotalus, 2.841 por Lachesis (3,25%), 625 por Mi-
rio da Saúde.
crurus (0,72%) e3.435 (3,93%) por serpentes não peçonhentas. Um total de 9.938 acidentes (11,37%) não
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
teve o agente causal indicado14 (Figura 1).
19
Figura 1. Acidentes com serpentes peçonhentas no Brasil, no período de 2008 a 2010.
Nesse período, foram caracterizados entre 1 e
2. Infecções secundárias
20% dos acidentes botrópicos com evolução para abscessos, com o indicativo de bactérias Gram-negativas,
A Tabela 1 resume 17 microrganismos isolados
Gram-positivas, anaeróbicas e cocos Gram-negativos
de abscessos de acidentados com serpentes peçonhen-
(mais raros). Nos demais casos com serpentes do gêne-
tas do Brasil e de ocorrência no norte da América do
ro Crotalus, Lachesis e não venenosas não houve rela-
Sul15,16,17,18,19,20,21,22.
tos de abscessos ou infecções secundárias.
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
Tabela 1. Bactérias isoladas de abscessos de acidentados com serpentes venenosas no Brasil
MICRORGANISMO
SERPENTES
Bothrops
Crotalus
Tabela 2. Bactérias isoladas da cavidade oral de serpentes venenosas do Brasil
MICRORGANISMO
Bothrops
SERPENTES
Crotalus Lachesis
Micrurus
Bactérias G+ Ae
Staphylococcus aureus
x
Staphylococcus epidermidis
x
Streptococcus grupo D
x
x
Bacillus subtilis
x
Citrobacter sp.
x
Corynebacterium sp.
x
Enterococcus faecalis
x
x
x
Staphylococcus aureus
Staphylococcus
epidermidis
Streptococcus grupo D
Alcaligenes sp.
x
Bactérias G+ An
Providencia sp.
x
Actinomyces sp.
Providencia rettgeri
x
x
x
x
Pseudomonas sp.
x
Clostridium sp.
Clostridium
bifermentatus
Clostridium butylicum
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Bactérias G+ An
Clostridium sp.
Bactérias G- Ae
Bactérias G- Na
x
x
x
x
x
Aeromonas hydrophila
x
Clostridium cadaveris
Bacteroides sp.
x
Clostridium glycolicum
Enterobacter sp.
x
Clostridium hastiforme
x
Enterobacter aglomerans
x
Clostridium limosus
x
Escherichia coli
x
Clostridium novyi
x
x
x
Klebsiella sp.
x
Clostridium sporogenes
x
x
x
Morganella morganii
x
Bactérias G- Ae
Proteus mirabilis
x
Acinetobacter sp.
Proteus vulgaris
x
Alcaligenes sp.
x
Providencia sp.
x
x
x
Providencia rettgeri
x
Pseudomonas sp.
x
x
x
x
Legenda: G+ Ae = bactérias Gram positivas aeróbias; G+ An = bactérias Gram positivas anaeróbias; G- Ae = bactérias Gram negativas
aeróbias; G- Na = bactérias Gram negativas anaeróbias.
x
Salmonella sp.
x
x
Bactérias G- An
Edwardsiella tarda
A Tabela 2 lista 36 espécies de bactérias isoladas da cavidade oral de serpentes contidas no Brasil e
três espécies comuns com o norte da América do Sul
(Bothrops asper, Crotalus durissus e Lachesis muta)23,2
.
4,25,26,27,28,29,30,31,32,33,34,35,36,37
x
Pseudomonas aeruginosa
Serratia sp.
3. Microbiota oral das serpentes
x
x
Enterobacter sp.
x
Enterobacter aglomerans
x
Escherichia coli
x
x
x
Klebsiella sp.
x
x
x
Moraxella sp.
x
Morganella morganii
x
Proteus sp.
x
Proteus mirabilis
Proteus vulgaris
x
x
x
x
x
x
x
x
Shigella sp.
Yersinia enterocolitica
x
x
Cocos G+
Micrococcus sp.
x
x
x
Legenda: G+ Ae = bactérias Gram positivas aeróbias; G+ An = bactérias Gram positivas anaeróbias; G- Ae = bactérias Gram negativas
aeróbias; G- Na = bactérias Gram negativas anaeróbias; Cocos G+
= cocos Gram positivos
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
Bactérias G+ Ae
20
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
A Tabela 3 lista o pouco que se sabe da micro-
nectes murinus) e quatro da família Colubridae (Mas-
biota oral de serpentes não venenosas brasileiras, com
tigodryas bifossatus, Phalotris mertensi, Philodryas
duas espécies da família Boidae (Boa constrictor e Eu-
nattereri e Xenodon merremii).
Tabela 3. Bactérias isoladas da cavidade oral de serpentes não venenosas do Brasil
SERPENTES
MICRORGANISMO
Boa
constrictor
Eunectes
murinus
Mastigodryas
bifossatus
Phalotris
mertensi
Philodryas
nattereri
Xenodon
merremii
Bactérias G+ Ae
Bacillus subtilis
x
Staphylococcus coagulase
negativo
x
x
Bactérias G+ An
Sarcina sp.
x
Bactérias G- Ae
Bulkoderia sp.
x
Bactérias G- An
Proteus sp.
x
autores procedem com um amplo estudo de antibiograma
DISCUSSÃO
com a indicação do uso profilático de Cloranfenicol, por
Relatos da microbiota variada nos abscessos dos
acidentes botrópicos no Brasil passaram a ser documen-
Em outro estudo18 é descrita a flora bacteriana
como o Hospital Vital Brazil (Instituto Butantan, SP) e o
oral de serpentes Bothrops jararaca do Estado de São
Hospital de Doenças Tropicais do Estado de Goiás (Se-
Paulo, indicando como mais frequentes Streptococcus
cretaria de Estado da Saúde, GO)
. Entretanto, essa
do grupo D, Enterobacter sp., Providencia rettgeri,
prática nunca fez parte da rotina desses hospitais, sendo
Providencia sp., Escherichia coli, Morganella morga-
difícil se estabelecer correlações temporais.
nii e Clostridium sp. Os autores chamam a atenção para
Os dados obtidos nesse estudo (Tabela 1)
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
aeróbicas e anaeróbicas encontradas.
tados em estudos de casos em hospitais de referência
17,21
21
ser conhecidamente ativo contra a maioria das bactérias
correspondem aos relatos mais comuns e incluem três
a possível ligação entre as infecções secundárias e a
microbiota oral dessas serpentes.
bactérias Gram-positivas (aeróbicas), uma Gram-posi-
Em outro estudo19 foram avaliados os absces-
tiva (anaeróbica), quatro Gram-negativas (Aeróbicas)
sos causados por acidentes com serpentes do gênero
e nove Gram-negativas (anaeróbicas).
Bothrops (jararacas) indicando os microrganismos de
Bactérias anaeróbias, enterobactérias e Strepto-
maior frequência, em ordem decrescente: Morganella
coccus do grupo D foram isolados de abscessos de aci-
morganii, Providencia rettgeri, Enterobacter sp., Es-
dentes humanos com serpentes do gênero Bothrops (jara-
cherichia coli, Streptococcus do grupo D e Bacteroi-
racas)
. Em um estudo mais abrangente realizou-se o
des sp. Na complementação de antibiograma, todas as
isolamento e caracterização bacteriana do material de 99
espécies se demonstraram sensíveis ao Cloranfenicol,
abscessos de acidentes causados por serpentes do gênero
Ampicilina e Penicilina G. Os anaeróbios foram sensí-
Bothrops em Goiás, entre 1984 e 1988. Dos 15 micror-
veis ao Cloranfenicol e Tetraciclina.
16,17
21
ganismos isolados prevaleceram Morganella morganii,
Em três casos de infecções secundárias e abs-
Escherichia coli e Providencia sp, com 44,4%, 20,2% e
cessos em acidentes causados por Bothrops moojeni
13,1% das amostras, respectivamente. Nesse trabalho, os
(jararaca) houve o isolamento de Aeromonas hydrophi-
la (bactéria Gram-negativa), e reforçam o uso de Clo-
além de Escherichia coli, Providencia sp., Klebsiella
ranfenicol para o tratamento dessas infecções20.
sp., Pseudomonas sp., e Micrococcus sp. (cocos Gram-­
Um caso raro de infecção secundária em um
positivos). Os autores ainda reforçam a importância
acidente por Crotalus durissus terrificus (cascavel)
dessa microbiota nas infecções secundárias e abscessos
foi relatado no Brasil Central, com a identificação de
nos acidentes com serpentes do gênero Bothrops (jara-
Escherichia coli e Staphylococcus aureus . Apesar
racas), Lachesis (surucucus) e, possivelmente, Crota-
de ter sido um caso leve e facilmente tratado, de-
lus (cascavéis)15,27.
22
monstra a importância de estudos anteriores15 para a
Na descrição da microbiota oral de Crotalus
possibilidade de infecções secundárias e abscessos
durissus terrificus (cascavel), houve a prevalência de
com acidentes envolvendo serpentes de outros gê-
Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris e Morga-
neros além de Bothrops (jararacas) e Lachesis (su-
nella morganii e, com menor frequência, Escherichia
rucucus).
coli, Salmonella sp., Edwardsiella tarda, Corynebacte-
Em um caso de acidente com Bothrops na Costa
rium sp. e Streptococcus alfa-hemolíticos41. Esse traba-
Rica, houve o isolamento de Staphylococcus coagulase
lho faz uma boa correlação entre outros relatos15,22 com
negativo. Sem o procedimento de antibiograma, admi-
respeito a possibilidade do envolvimento de serpentes
nistram Vancomicina no tratamento do abscesso .
Crotalus (cascavéis) em infecções secundárias.
38
Em um estudo recente , foram descritos 297
Em um estudo abrangente13 foi descrita a mi-
casos de acidentes humanos com serpentes não vene-
crobiota oral de dez espécies de serpentes venenosas
nosas (Philodryas patagoniensis – cobra-cipó) com
e não venenosas, a saber: Bothrops alternatus (uru-
1% de infecções secundárias leves. Entretanto, não foi
tu), Bothrops pauloensis (jararaca), Crotalus durissus
possível a identificação dos microrganismos possivel-
(cascavel), Micrurus frontalis (coral verdadeira), Boa
mente envolvidos.
constrictor (jiboia), Eunectes murinus (sucuri), Mas-
39
Estudos iniciais sobre a microbiota oral de ser-
tigodryas bifossatus (jaracuçu-do-brejo), Phalotris
pentes foram realizados em diversos continentes, com
mertensi (cobra vermelha), Philodryas nattereri (cobra
serpentes venenosas e não venenosas, indicando uma
cipó) e Xenodon merremii (boipeva). Foram identifi-
grande variedade de microrganismos. Destes desta-
cadas as bactérias Actinomyces sp., Bulkolderia sp.,
cam-se espécies Gram-positivas aeróbicas (Staphylo-
Moraxella sp., Proteus sp., Sarcina sp., Bacillus subti-
coccus sp., Streptococcus sp., Citrobacter sp.), Gram-­
lis, Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase
negativas aeróbicas (Stenotrophomonas maltophilia),
negativo e Yersinia enterocolitica.
Gram-positivas anaeróbicas (Clostridium sp., Serratia
Outros autores38 descreveram a microbiota
sp.), Gram-negativas aeróbicas (Acinetobacter sp.,
oral de diversas serpentes não venenosas, incluindo es-
Providencia sp., Pseudomonas sp., Salmnella sp.) e
pécies brasileiras, alertando também para a flora bacte-
Gram-negativas anaeróbicas (Edwardsiella sp., En-
riana das espécies com infecções orais, corroborando,
terobacter sp., Klebsiella sp., Proteus sp. e Shigella
em parte, o achado de outros autores29,31,32 como possí-
sp.). Todas essas espécies com grande potencial de
veis complicantes em infecções secundárias.
participação direta nas sequelas de infecções secun-
A correlação entre a microbiota oral das serpen-
dárias e abscessos nos acidentes ofídicos com huma-
tes venenosas (especialmente as do gênero Bothrops)
nos
.
e as bactérias encontradas nas infecções secundárias
Nesse estudo, ambos os resultados (serpentes
e abscessos é clara. Entretanto, a diversidade bacte-
venenosas e não venenosas; Tabelas 2 e 3) corroboram
riana das serpentes (37 espécies) é muito superior à
aspectos inespecíficos, mas variáveis com os hábitos
encontrada em infecções secundárias e abscessos (17
alimentares, saúde geral e oral, bem como tamanho
espécies), o que implica em um grande potencial para a
(idade) dos animais
contribuição nesse tipo de sequela.
23,24,25,26,27,28,29,30,31,32,33,34,35,36,37
.
28,40,41
Alguns trabalhos já indicavam a correlação da
Nesse sentido, em um estudo de 10 anos na Chi-
microbiota da cavidade oral e veneno de serpentes da
na, foram apresentados dados extremamente semelhan-
América Central e Sul, corroborando os achados ante-
tes, com bactérias isoladas de abscessos aqui listadas
riores, com a identificação de oito espécies de Proteus,
somente como da microbiota normal das serpentes43.
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
22
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
Essa correlação só pode ser indiretamente
de hemocultura (concomitante com a antibioticotera-
estendida a microbiota descrita das serpentes não ve-
pia) visando um melhor conhecimento das bactérias
nenosas (Tabela 3), a partir das espécies isoladas de
envolvidas e a possibilidade de se encontrar cepas re-
abscessos com serpentes venenosas. Trata-se de uma
sistentes aos medicamentos de uso protocolar.
possibilidade de infecções secundárias. Como demons-
Como um exemplo desse fato, observou-se um
trado nos casos confirmados de infecções secundárias
caso de abscesso onde a bactéria isolada (Morganella
em acidentes com Philodryas patagoniensis, não foi
morganii) apresentou uma sensibilidade somente a an-
possível a identificação do agente causal .
tibióticos de 3ª e 4ª gerações de cefalosporinas46.
38
Comum a ambos (abscessos e cavidades orais
Como resultado de recomendações da Organi-
das serpentes venenosas) encontram-se, por ordem de
zação Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan
importância (ocorrência em abscessos): Morganella
Americana da Saúde (OPAS) o Ministério da Saúde do
morganii, Escherichia coli, Staphylococcus aureus,
Brasil (MS), através da FUNASA, não recomenda o
Providencia sp., Enterobacter sp., Pseudomonas aeru-
uso de antibióticos profiláticos e sugere o procedimen-
ginosa, Proteus sp. e Klebsiella sp.
to da hemocultura.
As recomendações terapêuticas de antibioticoterapia incluem antimicrobianos com atividade sobre
CONCLUSÕES
bacilos gram-negativos, gram-positivos e anaeróbios,
tais como cloranfenicol e amoxicilina associada ao ácido clavulânico. Pacientes que evoluem com erisipela
devem ser tratados com penicilina, definindo-se dose e
via de acordo com a gravidade do caso. Entretanto, não
é recomendado o uso de antibiótico profilático1,4.
Dados de diversidade bacteriana derivada de
abscessos e a eficácia do uso de Gentamicina ou Penicilina G para um possível controle foram apresentados33, bem como, em outro estudo, a sensibilidade das
bactérias ao Cloranfenicol, Ampicilina e Penicilina G,
associado a Tetraciclina (anaeróbios)21.
Inicialmente recomendado como de uso
protocolar19,20,21,44, um estudo mais direcionado demonstrou que a eficácia desse antibiótico é variável45,
corroborando outros trabalhos que demonstram uma
, Goiânia, v. 43, n. 1, p. 17-26, jan./mar., 2016
sensibilidade muito variável dos microrganismos a diversos antibióticos33.
Não se questiona a conduta médica do controle
das infecções secundárias com o uso de antibióticos de
amplo espectro, mas deveria ser observada a realização
A. Apesar da diversidade bacteriana da cavidade oral
das serpentes ser muito maior do que a encontrada
em exsudatos de abscessos, as espécies da cavidade oral estão contidas no universo encontrado nos
abscessos.
B. Por ordem de importância (ocorrência em abscessos) evidenciam-se: Morganella morganii, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Providencia
sp., Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginosa,
Proteus sp. e Klebsiella sp.
C. A diversidade bacteriana da cavidade oral (37 espécies) oferece um enorme potencial de complicantes
nas infecções secundárias e abscessos nos acidentes ofídicos.
D. O uso de antibióticos de amplo espectro (Cloranfenicol) é adotado por cautela médica. Entretanto,
seria importante a realização de hemocultura de rotina no intuito de se esclarecer melhor possíveis espécies envolvidas com agravantes no processo infeccioso e/ou espécies com cepas multirresistentes.
REFERÊNCIAS
1. FUNASA. 2001. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Ministério da
Saúde. Brasília, DF. 112 p.
2. ARAÚJO, F. A. A., SANTA LÚCIA, M. & CABRAL, R. F. 2006. Epidemiologia dos acidentes por animais
peçonhentos. In: Cardoso, J. L. C., França, F. O. S., Wen, F. H., Málaque, C. M. S. & Haddad Jr., V. (Eds.).
Animais Peçonhentos no Brasil – Biologia, Clínica e Terapêutica dos Acidentes. Pp. 150-159. Editora Sarvier.
23
São Paulo, SP. 540 p.
Silva, P. R. G. V. de F. et al. – Infecções secundárias em acidentes ...
3. FRANÇA, F. O. S. & WEN, F. H. 1982. Acidente botrópico. In: Schvartsman, S. Plantas Venenosas e Animais
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