1 XIII ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO MODALIDADE: PÔSTER TITULO: O GESTOR ESCOLAR : FACILITADOR NOS PROCESSOS FORMATIVOS E QUESTÕES PEDAGÓGICAS AUTORA/EXPOSITORA: SILVIA MARIA TRONCOSO INSTITUIÇÕES: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS ESCOLA TÉCNICA FORTEC ORIENTADORA: PROFª DRª MARTHA ABRAHÃO SAAD LUCCHESI 1. INTRODUÇÃO A escola está caracterizada como um agente reprodutor dos anseios sociais, na medida em que transmite os saberes necessários ao sistema produtivo e à preservação da cultura e de valores sociais. Tem uma dupla função: a transmissão do saber e a reprodução da ideologia dominante dentro de uma mesma ação pedagógica. A cultura institucional e as ações do gestor educacional estão estreitamente relacionados com as atividades docentes e discentes e as determinam. Atualmente, o capital passou a ser o conhecimento, as fronteiras econômicas não existem mais, a educação não pode ignorar essas mudanças no mundo e as escolas se moldam a essa nova realidade. Apenas reproduzir e transmitir saberes não é mais a finalidade da educação; a disciplina produz saber e o saber compreende a capacidade de análise e crítica do conhecimento que está posto, e o poder de construir novas verdades dentro de uma ideologia. O professor e os alunos são responsáveis por essa ação na sala de aula e no ambiente escolar. Educar é um ato revolucionário, tira o corpo da inércia, coloca-o em movimento, altera sua posição, muda a visão de mundo. O gestor educacional deve ser um agente transformador e útil à instituição, “deve saber olhar para o futuro e perceber as tendências de mudança, aprender a “investigar”, “analisar” e “interpretar” os novos desafios, enfrentando o novo, o desconhecido, com alguma margem de segurança”. 1 O gestor para atuar de forma construtiva na instituição deve ter uma visão contextualizada e flexibilidade para agir frente às mudanças que ocorrem fora do contexto escolar e que refletem na escola. 2. PROBLEMA O papel do gestor educacional é relevante na instituição escolar como facilitador dos processos formativos e nas questões pedagógicas? 3. METODOLOGIA O objetivo maior da educação é formar o cidadão e o profissional para viver na complexidade do mundo, na sociedade da informação e do conhecimento; acompanhar os avanços tecnológicos e adaptarse às transformações reestruturando-se frente às novas exigências. 1 Santos, 2002, p. 3. 2 Esta pesquisa tem por objeto de estudo o gestor educacional na área restrita do planejamento pedagógico e seu papel como co-autor da gestão educacional na unidade escolar. A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho segue as orientações apresentadas por Bogdan e Biklen. As orientações da pesquisa qualitativa destes autores fundamentam este trabalho, nos registros e na sua análise. Os procedimentos metodológicos seguem as cinco características da investigação qualitativa segundo Bogdan e Biklen. Os dados foram colhidos e completados pela informação obtida através do contato direto. Todo material registrado foi revisto e o entendimento dele é o instrumento-chave desta análise. A contextualização é parte essencial para a compreender as ações com mais clareza, ao observá-las no seu ambiente natural, pois todo comportamento humano é influenciado pelo contexto em que se insere. Os dados recolhidos através de entrevistas, notas de campo e documentos oficiais e da escola foram analisados em toda sua riqueza, respeitando a forma de registro. Os dados foram analisados sob a ótica de que tudo é uma pista para a compreensão clara do objeto de estudo. As informações recolhidas foram inter-relacionadas, e o quadro montado na medida em que cada parte foi analisada e detectadas as informações mais importantes. 4. RESULTADOS As escolas que estão preocupadas com a qualidade do ensino que oferecem a seus alunos planejam seus processos de ensino alicerçadas em seu objetivo, que é ensinar. Ao planejar seu processo de ensinar, a escola deve ter bem claras suas políticas e seus recursos humanos e materiais. A função do gestor é trabalhar com a intenção de aprimorar os processos através da análise do planejamento desenvolvido, avaliar se as ações estão adequadas aos objetivos educacionais, e se os professores estão trilhando os caminhos junto com seus alunos. Os planos das disciplinas que prevêem as ações do professor, as estratégias, os recursos a serem utilizados dentro do espaço da sala de aula em um determinado intervalo de tempo, é um exemplo de estruturação do trabalho. Esses aspectos estão estreitamente relacionados ao controle da atividade que envolve o tempo e o espaço. 4.1 Os caminhos da gestão institucional A instituição de ensino no novo milênio se enquadra numa visão administrativa em que o estabelecimento de metas e administração por resultados passa a ter papel fundamental no sucesso da instituição enquanto prestadora de serviço de qualidade dentro de um mundo competitivo onde eficácia, eficiência e velocidade de mudança são a tônica para a sobrevivência da instituição. As instituições privadas vivem um momento de mudança resultante das transformações tecnológicas, da globalização e dos novos paradigmas do conhecimento. Vivem na era da informação e do conhecimento, não podem mais educar para um mundo estático e de mudanças lentas. Nossa realidade está repleta de informações e transformações na estrutura mundial, que interferem no andamento de nossa vida, exigindo constante reestruturação. A teia da informação nos captura, o gerenciamento das necessidades e as ações exigem líderes que estejam em constante reconstrução dos seus saberes e conscientes da realidade que os cerca, do contexto social local e mundial onde se inserem como sujeitos e agentes da ação educativa, isto é, encontram-se dentro de um movimento de construção e reconstrução de seus conhecimentos, refletindo sobre sua experiência e ação. Vivendo nestes novos paradigmas do conhecimento e da transformação que envolvem a instituição e norteiam seu destino, existe um Plano de Gestão institucional que direciona a ação dos envolvidos em sua missão educadora e transformadora do aluno em cidadão do mundo, capaz de aprender a aprender e traçar seus caminhos. A nova LDB 9394/96 sugere um novo conceito de educação, traduzido pela preocupação em formar o homem como ser social e transformador da própria sociedade, que estabeleça uma relação 3 dialética com o mundo; abandonou-se a idéia do homem adestrado para exercer funções determinadas e alienado do contexto que o cerca. Dentro desse novo contexto se estabelecem os elos e as relações na estrutura gerencial escolar. Planejar suas ações é uma característica do ser humano: ao imaginar uma determinada situação, o homem planeja suas ações para atingir seus fins. Ao refletir sobre as ações necessárias para atingir uma meta, o homem toma decisões para percorrer os melhores caminhos a fim de atingir seus objetivos. Todas as ações de planejamento pressupõem a disciplina para poder intervir na realidade, e a capacidade de avaliar essa intervenção num processo dinâmico. Todo planejamento requer: Conhecimento da realidade, das suas urgências, necessidades e tendências. Definição de objetivos claros e significativos. Determinação dos meios e recursos possíveis, viáveis e disponíveis. Estabelecimento de critérios e de princípios de avaliação para o processo de planejamento e execução. Estabelecimento de prazos e etapas para a sua execução. Planejar, portanto, “(...) é pensar sobre aquilo que existe, sobre o que se quer alcançar, com que meio se pretende agir e como se avaliar o que pretende atingir.” 2 O planejado pedagógico de uma instituição descreve os objetivos educacionais que pretende atingir durante o processo educativo das crianças e jovens, estabelecendo as metas e as direções para que seus objetivos sejam alcançados. Todo processo educacional é planejado, portanto o planejamento é a célula básica desse processo e indica as direções a serem seguidas, “(...) é necessário planejar o processo educativo para que o homem não se limite, mas se liberte, numa perspectiva dinâmica de ser para a vida”. 3 Planejar não significa enquadrar o homem num campo limitado. Planeja-se para possibilitar a caminhada para o desconhecido com segurança, com liberdade, com autonomia e com possibilidade de crescimento. O planejamento é dinâmico, sujeito a revisões e reestruturações durante seu desenvolvimento com a finalidade de atender os pressupostos educacionais definidos na proposta pedagógica da instituição e da formação do homem capaz de viver o presente, olhá-lo com capacidade crítica e agir para mudar o futuro. 4.2 A função do gestor escolar Os professores elaboram seus planos de aula ou disciplina com base no material didático da escola, e as ações na sala de aula são previstas com base nesse material disponível e nos recursos didáticos existentes. Planejar não se resume apenas ao limite do material didático, a realidade está posta, a escola está inserida numa comunidade; esse planejamento deve ser dinâmico, relacionar-se com a realidade, com a vida. A finalidade do planejamento é a ação eficaz do processo de ensino. O planejamento “(...) é um roteiro de uso diário na sala de aula; é um guia de trabalho; é um manual de uso constante; enfim, é um roteiro que direciona uma linha de pensamento e ação”. 4 Para garantir este padrão pedagógico de qualidade, é necessário que o gestor estabeleça uma liderança. O gestor, ao se preocupar com o sucesso organizacional, deve levar em conta que o paradigma educacional a ser escolhido deve ser “aquele que mais e melhor sirva à sua missão e finalidade”. 5 2 Menegolla, 2003, p. 21 Ibid., p. 24 4 Menegolla, 2003, p. 47 5 Lucchesi, 2003,p.75. 3 4 Na sala de aula, os professores têm que garantir a aprendizagem dos alunos utilizando os planos das disciplinas estão de acordo com um padrão proposto para aquela instituição. Como a aprendizagem não se restringe apenas à sala de aula, ela se dá em todo âmbito escolar, o planejamento se estende a todos os processos escolares, portanto toda a equipe escolar trabalha dentro dos padrões de qualidade institucional. Foram entrevistados três gestores da rede particular e apenas um destacou com clareza que o planejamento não se esgota em si mesmo. Deve ser dinâmico, está sujeito a uma série de acontecimentos que surgem no dia-a-dia e não podem ser ignorados. Assim, deve existir flexibilidade durante a aplicação do planejamento para torná-lo adequado às novas situações no decorrer de seu desenvolvimento. Ele é a base do trabalho do professor, que estabelece uma seqüência lógica da aprendizagem, de acordo com prérequisitos, mas é sempre dinâmico e aberto aos acontecimentos do dia-a-dia que têm um significado na vida do aluno. O planejamento é a base do trabalho, deve ser dinâmico, não pode ficar restrito ao que foi definido no início do ano letivo. O gestor escolar é um agente de mudança institucional com a responsabilidade pelo descongelamento de idéias e práticas antigas e pela implantação do novo desenho institucional na área pedagógica, motivando e dando o suporte necessário durante o processo de mudança. (Figura 1) Figura 1-O processo de mudança segundo Lewin6 Descongelamento Velhas idéias e práticas são derretidas, abandonadas e desaprendidas. Mudança Novas idéias e práticas são exercidas e aprendidas Identificação 5. Internalização Recongelamento Novas idéias e práticas são incorporadas definitivamente ao comportamento Suporte Reforço CONCLUSÃO Considera-se ter a pesquisa demonstrado, que para uma escola que cumpra seu papel de ensinar e integrar o aluno na comunidade e no mundo é necessário que se organize e intencionalize sua ação educativa. A intencionalidade da ação educativa converge para a gestão escolar, envolvendo toda equipe administrativa e pedagógica, o corpo docente e discente, em ações planejadas e integradas que percorrem caminhos que levam à aprendizagem. As escolas que estão preocupadas com a qualidade do ensino que oferecem a seus alunos planejam seus processos de ensino alicerçadas em seu objetivo, que é ensinar. Ao planejar seu processo de ensinar, a escola deve ter bem claras suas políticas e seus recursos humanos e materiais. Planejar suas ações é uma característica do ser humano: ao imaginar uma determinada situação, o homem planeja suas ações para atingir seus fins. Ao refletir sobre as ações necessárias para atingir uma meta, o homem toma decisões para percorrer os melhores caminhos a fim de atingir seus objetivos. Todas as ações de planejamento pressupõem a disciplina para poder intervir na realidade, e a capacidade de avaliar essa intervenção num processo dinâmico. 6 Chiavenato, 2000, p.448 5 O gestor é um facilitador das interações entre os participantes do processo educacional e, se não estiver devidamente qualificado para liderar suas equipes no universo escolar, interferirá negativamente sobre seus colaboradores. É importante destacar o aspecto humano do gestor, um sujeito com qualidades e defeitos que interferem diretamente sobre seus colaboradores. Conclui-se, que a missão da escola é formar o humano em sua totalidade e para isto é necessário que se organize e seja administrada de forma que seu processo e seu produto tenham nos princípios de humanidade e de formação do homem, o esteio do seu trabalho. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração.Rio de Janeiro: Campus, 2000. LUCCHESI, Marta Abrahão Saad.Universidade, política & pesquisa. São Paulo: Memmon, 2003. MENEGOLLA, Maximiliano e SANT´ANNA, Ilza Martins. Por que planejar ? Como planejar ?. Petrópolis: Vozes, 2003. SANTOS, Clóvis Roberto dos. O gestor educacional de uma escola em mudança. São Paulo: Pioneira,2002.