Ciências da Linguagem e da Cognição Células do sistema nervoso Influxo nervoso Desenvolvimento As apresentações power-point resultam de contribuições de: ! António Branco ! Helder Coelho ! Luis Antunes ! João Balsa 1 Glias e Neurónios " Neurónios ! ! ! células que acumulam e transmitem actividade eléctrica número médio: 1011 (cem biliões); ca 10% das células do SNC componentes: corpo celular ou soma: 5-100 microns (10-6 m) " dendritos: recolhe informação " axónio: envia informação: de microns até 1 metro de distância " # arborizações Anderson, p17 " Células ! gliais no SNC, 10 a 15 vezes mais que os neurónios função nutritiva e metabólica dos neurónios " função defesa imunitária " fabricação de mielina " 2 Neurónio típico Dendritos Terminal axónico Corpo celular Nódulo de Ranvier Axónio Célula de Schwann Núcleo Bainha de Mielina 3 4 As células gliais esquecidas " Não transportam impulsos nervosos mas têm funções importantes: ! Sem a glia, os neurónios não trabalham correctamente. ! Alimentam os neurónios: apoio físico (mantêm as ocupações) e nutricional. ! Limpam (digerem) as células neuronais mortas. ! Regulam o conteúdo extracelular. ! Fornecem o isolamento (myelin) dos neurónios. " Enquanto os neurónios têm 2 processos, axónios e dentritos, as da glia (ex: astrocitos) têm um só. " Não transportam impulsos (potenciais de acção) eléctricos, mas comunicam quimicamente. 5 Astrocitos, as outras células cerebrais 6 Astrocitos, as outras células cerebrais 7 Astrocitos 8 Astrocitos " Sem a glia, as ligações entre os neurónios são limitadas. Logo, a inteligência é uma função do número das células gliais (dissecação do cérebro de Einstein). " Os astrocitos são visíveis in vivo graças aos microscópios de fotões, aparelhos para ver as moléculas em movimento no interior dos tecidos, sem ter necessidade de as destruir. " Os astrocitos são indispensáveis para a criação de novos neurónios e de novas sinapses ao longo da vida de um ser. " Esta plasticidade cerebral é o pilar da aprendizagem e da memorização, o que atribui aos astrocitos um papel central na organização do cérebro. 9 Astrocitos, as outras células cerebrais Tipos de neurónios Alguns exemplos: • Piramidal • Cerebelar • Motor • Sensorial 11 Neurónios e sinapses " Sinapses ! pontos de conexão entre neurónios (onde se faz a comunicação). ! número médio por axónio: 1000 " por dendritos de um mesmo neurónio: 1000 " por neurónio: 10 000 (chegando aos 150 000 nos neurónios do cerebelo) " ! total: 1015 (1 milhão de biliões) Anderson, p.17 12 Neurónio ao vivo 13 Influxo nervoso " Potencial ! diferença de potencial eléctrico na membrana do neurónio " -70 mV no interior do neurónio " Potencial ! inversão da diferença de potencial atinge + 50 mV reposição do potencial de repouso " ! de acção despolarização " ! de repouso após 1 mseg propagação no axónio Changeux, p.96 14 Despolarização " Estado de repouso ! canais de Na+ e K+ fechados fora da membrana: 10 x mais Na+ que K+ " dentro da membrana: 10 x mais K+ que Na+ " " Potencial de acção ! canais de sódio abrem aumentam os iões positivos no interior " inversão de polaridade: interior mais positivo que exterior " ! 1 ms depois canais de potássio abrem " " inversão de polaridade: estado de repouso reposto Estado de repouso ! ! canais de Na+ e K+ fechados "bomba" de iões: opera a troca e repõe estado inicial " iões Na+ expelidos; iões K+ integrados Habib, p.24 15 Geração e propagação do potencial de acção " Geração do potencial de repouso ! Sinapses (transmissores neuronais) " " ! zona gatilho " " " " excitatórias: diminuem a diferença de potencial: excitatória inibitórias: aumentam a diferença de potencial acumulação de influxos nervosos # soma algébrica dos influxos excitantes e inibidores patamar de excitação # diferença de potencial diminui abaixo de um certo patamar geração do potencial de acção (despolarização) Propagação do influxo nervoso ! velocidade: 0.5 - 130 m/s (2-450 Km/h) " ! ! maior velocidade depende de mais mielinização duração: corresponde à duração do estímulo frequência: corresponde à intensidade do estímulo 16 Mediação química " Funcionamento da sinapse ! maioria são transdutores: " ! " contém fenda de 10-100 nanómetros Axónio (botão sináptico) ! chegada do potencial de accção " ! entrada de iões Ca+ exocitose das vesículas " " transformam mensagem eléctrica em mensagem química libertação do neurotransmissor (mediador químico) para a fenda sináptica Dendrito ! recepção do mediador químico pela membrana póssináptica " ! se provoca despolarização: impulso excitatório; inibitório c.c. libertação da “fechadura” " neurotransmissor destruído e/ou recaptado Habib, p.119 17 Neurotransmissores " Cada ! neurotransmissor é específicos do tipo de sinapse “chave-fechadura” " e.g. aceticolina para as a sinapses motoras " ! está presente numa rede específica de neurónios " a sua “manipulação” pode ter efeito selectivo sobre funcionalidades específicas " Drogas ! e fármacos que actuam no SNC maioria são neurotansmissores sintetizados laboratorialmente (que se fixam nas “fechaduras” pós-sinápticas) " destroem enzimas encarregues de remover neurotransmissores sintetizados no botão sináptico " 18 Dinâmica do processo " http://www.youtube.com/watch? v=LT3VKAr4roo 19 Desenvolvimento / Ontogénese " " Expansão dos axónios e arborizações Proliferação dos contactos sinápticos ! Córtex recém nascido: 3, 15 e 24 meses Chang, p247 20 Desenvolvimento " Aprendizagem por estabilização ! A: Morte celular: de células cujos axónios não se conectam, ou são pouco activados ! B: Eliminação de sinapses: sinapses pouco ou não activadas são eliminadas Habib, p42 21 Experiência " Potencial ! cognitivo é activado pela experiência Experiência (Hubel & Wiesel, 60) " sutura da pálpebra de macacos durante 1 semana # adulto: nada acontece # semanas 3-4: cegueira ! período crítico para conexão neuronal 22 Experiência e individualização " Experiência é crucial para individualização ! Experiência (Levinthal et al, 73) " Crustáceos de 4mm usados para limpar algas das paredes dos áquarios (daphnies) " os mesmos 2 axónios dos mesmos neurónios, em pólos simétricos do SNC # 4 gémeos " maior variação entre indivíduos que entre hemisférios ! não determinismo biológico Chang, p.256 23 Córtex " Camadas corticais ! Camada I, molecular " ! ! tálamo células piramidais; corpo caloso medula células granulares; aferências do tálamo Camada V, piramidal interna " ! células granulares; corpo caloso Camada IV, granular interna " ! pobre em células Camada III, piramidal externa " ! corpo caloso Camada II, granular externa " células piramidais; conecção com a medula tálamo Camada VI, multiforme " " corpo caloso células de vários tipos; eferências do tálamo Diferenciação funcional (exs.) ! Área motora primária (área 4): III e V espessas; IV fina ! Áreas visual primária (área 17): IV espessa, V fina 24 Changeux, p.65 Reparação contínua de neurónios " A produção de novos neurónios que se conhecia ocorrer em certas partes do cérebro de macacos ocorre um pouco por todo o lado, incluindo nas zonas mais antigas do ponto de vista da evolução, como no hipocampo. " Isto sugere que o cérebro possui uma estrutura estável para armazenar informação. " Se o córtex cerebral é importante na memória como é que ele muda? A resposta é que se as memórias são formadas a partir de experiências, logo, estas devem produzir alterações no cérebro. 25 Reparação contínua de neurónios " Os novos neurónios são gerados ao longo da linha dos ventrículos cerebrais, mesmo no centro do cérebro e depois emigram para as várias partes do córtex. " Este tipo de migração, a distâncias consideráveis, prova que será possível guiar células terapêuticas para sítios alvo do cérebro que perderam neurónios através de doenças ou de acidentes. 26 Reparação contínua de neurónios " A tese de que o cérebro só se desenvolvia de zero a três anos de idade, e que depois ia acumulando informação, caiu por terra. " É provável que as experiências ao longo da vida possam ser responsáveis por afectar a estrutura física do cérebro. " Antes sabia-se que as memórias eram só formadas por modificações das sinapses. Agora é razoável admitir que a introdução de novos neurónios (novos circuitos) deve afectar a memória como um todo, o que poderá ajudar 27 no tratamento do Alzheimer e Parkinson. Compreender a Actividade Neuronal " A melhoria da resolução das imagens de fMRI poderá ajudar a entender como funciona o cérebro. " A fMRI detecta o aumento dos níveis do fluxo do sangue, levando-nos a concluir quais as áreas do cérebro com maior actividade neuronal. Estudos feitos em 2003 defendem que a diminuição dos níveis de oxigénio é um sinal prévio, e mais preciso, sobre a actividade das células neuronais. " A passagem das medidas de milímetros para micrometros não é desprezável, quando nos lembramos que alguns milímetros no cérebro podem ser traduzidos em centenas de milhares de neurónios. 28 O cérebro não é só neurónios " A evidência do papel crucial dos astrocitos (células da glia), nos modos de comunicação cerebral, de organização da memória ou ainda nos processos de aprendizagem, permite abordar de forma inovadora as patologias neurodegenerativas do cérebro. " Constante de tempo dos astrocitos ~ 1 seg vs. neurónio ~ 1 mseg 29 Papel dos astrócitos " Os astrocitos são capazes de dar ordens aos vasos sanguíneos para se contraírem ou dilatarem, através da geração de vagas de cálcio. " A elevação do cálcio nos astrocitos dá o sinal de partida para o encolhimento, e esta forma de controlo do diâmetro das artérias cerebrais pode revelar-se determinante durante um acidente vascular cerebral (AVC): diminuição da irrigação do cérebro e agravamento das lesões. 30 Compreender a Actividade Neuronal " Experiências confirmaram uma hipótese já antiga: ! a activação das células nervosas está directamente associada com o aumento do consumo de oxigénio num nível muito localizado. " Os investigadores usaram um sensor com 2 microeléctrodos, um para medir a actividade eléctrica de um simples neurónio, enquanto o outro mediu a concentração de oxigénio numa área de 60 micrometros (o diâmetro de um cabelo tem 80). " Dado que todas as doenças (Alzheimer, Parkinson) começam a nível celular, se conseguirmos observar melhor o que aí se passa poderemos actuar nos processos de doença numa fase anterior ao seu desenvolvimento. 31 Teoria do Crescimento Cerebral " Em 2000, a equipe da Dr. Mriganka Sur do MIT anunciou que havia reconfigurado os cérebros de doninhas recém nascidas de forma que os seus olhos passaram a estar ligados às regiões onde o ouvir se desenvolve normalmente. " O resultado surpreendente foi o de as doninhas terem desenvolvido caminhos visuais nas porções auditórias dos seus cérebros. " Esta notícia contrariava as teorias de que os cérebros dos animais desenvolvem regiões especializadas para o ver, o ouvir, o tacto, e no caso dos humanos, regiões para a geração da linguagem e dos estados emocionais. 32 Teoria do Crescimento Cerebral " A teoria anteriormente em voga estabelecia que os genes são os responsáveis por criar as regiões especializadas, ou módulos, e que o cortex visual estava destinado a processar a visão e pouco mais. " As experiências de Sur revelaram, pelo contrário, que as regiões de um cérebro não têm funções especializadas inatas, e que podem desenvolver outras em função da informação que lhes chega após o nascimento. Mais, que o cortex se pode desenvolver em todas as direcções. Esta plasticidade é interessante para tratar os seres que nascem surdos ou cegos. " A razão da escolha das doninhas: cérebros imaturos. 33 Teoria do Crescimento Cerebral " Como nos humanos, os nervos ópticos e auditivos das doninhas podem viajar, através do tálamo, até ao cortex onde a visão e audição são percebidos. " Enquanto nos humanos estas ligações estão presentes no nascimento, nas doninhas estes neurónios crescem no tálamo após o animal nascer. " Se o nervo auditivo é impedido de entrar no tálamo, o nervo óptico chegará alguns dias depois e fará uma ligação dupla: viajará através do tálamo e ligar-se-á às regiões de ver e ouvir do cortex. " Se a química do crescimento e re-organização for bem compreendida, a ajuda médica às pessoas atingidas com acidentes cerebrais será um dia possível. 34 35 Questões / Desafios " Indique 5 tarefas cognitivas que ainda não estejam automatizadas – concretizadas em entidades artificias. " Será alguma vez possível criar um ser artificial que desempenhe todas essas tarefas? " Se sim, qual dessas 5 corresponderá ao último passo? 36 Respostas 37