Cultivo de orquídeas - A Orchis propõe uma nova maneira de

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noções
básicas de
cultivo de orquídeas
orquidários
orchis
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orchis.com.br
Orquidarios
Índice
1. Introdução …................................................................................... 3
2. Como identificar uma orquídea .................................................... 6
2.1.Raízes
2.2.Pseudobulbo
2.3.Hábitos de crescimento
2.4.Classificação de acordo com o local onde vegetam
2.5.Flores
3. Espécies X Híbridos …................................................................... 9
4. Técnicas de cultivo de orquídeas …........................................... 10
4.1.Higiene
4.2.Escolhendo suas plantas
4.3.Regando orquídeas
4.4.Adubando orquídeas
4.5.Replantando orquídeas
a) Momento de replantar
b) Tipos de substrato
c) Remoção e limpeza da planta
d) Posicionamento no vaso
e) Dividindo as orquídeas
5. Pragas e Doenças …..................................................................... 18
5.1.Doenças
5.2.Pragas
6. Referências bibliográficas …....................................................... 21
7. Sugestões de consulta na internet …......................................... 21
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1. Introdução
O nome “orquídea” deriva do grego, orchis,
“testículo”, em referência ao formato de dois pequenos
tubérculos subterrâneos que algumas espécies terrestres
dos países mediterrâneos apresentam. Na figura ao lado,
uma aquarela da Orchis militaris.
Estas plantas foram as primeiras orquídeas
descritas pelo homem e este feito é atribuído a Teofrasto
(aluno de Aristóteles, aprox. 370 a.c.), em sua obra "De
historia plantarum" (A história natural das Plantas ). Elas
hoje constituem o gênero Orchis que é natural dos países
mediterrâneos da Europa. Na Grécia antiga eram
utilizadas para fazer um poderoso afrodisíaco chamado
“salep”.
Orchis militaris
A orquidofilia (philia é uma transliteração para o latim, do grego φιλíα e significa "amizade,
amor"), ou o cultivo de orquídeas, é uma atividade muito prazerosa e gratificante. À medida que
vamos conhecendo mais estas plantas fascinantes, começamos a entender o significado do termo
"reciprocidade vegetal" (por um lado, as plantas respondem bem aos nossos cuidados e, por outro,
estas respostas nos são muito gratificantes) e naturalmente vamos descobrindo prazer ao ver que a
planta está emitindo novas brotações, novas raízes, mas principalmente quando vemos que a ela está
preparando sua floração.
Ao parar para observar as orquídeas, podemos imaginar seu longo processo de evolução
durante milhões de anos para conseguir se adaptar aos mais diferentes climas do planeta, de regiões
quase desérticas até regiões extremamente frias no Himalaia, sendo que a maior concentração de
espécies está nas regiões tropicais.
A maior parte delas se desenvolveu em
condições de pouca disponibilidade de água,
vegetando sobre troncos de árvores ou até sobre
rochas, onde a água da chuva escorre rapidamente
e, para aproveitá-la ao máximo, suas raízes são
revestidas por um tecido esponjoso composto por
células mortas chamado de velame, muito
especializado na absorção e armazenamento de
água e dos nutrientes que vem com ela,
fundamentais para seu crescimento.
Cattleya walkeriana
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As flores são o ponto mais fascinante da evolução das orquídeas. Elas desenvolveram
características específicas de acordo com seu local de origem, até se tornarem quase irresistíveis
para um determinado agente polinizador (normalmente insetos, mas podem ser pássaros e até
morcegos) que está presente no seu habitat, para que este venha até sua flor, atraído por suas cores
incríveis ou seus perfumes, que podem ir de um adocicado surpreendente, como o das Stanhopeas,
até um cheiro desagradável, podre, como no Catasetum cernuum, que é muito útil para atrair as
moscas, seu principal polinizador.
Uma vez dentro da flor, o polinizador é
guiado por suas formas perfeitamente
anatômicas (algumas extremamente elaboradas,
com "pontes" ou passagens estreitas) que o
conduzem até seus órgãos sexuais, localizados
juntos, na coluna, de maneira que ao sair da
flor ele acaba retirando suas políneas, que
possuem uma substância pegajosa (viscídio) e
ficam aderidas em seu corpo. Quando visitar
outra flor e percorrer o mesmo caminho no seu
labelo, estas políneas entram em contato com a
cavidade estigmática, que também é coberta
por uma substância viscosa que "captura" as
políneas. Neste momento inicia-se o processo
de fecundação do ovário que se transformará
em uma cápsula de sementes, e assim se
conclui a polinização.
Polinização
As flores com características mais atraentes são também as mais visitadas por polinizadores
e por isso conseguem passar adiante sua carga genética mais facilmente que as outras. Isso acelera
seu processo de evolução, pois sendo assim as características mais interessantes para otimizar a
polinização sempre levam vantagem sobre as outras e, com o passar de milênios, acabam virando
características típicas da espécie.
Existe uma história fascinante do naturalista britânico Charles Darwin, que recebeu de um
amigo e colaborador uma orquídea vinda de Madagascar. A planta floresceu e ele reparou que no
labelo da flor havia uma espécie de tubo com néctar que media quase 30 centímetros. Em uma
publicação sua, de 1862, ele supôs que em algum ponto de Madagascar, ilha que nunca visitou,
deveria haver um inseto com uma espécie de tromba de 28 centímetros aproximadamente, adequada
para extrair o néctar de sua flor. Na época
chegou a ser ridicularizado por vários
pesquisadores, mas algumas décadas após
sua morte, dois entomólogos filmaram a
mariposa-esfinge Xanthopan morgani
‘praedicta’. A mariposa esvoaçava acima da
flor, desenrolava sua língua enorme e a
introduzia no canal de néctar da orquídea
que Darwin havia recebido. Esta espécie de
orquídea recebeu o nome de Angraecum
sesquipedale (sesquipedal, que tem um pé
e meio, muito grande).
Angraecum sesquipedale
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Outro detalhe das orquídeas, pequeno mas não menos intrigante, é que a posição dos órgãos
sexuais na coluna de suas flores e também uma barreira chamada “rostelo” que os separa, não
permitem que o polinizador fecunde sua flor com suas próprias políneas (autofecundação),
priorizando assim a polinização cruzada, o que garante a variação genética das suas próximas
gerações, que é o princípio básico do processo evolutivo.
Também são impressionantes as características morfológicas que algumas espécies
desenvolveram para sobreviver no seu local de origem. Existem orquídeas que vivem em ambiente
de extrema secura e, para sobreviver nessas condições, possuem pseudobulbos bem desenvolvidos
e volumosos (alguns chegam a pesar quase 2kg) que possuem boas reservas de água e nutrientes
para resistir a secas prolongadas. Como essas regiões são muito sujeitas a queimadas, algumas
espécies como o Cyrtopodium brunneum protegem seu pseudobulbo do fogo debaixo do solo e
outras, como o Cyrtopodium andersonii, desenvolveram o pseudobulbo com uma parede externa
espessa, capaz de manter a planta viva mesmo quando queimada. O fogo ainda estimula sua
floração, que depende dele para sair e ocorre alguns dias após a queimada.
Por estas razões e muitas outras, as orquídeas são consideradas as plantas mais evoluídas
do planeta e sua família botânica (Orchidaceae) é a mais numerosa, com quantidade de espécies
naturais conhecidas estimada em cerca de 35.000, além dos híbridos, naturais ou artificiais (híbridos
naturais aparecem quando algum inseto faz uma polinização cruzada entre espécies diferentes que
florescem na mesma região e na mesma época).
A data de origem das orquídeas foi recalculada recentemente (2007) por cientistas em 80
milhões de anos, no fim da era dos dinossauros, após encontrarem uma espécie de abelha presa em
âmbar que carregava políneas de orquídea coladas nas costas (imagem abaixo).
Abelha presa em âmbar com políneas de
orquídeas nas costas
Graças a sua capacidade de adaptação aos mais diversos nichos ecológicos ao longo de
quase toda a superfície do planeta, as orquídeas apresentam uma surpreendente diversidade de cores
e formas, o que resulta muitas vezes em ideias bastante diferentes do que vem a ser uma orquídea.
Por isso é importante definirmos as principais características que permitem concluir que a planta é
realmente uma orquídea, características essas que também nos ajudam a definir as técnicas de
cultivo mais adequadas para cada uma.
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2. Como identificar uma orquídea
Para se identificar e classificar as plantas, de uma maneira geral, levam-se em conta
principalmente suas características morfológicas. A ciência que trata disso é a taxonomia, que
agrupa as plantas de acordo com critérios de metabolismo, forma e estrutura, por exemplo.
Dentro da taxonomia, as principais características que diferem o grupo das orquídeas das
outras plantas (além de suas flores) são:
2.1. Raízes:
Raízes de um Catasetum
As raízes das orquídeas tem características peculiares. Elas são
fasciculadas, ou seja, nascem em várias direções, ao contrário das
raízes pivotantes, que são subterrâneas e apresentam uma raiz
principal maior que as outras. São também revestidas por um
tecido de células mortas chamado de velame (de cor branca nas
raízes vivas), que é formado por células mortas e funciona como
uma esponja. É responsável pelo armazenamento de água e
nutrientes que escorreriam rapidamente pela superfície em que as
plantas estão fixadas, como o tronco de árvores, no caso das
epífitas.
A parte mais importante da raiz é a sua ponta verde chamada
de coifa, que possui um meristema (parte da planta em que as
células se dividem rapidamente) onde se origina seu crescimento. É
a parte da raiz por onde ocorre a maior parte da absorção dos
nutrientes e é capaz de fazer fotossíntese, contribuindo
significativamente para a quantidade de açúcares produzidos pela
planta.
As raízes mantém uma relação simbiótica com fungos num
processo chamado de Micorriza, que contribui significativamente
na absorção de nutrientes pela planta.
Semente de orquídea
contaminada por fungos
(regiões em vermelho)
Lembre-se, a saúde de uma planta começa pela saúde do seu sistema radicular, que é a
parte mais importante dela!
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2.2. Pseudobulbo:
Assim são chamadas as estruturas que ficam entre a(s) folha(s) e o rizoma das orquídeas
(veja no exemplo de simpodial abaixo). O nome “pseudobulbo” significa “falso bulbo” já que
bulbos são estruturas subterrâneas de algumas plantas. Na maioria das espécies são dilatados e
muito eficientes no armazenamento de água e nutrientes para a planta.
Levando-se isso em consideração devemos observar que espécies com pseudobulbos muito
reduzidos ou quase inexistente, como nos casos das Phalaenopsis, Vandas e Paphiopediluns
(sapatinho), gostam e precisam de ambientes mais úmidos para se desenvolverem bem.
2.3. Hábitos de crescimento:
De acordo com esse critério, as orquídeas são divididas em dois grupos: as de crescimento
simpodial, que representam a maioria delas, e as de crescimento monopodial.
1. SIMPODIAL – caracteriza-se pelas brotações (novos
pseudobulbos) originarem-se nas gemas laterais presentes na
base dos pseudobulbos já formados, as chamadas "frentes de
crescimento". Com o passar dos anos, as brotações sucessivas
vão ocorrendo numa determinada direção, normalmente
buscando a luz solar (fototropismo positivo) e o resultado é
como se a planta "caminhasse" nesta direção. Por isso, ao
replantarmos uma orquídea destas é importante observar onde
estão localizadas suas frentes de crescimento e suas brotações
traseiras a fim de aproveitar melhor o espaço do vaso.
Simpodial
2. MONOPODIAL – suas brotações surgem como novas folhas
no ápice do caule aéreo formando um leque de folhas, como
no caso das Vandas. Estas orquídeas, diferentemente das
simpodiais, devem ser posicionadas no centro do vaso.
Como não possuem pseudobulbos, sua capacidade de reserva
de água e nutrientes é menor que das simpodiais, portanto,
para seu desenvolvimento adequado exigem regas e
adubações mais freqüentes e ambientes mais úmidos.
Monopodial
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2.4. Classificação de acordo com o local onde vegetam
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epífitas são as que se desenvolvem em troncos de árvores, os quais são usados unicamente
para sua fixação. Realizam a fotossíntese a partir de nutrientes absorvidos do ar e da água de
chuva que escorre pelo tronco trazendo matéria orgânica (leia mais em "Adubando
Orquídeas"). Ao contrário do que se diz, não são parasitas pois não sugam a seiva da árvore.
As epífitas representam a grande maioria das orquídeas;
rupícolas: vivem diretamente sobre rochas, fixadas nos liquens e musgos das fendas ou
em meio a cascalhos;
terrestres são as que vivem quase como plantas comuns, na terra, ainda que suas raízes
tenham características típicas das de orquídeas;
saprófitas são algumas poucas espécies desprovidas de clorofila que vivem sob a terra.
Como elas não fazem fotossíntese, vivem sempre em simbiose com outras plantas que,
através de fungos que habitam suas raízes, fornecem os nutrientes necessários para a
sobrevivência destas orquídeas tão singulares.
2.5. Flores:
As plantas da família Orchidaceae possuem todas as características mencionadas até agora,
mas o que realmente as diferenciam de todas as outras são suas flores, que possuem uma
combinação de características exclusiva:




Possuem uma das pétalas bem diferente das outras (e de todas as flores "não orquídeas")
chamada de labelo (do latim labrum, lábio. No diminutivo labellum) cuja função é atrair o
polinizador até seus órgãos reprodutores para realizar a polinização. Este nome foi inspirado
em orquídeas do Mediterrâneo, que possuem labelos pequenos. No entanto, fica um pouco
incoerente quando pensamos na maioria das orquídeas encontradas em cultivos no Brasil,
que tem labelos grandes, de colorido e formato muito mais vistoso que as outras pétalas.
os órgãos masculinos e femininos se encontram juntos numa estrutura chamada coluna (veja
na imagem abaixo), que fica no centro do labelo.
as células reprodutivas masculinas (pólen) se encontram agrupadas em massas cerosas
amarelas denominadas políneas, alojadas na ponta da coluna. O número de políneas varia de
acordo com a espécie, sempre aos pares.
ovário ínfero, ou seja, o ovário fica numa na posição anterior às pétalas e sépalas da flor
(popularmente conhecido como "cabo" da flor);
Na flor da orquídea existem seis partes
florais: três sépalas (que recobrem o botão floral) e
três pétalas, sendo que uma delas é o labelo.
Entretanto, algumas dessas partes podem aparecer
fundidas entre si ou muito reduzidas nas flores de
algumas espécies de orquídeas, o que leva o
observador a crer que não são seis os segmentos
florais, mas basta olhar com cuidado para ver que
sempre são.
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Partes florais
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3. Espécies X híbridos
Uma informação importante que se deve saber sobre as orquídeas antes de começar sua
coleção é a diferença entre espécies e híbridos.
As orquídeas mais comuns e conhecidas por todos, aquelas que se encontram a venda em
supermercados, floriculturas e que são muito utilizadas para decorar festas, etc., são orquídeas
híbridas, que o ser humano produziu após diversos cruzamentos artificiais entre plantas de espécies
diferentes (e depois entre híbridos novamente) e quando conseguem a flor desejada reproduzem
inúmeros clones desta planta para serem comercializadas. Realmente são flores com formas, cores e
perfumes muito atraentes, mas são como plantas “fabricadas”.
As espécies, diferentemente das híbridas, são as que se encontram (ou se encontravam) na
natureza espalhadas por todo o mundo, e são muito mais interessantes de se colecionar, entre outras
coisas porque você pode identificar sua região de origem e com isso saber o clima em que ela se
desenvolve melhor, além de poder falar sobre uma planta com colecionadores de todo o mundo que
eles vão saber de qual se trata.
Outra particularidade das espécies é que são plantas que tem história, como a Laelia lobata;
que até algumas décadas atrás, na sua época de floração, formavam grandes manchas de cor lilás no
granito do Pão de Açúcar e da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, ou também a Cattleya labiata,
primeira Cattleya descrita, em 1821, cujo nome foi dado em homenagem ao cultivador de plantas
inglês, William Cattley.
Laelia lobata
Cattleya labiata
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4. Técnicas de cultivo de orquídeas
As orquídeas, em geral, são extraordinariamente rústicas, resistentes e de vida longa
(existem relatos de plantas com mais de cem anos em cultivo), porém sua estrutura e processo
biológico são diferentes de todas as outras plantas conhecidas e por isso exigem cuidados diferentes
também.
A maioria delas se desenvolveu para sobreviver com pouca disponibilidade de água,
vegetando sobre troncos de árvores e até em rochas, ao contrário das plantas com raízes no solo,
onde existe muito mais água disponível para elas, tanto que nas ciências agrárias usa-se a expressão
"caixa d'água do solo".
Quando estamos cultivando orquídeas epífitas, que representam a maioria das espécies,
temos que pensar que nas condições naturais elas estão acostumadas a absorver toda a água de
chuva possível e depois vão secando aos poucos até a próxima chuva. Se plantarmos uma epífita ou
rupícola direto na terra, suas raízes permanecerão enxarcadas por muito tempo, o que acarretará seu
apodrecimento e morte.
Para obter sucesso no cultivo de orquídeas é muito importante que o orquidófilo saiba quais
são as plantas da sua coleção, pois com isso podemos saber quais as características climáticas do
seu local de origem e assim saber quais as necessidades de cada uma, tais como luminosidade,
umidade ambiente, frequência de rega, etc.
Uma boa forma de aprender bastante sobre as orquídeas é conversar com orquidófilos.
Sempre que estiver com um, pergunte tudo que quiser, pois todo bom orquidófilo adora falar sobre
elas. Nessas conversas aprendemos muitas técnicas de cultivo, truques interessantes sobre cada
planta, etc. e assim desenvolvemos nosso conhecimento sobre orquídeas e nossas próprias técnicas
que podem ser mais adequadas às condições de cultivo do nosso orquidário.
Outra coisa muito importante é a observação minuciosa das suas plantas para aprender a
identificar seus ciclos vegetativos, que demandam cuidados um pouco diferentes cada um, e
também para perceber qualquer doença ou praga que pode vir a ocorrer, pois fica muito mais fácil
tratá-la quando ainda está no começo. Esta pode parecer uma tarefa um pouco cansativa num
primeiro momento, mas como já foi dito antes, conforme vamos conhecendo melhor as orquídeas e
suas maneiras, aprendemos a admirá-las e naturalmente vamos descobrindo que estas atividades são
na verdade muito prazerosas. Para se apaixonar pelas orquídeas basta conhecê-las. Experimente
separar alguns minutos do seu fim de semana para desfrutar de um café ou um chá enquanto
observa suas plantas e verá que este passará a ser um ritual extremamente agradável na sua vida.
Faz parte do fascínio da orquidofilia.
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4.1. Higiene
É necessário ter uma certa higiene em seu cultivo, já que a maioria das doenças graves é
transmitida com a introdução de plantas doentes ou com pragas no orquidário e através de
ferramentas de corte contaminadas. Por isso, quando for utilizar ferramentas de corte nas orquídeas,
tenha a mão um pequeno maçarico para esterilizá-la antes da utilização em cada planta (se a lâmina
“chiar” quando colocá-la na água é porque atingiu a temperatura necessária) e na hora de comprar
uma nova orquídea não se deixe levar somente pela beleza das flores! Observe bem se a planta não
tem sinais de doenças (tais como manchas nas folhas ou nos pseudobulbos) ou pragas.
Evite também o desleixo quanto ao local em que se coloca o vaso. Evite deixá-los no chão,
onde as orquídeas ficam muito mais suscetíveis ao ataque de pragas, fungos e bactérias.
Algumas espécies de orquídeas (Phalaenopsis, por exemplo) não toleram estar, mesmo que
somente por alguns dias, sob exposição direta ao sol, pois suas folhas podem se queimar.
4.2. Escolhendo suas plantas
Quando for comprar novas plantas procure fazê-lo em orquidários de produtores, pois
poderá pagar menos por plantas boas, com melhores informações e garantias.
Comece a coleção por plantas menos exigentes, pois assim é mais fácil obter sucesso no seu
cultivo e isso evita o desânimo natural que é gerado com os primeiros fracassos (não se desanime
mesmo que eles ocorram! Infelizmente é normal perder algumas plantas no começo). Para saber
quais são as espécies de cultivo mais simples peça informações para amigos orquidófilos, pesquise
na internet ou pergunte para o responsável do orquidário onde for adquirí-las, ele certamente te
ajudará na escolha.
Se você não dispuser de espaço e condições suficientes para conseguir no seu orquidário
alguns ambientes mais secos e outros mais úmidos, pontos com boa luminosidade e outros mais
sobreados (e suas combinações posíveis), deverá escolher para sua coleção plantas com
características de cultivo semelhantes e que sejam adaptadas às condições ambientais do seu
orquidário.
Não se deixe levar só pela beleza das flores. É muito importante observar a qualidade da
planta como um todo, observando se está sadia, sem doenças (manchas nas folhas) ou pragas, se
está bem enraizada e também é importante contar a quantidade de pseudobulbos e de frentes de
crescimento (ver em Hábitos de crescimento/Simpodiais), pois plantas maiores são mais resistentes
e dão floradas mais bonitas.
Outro critério interessante na escolha da planta, quando elas estão floridas, é a qualidade das
flores. A melhor coloração depende muito do gosto de cada um, mas é importante observar também
o formato delas, que deve ser o mais simétrico possível e não apresentar nenhuma anomalia na
formação das pétalas, pois este padrão provavelmente se repetirá em todas as suas floradas.
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Como já foi dito antes, é muito importante saber qual a planta que você vai adquirir. Para
isto, pergunte o nome da espécie (ou híbrido), suas necessidades quanto a luz, regas, umidade
ambiente e qualquer outra dica pertinente. Mantenha sempre no vaso uma placa de identificação
com o nome da planta e a data da última floração, para poder reconhecê-la na sua coleção e para
identificar seus ciclos vegetativos durante o ano e suas necessidades de cultivo de acordo com eles.
É interesante anotar também o nome do orquidário de onde foi comprada para se algum dia precisar
de informações sobre ela. Informações essas que também são facilmente encontradas na internet,
simplesmente digitando o nome da espécie em um buscador.
Pode acontecer da planta não florescer no ano seguinte, mas não se preocupe pois elas
podem exigir algum tempo para adaptação no novo ambiente.
4.3. Regando orquídeas
Ao planejar as regas das nossas plantas devemos pensar nas condições ambientais do
orquidário onde elas estão. A maioria das orquídeas cultivadas na nossa região gostam de ambientes
mais úmidos e se seu orquidário não apresentar estas condições, as regas deverão ser mais
frequentes. Neste caso é bom molhar também o piso e as paredes, quando possível, para aumentar a
umidade do ambiente.
Para adaptar a frequência das regas do seu orquidário procure aprender como ele funciona,
observando o tempo que os vasos levam para secar após uma rega. Isso varia também de acordo
com cada época do ano. Em períodos quentes e secos podemos regar nossas plantas diariamente e
nos mais frios e úmidos devemos esperar o orquidário secar bem antes de regar, pois o excesso de
água nestas condições favorece o aparecimento de doenças fúngicas. Como uma regra geral
podemos dizer que é bom esperar o substrato secar antes de regar a planta novamente. Para isto,
verifique com seu dedo se existe umidade no substrato a uns 2 cm de profundidade.
Porém, mais importante que qualquer
teoria é a observação das plantas. Se os
pseudobulbos começarem a ficar muito
enrugados é sinal de que a planta está
desidratada e está faltando água para ela, então
é necessário aumentar a frequência de rega do
orquidário.
Mas tome cuidado pois se houver água
em excesso as raízes podem apodrecer e
morrer. Em casos extremos de deterioração das
raízes a planta perde seu órgão especializado
em absorção de água e começa a apresentar
sintomas de desidratação. Por mais incoerente
que possa parecer, a planta pode morrer
desidratada por excesso de água.
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Pseudobulbos desidratados
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Outro detalhe muito interessante das orquídeas que devemos considerar na hora de planejar
as regas é que a maior parte delas possui um metabolismo diferente do que possuem quase todas as
outras plantas, que fazem as trocas gasosas durante o dia. As plantas que possuem este metabolismo
são chamadas CAM (Metabolismo Ácido das Crassuláceas). Elas desenvolveram técnicas para
sobreviverem em condições de pouca disponibilidade de água, como em troncos de árvores ou
diretamente sobre pedras. Nestas condições, abrir os estômatos (estruturas localizadas na epiderme
da planta, capazes de se abrir e fechar e que funcionam como um canal para sua transpiração e
trocas gasosas, como pequenos furos) durante o dia, quando geralmente a temperatura é maior e a
umidade ambiente menor, acarretaria uma perda muito grande de água com a transpiração e
causaria a desidratação da planta. Para evitar isso elas fazem as trocas gasosas durante a noite,
quando abrem seus estômatos, por onde absorvem carbono do ar e transpiram a água, que entra
pelas raízes e por capilaridade circula por toda a planta transportando os nutrientes das raízes para
as folhas, onde durante o dia serão transformados (junto com a energia solar e o carbono
armazenado) em alimento disponível para a planta. Estes são, de uma maneira bem simplificada, os
mecanismos da fotossíntese.
Interpretando isto numa linguagem mais prática, é como se durante o dia elas estivessem
com o nariz e a boca fechados. Por isso concluimos que o melhor horário para regar ou adubar as
plantas é do meio pro final da tarde. Fazendo isso, à noite ela terá água disponível para suas raízes,
mas suas folhas já estarão secas. Isto é importante pois alguns fungos se beneficiam com o
acúmulo de água e temperaturas amenas e podem atacar as plantas causando manchas e
apodrecimento de folhas e pseudobulbos.
Se quiser que as flores durem mais, evite molhá-las, pois o tecido delas é muito delicado e
os fungos têm facilidade para atacá-lo formando manchas nas mesmas e fazendo-as murcharem
antes do tempo.
4.4 Adubando orquídeas
No seu habitat de origem as orquídeas obtém os nutrientes necessários para seu
desenvolvimento através da água que escorre pelo tronco da árvore ou pela parede da rocha onde
está fixada. Esta água traz com ela detritos orgânicos que se acumulam na rede formada pelas raízes
das orquídeas. Nestas redes também se encontram outros "habitantes" muito importantes para a
nutrição das orquídeas: as bactérias e fungos, que ajudam as plantas na fixação dos nutrientes
provenientes desta matéria orgânica acumulada nas raízes. Estas em contrapartida fornecem energia
e carbono para a sobrevivência e multiplicação destes organismos. Esta associação mutualista é
chamada de micorriza.
Quando vamos cultivá-las no nosso orquidário elas não encontram estas mesmas condições e
por isso devemos suprir esta necessidade nutricional com adubações controladas para conseguir um
desenvolvimento saudável das plantas e facilitar sua capacidade de adaptação ao novo ambiente.
Plantas bem nutridas respondem com floradas mais bonitas., além de serem muito mais resistentes
ao ataque de pragas e doenças.
Nas plantas, a absorção de nutrientes se dá junto com a absorção de água. Nas orquídeas os
órgãos altamente especializados para este fim são as raízes, portanto é para elas que devemos
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direcionar principalmente as adubações. Uma pequena parte da absorção de nutrientes se dá pelas
folhas e por isso pode-se aplicar também uma pequena quantidade de adubo sobre elas, mas a
adubação exclusivemente foliar nas orquídeas acaba sendo pouco eficiente
.
Os adubos existentes no mercado enquadram-se nas categorias orgânico ou mineral.
No caso do orgânico, ele só estará disponível para a planta após decompor-se e liberar os
nutrientes nas suas formas mineralizadas, portanto sua absorção pelas plantas é mais lenta. Eles
também costumam ser menos concentrados e mais heterogêneos em suas composições e nos teores
de nutrientes, já que a decomposição da matéria orgânica não é muito previsível. Alguns deles
apresentam problemas de contaminação podendo acarretar sérios prejuízos às plantas, se infectadas.
Existem orquidários profissionais que utilizam este tipo de adubo com sucesso, assim como existem
outros que não querem nem ouvir falar de adubos orgânicos “milagrosos” disponíveis no mercado.
Sendo assim, num primeiro momento é melhor não arriscar a saúde das plantas a não ser que tenha
plena confiança no fabricante do adubo.
A fertirrigação com adubos minerais solúveis é a maneira mais fácil de se conseguir uma
boa qualidade nutricional para as plantas.
Estes adubos podem ser essenciais ou balanceados, completos ou não. Um fertilizante
essencial é o que contém Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK) proporcionados diferentemente (por
exemplo: 30-10-10, 10-20-15, 15-30-15, 10-30-15 entre outros) e são destinados a uma função
específica. O balanceado tem a mesma proporção destes elementos (como o 10-10-10, 15-15-15,
20-20-20) e são destinados a funções gerais. Estes números indicam, por exemplo no caso do 1010-10, que cada 100g de adubo contém 10g de nitogênio, 10 g de fósforo e 10g de potássio.
Além destes macronutrientes (N, P e K) existem outros muito importantes para o
desenvolvimento das plantas que não estão presentes na maioria dos adubos comercializados, como
o Cálcio (Ca), o Magnésio (Mg) e o Enxofre (S). Quando o adubo contém todos estes
macronutrientes e também os micronutrientes (Sódio (Na), Cloro (Cl), Zinco (Zn), Cobre (Cu),
Manganês (Mn), Ferro (Fe), Molibdênio (Mo) e Boro (B)) é um adubo completo e, como o próprio
nome dá a entender, é muito mais eficiente para uma boa nutrição das plantas. É como a diferença
entre se alimentar com feijão, arroz e bife ou com um cardápio variado e completo.
É essencial procurar sempre simplificar nossas tarefas de cuidado com as plantas para evitar
desânimos. Os adubos completos e equilibrados satisfazem as necessidades da planta em todas as
fases vegetativas e isso facilita muito sua aplicação, pois só devemos observar quais plantas
precisam ser adubadas e quais estão no período de dormência.
Como regra geral, toda planta que está brotando e crescendo
precisa de nutrientes e deve ser adubada.
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4.5. Replantando orquídeas
4.5.1. Momento de replantar
Devemos trocar a planta de vaso quando suas novas brotações ultrapassam as bordas do vaso
e suas raízes crescem fora delas ou então quando o substrato fica velho e começa a se decompor,
liberando ácidos que acabam matando as raízes.
Entretanto, é muito importante lembrar que orquídeas
possuem um ciclo vegetativo que envolve um período de
crescimento e floração, seguido de um período de repouso
vegetativo, quando necessita de pouca água, dispensa qualquer tipo
de adubação e não está preparada para se enraizar no novo vaso. O
ciclo vegetativo começa com o surgimento de novas brotações e
raízes, num processo que dura até a floração. Quando as novas raízes
(as que apresentam pontas verdes) começam a aparecer é o
Raízes novas em
momento ideal para fazer o replante, pois a planta se fixará logo
crescimento
no substrato e vai se adaptar mais rapidamente à nova condição.
Devemos evitar o replante quando a planta está florida pois todas as suas energias estão
direcionadas para o intento de reproduzir-se e os danos (quase inevitáveis) que ocorrem no replante
podem fazê-la entrar num período de dormência não programado e, em casos extremos, até morrer.
4.5.2. Tipo de substrato
Antigamente utilizava-se muito o xaxim em fibras ou em pedaços como substrato para
cultivo de orquídeas, o que quase levou esta planta à extinção, já que é uma planta de crescimento
lento e que foi vítima de uma exploração predatória muito intensa. Mas felizmente hoje em dia
temos alternativas muito boas para utilizarmos como substrato de cultivo para nossas orquídeas que
são, entre outras, lascas de madeira, lascas de carvão, pedra britada e Sphagnum (musgo). Os três
primeiros são materiais com ótima drenagem e o último tem alta capacidade de retenção de água e
nutrientes. Vale lembrar que o tamanho das lascas de madeira e carvão também influenciam na
drenagem do substrato: pedaços maiores ficam mais aerados e secam mais rápido que pedaços
menores.
Variando as quantidades dos componentes podemos chegar ao substrato ideal para cada
espécie e para saber a proporção correta de cada um deles no substrato ideal para cada planta temos
que saber quais são suas necessidades. Para isto, o primeiro que devemos saber é se ela é epífita,
terrestre ou rupícola.
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No caso das epífitas, que são as mais comuns em cultivos, deve-se utilizar substratos bem
aerados pois permitem que as raízes se sequem entre cada rega, como acontece com as plantas que
vegetam sobre os troncos de árvores. Por exemplo, uma mistura em partes iguais de casca de pinus
e lascas de carvão, em pedaços de 1 a 3 centímetros mais ou menos, atende satisfatoriamente as
necessidades da maioria delas.
Já as orquídeas terrestres são muito mais resistentes ao encharcamento das raízes, que
também precisam de mais água disponível. Para elas podemos utilizar a mesma mistura das epífitas
mas com uma gronulometria mais fina (5 milímetros aprox.) misturada com um pouco de
Sphagnum.
Além disso é importante saber as condições de umidade de seu orquidário, pois se ele for
mais seco você deverá utilizar substratos que retenham mais água (sem exageros) e se for muito
úmido o substrato deve ser mais aerado para permitir que as raízes sequem entre cada rega.
Mais uma vez, procure informação sobre sua planta
para saber qual o melhor substrato para seu cultivo.
4.5.3. Remoção e limpeza da planta
Ao retirar a planta do vaso é importante molhar bem o substrato para minimizar os danos às
raízes, que se desprendem das paredes do vaso com muito mais facilidade quando estão úmidas.
Durante a operação, mantenha-as bem molhadas e evite puxar de uma vez a planta pois as raízes
normalmente estão bem aderidas às paredes do vaso e podem se romper. Elas vão se soltando aos
poucos com pequenos movimentos de tração repetidos em várias direções.
Depois que soltar a planta do vaso, retire todo o substrato antigo que fica aderido às raízes
com o auxílio de água em abundância para facilitar seu desprendimento. Evite ao máximo danificar
as raízes mais claras e rígidas, principalmente as que tem a ponta verde, pois são as que ainda estão
vivas e vão acelerar o processo de fixação da planta ao novo vaso. As que são escuras e moles
devem ser cortadas com o auxílio de uma tesoura pois já estão mortas, vão ocupar espaço no novo
vaso e sua deterioração pode causar danos às raízes novas.
Aproveitando que tem a planta em mãos e sem substrato, aproveite para fazer uma boa
limpeza nela retirando as bainhas secas que envolvem os pseudobulbos maduros (as que tem
aspecto e coloração de palha seca) pois elas podem servir de esconderijo para pragas como as
cochonilhas. Para isto utilize, por exemplo, uma escova de dentes ou uma bucha de lavar louças
molhadas com água. Se puder, misture a esta água um pouco de óleo de Neem que é um repelente
natural de insetos. Use também a bucha com solução de neem para limpar as folhas e pseudobulbos,
esfregando-os com cuidado. Isso lhes dará um aspecto muito bonito.
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4.5.4. Posicionamento no vaso
Quando vamos replantar orquídeas de crescimento
simpodial devemos antes identificar suas novas brotações e sua
parte traseira, normalmente em lados opostos. Isto é importante
pois devemos posicionar a parte traseira da planta encostada numa
borda do vaso liberando um espaço maior nele para as novas
brotações, aumentando seu tempo de aproveitamento que deve ser
compatível com o crescimento da planta por dois ou três anos (dois
ou três pseudobulbos novos). Devemos evitar vasos muito grandes,
que acarretam um maior tempo de drenagem e maior dificuldade
de aeração no interior do mesmo. Além disso, a planta demora
mais para fixar suas raízes e pode acabar se movimentando, o que
aumenta ainda mais seu tempo de adaptação ao novo vaso.
Posicionamento simpodial
No caso das monopodiais devemos posicioná-las no centro
do vaso e elas devem ser tutoradas no começo para evitar sua
movimentação até que ela se fixe com suas raízes novas.
Posicionamento monopodial
4.5.5. Fixação da planta ao vaso
Depois de escolhida a posição da planta devemos amarrá-la ao vaso (ou ao tutor) com
arames finos ou qualquer outro tipo de amarradura que dure pelo menos até que a planta esteja
enraizada (1 ou 2 anos). Depois disso podemos retirar a amarração. É muito importante que a planta
fique bem firme para evitar movimentos que podem danificar as raízes novas, retardar a fixação e
modificar a posição da planta no vaso. Depois preenchemos o restante do vaso com o substrato
escolhido até logo abaixo do rizoma, que não deve ficar “soterrado” pois pode apodrecer com o
excesso de umidade.
4.6 Dividindo as orquídeas
Um dos métodos de propagação de orquídeas é pela divisão da planta em duas ou mais
partes que são exatamente iguais à planta original. Isso é muito importante, por exemplo, quando se
trata de uma planta excepcional nos quesitos de forma e coloração das flores. Colecionadores
chegam a pagar fortunas por uma divisão de plantas que ganharam exposições, ou de alguma planta
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muito famosa, como no caso da Catteya walkeriana "feiticeira", que pode facilmente ultrapassar a
cifra de R$10.000,00.
Contudo, devemos ter atenção na hora de dividir as plantas para evitar sua morte. Como já
foi dito, os pseudobulbos são muito importantes na reserva de água e nutrientes para a planta e se
dividirmos uma planta com poucos deles, provavelmente nenhuma das duas partes sobreviverá. O
ideal é que cada divisão tenha pelo menos 4 pseudobulbos, o que garante uma boa reserva até que
as plantas consigam se estabelecer na nova condição.
Depois de dividida a planta, passe pasta selante nos cortes para evitar a entrada de fungos ou
bactérias diretamente no rizoma. Esta pasta pode ser preparada misturando-se vaselina sólida (100g)
com óleo de Neem (5ml) e canela em pó (colher de chá).
5. Doenças e pragas
Para tranquilizar os leitores que estão começando a conhecer as orquídeas, antes de entrar
neste tema que pode ser um pouco assustador devemos lembrar que plantas bem nutridas e
cutivadas tem uma resistência bem maior contra ataques deste tipo.
Ainda assim, não é fácil ter um orquidário completamente asséptico e livre de doenças ou
pragas, mas podemos tomar algumas medidas simples que ajudam a controlar estes tipos de
infestações, como por exemplo
• não deixar vasos no chão
• limpar as bainhas secas que recobrem os pseudobulbos maduros pois elas são um ótimo
esconderijo para cochonilhas
• retirar as raízes mortas (as escuras e moles) quando perceber que existem muitas pois elas
continuam absorvendo umidade e começam a entrar em decomposição, atrapalhando o
desenvolvimento das raízes novas
• controlar a umidade do orquidário. Quando muito baixa favorece o aparecimento de
cochonilhas e as plantas se desidratam demais (quando os pseudobulbos ficam muito
enrugados) ficando suscetíveis a doenças e pragas oportunistas. Quando. em excesso, além
de facilitar o aparecimento de doenças fúngicas pode atrair lesmas e caracóis, que comem
botões de flores, brotos e raízes novas.
5.1. Doenças
As orquídeas estão sujeitas a doenças causadas por fatores bióticos e abióticos.
Os agentes abióticos que podem afetar as orquídeas são a água (a falta causa desidratação e
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o excesso, apodrecimento), a luz (quando ela é insuficiente prejudica o desenvolvimento da planta,
mas em excesso causa queimaduras foliares), o cultivo em uma temperatura muito diferente da
que a espécie está acostumada prejudica seu crescimento, a falta, mas principamente o excesso de
nutrientes (fitotoxidez) e poluição atmosférica. Fatores abióticos muitas vezes causam sintomas
semelhantes àqueles causados por agentes bióticos dificultando a diagnose.
Os principais agentes bióticos encontrados em orquídeas são fungos, bactérias e vírus, que
podem causar podridão nas raízes, rizoma e pseudobulbos, manchas foliares e alteração na
coloração das flores.
A doença mais comum causada por bactérias nas orquídeas é chamada de podridão mole,
pois causa o amolecimento e escurecimento de partes da planta e são causadas por acúmulo de água
na região das folhas e pseudobulbos. As partes afetadas da planta apresentam um cheiro ruim
característico deste tipo de infecção e por isso são fáceis de se identificar. A única coisa a fazer
neste caso é cortar as partes infectadas com um instrumento de corte, que deve ser devidamente
limpo e esterilizado com fogo antes e depois do uso para evitar a contaminação de outras plantas.
As doenças fúngicas são introduzidas no cultivo principalmente por meio de água de
irrigação e/ou chuva, substratos e vasos contaminados. Entre as principais, podemos destacar:
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
podridão negra: Como o nome diz, causa
manchas tipicamente negras que progridem de
forma ascendente, da raiz para as folhas da planta.

Antracnose: Causa manchas descoloridas,
arredondadas e concêntricas na folha e sempre
aparecem a partir de ferimentos ou injúrias
causadas por frio, sol, etc. Seu desenvolvimento é
favorecido por umidade elevada.

Mofo cinzento: Ataca exclusivamente as flores e
são causados por alta umidade, baixa ventilação e
temperaturas amenas, portanto, para que as flores
durem
mais,
deve-se
evitar
molhá-las,
principalmente a noite.
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Estas são apenas breves descrições sobre estes tipos de doença com a ideia de servir como
guia para uma pesquisa mais profunda, já que seu diagnóstico é muito difícil com uma simples
observação dos sintomas.
Ainda assim, o melhor a se fazer é separar a planta doente das outras, cortar as partes
infectadas para que a doença não se alastre pela planta e evitar molhá-la e adubá-la, pois a água
favorece o desenvolvimento dos fungos.
Para auxiliar sua pesquisa sobre prevenção, identificação e tratamento das doenças das
orquídeas, no final da apostila tem o endereço de algumas páginas da internet para consultas que
podem ser muito úteis e esclarecedoras.
5.2. Pragas
Entre as principais pragas que atacam as orquídeas podemos destacar:

Cochonilhas: Podem aparecer na forma de uma poeira
branca quando ainda são jovens, ou com uma carapaça
redonda quando adulta, que a protege da aplicação de
inseticidas comuns. Portanto a melhor maneira de controlálas é com a escovação manual que pode ser feita com uma
escova de dentes ou uma bucha de lavar louças molhadas
com água e sabão neutro. Se puder, misture a esta água um
pouco de óleo de Neem que é um repelente natural de
insetos. As cochonilhas preferem as partes menos expostas
das plantas, como o verso das folhas, as dobras e axilas
foliares, debaixo das bainhas secas dos pseudobulbos e das
folhas basais, além de rizomas e até raízes. Elas ocorrem em
condições de baixa umidade, onde não se desenvolvem
alguns tipos de fungos que são seus inimigos naturais,
portanto se as plantas apresentarem sinais de desidratação
de uma boa olhada nelas procurando por uma poeira branca
ou “casquinhas” redondas, pois elas são muito mais fáceis
de se controlar quando a infestação ainda está no começo.

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Lesmas e caracóis: as lesmas possuem hábitos noturnos,
abrigando-se durante o dia em lugares escuros e úmidos,
onde depositam massas de ovos translúcidos. Assim como os
caracóis, podem causar grandes estragos destruindo brotos
novos, botões e flores, além de raízes. Existem iscas
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específicas para controle destas pragas, disponíveis em lojas de jardinagem. A coleta
manual também é recomendada. Prepare um frasco bem fechado com sal e jogue-as dentro
quando capturadas.

Percevejos: O mais importante (considerado o percevejodas-orquídeas) é o Tenthecoris orchidearum. São insetos que
parecem joaninhas, com coloração avermelhada ou
alaranjada, e sugam a seiva das folhas deixando manchas
arredondadas e amareladas que provocam estragos estéticos
e funcionais. Podem ser controlados com os inseticida para
jardinagem amadora, de baixa toxicidade, mas sempre
tomando os devidos cuidados recomendados pelos
fabricantes.

Pulgões: São insetos pequenos (2mm) de coloração
que pode ser verde, amarelo-claro, cinza, preto ou
vermelho e sugam a seiva de brotos novos, botões e
flores, ocasionando malformação e definhamento
destes. Podem ser controlados com borrifação de água
com sabão, solução de óleo de neem ou com a
aplicação dos mesmos inseticidas usados no tratamento
de percevejos (tomando os mesmos cuidados na hora
da aplicação).

Tripes: Minúsculos insetos alados de corpo amarelado
medindo 0,5 a 2 mm de comprimento. Esses insetos
raspam a superfície das células e sugam a seiva, deixando
manchas claras ou prateadas, além de transmitirem
doenças.
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6. Referências bibliográficas
ROCHA, JOSÉ RENÉ. ABC do orquidófilo/ de uma, várias ou muitas orquídeas. São Paulo – SP:
Editora Agronômica Ceres, 2008, 423p.
GIORIA, RICARDO. D&P que atacam as orquídeas. Santa Bárbara d'Oeste – SP: CYMK
QUALITY Gráfica e Editora, 2002, 63p.
LOCATELLI, MARCUS V.; STRIGHETA, ÂNGELA C. O.; SANTOS, ANDRÉ F. Curso Cultivo
de Orquídeas. Viçosa – MG: Associação Orquidóloga e Orquidófila de Viçosa – AOOV, 2010, 21p.
7. Sugestões de consulta na internet
Blog Orquidofilia e Orquidologia, de divulgação científica envolvendo orquídeas:
http://www.mvlocatelli.blogspot.com.br/
Resumo geral das doenças das orquídeas, acompanhadas de imagens:
http://www.orquidario.org/palestras/palestra014.htm
Para ajudar na identificação de espécies:
http://www.orchidspecies.com
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