FILOSOFIA E OS PRÉ-SOCRÁTICOS TERCEIRÃO – COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP O CONCEITO E A ORIGEM DA FILOSOFIA A ruptura com o pensamento mítico não se dá de forma imediata, mas de forma progressiva, passando a ser parte da tradição cultural e não mais forma básica de explicar a realidade. Houve um determinado momento em que as teorias míticas não satisfaziam mais os gregos. Eles precisavam de uma explicação mais consciente pautada pelos princípios da racionalidade. É nesse contexto que surgirá a filosofia. CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O NASCIMENTO DA FILOSOFIA 1. AS VIAGENS MARÍTIMAS: permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos. 2. A INVENÇÃO DO CALENDÁRIO: que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível; CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O NASCIMENTO DA FILOSOFIA 3. A INVENÇÃO DA MOEDA: que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes. 4. ESCRITA ALFABÉTICA: que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização. 5. A INVENÇÃO DA POLÍTICA: na pólis, a ideia da lei como resultado da vontade coletiva, com suas regras e ordens, servirá de modelo para a Filosofia determinar o aspecto do mundo como um mundo racional. O CONCEITO E A ORIGEM DA FILOSOFIA A Filosofia é uma forma de pensamento que nasce na Grécia antiga, por volta do séc. VI a.C. sucedendo o pensamento mítico. A palavra Filosofia vem de duas palavras de origem grega (philos e sofia) e pode ser traduzida por amigo do saber. Segundo a tradição, o criador do termo foi o filósofo e matemático Pitágoras (570 – 495 a.C.) que acredita só ser possível aos deuses uma pose total da sabedoria. OS PRIMEIROS FILÓSOFOS Tales de Mileto: considerado o primeiro filósofo, segundo Aristóteles, viveu nas colônias gregas da jônia (Ásia Menor). Foi assim considerado, porque buscou por meio dos seus estudos uma explicação para a origem das coisas de forma racional e científica. Ao lado dele, são considerados os primeiros filósofos: Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, Anaxágoras, Empédocles e Demócrito. Heráclito, COSMOGONIA X COSMOLOGIA Cosmogonia: Narrativa da origem do mundo a partir de forças geradoras divinas. Cosmologia: Mundo natural, enquanto realidade ordenada, com certos princípios racionais. PHYSIS, ARCHÉ, KOSMOS E LOGOS PHYSIS: A natureza, a substância física no mundo; ARCHÉ: Princípio originário, formador de todas as coisas (“matéria prima” de que são feitas as coisas). KOSMOS: Mundo natural, bem como o espaço celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com certos princípios racionais. O cosmo, entendido assim como ordem, opõe-se ao caos, que seria precisamente a falta de ordem, o estado da matéria anterior à sua organização. LOGOS: Enquanto discurso, difere fundamentalmente do mito, porque é uma explicação em que razões são dadas. É o discurso racional, argumentativo, em que as explicações são justificadas e estão sujeitas à crítica e à discussão. A ARCHÉ SEGUNDO DIFERENTES FILÓSOFOS FILÓSOFO CIDADE PERÍODO ARCHÉ TALES MILETO 624 a.C. a 546 a.C. ÁGUA ANAXÍMANDRO MILETO 611 a.C. a 546 a.C. ÁPEIRON ANAXÍMENES MILETO 586 a.C. a 525 a.C. AR PITÁGORAS SAMOS 580 a.C. a 500 a.C. NÚMEROS HERÁCLITO ÉFESO 535 a.C. a 470 a.C. FOGO E MOVIMENTO EMPÉDOCLES AGRIGENTO 492 a.C. a 432 a.C. 4 ELEMENTOS ANAXÁGORAS CLAZÔMENAS 499 a.C. a 428 a.C. HOMEOMERIAS DEMÓCRITO ABDERA 460 a.C. a 370 a.C. ÁTOMOS TALES (623 – 558 a.C.) ÁGUA Em sua busca de sua arché, Tales deparou-se com a importância particular da água na vida dos seres vivos. De fato, ele constatou: - Tudo quanto é vivo é constituído de água; - Quando chove, sempre nasce algo; - Quando falta água, os seres morrem; - Quando os seres morrem, eles secam; - Quando um animal é gerado, ele fica dentro de um recipiente cheio de líquido; - O princípio de geração dos animais, o sêmen, é líquido, e, portanto, feito de água; ANAXIMANDRO (611 – 546 a.C.) APEÍRON Tinha um argumento contra Tales: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, portanto um o elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas está invisível. Considerava o infinito como o princípio das coisas, e o chamou de apeíron, considerava então, que o limitado não poderia ser a origem das coisas limitadas. Explica que as coisas nascem do infinito através de um processo de separação dos contrários (seco-úmido). ANAXIMENES (586 – 525 a.C.) O AR Discípulo de Anaximandro, discorda de que os contrários podem gerar várias coisas. Colocou o ar como Arché, porque o ar, melhor que qualquer outra coisa, se presta a variações, e também devido à necessidade vital deste para os seres vivos. A rarefação e condensação do ar formam o mundo. A alma é ar, o fogo é ar rarefeito; quando acontece uma condensação, o ar se transforma em água, se condensa ainda mais e se transforma em terra, e por fim em pedra PITÁGORAS (580 – 500 a.C.) NÚMEROS Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números - para eles o número (sinônimo de harmonia) era considerado como essência das coisas - é constituído então da soma de pares e ímpares, noções opostas (limitado e ilimitado) respectivamente números pares e ímpares expressando as relações que se encontram em permanente processo de mutação. Teriam chegado à concepção de que todas as coisas são números. HERÁCLITO (535 – 470 a.C.) FOGO E MOVIMENTO Atribuiu o fogo como princípio de todas as coisas: "O fogo transforma-se em água, sendo que uma metade retorna ao céu como vapor e a outra metade transforma-se em terra. Sucessivamente, a terra transforma-se em água e a água, em fogo." Mas Heráclito era mobilista e afirmava que todas as coisas estão em movimento como um fluxo perpétuo. Ou seja, usa o fogo apenas como símbolo de todo este movimento. Heráclito imaginava a realidade dinâmica do mundo sob a forma de fogo, com chamas vivas e eternas, governando o constante movimento dos seres. “NUNCA NOS BANHAMOS NO MESMO RIO, PORQUE NA SEGUNDA JÁ NÃO SOMOS MAIS OS MESMOS E O RIO TAMBÉM!” PARMÊNIDES (530 – 460 a.C.) OPÕE-SE A HERÁCLITO Nos oferece uma ideia contrária à de Heráclito. Em seu pensamento, o filósofo define o seguinte: “O ser é único, imutável, infinito e imóvel”. Para ele, o ser é sempre idêntico a si mesmo. DEMÓCRITO (460 – 370 a.C.) ÁTOMOS Os atomistas seguiram a linha de que a natureza era comporta por partículas infinitas. Diziam que tudo que realmente existia era constituído de átomos e de vazio (este último os espaços entre os átomos). Considera que nada pode surgir do nada, assim, os átomos eram eternos, imutáveis e indivisíveis. O que acontecia, era que eles eram irregulares e podiam ser combinados para dar origem aos corpos mais diversos.