CLORIDRATO DE AMITRIPTILINA Peso molecular: 313,87 Fórmula molecular: C20H23N. HCL CAS: 549-18-8 DCB: 00712 Ação Terapêutica: antidepressivo, antineurético, antineurágico, agente antiúlcera e antibulínico. Nome químico: 3-(10,11 - diidro - 5 H - dibenzo [a,b] ciclohepteno - 5 ilideno) -N,N - dimetil - I – propanamina. 1. Propriedades: apresenta o anel dibenzociclo-heptênico ligado à cadeia lateral dimetilpropanamina. Manifesta acentuados efeitos antimuscarínicos e sedativos. Usada na forma de cloridrato. O cloridrato de amitriptilina é potente antidepressivo com propriedades sedativas. Seu mecanismo de ação no homem não é conhecido. Não é inibidor da monoaminoxidase e não age primordialmente por estimulação do sistema nervoso central. Em amplo uso clínico, verificou-se que cloridrato de amitriptilina tem sido bem tolerado. O cloridrato de amitriptilina também tem mostrado ser eficaz no tratamento da enurese em alguns casos onde a doença orgânica foi excluída. O modo de ação do cloridrato de amitriptilina na enurese não é conhecido. Entretanto, cloridrato de amitriptilina possui propriedades anticolinérgicas e os medicamentos deste grupo, como a beladona, tem sido usados no tratamento da enurese. A amitriptilina inibe o mecanismo de bomba da membrana responsável pela recaptação da norepinefrina e serotonina nos neurônios adrenérgicos e serotoninérgicos. Farmacologicamente, esta atividade pode potenciar ou prolongar a atividade neural simpática, uma vez que a recaptação dessas aminas é fisiologicamente importante para suprir suas ações transmissoras. Alguns acreditam que esta interferência na recaptação da norepinefrina e ou serotonina é a base da atividade antidepressiva da amitriptilina. 2. Indicações: depressão mental, enurese (tratamento adjuvante em crianças de 6 anos ou mais idosas) onde a patologia orgânica é excluída, dor neurogênica (câncer, doenças reumáticas, nevralgia pós-herpética, neuropatia pós-traumática ou diabética)., cefaléia e enxaqueca (profilaxia). Úlcera péptica e bulimia nervosa. 3. Posologia. Depressão: a posologia inicial para adultos, em ambulatórios é de 75 mg de cloridrato de amitriptilina por dia, em doses divididas. Se necessário esta dose pode ser aumentada até um total de 150 mg por dia. Os aumentos são feitos de preferência, nas doses administradas no início da noite ou na hora de deitar. O efeito sedativo é geralmente manifestado rapidamente. A atividade antidepressiva pode-se manifestar dentro de 3 ou -1IT_amitriptilina_28/08/09 4 dias ou pode levar até trinta dias para desenvolver-se adequadamente. Um método alternativo para dar início à terapia em pacientes ambulatoriais é iniciar a terapia com 50 a 100 mg de preferência à noite ou ao deitar-se. Essa dose pode ser aumentada de 25 a 50 mg conforme necessário até um total de 150 mg por dia. Em pacientes hospitalizados, a dose de 100 mg por dia pode ser necessária inicialmente. Esta dose pode ser aumentada gradualmente até 200 mg por dia, se necessário. Um pequeno número de pacientes hospitalizados pode necessitar de dose superior chegando até 300 mg por dia. Em adolescentes e pacientes idosos, em geral, posologia com baixas doses é recomendada. Em geral, 50 mg por dia pode ser satisfatório. A dose diária pode ser administrada na forma de doses divididas ou como dose única, de preferência à noite ou ao deitarse. Posologia de manutenção: a dose inicial de manutenção é de 50 a 100 mg por dia. Para terapia de manutenção, a posologia diária pode ser administrada em uma única dose. Quando tiver sido atingida uma melhoria satisfatória, a posologia deve ser reduzida a menor possível e que mantenha o alívio dos sintomas. É apropriado manter a terapia de manutenção por 3 ou mais meses para reduzir as chances de recidiva. Enurese noturna: A dose de 10 mg ao deitar-se têm-se mostrado eficaz em crianças entre 5 e 6 anos de idade. Em crianças com mais idade, a posologia deve ser aumentada conforme o necessário, e de acordo com o peso e a idade. As crianças de 6 a 10 anos podem receber 10 a 20 mg por dia. Na faixa etária entre 11 e 16 anos pode ser necessária uma dose de 25 a 50 mg. A maioria dos pacientes responde nos primeiros dias de terapia. Nos pacientes que respondem, a tendência é de contínua e crescente melhora com o decorrer do tratamento. O tratamento contínuo deve ser requerido para manter a resposta até o estabelecimento do controle. As doses de cloridrato de amitriptilina recomendadas para o tratamento da enurese são baixas, comparadas com aquelas usadas no tratamento da depressão, mesmo levando-se em conta as diferenças etárias e de peso. A dose recomendada não deve ser ultrapassada. 4. Reações adversas: visão turva, movimentos de mastigação, sucção, linguais; movimentos incontrolados das pernas ou braços; confusão, delírio, alucinações. Constipação, principalmente em idosos. Dificuldade ao falar ou engolir. Nervosismo. Agitação. Rigidez muscular. Fotossensibilidade. Crises convulsivas. Sudorese excessiva. Pirose. Vômitos. As seguintes reações indicarão a suspensão do tratamento: náuseas, vômitos, diarréia, excitação não habitual, perturbações do sono. 5. Superdosagem: a superdose de amitriptilina provoca confusão temporária, distúrbios da concentração ou alucinações visuais transitórias, sonolência, hipotermia, taquicardia e outras anormalidades do ritmo cardíaco, tais como: bloqueio de ramo, sinais eletrocardiográficos de falha na condução, insuficiência cardíaca congestiva, midríase, convulsões, hipotensão arterial, estupor e coma. Outros sintomas: Agitação, hiperreflexia, rigidez muscular, vômitos, hiperpirexia ou qualquer dos sintomas enumerados sob Reações adversas. Tratamento: todos os pacientes com suspeita de terem ingerido dose excessiva devem ser encaminhados o mais rápido possível a um hospital. -2IT_amitriptilina_28/08/09 6. Precauções: a amitriptilina pode comprometer o estado de alerta em alguns pacientes; evitar a ingestão de bebidas alcoólicas. É possível que se apresente sonolência, portanto é necessário ter cuidado ao dirigir. A possível secura da boca implicará o uso de um substituto da saliva para o alívio. Não suspender a medicação de forma brusca. Não se recomenda seu uso em menores de 12 anos. Os pacientes de idade avançada necessitam, com mais freqüência, uma redução da dose, devido à lentificação do metabolismo ou da excreção. Assim mesmo, mostram um aumento da sensibilidade aos efeitos antimuscarínicos, tais como retenção urinária ou delírio anticolinérgico. Quando é usado para tratar o componente depressivo da esquizofrenia, os sintomas psicóticos podem ser agravados. De modo análogo, na psicose maníaco-depressiva, os pacientes deprimidos podem experimentar uma mudança para a fase maníaca. As ilusões do tipo paranóide, com ou sem hostilidade associada podem ser exageradas. Em qualquer dessas circunstâncias, pode ser aconselhável reduzir a dose de amitriptilina e associar um tranqüilizante, como a perfenazina. Não foi estabelecida a segurança do uso de amitriptilina na gravidez e na lactação. Portanto, ao se administrar o medicamento às gestantes, nutrizes ou mulheres com intenção imediata de engravidar, devem confrontar-se os possíveis benefícios com os eventuais riscos para mãe e filho. Estudos de reprodução no animal foram inconclusivos e a experiência clínica é bastante limitada. Se possível, interromper o medicamento vários dias antes de intervenções cirúrgicas programadas. A amitriptilina deve ser usada com cautela em pacientes com história de convulsão, em pacientes com função hepática comprometida e, em virtude da sua ação atropínica, em pacientes com história de retenção urinária, ou com glaucoma de ângulo estreito; mesmo em doses médias podem precipitar um aumento da pressão intra-ocular. Em pacientes com glaucoma de ângulo estreito, mesmo doses médias podem precipitar uma crise. Os pacientes com distúrbios cardiovasculares devem ser observados estreitamente. Os antidepressivos tricíclicos, inclusive o cloridrato de amitriptilina, particularmente quando ministrados em doses altas, têm mostrado produzir arritmia, taquicardia sinusal e prolongamento do tempo de condução. Têm sido relatado infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral com medicamentos dessa classe. A estreita supervisão é requerida quando a amitriptilina é ministrada a pacientes hipertireoideanos ou em pacientes que receberam medicação tireoideana. A possibilidade de suicídio nos pacientes deprimidos permanece durante o tratamento e até que ocorra apreciável remissão. Este tipo de paciente não deverá ter acesso a grandes quantidades do medicamento. 7. Interações: os corticóides, anti-histamínicos ou antimuscarínicos potencializam os efeitos antimuscarínicos; principalmente os de confusão mental, alucinações e pesadelos. O uso simultâneo com atropina pode bloquear a detoxificação da atropina, e pode produzir íleo paralítico. Aumenta a ação dos anticoagulantes por inibição do metabolismo enzimático do anticoagulante. Potencializa a depressão do SNC, o que diminui o limiar das crises convulsivas a doses elevadas e diminui os efeitos da medicação anticonvulsiva. O uso simultâneo com antitireóideos -3IT_amitriptilina_28/08/09 pode aumentar o risco de agranulocitose. Os efeitos dos antidepressivos tricíclicos podem ser diminuídos quando usados com barbitúricos. A cimetidina inibe o metabolismo da amitriptilina e aumenta sua concentração plasmática. Outros depressores do SNC potencializam sua ação. Não é recomendado seu uso com IMAO devido ao aumento do risco de convulsões graves e crises hipertensivas. Potencializam-se os efeitos depressores da nafazolina oftálmica, oximetazolina nasal, fenilefrina nasal ou oftálmica ou xilometazolina nasal. O uso concomitante com drogas simpaticomiméticas pode potencializar os efeitos cardiovasculares e dar lugar a arritmias, taquicardia ou hipertensão. 8. Contra-indicações: é contra-indicada sua prescrição durante o período de recuperação imediato a infarto do miocárdio. Deverá ser avaliada a relação risco-benefício na presença de alcoolismo ativo ou tratado, asma, síndrome maníaco-depressiva ou bipolar, distúrbios hemáticos, alterações cardiovasculares, principalmente em idosos e crianças, glaucoma, disfunção hepática ou renal, hipertireoidismo, esquizofrenia, crises convulsivas, retenção urinária. A amitriptilina é contra-indicada em pacientes que mostraram prévia sensibilidade à substância. 9. Referências bibliográficas: P.R. Vade-mécum. São Paulo DEF 2007-2008, Dicionário de Especialidades Farmacêuticas. São Paulo. KOROLKOVAS, A., Análise Farmacêutica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2008. MARTINDALE – The Complete Drug reference. 33rd Edition. London: Pharmaceutical Press, 2002. BATISTUZZO, J.A.O.; ITAYA, M.; ETO, Yukiko. Formulário Médico Farmacêutico, 2ª edição, São Paulo, Tecnopress, 2002. Farmacopéia Brasileira 3ª edição, p. 244; PubChem Substance Summary: Amitriptyline. National Center for Biotechnology Information. -4IT_amitriptilina_28/08/09