Lógica informal - Filosofia e Psicologia na ESARS

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Lógica informal
A validade de muitos argumentos não pode ser captada atendendo apenas à sua forma
lógica. É o caso dos argumentos não dedutivos. Mas mesmo no caso dos dedutivos, a
forma lógica não é suficiente para captar a sua validade. Vejamos os 2 exemplos abaixo
de argumentos dedutivos inválidos formalmente, mas válidos materialmente.
1- Validades “dedutivas” informais/aspetos informais dos argumentos dedutivos
As tabelas ou inspetores de circunstâncias apenas podem testar a validade de
argumentos cuja validade dependa de uma forma lógica ( dependa exclusivamente do
uso dos operadores lógicos ).
Quando a validade não depende da forma lógica do argumento mas, por exemplo do
significado dos conceitos usados, as tabelas de verdade não servem para nada e tais
argumentos escapam à lógica formal.
Ex. O Vitor é um homem casado, logo não é solteiro.
P: Vitor é um homem casado
Q: Vitor é um homem solteiro
P →¬Q
P
Q
V
V
F
F
P →¬Q
V
F
V
F
F
V
V
V
Se Abril precede Maio, então Maio segue-se a Abril. Maio Segue-se a Abril. Logo Abril
precede Maio
P: Abril precede Maio
Q: Maio segue-se a Abril
P
Q
P→Q
Q
P
V
V
F
F
V
F
V
F
V
F
V
V
V
F
V
F
V
V
F
F
Estes argumentos postos a teste pela tabela têm formas argumentativas inválidas dado
que há uma circunstância em que as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.
No entanto são ambos argumentos válidos porque é impossível as premissas serem
verdadeiras e a conclusão falsa.
2- Argumentos não dedutivos
Há toda uma área da argumentação onde a dedução não é possível, e na qual a validade
não tem nada que ver com uma forma lógica abstrata. Vejamos o argumento abaixo.
A Joana defende que o melhor para combater a a pneumonia é o medicamento “X”
A Joana é uma reconhecida investigadora na área da pneumologia
A Joana já ganhou alguns prémios a nível nacional e internacional pelas suas
descobertas
______________________________________________________________________
O medicamento “X” é ( deve ser) o melhor para combater a a pneumonia
Este argumento não dedutivo parece ser válido, mas a verdade da conclusão, ao
contrário dos dedutivos, é apenas provável, não é impossível que as premissas sejam
verdadeiras e a conclusão falsa. Contudo as premissa Dõ um apoio forte à conclusão
Assim Validade não dedutiva é equivalente a força argumentativa ( apoio maior ou
menor que as premissas dão à conclusão )
Objetivos da lógica informal
 Obter argumentos fortes ou válidos materialmente ( verdade da conclusão é
altamente provável, dada a verdade das premissas )
 Evitar falácias
Principais argumentos informais
Indutivos
Generalizações
Previsões
De autoridade
Analógicos
1.ARGUMENTOS INDUTIVOS
1.1 Indução por generalização ( indução por enumeração )
Consiste em atribuir a toda uma classe aquilo que se verificou apenas em alguns casos
de elementos dessa classe.
Exemplo:
Premissa: Cada um dos corvos que observei até hoje era negro.
________________________________________________
Logo todos os corvos são negros
Regras para uma boa indução por generalização:
1ª regra: a amostra deve ser ampla ( quanto maior o números de cassos analisados ,ais
força terá o argumento )
2ª regra: a amostra deve ser representativa ( contemplar suficientemente todas as
subclasses dessa categoria )
3ª regra: não se deve omitir informação relevante
 não devem de haver contra-exemplos
 não deve de ir contra conhecimentos já bem estabelecidos
Contudo o peso de cada uma das regras depende do conteúdo do argumento. Por
exemplo para saber se o esparguete que pusemos a cozinhar está cozido, não precisamos
de o comer quase todo, basta provar alguns.
1.2 Indução por previsão ( indução para o caso seguinte )
Exemplo:
Premissa: Cada um dos cães que observei até hoje ladrava.
________________________________________________
Logo, o próximo cão que vir ladra
2. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
1ª Premissa declara que uma suposta autoridade X (em quem devemos confiar ) disse ou
fez algo
______________________________________________________________________
Logo, o que X disse ou fez é verdadeiro/correto
Exemplo:
Premissa: Todos os livros de história dizem que Abraham Lincoln foi
assassinado em 1865.
________________________________________________________________
Conclusão: Logo. 1965 foi a data do assassinato de Abraham Lincoln
Regras para um bom argumento de autoridade:
1ª A autoridade invocada deve ser conhecida
2ª A autoridade invocada deve ter reconhecida competência na área/questão em causa
3ª A autoridade em causa não pode discordar significativamente de outra na área em
causa
3.ARGUMENTOS POR ANALOGIA
Uma 1ª Premissa estabelece uma pretensão:
Se X tem as propriedades p, q, r…etc., então tem a propriedade Y
Uma 2ª Premissa alega que:
O caso que queremos provar é como o do exemplo dado na 1ª premissa.
Logo tem de ter a propriedade Y também.
Exemplo:
1ª Premissa os homens têm direito de voto
2ª Premissa: as mulheres são como os homens
____________________________________
Logo as mulheres também têm o direito de votar
Quando dizemos que “Y é como X”, estamos de fato a abreviar uma série de
semelhanças. As mulheres são como os homens porque:
a)
b)
c)
d)
tanto os homens como as mulheres são agentes morais autónomos
tanto os homens como as mulheres querem ter autodeterminação política
tanto os homens como as mulheres querem intervir politicamente
tanto os homens como as mulheres têm as mesmas capacidades cognitivas
Regras para um bom argumento analógico:
1ª A amostra deve ser suficiente (entre mais que dois casos )
2ª O número de semelhanças verificadas deve de ser suficiente
3ª As semelhanças verificadas devem de ser relevantes
Uma boa parte do trabalho da lógica informal é a procura de critérios de validade que
evite a falaciosidade de argumentos informais
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