LUCÍOLA FÁTIMA MÜLLER DE SOUZA

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LUCÍOLA FÁTIMA MÜLLER DE SOUZA
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE MEDIDAS DE
CRESCIMENTO E POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM
PLANTAS DE Ipomoea nil (L.) ROTH CV. SCARLET O’HARA
(Convolvulaceae) NA CIDADE DE SÃO PAULO.
Orientador: Prof. Msc. Maurício Lamano Ferreira
Orientador: Prof. Msc. Hilton Lourenço Ozório Filho
SÃO PAULO
2009
3
RESUMO
A poluição atmosférica vem prejudicando a qualidade do ar nos centros urbanos e tem
causado sérios problemas à condição de vida das pessoas, das plantas e dos animais que
vivem nas cidades e arredores. Elevadas concentrações de poluentes advindos de atividades
industriais e do processo de descarga da combustão de veículos automotores são algumas das
causas da baixa qualidade do ar. Esse trabalho teve como objetivo principal determinar os
efeitos da poluição atmosférica em plantas de Ipomoea nil (L.) Roth cv. Scarlet O’Hara
(Convolvulaceae), através da avaliação do parâmetro de crescimento desse vegetal. As plantas
jovens de Ipomoea foram expostas em diferentes pontos da cidade de São Paulo, ao lado das
estações de monitoramento da qualidade do ar da CETESB (Congonhas e Ibirapuera) num
período de 70 dias, onde as mesmas estiveram totalmente vulneráveis a ação de diversos
poluentes atmosféricos. Foi realizada a exposição entre as estações de inverno à primavera.
Neste trabalho foram analisadas as medidas de crescimento das folhas e caule das plantas,
afetados pelo grau de poluição. Foram realizadas analises de correlação de Pearson. Foram
realizadas também curvas de regressões a fim de se estabelecer o perfil de crescimento dos
órgãos aéreos. Resultou neste estudo, uma tendência onde as plantas expostas na estação de
Congonhas apresentaram maior crescimento de área foliar, e menor crescimento de caule em
relação às plantas expostas na estação do Ibirapuera. Essa diferente tendência em crescimento
das folhas pode ser explicada por uma provável dispersão dos poluentes. Para maior
segurança sobre a vulnerabilidade de Ipomoea nil frente aos poluentes atmosféricos,
principalmente ozônio, sugere-se estudos com padrões de crescimento em condições
controladas
Palavra-chave: Ipomoea nil, poluição atmosférica, crescimento, área foliar.
4
ABSTRACT
Some Pollutants is affecting the air quality in urban areas and has caused serious problems for
the living conditions of people, plants and animals that live in cities and surrounding areas.
High concentrations of theses pollutants coming from industrial activities and the vehicles
fleet are some of the causes of the poor air quality. This study aimed to determine the main
effects of air pollution on plants of Ipomoea nil (L.) Roth cv. Scarlet O'Hara
(Convolvulaceae), by assessing the growth parameter of the plants. The seedlings of Ipomoea
were exposed in different parts of the city of São Paulo, beside the monitoring stations of air
quality of CETESB (Congonhas and Ibirapuera) over a period of 70 days, where they were
completely vulnerable to the action of different pollutants. Exposure was performed between
winter to spring. Analyzes were performed Pearson correlation. Were also carried out
regression curves in order to establish the profile of growth of aerial organs. It resulted in this
study, a trend where the plants are exposed at Congonhas station had more growth of leaf and
stem growth lower than the plants exposed at the station do Ibirapuera. This different trend in
growth of leaves can be explained by a likely dispersion of pollutants. For greater certainty
about the vulnerability of Ipomoea nil front of pollutants, particularly ozone, it is suggested
that studies patterns of growth under controlled.
Keyword: Ipomoea nil, air pollution, growth, leaf area.
5
1. INTRODUÇÃO
O aumento da população humana nas grandes metrópoles tem gerado efeitos positivos,
como o progresso econômico e tecnológico. Entretanto, esses benefícios provocaram uma
série de consequências ambientais desfavoráveis, que resultou na contaminação do ar por uma
variedade de poluentes, originados de fontes estacionárias e móveis, principalmente a partir
da queima de combustíveis fósseis (Ferreira 2007, Pedroso 2007). A qualidade do ar urbano
tem causado sérios problemas às condições de vida das pessoas, das plantas e dos animais que
vivem nas cidades e arredores (Cunha 2006). A exposição das plantas a altas concentrações de
poluentes atmosféricos pode causar ao longo do tempo danos agudos, com sintomas foliares
visíveis.
Elevadas concentrações de poluentes advindos de atividades industriais e do processo
de descarga da combustão de veículos automotores são algumas das causas da baixa
qualidade do ar (Cunha 2006 apud. Freedman 1995). O efeito da poluição aérea pode ser
direto ou indireto sobre as plantas e depende de vários fatores, dentre eles a concentração e
período de exposição ao contaminante, a eficiência do sistema de defesa antioxidativo do
vegetal (Ferreira 2007, Pina & Moraes 2007, Espósito et al. 2009) ou mesmo das condições
morfológicas e anatômicas dos órgãos afetados (Pedroso 2007).
A principal via de entrada dos poluentes tóxicos nas plantas é a mesma do CO2, que é
metabolizado pelo vegetal, através da reação da fotossíntese. Esse fenômeno é de extrema
importância, pois representa a entrada de energia na biosfera (Moraes 2000).
A fotossíntese é o processo através do qual as plantas transformam a energia luminosa
radiante em energia química, onde a reação entre o gás carbônico e a água, produz
carboidratos e oxigênio (Ferri 1985). Um efeito marcante dos poluentes aéreos sobre as
plantas é justamente a redução da fotossíntese. Ela é causada principalmente pela redução da
síntese e da atividade da enzima ribulose bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco). Porém,
deve-se considerar que a redução da condutância estomática e danos aos fotossistemas
também podem estar envolvidos neste fenômeno (Pell et al. 1994, Sherrif 1978).
A fotossíntese é, portanto, fundamental para o desenvolvimento das plantas. O
crescimento vegetal resulta da integração de vários processos fisiológicos e bioquímicos, os
quais podem ser adversamente afetados pela poluição aérea (Benincasa 1988). Ele sintetiza a
história de vida de uma planta, pois compreende todas as suas respostas aos diversos fatores
que induziram ao estresse ao longo do tempo. Deste modo, alterações no crescimento são
6
verificadas com freqüência em plantas expostas a poluentes aéreos (Pandey & Agrawal 1994,
Bortier et al. 2000).
Um dos poluentes que tem preocupado os cientistas pelos efeitos tóxicos e por
interferir no processo fotossintético é o ozônio (Ferreira et al. 2006, Pedroso 2007, Espósito et
al.2009). Assim como outros poluentes gasosos, o ozônio entra nas plantas pelos estômatos,
durante os processos normais de trocas gasosas, sendo a cutícula impermeável a esse gás. No
interior da folha o ozônio não se acumula, ele reage com os componentes da parede celular e
da membrana plasmática, por ser uma molécula altamente reativa, podendo reagir
rapidamente com a água no tecido desses organismos, intensificando assim a formação de
espécies ativas de oxigênio (EAO), como radicais superóxidos (O2-), radicais hidroxilas
(OH*) e peróxido de hidrogênio (H2O2) que por sua vez podem reagir com células e tecidos
vegetais, destruindo-os, ocorrendo redução da área foliar, da biomassa de folhas e raízes e da
taxa de crescimento relativo (Oksanen 2001). Os vegetais são, na maioria das vezes,
indicadores de poluição por serem sensíveis aos gases poluidores.
Plantas expostas em locais com maior índice de poluição aérea podem apresentar
redução drástica em parâmetros de crescimento, principalmente na parte aérea. Alguns
poluentes podem apresentar consequências mais sérias às plantas, devido à sua toxicidade.
Por apresentar diferentes perfis de contaminação aérea, a cidade de São Paulo se apresenta
como um mosaico de poluentes atmosféricos, cada pedaço com a sua particularidade e grau de
toxicidade.
2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de indivíduos de Ipomoea nil
(Convolvulaceae), expostos aos poluentes aéreos de diferentes regiões da cidade de São
Paulo, para verificar se ocorrem alterações em parâmetros de crescimento na parte aérea das
plantas, quando expostas em locais com diferentes perfis de poluição aérea, visando com isso,
contribuir para o estabelecimento do grau de suscetibilidade da espécie à poluição. E auxiliar
no cultivo agrícola.
7
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo e Qualidade do Ar
A cidade de São Paulo está localizada a cerca de 770 metros sobre o nível do mar, nas
coordenadas 23º 30`S e 46º 40`W, região sudeste do Brasil. Nessa cidade o clima é
caracterizado por apresentar inverno seco, durante os meses de junho a agosto. O local de
exposição das plantas foi estabelecido de acordo com a distribuição da concentração dos
principais poluentes aéreos. Algumas áreas apresentam maiores concentrações de poluentes
do que outras devido à sua proximidade das fontes de emissões ou até mesmo de áreas verdes,
local onde geralmente ocorre acúmulo de ozônio. Outro fator decisivo na escolha dos locais
foi à presença de uma estação de monitoramento da CETESB, para que os dados biológicos
medidos possam ser correlacionados com os dados físicos e de poluição, tais como
temperatura, radiação e concentração de poluentes. A CETESB disponibilizou em sua página
da internet os dados horários sobre poluição e algumas condições climáticas.
Em relação aos poluentes a estação do IBIRAPUERA monitora material particulado
(MP10), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). Dentre as
variáveis climáticas ocorre a medição de velocidade de vento, pressão atmosférica e radiação.
Alguns poluentes excedem os níveis de atenção na estação de monitoramento do parque,
dentre eles o ozônio.
A estação de monitoramento da CETESB localizada em congonhas mede como
parâmetros de poluição o material particulado (MP10), dióxido de nitrogênio (NO2),
monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). A principal variável climática medida nessa
estação é a radiação.
3.2. Cultivo e Exposição das Plantas
Para execução deste projeto sementes de plantas de Ipomoea nil foram adquiridas de
um mesmo fornecedor e de um mesmo lote. Estas foram germinadas em caixa de papelão até
o desenvolvimento das folhas cotiledonares. As plantas foram então transplantadas para vasos
plásticos com a mesma mistura de substrato utilizada na germinação das sementes. Essas
plantas tiveram a irrigação adequada garantida por capilaridade, por intermédio de cordões de
náilon inseridos na base dos vasos e em água de torneira contida na caixa plástica cobertas
com tela de arame galvanizado, seguindo parcialmente o modelo proposto para Nicotiana
tabacum por VDI (2003).
8
O substrato utilizado para a germinação foi composto por uma mistura de produto comercial
produzido a base de casca de Pinus (Plantimax-Eucatex) e de vermiculita fina, na proporção
de 3:1, respectivamente.
A partir da 4ª semana após o transplante todas as plantas receberam semanalmente
100ml de solução nutritiva ‘hoagland’ descrita em Ferreira (2007) apud. Epstein (1975).
Foram assim expostas concomitantemente nos dois locais pré-estabelecidos próximos às
estações de monitoramento da CETESB. Foi realizada uma campanha experimental, com
duração de 70 dias, durante as estações de inverno e primavera. Iniciou-se o experimento com
40 plantas produzidas conforme descrição acima, sendo 20 plantas distribuídas em cada local
escolhido. Somente 35 plantas permaneceram até o final do experimento
3.3. Medidas de Crescimento
Foram realizadas medidas iniciais de altura, desde o colo até a gema apical, diâmetro
do caule à altura do solo, largura e comprimento das folhas para futuro cálculo de índice de
área foliar. Semanalmente foram feitas as coletas de dados com régua o índice de área foliar,
fita métrica a altura do caule e paquímetro para diâmetro do caule.
3.4. Análises Estatísticas
Foram realizadas analises de correlação de Pearson. Foram realizadas também curvas
de regressões a fim de se estabelecer o perfil de crescimento dos órgãos aéreos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Medidas de Crescimento e Descrição dos Ambientes
Durante a primeira semana de experimento realizado o clima foi típico para a estação
de inverno, com baixa umidade relativa do ar. Porém, a partir da terceira semana o clima ficou
mais chuvoso. As semanas seguintes foram caracterizadas por altos índices de pluviosidade e
baixa radiação solar. A estação de Congonhas obteve concentrações médias de O3 maiores do
que a da estação de Ibirapuera, o que caracteriza um potencial risco à vegetação que se
encontra neste local. Porém NO2 e material particulado MP10 apresentaram maiores índices na
estação do Ibirapuera conforme Tabela 1. Um fator de grande importância para o
desenvolvimento das plantas é a radiação solar, que por motivos técnicos só foi medida na
9
estação do Ibirapuera e apresentou uma média relativamente alta de acordo com os outros
anos. (CETESB 2008).
Tabela 1. Concentração média dos poluentes medidos nas estações de Congonhas e Ibirapuera.
CO ppm
MP10 µg/m³
NO2 µg/m³
O3 µg/m³
Radiação W/s²
Ibirapuera
0,92
29,64
45,53
66,54
136,87
Congonhas
10,34
1,35
38,59
74,95
#
# Dados não mostrados
Para o diâmetro do caule das plantas expostas nos dois locais de estudo não houve
uma variação no perfil de crescimento muito grande ao longo dos dias, onde notou-se uma
tendência de baixo crescimento no início e uma consequente estabilização nesse parâmetro
avaliado. Uma possível explicação para tal fenômeno pode ser pelo fato dela ser uma planta
de hábito herbáceo e não apresentar crescimento secundário, o que limita o desenvolvimento
em espessura do vegetal. (Figura 1 A).
Porém, para as medições em altura do caule observou-se até a sexta semana de
experimento um maior crescimento médio para as plantas expostas na estação Ibirapuera
(Figura 1 B).
Traçando uma curva de regressão entre as variáveis tempo e altura do caule, o órgão
apresentou uma tendência de crescimento exponencial para os dois tratamentos (Ibirapuera
r²=0, 8029 e Congonhas r²=0, 9523). Esse perfil de crescimento é relativamente esperado,
uma vez que o meristema apical apresenta alta taxa de desenvolvimento em espécies
trepadeiras, na qual há sempre uma grande produção de parênquima, o que garante
flexibilidade para a planta, que se enrola em suportes em busca de maior luminosidade
(Raven 2001). Uma possível explicação para o maior desenvolvimento das plantas expostas
no Ibirapuera seria em função de uma menor concentração de ozônio troposférico, o que
implicaria a essas plantas uma condição mais favorável para o desenvolvimento, uma vez que
este gás apresenta alta toxicidade (Moraes 2006).
Assim como foi apresentado na Tabela 1 houve altos índices de NO2 na estação de
Congonhas, o que pode ter influenciado negativamente o crescimentos das plantas, segundo
10
Legge & Krupa (2003), óxidos de nitrogênio, quando presentes na atmosfera em
concentrações baixas podem ser utilizados como nutrientes e promover o crescimento vegetal.
Contudo, quando a entrada destes compostos excede um determinado limiar, esse efeito
benéfico é anulado conseqüentemente ocorrendo danos às plantas expostas.
a)
b)
Figura 1. Perfil de crescimento do caule de plantas de Ipomoea nil expostas na estação
Congonhas e Ibirapuera. a) Diâmetro médio do caule das plantas b) Altura média do caule das
plantas.
Em média os índices de área foliar das terceiras folhas das plantas expostas tanto em
Congonhas quanto no Ibirapuera mostraram crescimentos diferenciados ao longo do tempo.
As plantas expostas em Congonhas apresentaram uma maior tendência em crescimento a
partir da terceira semana até o fim do experimento. Ao se traçar uma curva de regressão entre
as variáveis tempo e índice de área foliar para as medidas das folhas três expostas em
Congonhas observou-se esse órgão apresentou uma tendência de crescimento logaritimo
(r²=0,9744), enquanto na estação do Ibirapuera as folhas apresentaram uma tendência de
crescimento linear (r²=0,7463), ou seja, uma maior velocidade de crescimento na exposição
de Congonhas.
Já para as folhas quatro e cinco expostas no Ibirapuera foi observada uma tendência
linear de crescimento para esses órgãos (r²=0,6819 e r²=0,9721, respectivamente), fato que se
repetiu para as plantas na estação Congonhas (r²=0,9058 e r²= 0,8309, respectivamente). O
perfil de crescimento das quartas folhas crescidas na estação de Congonhas foi menor do que
o das folhas crescidas no Ibirapuera. Essa tendência ocorreu durante todo o experimento.
11
Semelhante a esse padrão de desenvolvimento, as quintas folhas desenvolvidas na estação de
Congonhas também apresentaram uma menor taxa de crescimento, exceto na segunda semana
de vida das folhas, quando essa quinta folha apresentou uma tendência maior em crescimento
(Figura 2 B e C).
Para a sexta folha foi observado um padrão de desenvolvimento semelhante ao da
quinta folha, para ambas as estações, apresentando assim uma tendência linear de crescimento
para as plantas expostas em ambas as estações (r²=0,86 e r²=0,93, respectivamente). Vale
ressaltar que para as quintas e sextas folhas as plantas expostas na estação do Ibirapuera
mostraram um desenvolvimento antecipado desses órgãos (Figura 2 C). De uma forma geral,
as plantas expostas na estação Ibirapuera apresentaram uma maior tendência em crescimento
das folhas quatro, cinco e seis. A folha três foi a única que não seguiu esse padrão.
Este fato também pode ser explicado pelos menores índices de ozônio encontrados na estação
Ibirapuera. Através de dados de correlações foi observado que a velocidade de vento
apresentou relação negativa com o ozônio (valor da correlação r2= -0.6785), o que pode, em
partes, explicar um maior transporte dos poluentes para fora da estação.
De acordo com a Tabela 1 o material particulado não influenciou no desenvolvimento
das folhas, uma vez que a estação do Ibirapuera apresentou altos índices quando comparados
à estação Congonhas. A diminuição do tamanho das folhas em plantas submetidas a poluentes
aéreos pode interferir na taxa de produção desse órgão. Na literatura alguns autores
relacionam o aumento na produção de novas folhas à taxa de senescência e atribuem isso
como um mecanismo compensatório (Woodbury et al. 1994, Pell et al. 1994, Bortier et al.
2000, Oksanen 2001). Segundo Ferreira (2007) o ozônio interfere significativamente na
produção de defesas antioxidativas de plantas de Ipomoea nil, o que evidencia um certo grau
de sensibilidade da planta. Pina e Moraes (2007) mostraram a influência do ozônio na
manifestação de antocianina em plantas de Psidium guajava, o que estabelece a planta uma
situação de estresse quando expostas ao ozônio. Moraes et al. (2000) também observaram
variações em crescimento em plantas de Tibouchina pulchra expostas a altos índices deste
gás.
Em plantas mais resistentes, os danos foliares, como cloroses e necroses demoram
mais a serem observados e sua intensidade geralmente é menor, em comparação com o que
ocorre em plantas sensíveis. Assim, plantas supostamente sensíveis ao ozônio podem
apresentar maior grau de sensibilidade para o desenvolvimento.
12
a)
b)
IAF 3
IAF 4
25,00
cm²
cm² 5,00
25,00
5,00
1,00
1,00
1
2
3
4
5
6
7
1
8
2
4
5
6
7
8
Dias de Amostragem
Dias de Amostragem
Ibirapuera
3
Congonhas
Ibirapuera
c)
Congonhas
d)
IAF 6
IAF 5
25,00
25,00
cm² 5,00
1,00
cm²
1
2
3
4
5
6
7
8
Dias de Amostragem
5,00
1,00
1
2
3
4
5
6
7
Dias de Amostragem
Ibirapuera
Congonhas
Ibirapuera
Congonhas
Figura 2. Perfil de crescimento das folhas de plantas de Ipomoea nil expostas na estação
Congonhas e Ibirapuera. a) IAF das terceiras folhas b) IAF das quartas folhas c) IAF quintas folhas
d) IAF sextas folhas.
Com a finalidade de correlacionar o desenvolvimento de plantas de Ipomoea nil com
fatores ambientais foi feita a correlação de Pearson.
Para as plantas expostas na estação de Congonhas foi observada nas folhas três, quatro
e cinco uma correlação significativa com os valores de material particulado. A quinta folha
apresentou uma correlação positiva com ozônio. As folhas não apresentaram nenhuma
correlação com monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio. Porém esses gases podem
juntamente com o ozônio e o material particulado ter afetado o desenvolvimento da área foliar
das plantas expostas na estação de Congonhas. (Tabela 2).
13
8
Para as plantas expostas na estação do Ibirapuera foi observada uma correlação negativa
significativa da folha seis com os valores de material particulado, monóxido de carbono,
dióxido de nitrogênio e ozônio (Tabela 3).
A velocidade de vento correlacionou negativamente com os poluentes aéreos na estação do
Ibirapuera, CO ppm (r²= -0.872889), NO2 (r²= -0.9105679),O3 (r²= -0.6785), MP10 (r²= 0.903236).
Tabela 2. Correlação das folhas das plantas expostas na estação de Congonhas em relação aos
poluentes apresentados. * Valores significativos.
Folha 3
Folha 4
Folha 5
Folha 6
CO ppm
r²=-0,217
p=0,606
r²-0,0683
p=0,872
r²0,0537
p=0,899
r²=0,259
p=0,536
MP10
r²=0,806*
p=0,0157*
r²= 0,757*
p=0,0297*
r²=0,851*
p=0,00734*
r²=0,659
p=0,0755
NO2 µµ
r²=0,203
p=0,631
r²=0,214
p=0,611
r²=0,373
p=0,362
r²=0,0135
p=0,975
O3 µg/m³
r²=0,589
p=0,124
r²=0,67
p=0,0689
r²=0,794*
p=0,0186*
r²=0,593
p=0,121
µg/m³
Tabela 3. Correlação da folha 6 das plantas expostas na estação do Ibirapuera em relação aos
poluentes apresentados. * Valores significativos.
Folha 3
Folha 4
Folha 5
Folha 6
CO ppm
r²= -0.107
p=0.769
r²= -0.133
p=0.715
r²= -0.240
p= 0.534
r²= -0.8034*
p=0.0295*
MP10
µg/m³
r²= -0.341
p=0.335
r²= -0.160
p= 0.659
r²= -0.208
p=0.592
r²= -0.88606*
p=0.00791*
NO2
µg/m³
r²= -0.341
p=0.334
r²= -0.315
p=0.375
r²= -0.384
p=0.308
r²= -0.8058*
p=0.0287*
O3
µg/m³
r²= -0.0824
p=0.8210
r²= 0.0575
r²= -0.8725*
p=0.0104*
p=0.8747 r²= -0.00722 p=0.98530
Neste estudo, foi observada uma tendência às plantas expostas nos locais com alto
índice de poluição apresentarem uma tendência menor de crescimento de altura de caule,
14
valores menores de índice de área foliar. Em relação às plantas expostas no local com baixa
incidência de poluentes que foi observado uma velocidade maior no desenvolvimento e
crescimento de caule e valores maiores de índice de área foliar. Esses fatos podem ser
explicados pela provável dispersão dos poluentes, e pela planta apresentar sensibilidade
quando expostas a gases. O crescimento das plantas são altamente influenciados pelas
condições climáticas, radiação solar, o que pode ter agido de forma negativa junto aos
poluentes no local de maior incidência de poluição, já que foi visto alterações climáticas
durante a exposição, conforme apresentado no estudo de Santos et al. (2009) e Leite et al.
(2005) em relação ao crescimento do girassol, onde as condições climáticas afetaram o
processo de desenvolvimento e crescimento de plântula.
Alterações nas áreas foliares de plantas submetidas a índices altos de poluição
principalmente o material particulado aparece como um dos fatores que influenciaram a
redução da área foliar também visto neste estudo são mencionados nos trabalhos de Alves et
al. 2008 apud. Sharma & Tyree (1973) onde compararam as dimensões de folhas de várias
populações de Liquidambar styraciflua L., e verificaram a diminuição no comprimento das
folhas de indivíduos crescendo em local próximo a usina termoelétrica movida a carvão,
portanto, local com elevados índices de poluentes primários, especialmente material
particulado.
15
5. CONCLUSÃO
Evidenciou-se que as plantas de Ipomoea nil apresentaram alterações no parâmetro de
crescimento em função das condições ambientais de poluição. As plantas expostas na estação
do Ibirapuera apresentaram maior tendência de crescimento dos órgãos aéreos devido a uma
provável dispersão dos contaminantes aéreos, alem do que a estação de Congonhas
apresentou maiores índices de ozônio troposférico medido. Para maior segurança sobre a
vulnerabilidade de Ipomoea nil frente aos poluentes atmosféricos, principalmente ozônio,
sugere-se estudos com padrões de crescimento em condições controladas.
Vale considerar que a utilização desses resultados pode servir como uma importante
ferramenta para programas de biomonitoramento da qualidade do ar ou até mesmo como
informação básica para políticas públicas ambientais e programas de cultivos vegetais nos
arredores da cidade de São Paulo, o trabalho ornamental feito com essa planta é importante
economicamente.
6. AGRADECIMENTOS
À Uninove por possibilitar esta formação;
Ao Prof° Msc. Maurício Lamano Ferreira pela orientação deste trabalho;
Agradeço aos meus pais, Adriano, Supervisoras do Programa Jovens Acolhedores e ao grupo
de Iniciação Científica, pela realização dos transplantes, coletas de dados, apoio e incentivo.
16
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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