LUCÍOLA FÁTIMA MÜLLER DE SOUZA ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE MEDIDAS DE CRESCIMENTO E POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM PLANTAS DE Ipomoea nil (L.) ROTH CV. SCARLET O’HARA (Convolvulaceae) NA CIDADE DE SÃO PAULO. Orientador: Prof. Msc. Maurício Lamano Ferreira Orientador: Prof. Msc. Hilton Lourenço Ozório Filho SÃO PAULO 2009 3 RESUMO A poluição atmosférica vem prejudicando a qualidade do ar nos centros urbanos e tem causado sérios problemas à condição de vida das pessoas, das plantas e dos animais que vivem nas cidades e arredores. Elevadas concentrações de poluentes advindos de atividades industriais e do processo de descarga da combustão de veículos automotores são algumas das causas da baixa qualidade do ar. Esse trabalho teve como objetivo principal determinar os efeitos da poluição atmosférica em plantas de Ipomoea nil (L.) Roth cv. Scarlet O’Hara (Convolvulaceae), através da avaliação do parâmetro de crescimento desse vegetal. As plantas jovens de Ipomoea foram expostas em diferentes pontos da cidade de São Paulo, ao lado das estações de monitoramento da qualidade do ar da CETESB (Congonhas e Ibirapuera) num período de 70 dias, onde as mesmas estiveram totalmente vulneráveis a ação de diversos poluentes atmosféricos. Foi realizada a exposição entre as estações de inverno à primavera. Neste trabalho foram analisadas as medidas de crescimento das folhas e caule das plantas, afetados pelo grau de poluição. Foram realizadas analises de correlação de Pearson. Foram realizadas também curvas de regressões a fim de se estabelecer o perfil de crescimento dos órgãos aéreos. Resultou neste estudo, uma tendência onde as plantas expostas na estação de Congonhas apresentaram maior crescimento de área foliar, e menor crescimento de caule em relação às plantas expostas na estação do Ibirapuera. Essa diferente tendência em crescimento das folhas pode ser explicada por uma provável dispersão dos poluentes. Para maior segurança sobre a vulnerabilidade de Ipomoea nil frente aos poluentes atmosféricos, principalmente ozônio, sugere-se estudos com padrões de crescimento em condições controladas Palavra-chave: Ipomoea nil, poluição atmosférica, crescimento, área foliar. 4 ABSTRACT Some Pollutants is affecting the air quality in urban areas and has caused serious problems for the living conditions of people, plants and animals that live in cities and surrounding areas. High concentrations of theses pollutants coming from industrial activities and the vehicles fleet are some of the causes of the poor air quality. This study aimed to determine the main effects of air pollution on plants of Ipomoea nil (L.) Roth cv. Scarlet O'Hara (Convolvulaceae), by assessing the growth parameter of the plants. The seedlings of Ipomoea were exposed in different parts of the city of São Paulo, beside the monitoring stations of air quality of CETESB (Congonhas and Ibirapuera) over a period of 70 days, where they were completely vulnerable to the action of different pollutants. Exposure was performed between winter to spring. Analyzes were performed Pearson correlation. Were also carried out regression curves in order to establish the profile of growth of aerial organs. It resulted in this study, a trend where the plants are exposed at Congonhas station had more growth of leaf and stem growth lower than the plants exposed at the station do Ibirapuera. This different trend in growth of leaves can be explained by a likely dispersion of pollutants. For greater certainty about the vulnerability of Ipomoea nil front of pollutants, particularly ozone, it is suggested that studies patterns of growth under controlled. Keyword: Ipomoea nil, air pollution, growth, leaf area. 5 1. INTRODUÇÃO O aumento da população humana nas grandes metrópoles tem gerado efeitos positivos, como o progresso econômico e tecnológico. Entretanto, esses benefícios provocaram uma série de consequências ambientais desfavoráveis, que resultou na contaminação do ar por uma variedade de poluentes, originados de fontes estacionárias e móveis, principalmente a partir da queima de combustíveis fósseis (Ferreira 2007, Pedroso 2007). A qualidade do ar urbano tem causado sérios problemas às condições de vida das pessoas, das plantas e dos animais que vivem nas cidades e arredores (Cunha 2006). A exposição das plantas a altas concentrações de poluentes atmosféricos pode causar ao longo do tempo danos agudos, com sintomas foliares visíveis. Elevadas concentrações de poluentes advindos de atividades industriais e do processo de descarga da combustão de veículos automotores são algumas das causas da baixa qualidade do ar (Cunha 2006 apud. Freedman 1995). O efeito da poluição aérea pode ser direto ou indireto sobre as plantas e depende de vários fatores, dentre eles a concentração e período de exposição ao contaminante, a eficiência do sistema de defesa antioxidativo do vegetal (Ferreira 2007, Pina & Moraes 2007, Espósito et al. 2009) ou mesmo das condições morfológicas e anatômicas dos órgãos afetados (Pedroso 2007). A principal via de entrada dos poluentes tóxicos nas plantas é a mesma do CO2, que é metabolizado pelo vegetal, através da reação da fotossíntese. Esse fenômeno é de extrema importância, pois representa a entrada de energia na biosfera (Moraes 2000). A fotossíntese é o processo através do qual as plantas transformam a energia luminosa radiante em energia química, onde a reação entre o gás carbônico e a água, produz carboidratos e oxigênio (Ferri 1985). Um efeito marcante dos poluentes aéreos sobre as plantas é justamente a redução da fotossíntese. Ela é causada principalmente pela redução da síntese e da atividade da enzima ribulose bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco). Porém, deve-se considerar que a redução da condutância estomática e danos aos fotossistemas também podem estar envolvidos neste fenômeno (Pell et al. 1994, Sherrif 1978). A fotossíntese é, portanto, fundamental para o desenvolvimento das plantas. O crescimento vegetal resulta da integração de vários processos fisiológicos e bioquímicos, os quais podem ser adversamente afetados pela poluição aérea (Benincasa 1988). Ele sintetiza a história de vida de uma planta, pois compreende todas as suas respostas aos diversos fatores que induziram ao estresse ao longo do tempo. Deste modo, alterações no crescimento são 6 verificadas com freqüência em plantas expostas a poluentes aéreos (Pandey & Agrawal 1994, Bortier et al. 2000). Um dos poluentes que tem preocupado os cientistas pelos efeitos tóxicos e por interferir no processo fotossintético é o ozônio (Ferreira et al. 2006, Pedroso 2007, Espósito et al.2009). Assim como outros poluentes gasosos, o ozônio entra nas plantas pelos estômatos, durante os processos normais de trocas gasosas, sendo a cutícula impermeável a esse gás. No interior da folha o ozônio não se acumula, ele reage com os componentes da parede celular e da membrana plasmática, por ser uma molécula altamente reativa, podendo reagir rapidamente com a água no tecido desses organismos, intensificando assim a formação de espécies ativas de oxigênio (EAO), como radicais superóxidos (O2-), radicais hidroxilas (OH*) e peróxido de hidrogênio (H2O2) que por sua vez podem reagir com células e tecidos vegetais, destruindo-os, ocorrendo redução da área foliar, da biomassa de folhas e raízes e da taxa de crescimento relativo (Oksanen 2001). Os vegetais são, na maioria das vezes, indicadores de poluição por serem sensíveis aos gases poluidores. Plantas expostas em locais com maior índice de poluição aérea podem apresentar redução drástica em parâmetros de crescimento, principalmente na parte aérea. Alguns poluentes podem apresentar consequências mais sérias às plantas, devido à sua toxicidade. Por apresentar diferentes perfis de contaminação aérea, a cidade de São Paulo se apresenta como um mosaico de poluentes atmosféricos, cada pedaço com a sua particularidade e grau de toxicidade. 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de indivíduos de Ipomoea nil (Convolvulaceae), expostos aos poluentes aéreos de diferentes regiões da cidade de São Paulo, para verificar se ocorrem alterações em parâmetros de crescimento na parte aérea das plantas, quando expostas em locais com diferentes perfis de poluição aérea, visando com isso, contribuir para o estabelecimento do grau de suscetibilidade da espécie à poluição. E auxiliar no cultivo agrícola. 7 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Área de Estudo e Qualidade do Ar A cidade de São Paulo está localizada a cerca de 770 metros sobre o nível do mar, nas coordenadas 23º 30`S e 46º 40`W, região sudeste do Brasil. Nessa cidade o clima é caracterizado por apresentar inverno seco, durante os meses de junho a agosto. O local de exposição das plantas foi estabelecido de acordo com a distribuição da concentração dos principais poluentes aéreos. Algumas áreas apresentam maiores concentrações de poluentes do que outras devido à sua proximidade das fontes de emissões ou até mesmo de áreas verdes, local onde geralmente ocorre acúmulo de ozônio. Outro fator decisivo na escolha dos locais foi à presença de uma estação de monitoramento da CETESB, para que os dados biológicos medidos possam ser correlacionados com os dados físicos e de poluição, tais como temperatura, radiação e concentração de poluentes. A CETESB disponibilizou em sua página da internet os dados horários sobre poluição e algumas condições climáticas. Em relação aos poluentes a estação do IBIRAPUERA monitora material particulado (MP10), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). Dentre as variáveis climáticas ocorre a medição de velocidade de vento, pressão atmosférica e radiação. Alguns poluentes excedem os níveis de atenção na estação de monitoramento do parque, dentre eles o ozônio. A estação de monitoramento da CETESB localizada em congonhas mede como parâmetros de poluição o material particulado (MP10), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). A principal variável climática medida nessa estação é a radiação. 3.2. Cultivo e Exposição das Plantas Para execução deste projeto sementes de plantas de Ipomoea nil foram adquiridas de um mesmo fornecedor e de um mesmo lote. Estas foram germinadas em caixa de papelão até o desenvolvimento das folhas cotiledonares. As plantas foram então transplantadas para vasos plásticos com a mesma mistura de substrato utilizada na germinação das sementes. Essas plantas tiveram a irrigação adequada garantida por capilaridade, por intermédio de cordões de náilon inseridos na base dos vasos e em água de torneira contida na caixa plástica cobertas com tela de arame galvanizado, seguindo parcialmente o modelo proposto para Nicotiana tabacum por VDI (2003). 8 O substrato utilizado para a germinação foi composto por uma mistura de produto comercial produzido a base de casca de Pinus (Plantimax-Eucatex) e de vermiculita fina, na proporção de 3:1, respectivamente. A partir da 4ª semana após o transplante todas as plantas receberam semanalmente 100ml de solução nutritiva ‘hoagland’ descrita em Ferreira (2007) apud. Epstein (1975). Foram assim expostas concomitantemente nos dois locais pré-estabelecidos próximos às estações de monitoramento da CETESB. Foi realizada uma campanha experimental, com duração de 70 dias, durante as estações de inverno e primavera. Iniciou-se o experimento com 40 plantas produzidas conforme descrição acima, sendo 20 plantas distribuídas em cada local escolhido. Somente 35 plantas permaneceram até o final do experimento 3.3. Medidas de Crescimento Foram realizadas medidas iniciais de altura, desde o colo até a gema apical, diâmetro do caule à altura do solo, largura e comprimento das folhas para futuro cálculo de índice de área foliar. Semanalmente foram feitas as coletas de dados com régua o índice de área foliar, fita métrica a altura do caule e paquímetro para diâmetro do caule. 3.4. Análises Estatísticas Foram realizadas analises de correlação de Pearson. Foram realizadas também curvas de regressões a fim de se estabelecer o perfil de crescimento dos órgãos aéreos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Medidas de Crescimento e Descrição dos Ambientes Durante a primeira semana de experimento realizado o clima foi típico para a estação de inverno, com baixa umidade relativa do ar. Porém, a partir da terceira semana o clima ficou mais chuvoso. As semanas seguintes foram caracterizadas por altos índices de pluviosidade e baixa radiação solar. A estação de Congonhas obteve concentrações médias de O3 maiores do que a da estação de Ibirapuera, o que caracteriza um potencial risco à vegetação que se encontra neste local. Porém NO2 e material particulado MP10 apresentaram maiores índices na estação do Ibirapuera conforme Tabela 1. Um fator de grande importância para o desenvolvimento das plantas é a radiação solar, que por motivos técnicos só foi medida na 9 estação do Ibirapuera e apresentou uma média relativamente alta de acordo com os outros anos. (CETESB 2008). Tabela 1. Concentração média dos poluentes medidos nas estações de Congonhas e Ibirapuera. CO ppm MP10 µg/m³ NO2 µg/m³ O3 µg/m³ Radiação W/s² Ibirapuera 0,92 29,64 45,53 66,54 136,87 Congonhas 10,34 1,35 38,59 74,95 # # Dados não mostrados Para o diâmetro do caule das plantas expostas nos dois locais de estudo não houve uma variação no perfil de crescimento muito grande ao longo dos dias, onde notou-se uma tendência de baixo crescimento no início e uma consequente estabilização nesse parâmetro avaliado. Uma possível explicação para tal fenômeno pode ser pelo fato dela ser uma planta de hábito herbáceo e não apresentar crescimento secundário, o que limita o desenvolvimento em espessura do vegetal. (Figura 1 A). Porém, para as medições em altura do caule observou-se até a sexta semana de experimento um maior crescimento médio para as plantas expostas na estação Ibirapuera (Figura 1 B). Traçando uma curva de regressão entre as variáveis tempo e altura do caule, o órgão apresentou uma tendência de crescimento exponencial para os dois tratamentos (Ibirapuera r²=0, 8029 e Congonhas r²=0, 9523). Esse perfil de crescimento é relativamente esperado, uma vez que o meristema apical apresenta alta taxa de desenvolvimento em espécies trepadeiras, na qual há sempre uma grande produção de parênquima, o que garante flexibilidade para a planta, que se enrola em suportes em busca de maior luminosidade (Raven 2001). Uma possível explicação para o maior desenvolvimento das plantas expostas no Ibirapuera seria em função de uma menor concentração de ozônio troposférico, o que implicaria a essas plantas uma condição mais favorável para o desenvolvimento, uma vez que este gás apresenta alta toxicidade (Moraes 2006). Assim como foi apresentado na Tabela 1 houve altos índices de NO2 na estação de Congonhas, o que pode ter influenciado negativamente o crescimentos das plantas, segundo 10 Legge & Krupa (2003), óxidos de nitrogênio, quando presentes na atmosfera em concentrações baixas podem ser utilizados como nutrientes e promover o crescimento vegetal. Contudo, quando a entrada destes compostos excede um determinado limiar, esse efeito benéfico é anulado conseqüentemente ocorrendo danos às plantas expostas. a) b) Figura 1. Perfil de crescimento do caule de plantas de Ipomoea nil expostas na estação Congonhas e Ibirapuera. a) Diâmetro médio do caule das plantas b) Altura média do caule das plantas. Em média os índices de área foliar das terceiras folhas das plantas expostas tanto em Congonhas quanto no Ibirapuera mostraram crescimentos diferenciados ao longo do tempo. As plantas expostas em Congonhas apresentaram uma maior tendência em crescimento a partir da terceira semana até o fim do experimento. Ao se traçar uma curva de regressão entre as variáveis tempo e índice de área foliar para as medidas das folhas três expostas em Congonhas observou-se esse órgão apresentou uma tendência de crescimento logaritimo (r²=0,9744), enquanto na estação do Ibirapuera as folhas apresentaram uma tendência de crescimento linear (r²=0,7463), ou seja, uma maior velocidade de crescimento na exposição de Congonhas. Já para as folhas quatro e cinco expostas no Ibirapuera foi observada uma tendência linear de crescimento para esses órgãos (r²=0,6819 e r²=0,9721, respectivamente), fato que se repetiu para as plantas na estação Congonhas (r²=0,9058 e r²= 0,8309, respectivamente). O perfil de crescimento das quartas folhas crescidas na estação de Congonhas foi menor do que o das folhas crescidas no Ibirapuera. Essa tendência ocorreu durante todo o experimento. 11 Semelhante a esse padrão de desenvolvimento, as quintas folhas desenvolvidas na estação de Congonhas também apresentaram uma menor taxa de crescimento, exceto na segunda semana de vida das folhas, quando essa quinta folha apresentou uma tendência maior em crescimento (Figura 2 B e C). Para a sexta folha foi observado um padrão de desenvolvimento semelhante ao da quinta folha, para ambas as estações, apresentando assim uma tendência linear de crescimento para as plantas expostas em ambas as estações (r²=0,86 e r²=0,93, respectivamente). Vale ressaltar que para as quintas e sextas folhas as plantas expostas na estação do Ibirapuera mostraram um desenvolvimento antecipado desses órgãos (Figura 2 C). De uma forma geral, as plantas expostas na estação Ibirapuera apresentaram uma maior tendência em crescimento das folhas quatro, cinco e seis. A folha três foi a única que não seguiu esse padrão. Este fato também pode ser explicado pelos menores índices de ozônio encontrados na estação Ibirapuera. Através de dados de correlações foi observado que a velocidade de vento apresentou relação negativa com o ozônio (valor da correlação r2= -0.6785), o que pode, em partes, explicar um maior transporte dos poluentes para fora da estação. De acordo com a Tabela 1 o material particulado não influenciou no desenvolvimento das folhas, uma vez que a estação do Ibirapuera apresentou altos índices quando comparados à estação Congonhas. A diminuição do tamanho das folhas em plantas submetidas a poluentes aéreos pode interferir na taxa de produção desse órgão. Na literatura alguns autores relacionam o aumento na produção de novas folhas à taxa de senescência e atribuem isso como um mecanismo compensatório (Woodbury et al. 1994, Pell et al. 1994, Bortier et al. 2000, Oksanen 2001). Segundo Ferreira (2007) o ozônio interfere significativamente na produção de defesas antioxidativas de plantas de Ipomoea nil, o que evidencia um certo grau de sensibilidade da planta. Pina e Moraes (2007) mostraram a influência do ozônio na manifestação de antocianina em plantas de Psidium guajava, o que estabelece a planta uma situação de estresse quando expostas ao ozônio. Moraes et al. (2000) também observaram variações em crescimento em plantas de Tibouchina pulchra expostas a altos índices deste gás. Em plantas mais resistentes, os danos foliares, como cloroses e necroses demoram mais a serem observados e sua intensidade geralmente é menor, em comparação com o que ocorre em plantas sensíveis. Assim, plantas supostamente sensíveis ao ozônio podem apresentar maior grau de sensibilidade para o desenvolvimento. 12 a) b) IAF 3 IAF 4 25,00 cm² cm² 5,00 25,00 5,00 1,00 1,00 1 2 3 4 5 6 7 1 8 2 4 5 6 7 8 Dias de Amostragem Dias de Amostragem Ibirapuera 3 Congonhas Ibirapuera c) Congonhas d) IAF 6 IAF 5 25,00 25,00 cm² 5,00 1,00 cm² 1 2 3 4 5 6 7 8 Dias de Amostragem 5,00 1,00 1 2 3 4 5 6 7 Dias de Amostragem Ibirapuera Congonhas Ibirapuera Congonhas Figura 2. Perfil de crescimento das folhas de plantas de Ipomoea nil expostas na estação Congonhas e Ibirapuera. a) IAF das terceiras folhas b) IAF das quartas folhas c) IAF quintas folhas d) IAF sextas folhas. Com a finalidade de correlacionar o desenvolvimento de plantas de Ipomoea nil com fatores ambientais foi feita a correlação de Pearson. Para as plantas expostas na estação de Congonhas foi observada nas folhas três, quatro e cinco uma correlação significativa com os valores de material particulado. A quinta folha apresentou uma correlação positiva com ozônio. As folhas não apresentaram nenhuma correlação com monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio. Porém esses gases podem juntamente com o ozônio e o material particulado ter afetado o desenvolvimento da área foliar das plantas expostas na estação de Congonhas. (Tabela 2). 13 8 Para as plantas expostas na estação do Ibirapuera foi observada uma correlação negativa significativa da folha seis com os valores de material particulado, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e ozônio (Tabela 3). A velocidade de vento correlacionou negativamente com os poluentes aéreos na estação do Ibirapuera, CO ppm (r²= -0.872889), NO2 (r²= -0.9105679),O3 (r²= -0.6785), MP10 (r²= 0.903236). Tabela 2. Correlação das folhas das plantas expostas na estação de Congonhas em relação aos poluentes apresentados. * Valores significativos. Folha 3 Folha 4 Folha 5 Folha 6 CO ppm r²=-0,217 p=0,606 r²-0,0683 p=0,872 r²0,0537 p=0,899 r²=0,259 p=0,536 MP10 r²=0,806* p=0,0157* r²= 0,757* p=0,0297* r²=0,851* p=0,00734* r²=0,659 p=0,0755 NO2 µµ r²=0,203 p=0,631 r²=0,214 p=0,611 r²=0,373 p=0,362 r²=0,0135 p=0,975 O3 µg/m³ r²=0,589 p=0,124 r²=0,67 p=0,0689 r²=0,794* p=0,0186* r²=0,593 p=0,121 µg/m³ Tabela 3. Correlação da folha 6 das plantas expostas na estação do Ibirapuera em relação aos poluentes apresentados. * Valores significativos. Folha 3 Folha 4 Folha 5 Folha 6 CO ppm r²= -0.107 p=0.769 r²= -0.133 p=0.715 r²= -0.240 p= 0.534 r²= -0.8034* p=0.0295* MP10 µg/m³ r²= -0.341 p=0.335 r²= -0.160 p= 0.659 r²= -0.208 p=0.592 r²= -0.88606* p=0.00791* NO2 µg/m³ r²= -0.341 p=0.334 r²= -0.315 p=0.375 r²= -0.384 p=0.308 r²= -0.8058* p=0.0287* O3 µg/m³ r²= -0.0824 p=0.8210 r²= 0.0575 r²= -0.8725* p=0.0104* p=0.8747 r²= -0.00722 p=0.98530 Neste estudo, foi observada uma tendência às plantas expostas nos locais com alto índice de poluição apresentarem uma tendência menor de crescimento de altura de caule, 14 valores menores de índice de área foliar. Em relação às plantas expostas no local com baixa incidência de poluentes que foi observado uma velocidade maior no desenvolvimento e crescimento de caule e valores maiores de índice de área foliar. Esses fatos podem ser explicados pela provável dispersão dos poluentes, e pela planta apresentar sensibilidade quando expostas a gases. O crescimento das plantas são altamente influenciados pelas condições climáticas, radiação solar, o que pode ter agido de forma negativa junto aos poluentes no local de maior incidência de poluição, já que foi visto alterações climáticas durante a exposição, conforme apresentado no estudo de Santos et al. (2009) e Leite et al. (2005) em relação ao crescimento do girassol, onde as condições climáticas afetaram o processo de desenvolvimento e crescimento de plântula. Alterações nas áreas foliares de plantas submetidas a índices altos de poluição principalmente o material particulado aparece como um dos fatores que influenciaram a redução da área foliar também visto neste estudo são mencionados nos trabalhos de Alves et al. 2008 apud. Sharma & Tyree (1973) onde compararam as dimensões de folhas de várias populações de Liquidambar styraciflua L., e verificaram a diminuição no comprimento das folhas de indivíduos crescendo em local próximo a usina termoelétrica movida a carvão, portanto, local com elevados índices de poluentes primários, especialmente material particulado. 15 5. CONCLUSÃO Evidenciou-se que as plantas de Ipomoea nil apresentaram alterações no parâmetro de crescimento em função das condições ambientais de poluição. As plantas expostas na estação do Ibirapuera apresentaram maior tendência de crescimento dos órgãos aéreos devido a uma provável dispersão dos contaminantes aéreos, alem do que a estação de Congonhas apresentou maiores índices de ozônio troposférico medido. Para maior segurança sobre a vulnerabilidade de Ipomoea nil frente aos poluentes atmosféricos, principalmente ozônio, sugere-se estudos com padrões de crescimento em condições controladas. Vale considerar que a utilização desses resultados pode servir como uma importante ferramenta para programas de biomonitoramento da qualidade do ar ou até mesmo como informação básica para políticas públicas ambientais e programas de cultivos vegetais nos arredores da cidade de São Paulo, o trabalho ornamental feito com essa planta é importante economicamente. 6. AGRADECIMENTOS À Uninove por possibilitar esta formação; Ao Prof° Msc. Maurício Lamano Ferreira pela orientação deste trabalho; Agradeço aos meus pais, Adriano, Supervisoras do Programa Jovens Acolhedores e ao grupo de Iniciação Científica, pela realização dos transplantes, coletas de dados, apoio e incentivo. 16 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, E.S., TRESMONDI, F. LONGUI, E. L. Análise estrutural de folhas de Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) coletadas em ambientes rural e urbano, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Vol. 22, No 1. 2008 BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FUNEP, p 42 1988. 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