UNIJUR- UNIÃO JURÍDICA MATERIAL DE EXERCÍCIOS

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UNIJUR- UNIÃO JURÍDICA
MATERIAL DE EXERCÍCIOS- CESPE
PROF- ALINE RIZZI
GRAMÁTICA
[email protected]
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** STM/2004 **
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TEXTO I
Estudos e o senso comum mostram que a carga genética exerce forte influência nas características
pessoais às quais damos o nome de talento. Traços de personalidade,
4 como temperamento afável ou agressivo, senso de organização e facilidade para lidar com questões
abstratas — só para citar alguns — vêm, por assim dizer, impressos no
7 DNA de cada um. Não por acaso, seis ganhadores do Prêmio Nobel são filhos de ganhadores do Prêmio
Nobel. Músicos e especialmente pintores transferem parte dos dons para os
10 filhos. É um erro, porém, tomar a herança genética como destino — tanto para o bem quanto para o
mal. O talento embutido no código genético de cada indivíduo não emerge
13 exceto em condições favoráveis. Isso ocorre porque o talento genético é um
componente da personalidade individual — mas não o único
16 e, nem sempre, o maior. Ou seja, resta sempre um enorme espaço para que o talento seja desenvolvido
por circunstâncias externas — uma educação escolar de 19 qualidade, por exemplo.
Veja, 30/6/2004, p. 98 (com adaptações).
Julgue os seguintes itens, a respeito das idéias e das estruturas
lingüísticas do texto acima.
1 A flexão de plural em ―mostram‖ (_.1) deve-se à com o sujeito composto por dois termos; se qualquer
um desses termos fosse retirado, o verbo deveria ir para o singular para que as regras de concordância da
norma culta fossem respeitadas.
2 Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual ao se substituir a preposição em, que rege
―características pessoais‖ (_.2), pela preposição sobre; mas, nesse caso, desfaz-se a contração e o artigo
deverá ser escrito separadamente.
3 Por retomar ―características pessoais‖ (_.2), a expressão ―às quais‖ (_.3) admite, textualmente, ser
substituída por à que,a correção gramatical e a coerência textual.
4 Por estar subentendida a conjunção que introduzindo a oração subordinada iniciada por ―seis
ganhadores‖ (_.7), sua inserção preservaria a correção sintática do período, além de
tornar o texto mais claro e objetivo.
5 No desenvolvimento das idéias do texto, a oração iniciada por ―O talento‖ (_.11) constitui uma
explicação para o período anterior; por isso, seria correto iniciá-la por uma conjunção explicativa como
pois — com vírgula ou ponto final separando as orações — desde que fossem feitos os necessários ajustes
nas letras maiúsculas e minúsculas.
6 O pronome ―Isso‖ (_.14) tem a função textual de articular as idéias do primeiro parágrafo com as do
segundo, retomando especificamente o trecho que, nas linhas 7 e 8, se refere à
herança genética dos ganhadores de Prêmio Nobel, pois esse exemplo resume as idéias do parágrafo.
7 De acordo com o desenvolvimento da textualidade, a inserção da preposição por antes de ―uma
educação‖ (_.18) preservaria a correção gramatical e reforçaria a idéia de desenvolvimento do talento.
8 Depreende-se da argumentação do texto que um talento bem sucedido tem, pelo menos, dois
ingredientes: predisposição genética e condições externas favoráveis — inclusive uma
educação escolar de qualidade.
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TEXTO II
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1 Na Grécia antiga, a arrogância (Hybris) era o maior de todos os pecados, aquele que não tinha remissão.
Os deuses não o perdoavam porque, para eles, escondia o mais
1
4 nefasto dos desejos: o de se igualar aos próprios deuses. Para os gregos, era impensável a confusão de
identidade entre o ser humano e os deuses. O homem era uma simples criatura
7 escrava de uma força maior chamada Destino, uma criatura mortal, falível, cheia de contradições. Uma
das funções dos deuses gregos — e dos deuses de qualquer outro panteão — 10 é a manutenção do
equilíbrio de forças todas as vezes que ele for rompido.
Por contrariar a ordem natural das coisas, a Hybris 13 constitui um fator maior de desequilíbrio. Quando
ela se desencadeia, sua ação põe em movimento uma reação igual e contrária denominada Nêmesis
(princípio divino que pune 16 o excesso de arrogância). Essa equação, moeda corrente no cotidiano dos
gregos, era aplicada em todas as áreas da atividade humana naquela sociedade, e era em grande parte
19 responsável pelo equilíbrio e pela harmonia, não apenas no sistema social, mas também da vida
pessoal de cada indivíduo. Em outras palavras, os gregos sabiam que, em 22 qualquer situação, ir além
dos limites representava o risco certo de ser punido por Nêmesis.
Planeta, jan./2004, p. 19-20 (com adaptações).
A respeito das idéias e das estruturas lingüísticas do texto acima,
julgue os itens subseqüentes.
9 A forma verbal de terceira pessoa do singular ―escondia‖ (_.3) remete à idéia representada pelo
pronome ―o‖, antes de ―perdoavam‖ (_.3), que, por sua vez, remete ao pronome ―aquele‖ (_.2), que
remete a ―o maior de todos os pecados‖ (_.1-2), em uma cadeia de elementos de coesão textual.
10 Por introduzir uma explicação, o sinal de dois-pontos à linha 4 admite a substituição pelo sinal de
vírgula seguido de uma oração subordinada iniciada por que era.
11 Seriam preservadas a correção gramatical e as relações de sentido do texto, resultando em um
parágrafo mais direto e objetivo, se a expressão verbal ―Por contrariar‖ (_.12) fosse
substituída pela expressão nominal Ao contrário.
12 Depreende-se das idéias do texto que a relação entre Hybris e Nêmesis era tão comum, tão cotidiana,
na cultura grega antiga que figurava até nas moedas de dinheiro corrente naquela sociedade.
13 Preservam-se a coerência textual e a relação semântica entre sujeito e agente da passiva, alterando-se a
construção de voz passiva ―ser punido por Nêmesis‖ (_.23) por sua equivalente na voz ativa: Nêmesis o
punir.
14 A tese central do texto trata do eterno conflito da mitologia grega — representado por Hybris e
Nêmesis —, que são, respectivamente, os princípios divinos contrariando os princípios humanos.
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TEXTO III
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1 Sucesso não é o objetivo final da vida: na verdade, é apenas o começo. Se a partir daí a trajetória
pessoal não for muito bem gerenciada, o sucesso pode virar fracasso. 4 O sucesso cria situações novas
com as quais as pessoas nem sempre estão preparadas para lidar. Alimenta ciúmes, inveja,
ressentimentos. É preciso ter muito cuidado 7 com ele. O que é preciso fazer para gerenciar bem o
sucesso:
10 mesmo;
no futuro;
13
r-se de gente independente e de confiança, que tenha a coragem de dizer verdades, por mais
dolorosas
16 que sejam, e relatar os fatos sem distorções;
sucesso; estar sempre em
contato com clientes, fornecedores, comunidade,
19 público, amigos, família, colaboradores.
Ícaro Brasil, ago./2004, p. 28 (com adaptações).
Julgue os seguintes itens, a respeito da organização das idéias no
texto acima.
15 Do ponto de vista da construção textual, as expressões ―objetivo final‖ (_.1) e ―começo‖ (_.2)
representam duas possibilidades de significado para sucesso.
16 Textualmente, o advérbio ―daí‖ (_.2) estabelece uma referência temporal para a obtenção do sucesso.
2
17 De acordo com a argumentação do texto, a idéia expressa pelo verbo ―lidar‖ (_.5) corresponde a
enfrentar; por isso sua substituição por este último preservaria a coerência e a correção gramatical do
texto.
18 Subentende-se das características de sucesso mostradas no texto que é ―preciso ter muito cuidado com
ele‖ (_.6-7) porque, além de ser resultado de esforço permanente, o sucesso atrai sucesso e o indivíduo
bem-sucedido deve-se cercar sempre de outras pessoas de sucesso.
19 O desenvolvimento das idéias e das estruturas lingüísticas do texto admite que a noção de hipótese
expressa pelo modo verbal de ―tenha‖ (_.15) seja substituída por uma forma assertiva, declarativa, de
indicativo tem.
1E- 2C- 3E- 4E- 5+- 6E- 7C- 8C- 9C- 10C- 11E- 12E- 13E-14E -15C- 16C- 17E- 18E -19C
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ABIN – ANALISTA 2010
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Texto para os itens de 1 a 11
Nas últimas décadas, o aumento dos índices de criminalidade e a atuação de organizações
criminosas transnacionais colocaram a segurança pública entre as 4 principais preocupações da
sociedade e do Estado brasileiros.
A delinquência e a violência criminal afetam, em maior ou menor grau, toda a população,
provocando apreensão e medo 7 na sociedade, e despertando o sentimento de descrença em
relação às instituições estatais responsáveis pela manutenção da paz social.
10 No projeto Segurança Pública para o Brasil, da Secretaria Nacional de Segurança Pública,
aponta-se como principal causa do aumento da criminalidade o tráfico de 13 drogas e de armas.
A articulação entre esses dois ilícitos potencializa e diversifica as atividades criminosas.
Homicídios dolosos, roubos, furtos, sequestros e latrocínios estão, 16 frequentemente,
associados ao consumo e venda de drogas e à utilização de armas ilegais. Mundialmente, o
tripé integrado por narcotraficantes, 19 terroristas e contrabandistas de armas atua em conjunto
ou de forma complementar, constituindo uma grave ameaça à sociedade e aos Estados
nacionais. A globalização favoreceu 22 a expansão geográfica dos crimes transnacionais, cujos
agentes utilizam as facilidades comerciais, as comunicações e os múltiplos meios de
transportes para encobrir suas atividades 25 ilícitas.
Em razão da complexidade, da amplitude e do poderio das redes criminosas transnacionais, a
solução para a 28 criminalidade depende de decisões político-econômico-sociais e,
concomitantemente, de ações preventivas e repressivas de órgãos estatais. Nesse contexto, as
operações de inteligência 31 são instrumentos legais de que dispõe o Estado na busca pela
manutenção e proteção de dados sigilosos.
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), órgão 34 central do Sistema Brasileiro de
Inteligência (SISBIN), deve assumir a missão de centralizar, processar e distribuir dados e
informações estratégicas para municiar os órgãos policiais 37 (federais, estaduais e municipais)
nas ações de combate ao crime organizado. Além disso, a ABIN é responsável por manter
contato com os serviços de inteligência parceiros, para 40 favorecer a troca de informações e a
cooperação multilateral.
1
Cristina Célia Fonseca Rodrigues. A atividade operacional em benefício da segurança
pública: o combate ao crime organizado. In: Revista Brasileira de Inteligência.
Brasília: ABIN, n.o 5, out./2009. Internet: <www.abin.gov.br> (com adaptações).
Com relação às ideias do texto, julgue os itens seguintes.
Considerando-se que as operações de inteligência são instrumentos legais disponíveis ao
Estado, é correto inferir que os serviços de inteligência prescindem das formalidades legais
para a obtenção de dados sigilosos.
2 O argumento de que a criminalidade é intensificada pela associação do narcotráfico com o
contrabando de armas reforça a ideia central do texto, que pode ser expressa nos seguintes
termos: os serviços de inteligência são imprescindíveis para a redução da criminalidade no
mundo.
3 De acordo com o texto, o processo de globalização é o principal responsável pelo aumento
dos índices de criminalidade no Brasil.
1
3
Infere-se do texto que as autoridades do Estado devem valer-se dos serviços de inteligência
para combater o crime organizado.
5 Depreende-se da leitura do texto que uma das razões para o descrédito das instituições
responsáveis pela segurança pública é a corrupção existente entre seus membros.
6 Das informações do texto conclui-se que o intercâmbio de dados e informações entre
agências de inteligência coíbe a expansão de redes criminosas.
4
Com referência às estruturas linguísticas empregadas no texto,
julgue os itens subsequentes.
A substituição da expressão ―ao crime organizado‖ (R.37-38) por à criminalidade alteraria o
sentido original do texto, mas não prejudicaria a correção gramatical do período.
8 Estaria gramaticalmente correto o emprego da preposição a antes de ―toda a população‖ (R.6)
— a toda a população — visto que a forma verbal ―afetam‖ (R.5) apresenta dupla regência.
9 A supressão das vírgulas que isolam a expressão ―da Secretaria Nacional de Segurança
Pública‖ (R.10-11) alteraria o sentido do texto, visto que estaria subentendida a existência de,
pelo menos, mais um projeto denominado Segurança Pública para o Brasil.
10 Na linha 31, a preposição ―de‖ empregada antes de ―que‖ é exigência sintática da forma
verbal ―dispõe‖; portanto, sua retirada implicaria prejuízo à correção gramatical do período.
11 A substituição do termo ―estratégicas‖ (R.36) por estratégicos não causaria prejuízo à correção
gramatical nem ao sentido do texto.
7
UnB/CESPE – ABIN
Cargo 1: Oficial Técnico de Inteligência – Área de Administração – 2 –
Os itens a seguir são excertos adaptados do texto A atividade operacional em benefício da
segurança pública: o combate ao crime organizado (op. cit.). Julgue-os no que se refere à
correção gramatical e à coerência das ideias.
A globalização do crime e as perspectivas de crescimento das organizações criminosas
transnacionais com ampliação de redes de atuação e constantes inovações no modo de ação
exige dos Estados nacionais atividades coordenadas a nível de segurança pública.
13 Para combater, eficientemente, as diversas modalidades de crimes transnacionais é preciso
penetrar na hierarquia compartimentalizada das organizações criminosas para conhecer seus
objetivos e ligações e antecipar suas ações.
14 Os crimes transnacionais proliferam à velocidade altíssima, por conseguinte, beneficiam-se
do avanço das telecomunicações, razão porque a inteligência torna-se essencial para o
combate dos mesmos.
15 Os dados e as informações reunidas pelas operações de inteligência possibilitam a
identificação e a compreensão das características, da estrutura, das formas de financiamento e
do modo de operação das organizações criminosas e de seus componentes.
12
GAB. PRELIMINAR
1E- 2E- 3E- 4C- 5E- 6E-7C- 8E-9C-10C- 11C- 12E- 13E- 14E-15C
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ABIN – TÉCNICO- 2010
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Texto para os itens de 1 a 9
Para Calvino, a rapidez a ser valorizada em nosso tempo não poderia ser exclusivamente
aquele tipo de velocidade inspirada por Mercúrio, o deus de pés alados, leve 4 e desenvolto. Por
meio de Mercúrio se estabelecem as relações entre os deuses e os homens, entre leis
universais e casos particulares, entre a natureza e as formas de cultura. Hoje, 7 escreve
Calvino, a velocidade de Mercúrio precisaria ser complementada pela persistência flexível de
Vulcano, um ―deus que não vagueia no espaço, mas que se entoca no 10 fundo das crateras,
fechado em sua forja, onde fabrica interminavelmente objetos de perfeito lavor em todos os
1
4
detalhes — joias e ornamentos para os deuses e deusas, armas, 13 escudos, redes e
armadilhas‖.
Da combinação entre velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge a
noção 16 contemporânea de agilidade, transformada em principal característica de nosso tempo.
Uma agilidade que vem se tornando lugar comum, se não na vida prática das 19 organizações,
pelo menos nos discursos. Empresas, governos, universidades, exércitos e indivíduos querem
ser ágeis. Também os serviços de inteligência querem ser ágeis, uma 22 exigência cada vez
mais decisiva para justificar sua própria existência no mundo de hoje.
Marco A. C. Cepik. Serviços de inteligência: agilidade e transparência
como dilemas de institucionalização. Rio de Janeiro: IUPERJ, 2001. Tese
de doutorado. Internet: <www2.mp.pa.gov.br> (com adaptações).
A partir das ideias apresentadas no texto, julgue os itens a seguir.
De acordo com o autor do texto, a agilidade constitui característica recente dos serviços de
inteligência.
2 Conforme o texto, a rapidez do deus Mercúrio é tão valorizada hoje quanto em tempos
remotos.
3 O autor do texto sustenta que Mercúrio não pode ser o modelo da rapidez que se almeja nos
dias de hoje porquanto ele é o deus mensageiro, que estabelece as relações entre os seres e
os fenômenos do mundo atual.
4 No texto, afirma-se que velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade são
características dos deuses Mercúrio e Vulcano almejadas pelas organizações atuais.
1
Julgue os próximos itens, referentes às estruturas do texto e ao vocabulário nele
empregado.
5A
forma verbal ―surge‖ (R.15) poderia, sem prejuízo gramatical para o texto, ser flexionada no
plural, para concordar com ―velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade‖
(R.14-15).
6 O sentido e a correção do texto seriam mantidos caso o vocábulo senão fosse empregado em
lugar de ―se não‖ (R.18).
7 Se os adjetivos ―leve‖ (R.3) e ―desenvolto‖ (R.4) fossem empregados no plural, seriam
mantidas a correção gramatical e a coerência do texto, mas seu sentido original seria alterado.
8 A substituição de ‗entoca‘ (R.9) por encafua ou por esconde não acarretaria prejuízo ao texto,
quer de ordem sintática, quer semântica.
9 A colocação de vírgula antes e depois do vocábulo ―interminavelmente‖ (R.11) não
prejudicaria a correção gramatical do texto.
Texto para os itens de 10 a 15
Os sistemas de inteligência são uma realidade concreta na máquina governamental
contemporânea, necessários para a manutenção do poder e da capacidade 4 estatal.
Entretanto, representam também uma fonte permanente de risco. Se, por um lado, são úteis
para que o Estado compreenda seu ambiente e seja capaz de avaliar atuais ou 7 potenciais
adversários, podem, por outro, tornar-se ameaçadores e perigosos para os próprios cidadãos
se forem pouco regulados e controlados. 10 Assim, os dilemas inerentes à convivência entre
democracias e serviços de inteligência exigem a criação de mecanismos eficientes de
vigilância e de avaliação desse tipo 13 de atividade pelos cidadãos e(ou) seus representantes.
Tais dilemas decorrem, por exemplo, da tensão entre a necessidade de segredo
governamental e o princípio do acesso público à 16 informação ou, ainda, do fato de não se
poder reduzir a segurança estatal à segurança individual, e vice-versa. Vale lembrar que esses
dilemas se manifestam, com intensidades 19 variadas, também nos países mais ricos e
democráticos do mundo.
1
Marco Cepik e Christiano Ambros. Os serviços de inteligência no Brasil. In: Ciência
Hoje, vol. 45, n.º 265, nov./2009. Internet: <cienciahoje.uol.com.br> (com adaptações).
Julgue os itens que se seguem, relativos às ideias apresentadas no texto.
Os ―dilemas‖ a que o autor do texto se refere no segundo parágrafo existem em razão da
necessidade de que os serviços de inteligência respeitem os direitos individuais e coletivos da
população.
10
5
De acordo com o texto, os sistemas de inteligência, quando suficientemente regulados e
controlados, são instrumentos governamentais que asseguram poder e segurança ao Estado.
11
Com relação à estrutura coesiva, gramatical e vocabular do texto, julgue os itens
seguintes.
O uso do sinal indicativo de crase no trecho ―os dilemas inerentes à convivência‖ (R.10) não
é obrigatório.
13 A substituição da forma verbal ―decorrem‖ (R.14) por advêm manteria a correção gramatical e
o sentido do texto.
14 A retirada da preposição de em ―do fato‖ (R.16) — que passaria a o fato — implicaria prejuízo
à estrutura sintática do texto.
15 Os adjetivos ―úteis‖ (R.5), ―atuais‖ (R.6) e ―perigosos‖ (R.8) caracterizam os ―sistemas de
inteligência‖ (R.1).
12
GAB. PRELIMINAR
1E- 2E- 3E- 4C- 5E- 6E- 7C - 8C - 9C- 10C - 11C- 12E- 13C- 14C- 15E
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*** MPU/ANALISTA- 2010***
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Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a eficiência, a produtividade e a competitividade
nos processos gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja, 4 é o fermento do
crescimento econômico e social de um país.
Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas tradicionais.
Inovador é o 7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em situações com as quais ele se
defronta. É preciso uma atitude de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica
10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para
a maioria das instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de 13 um empreendimento em
uma realidade duradoura e lucrativa. A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços
e também permite avanços importantes para toda a sociedade.
16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está fundamentada no conhecimento. A capacidade
de inovação depende da pesquisa, da geração de conhecimento.
19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entanto, os
resultados desse tipo de investimento não são necessariamente recursos financeiros 22 ou valores
econômicos, podem ser também a qualidade de vida com justiça social.
Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Darcy.
Revista de jornalismo científico e cultural da Universidade de
Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações).
Considerando a organização das ideias e estruturas linguísticas
do texto, julgue os seguintes itens.
01 ( ) Na linha 8, o segmento ―as quais‖ remete a ―situações‖ e, por isso, admite a substituição pelo
pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria ambiguidade.
02 ( ) O período sintático iniciado por ―Inovar significa‖ (R.12) estabelece, com o período anterior,
relação semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte, escrevendo-se: Por
conseguinte, inovar significa (...).
03 ( ) Subentende-se da argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho ―desse tipo de
investimento‖ (R.20-21), refere-se à ideia de ―fermento do crescimento econômico e social de um país‖
(R.4).
04 (
) A forma verbal ―é‖ (R.4) está flexionada no singular porque, na oração em que ocorre,
subentende-se ―Inovar‖ (R.1) como sujeito.
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TEXTO II
1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser
de outros. Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo, 4 seres humanos, somos indivíduos:
6
vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de experiências individuais intransferíveis. Isso
admitimos como algo indubitável. Ser 7 social e ser individual parecem condições contraditórias da
existência. De fato, boa parte da história política, econômica e cultural da humanidade, particularmente
durante os últimos
10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim, distintas teorias políticas e econômicas,
fundadas em diferentes ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa 13 dualidade, seja
reclamando uma subordinação dos interesses individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando
o ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. Além 16 disso, cada uma das ideologias em que se
fundamentam essas teorias políticas e econômicas constitui uma visão dos fenômenos sociais e
individuais que pretende firmar-se em uma 19 descrição verdadeira da natureza biológica, psicológica ou
espiritual do humano.
Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a
ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo
Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações).
A respeito da organização das estruturas linguísticas e das ideias do
texto, julgue os itens a seguir.
05 ( ) Depreende-se do texto que as ―condições contraditórias‖ mencionadas na linha 7 decorrem da
dificuldade que o ser humano tem em admitir que suas experiências são intransferíveis porque surgem de
―um contínuo devir‖ (R.5).
06 ( ) Nas relações de coesão do texto, as expressões ―esse dilema‖ (R.10) e ―dessa dualidade‖ (R.1213) remetem à condição do ser humano: unitário em ―sua experiência cotidiana‖ (R.15), mas imbricado
―com o ser de outros‖ (R.2).
07 (
) Na linha 16, na concordância com ―cada uma das ideologias‖, a flexão de plural em
―fundamentam‖ reforça a ideia de pluralidade de ―ideologias‖; mas estaria gramaticalmente correto e
textualmente coerente enfatizar ―cada uma‖, empregando-se o referido verbo no singular.
08 ( ) A inserção de termo como antes de ―seres humanos‖ (R.4) preservaria a coerência entre os
argumentos bem como a correção gramatical do texto.
09 ( ) Na linha 4, o sinal de dois-pontos tem a função de introduzir uma explicação para as orações
anteriores; por isso, em seu lugar, poderia ser escrito porque, sem prejuízo para a correção gramatical do
texto ou para sua coerência.
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TEXTO III
1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois níveis polares: classe privilegiada e classe não
privilegiada. Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de 4 um corte epistemológico, na
medida em que fica óbvio que classificar por extremos não reflete a complexidade de classesda sociedade
brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um 7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas
preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo das estatísticas quanto, e principalmente, o
mundo do 10 imaginário social. Estudos a respeito de riqueza e pobreza ora dão quitação a classes pela f
rma quantitativa da ordem do ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade 13 capitalista,
ora pela forma de apresentação em vestuário, ora pela violência de quem não tem mais nada a perder e
assim por diante. O imaginário, em sua organização dinâmica e com sua 16 capacidade de produzir
imagens simbólicas e estereótipos, maneja representações que possibilitam pôr ordem no caos.
O imaginário, acionado pela imaginação individual, é 19 pluriespacial e, na interação social, constrói a
memória, a história museológica. Mesmo que possamos pensar que estereótipos são resultado de
matrizes, a cultura é dinâmica, 22 porquanto símbolos e estereótipos são olhados e ressignificados em
determinado instante social.
Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São
Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações).
Com base na organização das ideias e nos aspectos gramaticais do
texto acima, julgue os itens que se seguem.
10 ( ) O uso da forma verbal ―se trata‖ (R.3), no singular, atende às regras de concordância com o termo
―um corte epistemológico‖ (R.4) e seriam mantidas a coerência entre os argumentos e a correção
gramatical do texto se fosse usado o termo no plural, cortes epistemológicos, desde que o verbo fosse
flexionado no plural: se tratam.
7
11 (
) Na linha 4, para se evitar a repetição de ―que‖, seria adequado substituir o trecho ―que
classificar‖ (R.4-5) por ao classificar, preservando-se tanto a coerência textual quanto a correção
gramatical do texto.
12 ( ) Subentende-se da argumentação do texto que ―os picos‖ (R.6) correspondem aos mais salientes
indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —, referidos no texto também como
―extremos‖ (R.5) e ―polos‖ (R.7).
13 ( ) Na linha 11, a ausência de sinal indicativo de crase no segmento ―a classes‖ indica que foi
empregada apenas a preposição a, exigida pelo verbo dar, sem haver emprego do artigo feminino.
14 ( ) Preservam-se as relações argumentativas do texto bem como sua correção gramatical, caso se
inicie o último período por Ainda, em lugar de ―Mesmo‖ (R.20).
15 ( ) De acordo com a argumentação do texto, a diferenciação das classes em ―dois níveis polares‖
(R.1-2), como dois extremos, não atende à complexidade de classes da sociedade brasileira, mas é comum
ao ―mundo das estatísticas‖ (R.8-9) e ao ―mundo do imaginário social‖ (R.9-10).
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TEXTO IV
1 A característica central da modernidade, não seria demais repetir, é a institucionalização do
universalismo — e seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera 4 pública. Com base
nesse pressuposto, argumento que, em nossa sociedade, na esfera pública, duas formas de particularismo
— o das diferenças e o das relações pessoais — se reforçam e se 7 articulam em diversas arenas e
situações, na produção e reprodução de desigualdades sociais e simbólicas.
O particularismo das diferenças produz exclusão social e 10 simbólica, dificultando os sentimentos de
pertencimento e interdependência social, necessários para a efetiva institucionalização do universalismo
na esfera pública.
13 O particularismo das relações pessoais atravessa os novos arranjos institucionais que vêm sendo
propostos como mecanismos de construção de novas formas de sociabilidade e 16 ação coletiva na esfera
pública. Finalmente, considero que, embora a formação de novos sujeitos sociais e políticos e de arenas
de participação da sociedade na formulação e gestão das 19 políticas públicas traga as marcas de nossa
trajetória histórica, constitui, ao mesmo tempo, possibilidade aberta para outra equação entre
universalismo e particularismo na sociedade 22 brasileira.
Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e particularismos na sociedade brasileira. In: Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro, n.º 18 (Suplemento), p. 38 (com adaptações).
Julgue os seguintes itens, a respeito dos sentidos e da organização
do texto acima.
16 ( ) De acordo com as normas de pontuação, seria correto empregar, nas linhas 2 e 3, vírgulas no
lugar dos travessões; entretanto, nesse caso, a leitura e a compreensão do trecho poderiam ser
prejudicadas, dada a existência da vírgula empregada após ―duplo‖, no interior do trecho destacado entre
travessões.
17 ( ) Na estrutura sintática em que ocorre, a preposição ―em‖ (R.7) poderia ser omitida, o que não
prejudicaria a coerência nem a correção gramatical do texto, pois a preposição ficaria subentendida.
18 ( ) As relações entre as ideias do texto mostram que a forma verbal ―dificultando‖ (R.10) está ligada
a ―diferenças‖ (R.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os argumentos
dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso se tornasse explícita essa relação, por meio da
substituição dessa forma verbal por e dificultam.
19 ( ) Por meio da conjunção ―e‖, empregada duas vezes na linha 17 e uma vez na linha 18, é
estabelecida a seguinte organização de ideias: a primeira ocorrência liga duas características de ―novos
sujeitos‖ (R.17); a segunda liga dois complementos de ―formação‖ (R.17); a terceira, dois complementos
de ―arenas de participação da sociedade‖ (R.18).
20 ( ) Na linha 19, é obrigatório o uso do verbo trazer no modo subjuntivo — ―traga‖ — porque essa
forma verbal integra uma oração iniciada pelo vocábulo ―embora‖ (R.17).
21 (
) A coerência entre os argumentos apresentados no texto mostra que o pronome ―seu‖ (R.3)
refere-se a ―universalismo‖ (R.2).
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TEXTO V
8
1 Hipermodernidade é o termo usado para denominar a realidade contemporânea, caracterizada pela
cultura do excesso, do acréscimo sempre quantitativo de bens materiais, 4 de coisas consumíveis e
descartáveis. Dentro desse contexto, todas as interações humanas, marcadas pela doença crônica da
falta de tempo disponível e da ausência de autêntica integração 7 existencial, se tornam intensas e
urgentes. O movimento da vida passa a ser uma efervescência constante e as mudanças a
ocorrer em ritmo quase esquizofrênico, determinando os 10 valores fugidios de uma ordem temporal
marcada pela efemeridade. Como tentativas de acompanhar essa velocidade vertiginosa que marca o
processo de constituição da sociedade 13 hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a
fluidez das relações interpessoais. O indivíduo da ―cultura‖ tecnicista vivencia uma situação paradoxal:
ao mesmo tempo 16 em que lhe são ofertados continuamente os recursos para que possa gozar
efetivamente as dádivas materiais da vida, ocorre, no entanto, a impossibilidade de se desfrutar
19 plenamente desses recursos.
Renato Nunes Bittencourt. Consumo para o vazio existencial.
In: Filosofia, ano V, n. 48, p. 46-8 (com adaptações).
Julgue os itens a seguir, com relação às ideias e aspectos
linguísticos do texto.
22 (
) A forma verbal ―surge‖ (R.13) está flexionada no singular porque estabelece relação de
concordância com o conjunto das
23 ( ) O uso da preposição ―em‖, na linha 16, é obrigatório para marcar a relação estabelecida com a
forma verbal ―vivencia‖ (R.15); por isso, a omissão dessa preposição provocaria erro gramatical e
impossibilitaria a retomada do referente do pronome ―que‖ (R.16).
24 (
) Entende-se da leitura do texto que a ―realidade contemporânea‖ (R.2) caracteriza-se pela
velocidade vertiginosa e pelo acúmulo de bens materiais, assim como pela ausência de integração
existencial e falta de tempo para usufruir ―as dádivas materiais da vida‖ (R.17).
25 ( ) A ausência de vírgula depois de ―vertiginosa‖ (R.12) indica que a oração iniciada por ―que
marca‖ (R.12) restringe a ideia de ―velocidade vertiginosa‖ (R.11-12).
GABARITO PRELIMINAR
1E-2 E- 3E- 4C- 5E- 6C- 7E- 8C- 9C- 10E- 11E-12C- 13C- 14C- 15C- 16C- 17E- 18E 19C- 20C-21C22E- 23E- 24C- 25C
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****** MPU- TÉC./2010 *****
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TEXTO I
1 A recuperação econômica dos países desenvolvidos começou perigosamente a perder fôlego. A reação
dos indicadores de atividade na zona do euro, que já não eram 4 robustos ou mesmo convincentes, é agora
algo semelhante à paralisia. Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa superior a 3% em 12
meses, mas a maioria dos analistas aposta 7 que a economia americana perderá força no segundo
semestre.
O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança de gradual retomada do crescimento do
mercado de trabalho no 10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. As razões para esse
estancamento encontram-se no comportamento do polo dinâmico da economia mundial, os países
emergentes, 13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar — ainda que a partir de taxas
exuberantes de expansão.
Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os
itens a seguir.
1 No trecho ―cujo desenvolvimento econômico (...) expansão‖ (R.13-14), identifica-se relação de causa e
consequência entre a construção sintática destacada com travessão e a oração que a antecede.
2 As expressões ―começou perigosamente a perder fôlego‖ (R.2) e ―começou a desacelerar‖ (R.13),
empregadas em sentido figurado, são equivalentes quanto ao sentido e sugerem que, no atual contexto
mundial, caracterizado pela economia globalizada, não há esperança de crescimento da oferta de emprego
no curto prazo.
9
3 Se o verbo da oração ―mas a maioria dos analistas aposta‖ (R.6) estivesse flexionado no plural —
apostam —, o período estaria incorreto, visto que, de acordo com a prescrição gramatical, a concordância
verbal, em estrutura dessa natureza, deve ser feita com o termo ―maioria‖.
4 Na linha 10, o deslocamento do pronome ―se‖ para imediatamente após a forma verbal ―concretizar‖ —
não deverá concretizar-se — não prejudicaria a correção gramatical do texto.
5 Infere-se das informações do texto que os países emergentes são considerados o polo dinâmico da
economia mundial e deles dependem a velocidade e a força da recuperação da economia de países
desenvolvidos.
**************************************
TEXTO II
1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser encontrados em uma
rua escura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais 4 criminosos causam são
minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho branco e
trabalham para as organizações mais poderosas. 7 Estima-se que as perdas provocadas por violações das
leis antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais crimes do colarinho branco — sejam
maiores que todas as 10 perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de uma década, e as
relativas a danos e mortes provocadas por esse crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela
13 indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por seus produtos provavelmente custou
tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados
16 Unidos da América durante uma década inteira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, também
provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,
São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
Considerando as ideias e aspectos linguísticos desse texto, julgue
os itens que se seguem.
6 Conclui-se da leitura do texto que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão
danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de colarinho branco.
7 Sem prejuízo para a coerência textual e a correção gramatical, o trecho ―Mas os danos (...) minúsculos‖,
que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por: Embora os danos causados por esses
criminosos sejam ínfimos (...).
8 No segmento ―quanto as destruídas‖ (R.14-15), o emprego do acento grave é facultativo, visto que o
termo ―quanto‖ rege complemento com ou sem a preposição a.
9 Não haveria prejuízo para o sentido original do texto nem para a correção gramatical caso a expressão
―a cada ano‖ (R.17-18) fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para imediatamente depois de ―e‖
(R.16).
10 Pela leitura do texto, conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do tabagismo
são mais danosos que os de uma década de violência urbana somados aos do uso de produtos fabricados
com amianto.
11 A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas se a oração ―que possam ser
encontrados em uma rua escura da cidade‖ (R.2-3) estivesse entre vírgulas.
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TEXTO III
1 A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis pelo baixo nível de desenvolvimento
humano e pela origem de uma série de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou 4 consideradas
crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, mas
também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais 7 selvagem, obriga crianças e adolescentes a
participarem do processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem e nas economias ditas
avançadas. E ainda é, nos dias de 10 hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil.
Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado,
ele continua 13 sendo grave problema nos países mais pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e estruturas linguísticas do texto, julgue os itens subsequentes.
12 A palavra ―chaga‖ (R.4), empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura sintática do
parágrafo, a ―pobreza‖ (R.1).
10
13 Na linha 7, o emprego de preposição em ―a participarem‖ é exigido pela regência da forma verbal
―obriga‖.
14 Estariam preservadas a coerência textual e a correção gramatical se a expressão Não obstante fosse
inserida, com os devidos ajustes de maiúsculas e minúsculas e seguida de vírgula, antes da palavra
―Enquanto‖ (R.11), obtendo-se: Não obstante, enquanto, entre (...) mais pobres.
15 A expressão ―das quais‖ (R.3) pode ser suprimida do período sem prejuízo da correção gramatical ou
da coerência do texto.
Nos itens a seguir, são apresentados trechos adaptados de jornal de grande circulação. Julgue-os
quanto à correção gramatical.
16 A legislação brasileira proíbe que menores de catorze anos trabalhem, mas, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia, em 2008, um total de 993 mil crianças entre cinco e
treze anos nessa situação. Em uma faixa etária mais ampla, até dezessete anos, quando se espera que os
jovens ainda estejam estudando, foram contabilizados, ao todo, 4,5 milhões de crianças e adolescentes no
exercício de algum tipo de trabalho.
17 Visto apenas pelo ângulo econômico, o problema da exploração da mão de obra infantil, é ao mesmo
tempo reflexo e impecílio para o desenvolvimento. Quando crianças e adolescentes deixam de estudar
para entrar precocemente no mercado de trabalho, trocam um futuro mais promissor pelo ganho imediato.
18 Vista como uma questão social, a exploração do trabalho infantil subtrai do ser humano uma das fases
mais importantes para o seu crescimento: época de descobertas, de acúmulo de conhecimento e de
preparo para a vida adulta. Um crime irremediável. 19 Graças à políticas públicas realizadas nos últimos
anos, como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do governo federal, as taxas de
crianças e adolescentes que trabalham no país vem registrando quedas acentuadas. Mesmo assim, o
problema ainda preocupa, pela sua extensão.
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TEXTO IV
1 As projeções sobre a economia para os próximos dez anos são alentadoras. Se o Brasil mantiver
razoável ritmo de crescimento nesse período, chegará ao final da próxima década 4 sem extrema pobreza.
Algumas projeções chegam a apontar o país como a primeira das atuais nações emergentes em condições
de romper a barreira do subdesenvolvimento e 7 ingressar no restrito mundo rico. Tais previsões baseiamse na hipótese de que o país vai superar eventuais obstáculos que impediriam a economia de 10 crescer a
ritmo continuado de 5% ao ano, em média. Para realizar essas projeções, o Brasil precisa aumentar a sua
capacidade de poupança doméstica e investir mais para ampliar 13 a oferta e se tornar competitivo.
No lugar de alta carga tributária e estrutura de impostos inadequada, o país deve priorizar investimentos
que expandam 16 a produção e contribuam simultaneamente para o aumento de produtividade, como é o
caso dos gastos com educação. É dessa forma que são criadas boas oportunidades de trabalho, 19
geradoras de renda, de maneira sustentável.
O Globo, Editorial, 12/7/2010 (com adaptações).
Com relação às ideias e aspectos linguísticos do texto, julgue os
itens seguintes.
20 Pelas estruturas sintáticas, escolhas lexicais e modo de organização das ideias, conclui-se que
predomina, no texto, o tipo textual narrativo.
21 A ausência de vírgula logo após o termo ―investimentos‖ (R.15) permite concluir que, segundo o autor
do texto, é necessário que, no Brasil, sejam priorizados investimentos voltados para a expansão da
produção e para o aumento da produtividade.
22 As formas verbais ―expandam‖ (R.15) e ―contribuam‖ (R.16) foram empregadas no modo subjuntivo
porque estão inseridas em segmento de texto que trata de fatos incertos, prováveis ou hipotéticos.
23 Subentende-se das informações do texto que a aplicação prioritária de recursos em educação
acarretaria simultânea queda da carga tributária.
24 Infere-se da leitura do texto que o autor considera que o Brasil precisa reformular a estrutura de
impostos, que é inadequada, e rever a carga tributária, que é alta.
25 Depreende-se da leitura do texto que o Brasil, em uma década, será membro do grupo dos países ricos
GABARITO PRELIMINAR
11
1E- 2E -3E- 4C- 5C- 6C- 7E- 8E- 9C- 10E- 11E- 12E- 13C- 14E- 15C- 16C- 17E- 18C 19E- 20E-21C22C- 23E- 24C- 25E
************************
******TCU/2010******
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1 A multiplicidade dos seres humanos traduz-se por uma forma de ordem singular. O que há de único na
vida em comum dos homens gera realidades particulares, especificamente 4 sociais, que são impossíveis
de explicar ou compreender a partir do indivíduo. A língua é uma boa ilustração disso. Que impressão nos
causaria descobrir, ao acordarmos numa bela 7 manhã, que todos os outros homens falam uma língua que
não compreendemos? Sob uma forma paradigmática, a língua encarna esse tipo de dados sociais, que
pressupõem uma 10 multiplicidade de seres humanos organizados em sociedades e os quais, ao mesmo
tempo, não param de se reindividualizar. Esses dados como que se reimplantam em cada novo membro
13 de um grupo, norteiam seu comportamento e sua sensibilidade, e constituem o habitus social a partir
do qual se desenvolverão nele os traços distintivos que o contrastarão com os outros no 16 seio do grupo.
O modelo linguístico comum admite variações individuais, até certo ponto. Mas, quando essa
individualização vai longe demais, a língua perde sua função de meio de 19 comunicação dentro do
grupo. Entre outros exemplos, citemos a formação da consciência moral, das modalidades de controle de
pulsões e afetos numa dada civilização, ou o dinheiro e o 22 tempo. A cada um deles correspondem
maneiras pessoais de agir e sentir, um habitus social que o indivíduo compartilha com outros e que se
integra na estrutura de sua personalidade.
Norbert Elias. Sobre o tempo. Vera Ribeiro (Trad.).
Jorge Zahar editor, 1998, p.19 (com adaptações).
No que se refere à organização das ideias e à estrutura do texto
acima, julgue os itens de 1 a 6.
1 Nas linhas de 5 a 8, o texto apresenta, em forma de pergunta, uma hipótese que, no restante da
argumentação, se mostra uma justificativa para a ideia de que a individualização tem limites
socialmente colocados.
2 O uso da preposição De em lugar de ―Sob‖ (R.8) alteraria as relações de significação entre os termos da
oração e, por isso, prejudicaria a coerência entre os argumentos do texto.
3 Depreende-se da argumentação que as ―realidades particulares‖ (R.3) são ―impossíveis de explicar ou
compreender‖ (R.4) porque a formação da consciência moral integra a estrutura da personalidade de cada
um, individualmente.
4 A flexão de masculino em ―os quais‖ (R.11) mostra que essa expressão retoma um referente masculino
plural e não ―sociedades‖ (R.10). O seu emprego, no texto, evita uma possível ambiguidade que poderia
ser provocada pelo emprego do pronome que.
5 A retirada do pronome em ―se reindividualizar‖ (R.11) provocaria erro gramatical e incoerência textual,
pois não se explicitaria o que seria reindividualizado.
6 Na linha 22, a flexão de plural em ―correspondem‖ mostra que, pela concordância, se estabelece a
coesão com ―maneiras‖; mas seria igualmente correto e coerente estabelecer a coesão com ―cada um‖,
enfatizando este termo pelo uso do verbo no singular: corresponde.
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TEXTO II
1 A experiência cultural das sociedades, em nossa época, é cada vez mais moldada e ―globalizada‖ pela
transmissão e difusão das formas significativas, visuais e 4 discursivas, via meios de comunicação de
massa. Conquanto o desenvolvimento dos meios de comunicação tenha tornado absolutamente frágeis os
limites que separavam o público do 7 privado, assiste-se hoje a uma nova tendência de politização e
visibilidade do privado, com a estruturação de novas relações familiares, bem como à privatização do
público. Faz-se 10 necessário frisar que o imaginário social acompanha lentamente essa evolução, nem
sempre aceitando o rompimento dos costumes fortemente arraigados.
Vera Lúcia Pires. A identidade do sujeito feminino: uma leitura das
desigualdades. In: M. I. Ghilardi-Lucena (Org.). Representações do
feminino. PUC: Átomo, 2003, p. 209 (com adaptações).
12
Julgue os itens seguintes, relativos à organização das ideias no texto acima e aos seus aspectos
gramaticais.
7 Na linha 9, o uso do sinal indicativo da crase em ―à privatização‖ mostra que o conectivo ―bem como‖
introduz um segundo complemento ao verbo assistir.
8 Na linha 10, a flexão de masculino em ―necessário‖ estabelece concordância desse termo com
―imaginário social‖; no desenvolvimento da argumentação, essa relação sintática
enfatiza ―imaginário social‖ como o primeiro termo na comparação com ―evolução‖ (R.11).
9 De acordo com a argumentação, os ―costumes fortemente arraigados‖ (R.12) referem-se às ―relações
familiares‖ (R.8-9).
10 A estrutura sintática iniciada por ―Conquanto‖ (R.4) é responsável pelo uso do modo subjuntivo em
―tenha‖ (R.5); por isso, a substituição dessa forma verbal por tem desrespeita as regras gramaticais do
padrão culto da língua.
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TEXTO III
1 Nas sociedades modernas, somos diariamente confrontados com uma grande massa de informações. As
novas questões e os eventos que surgem no horizonte social 4 frequentemente exigem, por nos afetarem
de alguma maneira, que busquemos compreendê-los, aproximando-os daquilo que
já conhecemos. Estas interações sociais vão criando ―universos 7 consensuais‖ no âmbito dos quais as
novas representações vão sendo produzidas e comunicadas, passando a fazer parte desse universo não
mais como simples opiniões, mas como 10 verdadeiras ―teorias‖ do senso comum, construções
esquemáticas que visam dar conta da complexidade do objeto, facilitar a comunicação e orientar
condutas. Essas teorias 13 ajudam a forjar a identidade grupal e o sentimento de pertencimento do
indivíduo ao grupo. Essa análise permite, ainda, abordar um outro ponto: 16 a caracterização dos grupos
em função de sua representação social. Isto quer dizer que é possível definir os contornos de um grupo,
ou, ainda, distinguir um grupo de outro pelo estudo 19 das representações partilhadas por seus membros
sobre um dado objeto social. Graças a essa reciprocidade entre uma coletividade e sua teoria, esta é um
atributo fundamental na 22 definição de um grupo.
Alda Judith Alves-Mazzotti. Representações sociais: aspectos teóricos e
aplicações à educação. In: Revista Múltiplas Leituras, v. 1, n.o 1, 2008,
p. 18-43. Internet: <www.metodista.br> (com adaptações).
A respeito da organização dos sentidos e das estruturas lingüísticas do texto apresentado, julgue os
itens que se seguem.
11 Por meio da oração iniciada por ―passando‖ (R.8), atribui-se uma causa para a dinâmica das interações
sociais expressas nas orações iniciais do período.
12 Depreende-se do desenvolvimento do texto que os fragmentos ―representações partilhadas‖ (R.19) e
―sobre um dado objeto social‖ (R.19-20) são interpretados como diferentes porque partem de teorias que
os caracterizam como diferentes.
13 Na linha 20, já que a estrutura sintática exige a preposição a, a ausência de sinal indicativo da crase em
―a essa reciprocidade‖ mostra que, por causa da presença do pronome demonstrativo ―essa‖, o artigo não
é aí usado.
14 Pelo uso do pronome ―esta‖ (R.21), indica-se na argumentação que o ―atributo fundamental na
definição de um grupo‖ (R.21- 22) é a teoria, não a reciprocidade ou a coletividade.
15 O uso da flexão de terceira pessoa do plural em ―afetarem‖ (R.4) estabelece a relação desse verbo com
―novas questões e os eventos‖ (R.2-3).
16 A flexão de masculino nos pronomes em ―compreendê-los‖ e ―aproximando-os‖, ambos na linha 5,
mostra que esses pronomes remetem a ―eventos‖ (R.3); mas, como o sujeito da oração se inicia pela
qualificação de ―questões‖ (R.3), seria coerente ressaltar, na argumentação, o referente ―questões‖,
fazendo-se uso da concordância no feminino.
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TEXTO IV
1 A relação de poder e status entre grupos está ligada à identidade social, que permite ao grupo dominante
na sociedade, por deter o poder e o status, impor valores e 4 ideologias, que, por sua vez, servem para
legitimar e perpetuar o status quo. Vale lembrar que os indivíduos nascem já inseridos em uma estrutura
social e, simplesmente em função 7 do sexo ou da classe social, entre outros itens, são colocados em um
13
ou em outro grupo social. Dessa forma, adquirem as categorias sociais definitivas dos grupos aos quais
pertencem 10 e que podem ter valores sociais positivos ou negativos. Os membros dos grupos dominantes
e de status superior passam a ter identidade social positiva e maior grau de autoestima. Da 13 mesma
forma, os membros de status inferior ou de grupos subordinados têm ou adquirem identidade social
menos positiva e menor autoestima. Entretanto, se a mobilidade para 16 uma classe superior parece
impossível e os membros do grupo inferior percebem as fronteiras entre os grupos como impenetráveis,
eles podem vir a adotar estratégias coletivas 19 para criar uma identidade social mais positiva para o seu
grupo. Tais mudanças são denominadas mudanças sociais.
Astrid N. Sgarbieri. A mulher brasileira: representações na
mídia. In: M. I. Ghilardi-Lucena (Org.). Representações do
feminino. PUC: Átomo, 2003 subsequentes., p. 128-9 (com adaptações).
Com referência à organização dos sentidos e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os
itens
17 A preposição a, em ―aos quais‖ (R.9), estabelece relações sintático-semânticas com o verbo pertencer;
por tal motivo, essa preposição não poderia ser omitida no período, mesmo se o pronome fosse
substituído por a que.
18 A expressão verbal ―podem vir a adotar‖ (R.18) indica uma possibilidade e uma continuidade da ação
que o simples uso de ―adotar‖ não indicaria; por essa razão, as ideias de possibilidade e de continuidade
seriam incorporadas a essa expressão, sem prejudicar as relações semânticas nem a correção gramatical
do texto, se fosse usada a forma verbal viriam adotando.
19 A expressão ―Tais mudanças‖ (R.20) retoma e resume a idéia de criação de uma identidade social mais
positiva por meio de estratégias coletivas.
20 O desenvolvimento das ideias no texto permite considerar mais de uma ―relação de poder e status entre
grupos‖ (R.1); por isso, estaria coerente e gramaticalmente correto iniciar o parágrafo empregando-se o
plural, mediante a substituição do trecho ―A relação de poder‖ (R.1) por As relações de poder.
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TEXTO V
1 A organização da sociedade em movimentos sociais é inerente à sua estrutura de poder. O teatro teve,
na Grécia antiga, o papel político de dotar a população de razão crítica 4 por intermédio de uma expressão
estética. Mas os movimentos sociais adquirem ao longo da história distintas expressões: estética,
religiosa, econômica, ecológica etc. A partir do século 7 um, o Império Romano teve suas bases solapadas
por um movimento social de caráter religioso — o Cristianismo —, que se recusou a reconhecer a
divindade de César e propalou 10 a radical dignidade de todo ser humano. Desde a Revolução
Francesa, a sociedade civil passou a se mobilizar mais frequentemente em movimentos sociais. Porém, é
recente a 13 noção de que a sociedade civil deve se organizar para pressionar o poder público, e não
necessariamente almejar também a tomada de poder. Isso ensejou o caráter 16 multifacetado dos
movimentos de indígenas, negros, mulheres, migrantes, homossexuais etc. e o fato de constituírem
instâncias políticas nem sempre partidárias. É o fenômeno 19 recente do empoderamento da sociedade
civil, que, quanto mais forte, mais logra transmutar a democracia meramente representativa em
democracia efetivamente participativa.
Frei Beto. Valores que constroem a cidade. In: Correio
Braziliense, 25/6/2010 (com adaptações).
A partir das estruturas linguísticas que organizam o texto acima, julgue os itens subsecutivos.
21 O uso das letras iniciais maiúsculas em ―Império Romano‖ (R.7), ―Cristianismo‖ (R.8) e ―Revolução
Francesa‖ (R.10-11) são exemplos de que substantivo usado para designar ente singular deve ser grafado
com inicial maiúscula, como, por exemplo, Lei n.º 8.888/1998.
22 Na linha 8, os travessões duplos têm a função de destacar a inserção, ―o Cristianismo‖, e a vírgula, a
função de separar a oração que serve de explicação ao ―movimento social‖; por isso, o uso de vírgulas,
em lugar dos travessões, para destacar a inserção respeitaria as regras gramaticais, mas deixaria de marcar
todas as relações significativas do texto.
23 Na organização do texto, o pronome ―Isso‖ (R.15) retoma as ideias da argumentação anterior,
especialmente a de que, a partir da Revolução Francesa, os movimentos sociais tornaram-se mais
frequentes.
14
24 É coerente com a argumentação do texto interpretar ―mais forte‖ (R.20) como uma qualidade de
―sociedade civil‖ (R.19); mas é igualmente correto interpretar essa expressão como referente a
―fenômeno‖ (R.18) ou ―empoderamento‖ (R.19).
25 De acordo com a organização das ideias no texto, por seu objetivo, o ―teatro‖ (R.2) grego constitui um
exemplo de movimento social inerente à ―estrutura de poder‖ (R.2) da sociedade.
26 Por introduzir uma enumeração explicativa, o sinal de dois-pontos na linha 5 admite a substituição por
vírgula sem prejudicar a coerência textual nem desrespeitar as regras gramaticais.
GABARITO
1C- 2E- 3E- 4C- 5C- 6E- 7C- 8E- 9E- 10C- 11E- 12E- 13C- 14C- 15C- 16E- 17C- 18E- 19C- 20E21C- 22C- 23E- 24C- 25C- 26E
*************************
***STF- TÉCNICO/2008****
**************************
Texto para os itens de 1 a 12
1
Um lugar sob o comando de gestores, onde os funcionários são orientados por metas, têm o
desempenho avaliado dia a dia e recebem prêmios em dinheiro pela eficiência na execução de suas
tarefas, 5pode parecer tudo — menos uma escola pública brasileira. Pois essas são algumas das práticas
implantadas com sucesso em um grupo de escolas estaduais de ensino médio de Pernambuco. A
experiência chama a atenção pelo impressionante progresso dos estudantes depois que ingressaram ali.
11 Como é praxe no local, o avanço foi quantificado.Os alunos são testados na entrada, e quase metade
deles tirou zero em matemática e notas entre 1 e 2 em português. Isso em uma escala de zero a 10. Depois
de três anos, eles cravaram 6 em tais matérias, em uma prova aplicada pelo Ministério da Educação. Em
poucas escolas 18públicas brasileiras, a média foi tão alta. De saída, há uma característica que as
distingue das demais: elas são administradas por uma parceria entre o governo e uma associação formada
por empresários da região. Os professores são avaliados em quatro frentes: recebem notas dos 23alunos,
dos pais e do diretor e ainda outra pelo cumprimento das metas acadêmicas. Aos melhores, é concedido
bônus no salário.
Veja, 12/3/2008, p. 78 (com adaptações).
Com referência às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.
1 Na linha 22, o sinal de dois-pontos é empregado para indicar que, subseqüentemente, há uma
explicação.
2 O emprego de vírgula logo após ―alunos‖ (l.23) justifica-se por isolar elementos de mesma função
gramatical.
3 As formas verbais ―têm‖ (l.2) e ―recebem‖ (l.3) estão no plural para concordar com o antecedente
―gestores‖ (l.1).
4 O termo ―Pois‖ (l.6) estabelece uma relação de causa entre as informações anteriores e as do período em
que esse termo se apresenta.
15
5 O termo ―ali‖ (l.10) refere-se ao antecedente ―um grupo de escolas estaduais de ensino médio de
Pernambuco‖ (l.7 e 8).
6 Predomina no fragmento o tipo textual narrativo ficcional.
7 Os pronomes ―as‖ e ―elas‖, ambos na linha 18, referem-se a ―escolas estaduais de ensino médio de
Pernambuco‖ (l.7).
Tendo o texto precedente como referência inicial e considerando o atual cenário educacional
brasileiro, julgue os itens que se seguem.
8 O texto confirma uma verdade conhecida há tempos: no Brasil, o principal problema da educação básica
é a falta de vagas nas escolas públicas.
9 Muitos especialistas acreditam que a inexistência de uma lei geral da educação, que estabeleça as
diretrizes e fixe as bases para a organização do sistema educacional, seja a razão principal dos problemas
vividos pelo setor.
10 Em linhas gerais, os procedimentos administrativos e pedagógicos adotados nas escolas
pernambucanas citadas no texto assemelham-se significativamente aos que são praticados na maioria das
redes estaduais e municipais de educação brasileiras.
11 Os mecanismos de avaliação hoje existentes demonstram a persistência de graves problemas na
educação brasileira, os quais, ainda que atingindo mais fortemente a escola pública, também afetam a
rede privada.
12 Infere-se do texto que a melhoria do desempenho na educação resulta de um conjunto de ações e de
atitudes, entre as quais se situam o planejamento e a avaliação sistemática de alunos e docentes.
Texto para os itens de 13 a 22
1 Um Brasil com desemprego zero. Um Brasil bem
distante das estatísticas que apontam para uma taxa de desocupação em torno de 9%. E um Brasil que
coloca o seu mercado de trabalho nas mãos de 5empreendedores locais, formais e informais. Cerca de 30
cidades devem integrar esse Brasil fora das estatísticas. São exceções e prova viva da força
empreendedora do interior e de seu papel empregador. E representam, ainda, a força do 10agronegócio, o
avanço ao consumo da classe C e os efeitos na economia dos programas de transferência de renda,
afirmou Luiz Carlos Barboza, diretor do SEBRAE Nacional.
O Globo, 6/4/2008, p. 33 (com adaptações).
Com relação ao texto acima, julgue os itens a seguir.
13 O emprego de vírgula após ―Barboza‖ (l.13) justifica-se por isolar o aposto subseqüente.
14 De acordo com as informações do texto, há cerca de 30 cidades que não são contabilizadas nas
estatísticas oficiais sobre desemprego.
15 Segundo os dados estatísticos apresentados no texto, os beneficiados pelos programas de transferência
de renda integram o contingente de empregados.
16 O primeiro período do texto tem natureza nominal.
17 A oração que se inicia com ―que‖ (l.2) é adjetiva explicativa.
16
Tendo o texto de O Globo como referência inicial e considerando aspectos marcantes da realidade
brasileira contemporânea, julgue os itens subseqüentes.
18 O texto sugere que a ausência de mobilidade social e o fraco dinamismo da economia emperram a
ampliação do mercado consumidor brasileiro.
19 A despeito de problemas que ainda não foram superados, a existência do MERCOSUL indica o
esforço do Brasil e de seus parceiros de bloco para a inserção mais vantajosa da região na economia
mundial globalizada.
20 O modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo Brasil repete, na atualidade, a prática
consagrada no início da industrialização, ou seja, a concentração das atividades em poucas regiões e em
algumas capitais.
21 Mencionado no texto, o agronegócio corresponde a um conjunto de atividades econômicas ligadas ao
campo que, nos dias de hoje, desempenha importante papel na pauta de exportações do Brasil.
22 Depreende-se do texto que programas oficiais de
transferência de renda, dos quais o Bolsa Família é exemplo, contribuem para a dinamização da economia
brasileira.
______________________________________
1 O consumo das famílias deverá crescer 7,5% neste ano, tornando-se um dos principais
responsáveis pelo crescimento do produto interno bruto, previsto em 5%. A nova estimativa do consumo
das famílias é 5uma das principais mudanças nas perspectivas para a economia brasileira em 2008
traçadas pela Confederação Nacional da Indústria em relação às previsões apresentadas em dezembro do
ano passado, quando o aumento do consumo foi estimado em 6,2%.
11
O aumento do emprego e os programas de transferência de renda continuam a beneficiar mais as
famílias que ganham menos, cujo consumo tende a aumentar proporcionalmente mais do que o das
famílias de renda mais alta. A oferta de crédito, igualmente, atinge mais diretamente essa faixa.
O Estado de S.Paulo, 7/4/2008 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue os itens que se seguem.
23 Em ―tende a aumentar‖ (l.13 e 14), não há sinal indicativo de crase porque antes de forma verbal não
se emprega artigo definido feminino.
24 A eliminação de ―do‖ em ―mais do que‖ (l.14) prejudica a correção gramatical do período.
25 De acordo com os sentidos do texto, de dezembro do ano passado até hoje, houve uma modificação
nas perspectivas para a economia brasileira no que se refere ao consumo.
26 A partícula ―se‖, em ―tornando-se‖ (l.2), indica que o sujeito da oração correspondente é
indeterminado.
27 Na linha 7, o emprego do sinal indicativo de crase em ―às previsões‖ justifica-se pela presença de
preposição, exigida pela locução ―em relação‖, e pelo emprego de artigo definido feminino plural antes de
―previsões‖.
GABARITO
1-V, 2-V, 3-F, 4-F, 5-V, 6-F, 7-V, 8-F, 9-F, 10-F, 11-V, 12-V, 13-V, 14-F, 15-F, 16-V,
17-F, 18- F, 19-V, 20-F, 21-V, 22-V, 23-V, 24-F, 25-V, 26-F, 27-V
17
STF SUPERIOR ( REVISOR DE TEXTO) 2008
1Hoje o sistema isola, atomiza o indivíduo. Por isso
seria importante pensar as novas formas de comunicação. Mas o sistema também nega o indivíduo. Na
economia, por exemplo, mudam-se os 5valores de uso concreto e qualitativo para os valores de troca
geral e quantitativa. Na filosofia aparece o sujeito geral, não o indivíduo. Então, a diferença é uma forma
de crítica. Afirmar o indivíduo, não no sentido neoliberal e egoísta, mas 10no sentido dessa idéia da
diferença é um argumento crítico. Em virtude disso, dessa discussão sobre a filosofia e o social surgem
dois momentos importantes: o primeiro é pensar uma comunidade autoreflexiva e confrontar-se, assim,
15com as novas formas de ideologia. Mas, por outro lado, a filosofia precisa da sensibilidade para o
diferente, senão repetirá apenas as formas do idêntico e, assim, fechará as possibilidades do novo, do
espontâneo e do 20autêntico na história. Espero que seja possível um diálogo entre as duas posições em
que ninguém tem a última palavra.
Miroslav Milovic. Comunidade da diferença. Relume Dumará, p. 131-2 (com adaptações).
Com referência às idéias e às estruturas lingüísticas do texto acima, julgue os itens a seguir.
1 Depreende-se do texto que ―pensar as novas formas de comunicação‖ (l.2) significa isolar ou atomizar o
indivíduo.
2 Preservando-se a correção gramatical do texto, bem como sua coerência argumentativa, a forma verbal
―mudam-se‖(l.4) poderia ser empregada também no singular.
3 O conectivo ―Então‖ (l.7) estabelece uma relação de tempo entre as idéias expressas em duas orações.
4 A partir do desenvolvimento das idéias do texto, conclui-se que a palavra ―crítico‖ (l.11) está sendo
empregada como crucial, perigoso.
5 O emprego de ―Em virtude disso‖ (l.11) mostra que,
imediatamente antes do termo ―o social‖ (l.12) está
subtendida a preposição de, que, se fosse explicitada, teriade ser empregada sob a forma do.
6 A expressão ―por outro lado‖ (l.15) explicita a caracterização do segundo dos ―dois momentos
importantes‖(l.12-13).
7 Como o último período sintático do texto se inicia pela idéia de possibilidade, a substituição do verbo
―tem‖ (l.20) portenha, além de preservar a correção gramatical do texto, ressaltaria o caráter hipotético do
argumento.
______________________________________
1
O agente ético é pensado como sujeito ético, isto é, como um ser racional e consciente que sabe
o que faz, como um ser livre que escolhe o que faz e como um ser responsável que responde pelo que faz.
5A ação ética é balizada pelas idéias de bem e de mal, justo e injusto, virtude e vício. Assim, uma ação só
será ética se consciente, livre e responsável e será virtuosa se realizada em conformidade com o bom e o
justo. A ação ética só é virtuosa se for livre e só o será 10se for autônoma, isto é, se resultar de uma
decisão interior do próprio agente e não de uma pressão externa. Evidentemente, isso leva a perceber que
há um conflito entre a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana apenas do interior do
sujeito) e 15a heteronomia dos valores morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao sujeito).
Esse conflito só pode ser resolvido se o agente reconhecer os valores de sua sociedade como se tivessem
18
sido instituídos por ele, como se ele pudesse ser o autor 20desses valores ou das normas morais, pois,
nesse caso, ele será autônomo, agindo como se tivesse dado a si mesmo sua própria lei de ação.
Marilena Chaui. Uma ideologia perversa.
In: Folhaonline, 14/3/1999 (com adaptações).
Julgue os seguintes itens, a respeito da organização das estruturas lingüísticas e das idéias do texto
acima.
8 Depreende-se do texto que ―agente‖ e ―sujeito‖, ambos na linha 1, não são sinônimos, embora possam
remeter ao mesmo indivíduo.
9 De acordo com as relações argumentativas do texto, se uma ação não for ―virtuosa‖ (l.8), ela não resulta
de decisão interior; se não for ―ética‖ (l.7), ela não será consciente, livre e responsável.
10 É pela acepção do verbo levar, em ―leva a perceber‖ (l.12), que se justifica o emprego da preposição
―a‖ nesse trecho, de tal modo que, se for empregado o substantivo correspondente a ―perceber‖,
percepção, a preposição continuará presente e será correto o emprego da crase: à percepção.
11 Os sinais de parênteses nas linhas de 16 têm a função de organizar as idéias que destacam e de inserilas na argumentação do texto; por isso, sua substituição pelos sinais de travessão preservaria a coerência
textual e a correção do texto, mas, na linha 16, o ponto final substituiria o segundo travessão.
12 A expressão ―Esse conflito‖ (l.16) tem a função textual de recuperar a idéia de ―heteronomia‖ (l.13).
13 A organização das idéias no texto mostra que, em suas duas ocorrências, o pronome ―ele‖, na linha 19,
refere-se textualmente a ―agente‖ (l.17).
_____________________________________1
Aceitar que somos indeterminados naturalmente, que
seremos lapidados pela educação e pela cultura, que disso decorrem diferenças relevantes e irredutíveis
aos genes é muito difícil. 5Significa aceitarmos que há algo muito precário na condição humana. Parte
pelo menos dessa precariedade ou indeterminação alguns chamarão liberdade. Porém nem mesmo a
liberdade é tão valorizada quanto se imagina. Ela implica responsabilidades.
11
Parece que se busca conforto na condição de coisa. Se eu for objeto, isto é, se eu for natureza,
meus males independem de minha vontade. Aliás, o que está em discussão não é tanto o que os causou,
15mas como resolvê-los: se eu puder solucioná-los com um remédio ou uma cirurgia, não preciso
responsabilizar-me, a fundo, por eles. Tratarei a mim mesmo como um objeto.
A postura das ciências humanas e da 20psicanálise é outra, porém. Muito da experiência humana
vem justamente de nos constituirmos como sujeitos. Esse papel é pesado. Por isso, quando entra ele em
crise — quando minha liberdade de escolher amorosa ou política ou profissionalmente resulta em
25sofrimento —, posso aliviar-me procurando uma solução que substitua meu papel de sujeito pelo de
objeto.
Roberto Janine Ribeiro. A cultura ameaçada pela natureza.
Pesquisa Fapesp Especial, p. 40 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue os itens subseqüentes.
14 O emprego de verbos e pronomes como ―somos‖ (l.1), ―se busca‖ (l.11), ―eu‖ (l.12) e ―minha‖ (l.13)
mostra que os argumentos se opõem pela ligação de alguns a um sujeito coletivo e, de outros, a um sujeito
individual, associando o coletivo a sujeito social e o individual a objeto, coisa.
19
15 As orações que precedem ―é‖ (l.4) constituem o sujeito que leva esse verbo para o singular.
16 A substituição de primeira pessoa do plural em ―aceitarmos‖ (l.5) pela forma correspondente nãoflexionada, aceitar, manteria coerente a argumentação, mas provocaria incorreção gramatical.
17 Dadas as relações de sentido do texto, os dois últimos períodos do primeiro parágrafo poderiam ser
ligados pelo termo porque. Nesse caso, o ponto final que encerra o primeiro desses períodos deveria ser
retirado e o termo ―Ela‖ (l.9) deveria ser escrito com letra minúscula.
18 A função sintática exercida por ―a mim mesmo‖, em ―Tratarei a mim mesmo‖ (R.17) corresponde a
me e, por essa razão, também seria gramaticalmente correta a seguinte redação: Tratarei-me.
19 O deslocamento do travessão na linha 23 para logo depois de ―profissionalmente‖ (l.24) preservaria a
correção gramatical do texto e a coerência da argumentação, com a vantagem de não acumular dois sinais
de pontuação juntos.
______________________________________Texto para os itens de 81 a 95
1 Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa —
a inteira — cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma
5receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver — e essa pauta cada um tem —
mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder
encontrar e saber? Mas, esse norteado tem. 10Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o
confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que
consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas, fora dessa conseqüência, tudo o que eu fizer, o
15que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo
falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondida e vivível, mas não achável, do verdadeiro
viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi 20projetada, como o que se põe,em teatro, para cada
representador — sua parte, que antes já foi inventada, num papel... Ora, veja. Remedêio peco com
pecado? Me tôrço!
Com essa sonhação minha, compadre meu 25Quelemém concorda, eu acho. E procurar encontrar aquele
caminho certo, eu quis, forcejei; só que fui demais, ou que cacei errado. Miséria em minha mão. Mas
minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha? O senhor reza 30comigo. A
qualquer oração. Olhe: tudo o que não é oração, é maluqueira... Então, não sei se vendi? Digo ao senhor:
meu medo é esse. Todos não vendem? Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele eu vendi a
alma... Meu medo é este. A 35quem vendi? Medo meu é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende,
só, é sem nenhum comprador...
Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 19.ª ed., 2001, p. 500-01.
Considerando a liberdade da produção literária diante da prescrição gramatical, julgue os itens
seguintes, relativos às idéias e estruturas lingüísticas do fragmento de texto acima.
81 O vocábulo ―que‖ tem a mesma classificação morfossintática nas seguintes ocorrências: ―cujo
significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive‖ (l.3-4); ―A que era: que existe uma receita, a
norma dum caminho certo‖ (l.4-5); ―só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa‖ (l.12-13).
82 O emprego da vírgula em ―Mas, esse norteado tem‖ (l.9) atende à prescrição gramatical no que se
refere a textos escritos na modalidade padrão da língua portuguesa.
83 Os termos ―essa pauta‖, em ―e essa pauta cada um tem‖ (l.6-7), e ―dessa doideira‖, em ―ficava sendo
sempre o confuso dessa doideira que é‖ (l.10-11), remetem ao mesmo referente no texto.
20
84 Na linha 8, caso o verbo ―encontrar‖ viesse seguido de complemento, o emprego da forma pronominal
-la atenderia às regras de coesão e coerência textuais.
85 Nos trechos: ―como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber?‖ (l.8-9); ―a vida de
todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é‖ (l.10-11) e ―como é que ela podia ser minha?‖
(l.29), as formas verbais que estão no pretérito imperfeito do indicativo poderiam ser corretamente
empregadas, do ponto de vista gramatical, no futuro do pretérito.
Ainda em relação às estruturas lingüísticas desse texto, julgue os itens que se seguem.
86 Em ―que eu pelejei para achar‖ (l.2), o pronome relativo introduz oração subordinada adjetiva
restritiva e exerce função sintática de objeto direto na oração subordinada adverbial.
87 No primeiro parágrafo, o travessão é empregado para enfatizar trechos que representam a conclusão de
uma seqüência de idéias.
88 Nos trechos ―Tem que ter‖ (l.10) e ―Mas minha alma tem de ser de Deus‖ (l.26-27), observa-se
variação no emprego da locução verbal, sendo típica da variedade não-padrão da língua portuguesa a
estrutura utilizada no primeiro trecho.
89 A conjunção coordenativa, na introdução dos trechos ―E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação
possível da gente é que consegue ser a certa‖ (l.11-12) e ―E procurar encontrar aquele caminho certo, eu
quis, forcejei‖ (l.24-25), expressa uma relação semântica contextual de oposição.
90 O trecho ―Com essa sonhação minha, compadre meu Quelemém concorda, eu acho‖ (l.25)
corresponde, na ordem direta (sujeito – verbo – complemento verbal), a: Eu acho que o compadre meu
Quelemém concorda com essa sonhação minha.
91 O sentido do segmento ―então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador‖ (l.34-35)
equivale a então, a gente só vende a alma sem comprador.
Tendo como base as relações semânticas e os elementos estruturais do texto, julgue os itens
subseqüentes.
92 No trecho ―como o que se põe, em teatro, para cada representador — sua parte, que antes já foi
inventada, num papel‖ (l.23), o sintagma ―sua parte‖ é o conteúdo referencial do pronome demonstrativo
―o‖.
GABARITO
1-F,2-V, 3-F, 4-F, 5-F, 6-V, 7-V, 8-V, 9-F, 10-V, 11-V, 12- F, 13-V, 14-F, 15-V, 16-F, 17-V, 18-F, 19-F,
81-F, 82-F, 83-F, 84-V, 85-V, 86-V, 87-F,88-F,89-F, 90-V, 91-F, 92-V
21
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