DESENVOLVIMENTO DE MANUAL LÚDICO PARA PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS DE ELIMINAÇÃO Tâmara Ravena Gonçalves Ferreira (aluna ICV/UFPI1), Prof.ª Ms. Cristiane de Moura Rabelo (Orientadora, Depto de Enfermagem – UFPI) INTRODUÇÃO Estomia é a intervenção cirúrgica que exterioriza os sistemas (digestório, respiratório e urinário), criando um orifício externo que se chama estoma. As estomias intestinais (colostomia e ileostomia) são realizadas, tanto no cólon (intestino grosso) quanto no intestino delgado e consistem na exteriorização de um segmento intestinal, através da parede abdominal, criando uma abertura artificial para a saída do conteúdo fecal (BRASIL, 2009). Sua ocorrência pode estar associada a eventos crônicos como câncer, colite ulcerativa, doenças de Chron e agudos como traumas por arma de fogo, que podem trazer rupturas físicas e psicológicas levando à diminuição da autoestima do estomizado (CORREIA; MOREIRA; et al, 2008). A assistência às pessoas com estomias exige uma reflexão sobre os aspectos de reabilitação, para assim promover independência e adaptação. Nesse caso a educação em saúde é primordial, pois a convivência com o estoma exige a adoção de inúmeras medidas de adaptação e reajustamento às atividades diárias (SALES; VIOLIN; et al,2008).A Enfermagem, como uma ciência em construção, tem a necessidade de criar novos artifícios como aliar conhecimento científico aos procedimentos técnicos utilizando-se das diversas tecnologias para promoção, manutenção e recuperação da saúde (OLIVEIRA; FERNANDES; SAWADA, 2008). Espera-se que a criação de um manual educativo e lúdico, fundamentado em evidências cientificas, torne-se uma ferramenta tecnológica e de apoio terapêutico capaz de contribuir para a promoção a saúde e reinserção social de pessoas através do conhecimento do processo que envolve sua aplicação favorecendo uma melhoria na qualidade da assistência (GOZZO; LOPES; et al., 2012). Diante disso, essa pesquisa teve como objetivo desenvolver manual lúdico sobre o autocuidado de pessoas com estomias intestinais de eliminação. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa aplicada, sendo que para a construção dessa tecnologia educacional de orientação ao cuidado em saúde serão utilizadas as etapas propostas por Echer (2005). A 1ª (primeira) Etapa: Desenvolvimento de um Projeto de Pesquisa, com respaldo ético científico, o que contribuíra para uma melhor qualidade e credibilidade do material a ser elaborado. O estudo é parte integrante de um projeto tipo “guarda-chuva” intitulado: Objetos Virtuais de Aprendizagem sobre Estomia, A 2ª Etapa: Revisão Bibliográfica da literatura científica sobre o tema abordado. A revisão da literatura deu-se a partir de uma busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) que integra as seguintes bases cooperativas: LILACS; MEDLINE; BDENF; MEDCARIB Literatura do Caribe em Ciências da Saúde; WHOLIS - Sistema de Informação da Biblioteca da OMS. 1 Discente do Programa ICV. Utilizaram-se os descritores: estomia; estomizados; estoma resultando em um total de 20 artigos. Os critérios de inclusão da pesquisa foram artigos completos publicados no período de 2007 a 2014, excluíram-se os artigos em duplicidade, totalizando 10 artigos. Além dos artigos foram utilizados nessa revisão, dissertações, teses e livros referentes à temática. Os tópicos abordados na Revisão Bibliográfica, utilizou-se como principal norteador os resultados da primeira etapa da pesquisa apresentada na dissertação de mestrado intitulada Impacto de intervenção educativa online no conhecimento de graduandos de enfermagem sobre estomas intestinais de eliminação de Moniki de Oliveira Barbosa Campos sob orientação da Prof.ª Dr.ª Elaine Maria Leite Rangel. 3ª Etapa: Seleção de informações importantes para constar no manual. Após análise criteriosa da literatura selecionada elencou-se seis focos de abordagem pertinentes à construção do manual. 4ª Etapa: Validação do Manual que visa à avaliação do material construído. As informações essenciais e a estrutura para construção de um manual lúdico sobre estomias intestinais de eliminação foram planejadas durante o período estabelecido para a realização desse projeto de iniciação cientifica, porém devido à magnitude do processo de validação não foi possível o cumprimento dessa etapa. No entanto, acredita-se que apesar dessa limitação não invalida a relevância do trabalho, sendo sugerida a continuidade de tal, para outro projeto de pesquisa exercer essa etapa final. RESULTADOS E DISCUSSÃO As informações contidas no manual foram organizadas com base na literatura considerando serem estas indispensáveis para a promoção do autocuidado. Elencou-se seis focos de abordagem pertinentes à construção do manual, sendo estes: 1- Indicar a importância da comunicação clara e segura considerando o nível de conhecimento do cliente. Estudos mostram que as orientações aos pacientes ostomizados esclarecem as dúvidas do paciente e de seus familiares com o objetivo de elevar a auto-estima do paciente, tendo enfoque nos manuais de orientação ao ostomizado, utilizando uma linguagem acessível (REVELES; TAKANASHI, 2007); 2Apontar a necessidade do apoio profissional e da familia; A família desempenha fundamental papel no período que antecede à cirurgia para confecção da estomia intestinal, bem como, posteriormente, exercendo o cuidado, fornecendo suporte emocional e apoio. Nessa perspectiva, cabe aos profissionais de enfermagem viabilizarem o preparo da pessoa com estomia e seus familiares para o enfrentamento dessa situação (SILVA; SHIMIZU, 2007). 3- Informações sobre o estoma, cuidado com a pele periestoma, equipamento coletor (colocação, troca e esvaziamento), nutrição, vestuário, imagem corporal, aspectos psicológicos, recreacionais e sexuais: Orientar o portador de estomia em relação a conceitos básicos e cuidados rotineiros. 4Despertar para a busca de uma contra referencia em ambulatório ou serviço especializado de assistência. O acompanhamento ambulatorial ao paciente estomizado requer um planejamento multidisciplinar visando recuperação física e a reabilitação destes pacientes, além do ensino do autocuidado, troca e esvaziamento de bolsas, cuidado com a pele periestoma e o preparo da família (SILVA, 2013). 5- Informar sobre políticas públicas para a atenção à saúde das pessoas ostomizadas: O Sistema Público de Saúde Brasileiro oferece: Dispositivos coletores fecais, urinários e de cuidados da pele; Estabelece Diretrizes para a Atenção à Saúde da Pessoa Ostomizada; Institui a Política da Saúde da Pessoa com Deficiência; Inclui o Estomizado como Pessoa Portadora de Deficiência Física, entre outros. 6- Estimular a participar em associações de estomizados ou em grupos de apoio. Faz parte da Declaração dos Direitos dos Ostomizados “ter acesso a dados acerca de sua Associação Nacional de Ostomizados e dos serviços e apoio que podem ser oferecidos (ABRASO, 2004). CONCLUSÃO A proposta de construção e um Manual Lúdico torna-se um meio de aproximação dessas realidades considerando as afirmações de Winnicott, de que “ é com base no brincar, que se constrói a totalidade da existência experimental do homem” e que “o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde”. Por fim, as autoras consideram que parte dos objetivos dessa pesquisa foram alcançados. No entanto, o estudo apresentou algumas limitações, pois devido a complexidade do processo de validação (aceite dos juizes, tempo de resposta das etapas) esse objetivo tornou-se inviável. Palavras-chave: Estoma. Estomizado. Estomia. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 400 de 16 de novembro de 2009. Considerando a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 16 nov, 2009. Cartilha do Jovem Ostomizado / coordenação de Cândida Carvalheira. -Rio de Janeiro: ABRASO, 2004. CORREIA, A.K.S. et al. Análise das dissertações e teses de Enfermagem sobre Ostomias, Brasil, 1979-2005, Rev. RENE, v. 9, n. 2, p. 106-112, abr./jun. Fortaleza, 2008. ECHER, I.C. Elaboração de manuais de orientação para o cuidado em saúde. Rev Latino-am Enfermagem. v.13(5):p. 754-7, 2005. nomenológico. Rev. Enferm. UERJ, v. 18, n. 2, p. 223-228, Abr/Jun, 2010. SALES, Catarina Aparecida et al . Sentimentos de pessoas ostomizadas: compreensão existencial. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 44, n. 1, p. 221-227, Mar. 2010 . Silva AL, Shimizu HE. A relevância da rede de apoio ao estomizado. Rev Bras Enferm. 2007 MaiJun; 60(3):307-11. SILVA, J.D. Educação para o autocuidado de estomizados intestinais no domicílio: do planejamento à avaliação de resultados. Ribeirão Preto, 2013.