O significado de mãe nos santos padres

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O significado de mãe nos santos padres
Neste Ano da Vocação Sacerdotal e no clima do dia das mães, se faz importante ressaltar a figura
materna na vida dos padres. Nesse sentido, apresentamos a reflexão de Dom Vital Corbellini, Bispo
de Marabá – PA, sobre o significado das mães nos santos padres para a vida cristã, especialmente, a
do padre.
Ainda que seja uma festa de origem da mitologia grega, a comunidade cristã fará uma comemoração
do dia das mães no segundo domingo de maio. Será sempre um motivo de alegria pela pessoa que é
a mãe de todos nós, filhos e filhas. Ora este sentido já fora falado na Sagrada Escritura onde Deus,
se assim o ser humano pudesse afirmar como mãe, cuida de todos nós, filhos e filhas(cfr. Is 49,15). O
profeta Jeremias falou que antes de nós entrarmos no seio da mãe, Ele já nos conhecia (cfr. Jr 1,5).
Vemos Deus que ama a todos nós antes mesmo do seio materno. Ora a tradição patrística falou
também da importância da mãe, como ser que gera outros seres, mas sobretudo como pessoa que
possui muito amor a ser dado porque Deus é amor, criou-nos para a vida presente e um dia a eterna.
A vida é uma viagem
São Basílio Magno, Bispo do século IV, teve presentes não tanto o significado de ser mãe, mas a
pessoa que nos gerou para a vida. Neste sentido afirmou que a vida é uma viagem curta para alguns
e longa para outros, desde o seio materno até a sepultura, para um dia ocorrer a ressurreição. Assim
como alguns, empreendem uma viagem, movem continuamente um pé diante do outro, para que o
movimento se torne veloz de modo que alcançam facilmente o fim de um percurso. Da mesma forma,
aqueles e aquelas que pelo Criador foram introduzidos na vida, deixam atrás de si, como último
aquilo que estava em primeiro lugar, para alcançar o fim da sua vida. Também a vida presente está
subdivida em diversas etapas. É sem dúvida uma viagem que desde o início para todos, apresenta a
missão da mãe que nos gerou para a vida, e com o tempo vamos ao encontro da morte terrena para
viver com Deus, para sempre. Assim devemos nos alegrar se andamos para frente, porque saídos do
ventre da mãe, avançamos em idade e nos alegramos como que alguém seja um ganhador
extraordinário. Julgamos bem-aventurado quando passamos da etapa de criança para adulto, pessoa
idosa e aos poucos a nossa vida vai se desgastando, e quando realizamos o bem nos consumamos
mais para os outros e para Deus.
A consolação de uma mãe cristã
São Basílio teve presente seja a mãe que está bem, aquela que vive junto com o seu marido, filhos e
filhas de modo que tudo concorre para o bom andamento da família, seja a mãe que perdeu o seu
filho prematuramente, por doenças, que na época, os recursos medicinais eram poucos. Hoje
poderíamos dizer que muitas mães choram a morte de seus filhos pela violência, doenças, balas
perdidas, perseguições, ou por assassinatos.
O Bispo diz que conheceu uma mãe, e ainda que ela tivesse um coração manso e bom, não sabia
medir a dor nas circunstâncias presentes ao não ter mais o filho vivo por causa da doença. Perdeu
um filho que quando era vivo todas as mães estimavam bem-aventurado desejando que o seu filho
fosse como a mãe própria, forte, alegre e vigorosa. Mas como veio a morte improvisada, tudo mudou,
porque algo mais forte ocorreu para o filho presente que os recursos medicinais não conseguiram
controlar a doença. Neste sentido algumas pessoas se revoltam pelas coisas ocorridas, os
acontecimentos, fato não ocorrido para aquela mãe. Por isso São Basílio teve presente para a
comunidade a ação de não acusar o reto juízo de Deus, que quer sempre o bem de seus filhos e de
suas filhas. O bispo colocou ainda em seu argumento a mãe que ela se tornando mãe, olhou para o
seu filho e agradeceu imensamente a Deus; no entanto ela sabia também que ela como mulher
mortal, gerou um homem mortal. Aquilo que assustou foi que o filho morreu assim tão logo. Mas São
Basílio afirmou a relatividade das coisas. Tudo passa. O que permanece é o amor do Senhor na vida
da gente, a caridade. Por isso ele rezava ao Senhor para que essa mãe encontrasse um modo de
receber o consolo no Deus mesmo, porque Ele é a fonte de alegria e de amor para aqueles e aquelas
que esperam nele e dos que choram a morte prematura de seus filhos e filhas.
A causa primeira de todas as coisas
São Agostinho, Bispo dos séculos IV e V, valorizou o fato de nós nascermos no ventre de uma mãe de
modo que compreendeu que a causa primeira de todas as coisas é o próprio Criador. Ele criou as
coisas e os seres humanos a partir do nada. Deus criou o mundo sem nenhum mundo. Dessa forma
cumpre-se a Palavra do Senhor que diz que a sua presença enche o céu e a terra(cfr. Jr 23,24). Ela
falou do amor misericordioso do Senhor que nos quer bem antes mesmo da formação de nosso ser
no ventre materno (cfr. Jr 1,5). Ele quis dizer que Deus é a causa primeira de todas as coisas,
formando-nos um dia termos a existência terrena. Para isso é importante a presença nossa no ventre
materno na qual fomos modelados com carne e sangue para desta forma termos uma existência
terrena e um dia participarmos da divina.
No entanto é no Livro das Confissões, que Santo Agostinho reconheceu a missão de Mônica, sua mãe
a qual representava a Igreja e era considerada por ele, como servidora do Senhor. Disse: “Minha
mãe era a serva de todos os teus servos. Todos os que a conheciam louvavam, honravam e amavam
profundamente a Ti, por nela sentirem a tua presença, comprovada pelos frutos de uma vida
santa”(IX, 22). A sua morte é elogiada pelas obras boas, possuindo a certeza de sua unidade com o
Senhor Jesus Cristo: “É verdade que ela, regenerada em Cristo, ainda antes de ser libertada da
carne, vivia de tal modo, que o teu nome era glorificado na sua fé e nos seus bons costumes”(IX, 34).
Fez uma prece pedindo ao Senhor misericórdia: “Perdoa-lhe também as suas faltas, se algumas
cometeu em tantos anos de vida, depois do batismo. Perdoa, Senhor, perdoa, eu te suplico, e ‘não
chames a juízo a tua serva'(Sl 142,2). Que a misericórdia triunfe sobre a justiça. Tuas palavras são
verdadeiras, e prometeste misericórdia aos misericordiosos; Cf. Mt 5,7(IX, 35)”.
Conclusão
O dia das mães é um momento especial de louvor e agradecimento a Deus pela presença materna de
Deus na vida de nossas mães. Elas colaboram com Deus no poder de gerar pessoas para as suas
famílias e para o mundo. Vivam rodeadas de carinho e de amor dos seus filhos, filhas e marido,
sejam as jovens como as idosas, sejam aquelas que estão bem de saúde e aquelas acamadas. O
Senhor as acompanhe na caminhada. Obrigado Senhor por ter-nos dado uma mãe: obrigado Senhor
por Maria ser a Mãe de vosso Filho encarnado e por sermos seus filhos e filhas. Deus Uno e Trino
seja glorificado pela vida de nossas mães.
Fonte: CNBB.net.br
http://www.anodavocacaosacerdotal.arqmariana.com.br/noticia/102/o-significado-de-mae-nos-santos-padres em 30/05/2017 04:18
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