PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Marcos Vinicius Amaral de Souza Ricardo Amarante de Souza Lang Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientadora: D.Sc. Maria Alice Ferruccio Rio de Janeiro Agosto de 2014 PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Marcos Vinicius Amaral de Souza Ricardo Amarante de Souza Lang PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO. Examinado por: Profª. Maria Alice Ferruccio Profa. Thereza Cristina Nogueira de Aquino Sr. Carlos A. Ferreira de Carvalho Rio de Janeiro, RJ – Brasil Novembro de 2014 2 Souza, Marcos Vinicius Amaral de Lang, Ricardo Amarante de Souza Plano de Negócios de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro / Marcos Vinicius Amaral de Souza/ Ricardo Amarante de Souza Lang – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2014. X, 71 p.: il.; 29,7 cm. Orientadora: Maria Alice Ferruccio (D.Sc.) Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia de Produção, 2014. Referências Bibliográficas: p.67-71 1. Plano de Negócios, 2. Cervejaria Artesanal I. Ferruccio, Maria Alice. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. Plano de Negócios de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro. 3 “Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos” (FRIEDRICH NIETZSCHE) “Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo. Quem acredita sempre alcança” (RENATO RUSSO) “Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado” (RUI BARBOSA) “Acerte em tudo que puder acertar. Mas não se torture com seus erros” (PAULO COELHO) 4 AGRADECIMENTOS Agradecemos principalmente aos nossos pais, que fizeram com que tudo isso fosse possível. Apoiaram-nos incondicionalmente, compreenderam e nos apoiaram nos momentos mais difíceis. Aos nossos irmãos, namoradas e amigos de bar que sempre estiveram do nosso lado para ouvir cada história de derrota e comemorar cada vitória. A nossa orientadora e professora, Maria Alice Ferruccio, que nos auxiliou durante a elaboração deste projeto final, assim como nos ensinou ferramentas de engenharia e da vida ao longo de toda a faculdade. A todos os mestres que tivemos durante esses cinco anos, que nos ajudaram a crescer profissional e pessoalmente. A UFRJ, que nos proporcionou oportunidades incríveis, como o intercâmbio, que nos ajudou a expandir nossa visão de mundo e fez com que tivéssemos ideias inovadoras, como a que apresentaremos aqui. A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para nossa formação, crescimento e realização desse projeto. Marcos Vinicius Amaral de Souza Ricardo Amarante de Souza Lang 5 Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Marcos Vinicius Amaral de Souza Ricardo Amarante de Souza Lang Novembro/2014 Orientador: Maria Alice Ferruccio (D.Sc.) Curso: Engenharia de Produção Elaboração de um plano de negócios a fim de estudar a viabilidade da abertura de uma empresa de fabricação de cerveja artesanal por meio da criação de um plano de gestão abordando os aspectos que implicam nos ambientes internos e externos à empresa. Da mesma forma, complementam o estudo um plano de marketing que aborda os 6 P’s (produto, preço, praça, promoção, pessoas e processos), um plano de operações que define sua cadeia de valor, um plano financeiro que avalia a viabilidade econômicofinanceira da empresa e por fim um plano jurídico abordando a questão tributária. Palavras-Chave: Plano de negócios, cervejaria artesanal 6 Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for acquiring the degree of Industrial Engineer. BUSINESS PLAN FOR A CRAFT BREWERY IN THE CITY OF RIO DE JANEIRO Marcos Vinicius Amaral de Souza Ricardo Amarante de Souza Lang November/2014 Advisor: Maria Alice Ferruccio (D.Sc.) Course: Industrial Engineering Preparation of a business plan in order to study the feasibility of opening a manufacturing company of craft beer through the creation of a management plan involving the internal and external business environments. Likewise, the study complement a marketing plan that addresses the 6 P's (product, price, place, promotion, people and processes), an operational plan that defines its value chain, a financial plan that evaluates the company’s financial viability and finally a legal plan addressing the tax issue. Key-Words: Business Plan, Craft Brewery 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 12 SUMÁRIO EXECUTIVO ................................................................................................................................. 15 1. PLANO DE GESTÃO............................................................................................................................. 16 1.1 Análise CAMGPEST ........................................................................................................................... 16 1.1.1 Entorno Cultural ....................................................................................................................... 16 1.1.2 Entorno Ambiental.................................................................................................................... 17 1.1.3 Entorno Mercadológico ............................................................................................................ 18 1.1.4 Entorno Geográfico .................................................................................................................. 20 1.1.5 Entorno Político ........................................................................................................................ 22 1.1.6 Entorno Econômico .................................................................................................................. 24 1.1.7 Entorno Social ........................................................................................................................... 25 1.1.8 Entorno Tecnológico ................................................................................................................. 27 1.2 Análise SWOT ................................................................................................................................... 28 1.2.1 Cruzamentos da Análise SWOT ................................................................................................. 30 1.3 5 Forças de Porter ............................................................................................................................ 32 1.3.1 Poder de barganha dos fornecedores ...................................................................................... 32 1.3.2 Poder de barganha dos clientes................................................................................................ 32 1.3.3 Ameaça de produtos substitutos .............................................................................................. 33 1.3.4 Ameaça de novos entrantes ..................................................................................................... 34 1.3.5 Rivalidade entre concorrentes .................................................................................................. 34 1.4 Business Model Canvas .................................................................................................................... 35 1.4.1 Proposta de Valor ..................................................................................................................... 36 1.4.2 Segmento de Clientes ............................................................................................................... 36 1.4.3 Relacionamento com clientes ................................................................................................... 36 1.4.4 Canais de Distribuição............................................................................................................... 36 1.4.5 Linhas de Receita ...................................................................................................................... 37 1.4.6 Recursos Chave ......................................................................................................................... 37 1.4.7 Atividades Chave....................................................................................................................... 37 1.4.8 Parceiros Chave ........................................................................................................................ 37 1.4.9 Estrutura de Custos................................................................................................................... 38 1.5 Fatores Críticos de Sucesso Comparativo ........................................................................................ 39 1.6 Segmentação de Mercado ............................................................................................................... 40 2 PLANO DE MARKETING ...................................................................................................................... 41 2.1 Marketing Estratégico ...................................................................................................................... 41 8 2.1.1 Missão ....................................................................................................................................... 41 2.1.2 Visão ......................................................................................................................................... 41 2.1.3 Valores ...................................................................................................................................... 42 2.2 Marketing Tático .............................................................................................................................. 42 2.2.1 Preço ......................................................................................................................................... 42 2.2.2 Praça ......................................................................................................................................... 42 2.2.3 Promoção .................................................................................................................................. 43 2.2.4 Produto ..................................................................................................................................... 44 2.2.5 Pessoas ..................................................................................................................................... 46 2.2.6 Processos .................................................................................................................................. 47 3 PLANO DE OPERAÇÕES ...................................................................................................................... 47 3.1 Cadeia de Valor ................................................................................................................................ 47 3.2 Atividades Primárias......................................................................................................................... 49 3.2.1 Logística Interna........................................................................................................................ 49 3.2.2 Operações ................................................................................................................................. 50 3.2.3 Logística Externa ....................................................................................................................... 52 3.2.4 Marketing e Vendas .................................................................................................................. 52 3.2.5 Serviço ...................................................................................................................................... 52 3.3 Atividades Secundárias .................................................................................................................... 53 3.3.1 Infraestrutura da empresa ........................................................................................................ 53 3.3.2 Gestão de Recursos Humanos .................................................................................................. 53 3.3.3 Desenvolvimento tecnológico .................................................................................................. 53 3.3.4 Aquisição ................................................................................................................................... 54 4 PLANO FINANCEIRO ........................................................................................................................... 54 4.1 Componentes da Demonstração de Resultados .............................................................................. 54 4.1.1 Formação dos custos e despesas .............................................................................................. 54 4.1.2 Formação do preço e receita .................................................................................................... 56 4.2 Demonstração do Resultado do Exercício ........................................................................................ 59 4.3 Investimento Inicial .......................................................................................................................... 60 4.4 Fluxo de Caixa .................................................................................................................................. 60 4.5 Viabilidade Econômica ..................................................................................................................... 61 4.6 Análise de Cenário Alternativo ......................................................................................................... 61 5. PLANO JURÍDICO ..................................................................................................................................... 63 5.1 Estrutura Jurídica ............................................................................................................................. 63 5.2 Estrutua Organizacional ................................................................................................................... 64 6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 66 9 Índice de Figuras Figura 1 - Composição do Mercado de Cervejas ........................................................... 19 Figura 2 - Distribuição Geográfica das Cervejarias Artesanais no Brasil ...................... 22 Figura 3 - Geração de empregos das cervejarias ............................................................ 25 Figura 4 - Equipamento de fabricação para consumo próprio........................................ 28 Figura 5 - Matriz SWOT ................................................................................................ 29 Figura 6 - Matriz SWOT ................................................................................................ 30 Figura 7 - Business Model Canvas ................................................................................. 38 Figura 8 - Segmentação de Mercado .............................................................................. 41 Figura 9 - Logomarca Cervejaria Carioca ...................................................................... 45 Figura 10 - Cadeia de Valor ........................................................................................... 48 Figura 11 - Estrutura Organizacional ............................................................................. 65 10 Índice de Quadros Quadro 1 - Características dos Concorrentes ................................................................. 35 Quadro 2 - FCS Comparativo ......................................................................................... 39 Quadro 3 - Atribuições e cargos ..................................................................................... 46 Quadro 4 - Custos por Insumo........................................................................................ 55 Quadro 5 - Custo Total do Produto Vendido.................................................................. 55 Quadro 6 - Despesas Operacionais e Administrativas.................................................... 56 Quadro 7 - Formação do Preço ....................................................................................... 57 Quadro 8 - Relação de Impostos..................................................................................... 59 Quadro 9 - Demonstração do Resultado do Exercício ................................................... 59 Quadro 10 - Investimento Inicial .................................................................................... 60 Quadro 11 - Fluxo de Caixa ........................................................................................... 61 Quadro 12 - Indicadores de Viabilidade Econômica ...................................................... 61 Quadro 13 - Demonstração do Resultado do Exercício do Cenário Alternativo............ 62 Quadro 14 - Fluxo de Caixa do Cenário Alternativo...................................................... 62 Quadro 15 - Indicadores de Viabilidade Econômica do Cenário Alternativo ................ 63 11 INTRODUÇÃO O Plano de Negócios é um documento elaborado para se estudar a realidade, a perspectiva e a estratégia de uma empresa esclarecendo quem ela é, o que é, como faz, porque faz e onde quer chegar. Deve refletir também as características presentes no ambiente econômico, de mercado, tecnológico e interno à empresa1. A elaboração de um plano de negócios é a forma ideal para que se tenha um retrato, o mais próximo da realidade possível, de um mercado e de um produto, garantindo maiores possibilidades de êxito para quem busca iniciar um novo negócio ou promover ampliações e inovações no mesmo2. Dessa forma, com a realização prévia do Plano de Negócios busca-se reduzir a mortalidade das pequenas e médias empresas que são fundamentais à economia do país uma vez que de acordo com pesquisas do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as mesmas representam 20% do PIB brasileiro e além disso representam também 52% dos empregos formais no Brasil segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)3. O presente trabalho irá tratar da elaboração de um Plano de Negócios para a criação de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro estruturando minuciosamente todas as questões que cercam este empreendimento tanto em relação ao seu ambiente externo e interno, além de promover os planos de gestão, marketing, operações, financeiro e jurídico. Este projeto tem por objetivo geral formular um Plano de Negócios que vise a criação de uma cervejaria artesanal fabricante em pequena/média escala de cervejas diferenciadas. Como objetivos específicos o projeto tem por finalidade: 1 http://www.cin.ufpe.br/~dmvb/empreendimentos/Check%20list.pdf acessado em 28/08/2014 http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/COMO%20ELABORAR%20UM%20PLANO _baixa.pdf acessado em 28/08/2014 3 http://www.as-coa.org/blogs/s%C3%A3o-paulo-2014-blog-six-facts-about-smes-brazil acessado em 28/08/2014 2 12 - Identificar sob diferentes aspectos as características do mercado de cervejas artesanais. - Elaborar um plano de gestão para o negócio analisando os ambientes externos e internos. - Definir um plano de marketing de forma a estabelecer e posicionar a marca no mercado. - Traçar um plano operacional mapeando os principais processos e definindo a sua cadeia de valor. - Estimar um plano financeiro que identifique a viabilidade econômica financeira do projeto. - Apresentar os aspectos jurídicos aos quais o negócio deve se alinhar. - Concluir se o projeto será rentável e tecnicamente possível. Inicialmente, o assunto relativo às cervejarias artesanais vem ganhando força dado que o mercado mundial de cervejas está em processo de mudança. Mercados do leste europeu, asiáticos e da América Latina vem despertando o interesse de grandes grupos cervejeiros internacionais que se consolidam cada vez mais no mercado leva a um processo de concentração do poder de escolha do consumidor. A necessidade de reduzir custos e produzir cervejas com longa vida de prateleira por causa dos longos trajetos de distribuição faz com que as cervejas oferecidas tenham sabor muito semelhante entre si diferindo apenas na embalagem e campanha de marketing.(REINOLD, 2008) Dessa forma, tais produtos massificados abrem espaço para que especialistas regionais e locais desenvolvam um novo segmento de mercado com produtos que possuem maior especificidade e diferenciação em termos de paladar tornando cada vez mais forte a presença das cervejarias artesanais. Com isso, a decisão de realizar um plano de negócios nesta área é justificada pela oportunidade de negócio advinda do crescimento do mercado de cervejas artesanais, estimado por especialistas do setor, que apesar de representarem pequena 13 parcela do setor cervejeiro dominado pelas grandes cervejarias, conta com o interesse dos consumidores específicos deste novo setor da indústria de bebidas4. Além disso, o plano de negócios trata-se de uma oportunidade de utilizar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso em diversas esferas, pondo-os em prática através da estruturação de uma empresa como um todo. Assim, serão aprofundados assuntos já estudados e necessários à criação de um plano de negócios como: pesquisa de mercado, análise de ambientes externos e internos, planejamento estratégico, estrutura financeira de um negócio, planos de marketing, processos operacionais e estrutura jurídica. Este projeto deseja contribuir à comunidade científica fornecendo conhecimentos empresarias de diferentes aspectos desde o início da criação de um novo negócio até a sua implantação e operação de fato. Sendo neste caso mais específico ao mercado de cervejarias artesanais, porém podendo ser replicado com suas devidas adaptações a outros tipos de negócios em diferentes mercados. A metodologia do trabalho utilizada será a aplicação das melhores práticas para a estruturação de um plano de negócios utilizando as principais ferramentas correspondentes a cada etapa do plano. Além disso, a literatura disponível sobre o tema será utilizada para caracterizar o cenário no qual o assunto se insere e expor sua problemática, de modo que as referências bibliográficas utilizadas serão apresentadas ao longo e ao final do trabalho. 4 http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,promissor-mercado-das-cervejas-artesanais-atrai-cadavez-mais-empreendedores,3463,0.htm acessado em 28/08/2014 14 SUMÁRIO EXECUTIVO Todas as partes componentes neste projeto visam elucidar sobre diferentes perspectivas como deverá se comportar a empresa em questão de acordo com as suas características e diante das circunstâncias do ambiente que a cerca. Além disso, em cada plano específico componente de um plano de negócios é descrito como será realizada a atuação da empresa na respectiva esfera abordada por cada plano. Sendo assim, posteriormente a parte introdutória do trabalho, o capítulo um trata do Plano de Gestão onde são utilizadas ferramentas como a análise dos entornos Cultural, Ambiental, Mercadológico, Político, Econômico e Tecnológico (CAMGPEST)5, as 5 forças de Porter, a matriz Strenghts, Weakness, Oportunities and Treats (SWOT), o Business Model Canvas, os fatores críticos de sucesso comparativo e a análise de segmentação. Dessa forma, uma análise complementa a outra e desenvolvem um diagnóstico dos ambientes internos e externos ao negócio em questão. No capítulo três, é traçado o Plano de Marketing onde são discutidos a missão, visão e valores do negócio a ser aberto e o marketing tático apresentando os 6P’s de produto, preço, praça, promoção, processos e pessoas. No capítulo quatro o Plano Operacional identifica as atividades primárias e secundárias da cadeia de valor assim como o funcionamento das mesmas. O Plano Financeiro é pautado no capítulo cinco onde são estimados os custos e despesas, investimento e receitas para que possam ser previstos os fluxos de caixa iniciais e com isso a análise dos índices de Taxa Interna de Retorno, Valor Presente Líquido e payback. O Plano Jurídico, no capítulo seis, estrutura o âmbito jurídico no qual a empresa é inserida. Por fim, o último capítulo traz a conclusão do trabalho, na qual será avaliado depois de todo o estudo feito a validade e aplicabilidade do Plano de Negócios realizado. 5 http://www.gn2.ufrj.br/ acessado em 29/08/2014 15 1. PLANO DE GESTÃO Na etapa inicial do projeto, o plano de gestão busca primeiramente fazer um reconhecimento do ambiente externo ao qual a empresa estará inserida através das cinco forças de Porter e da análise CAMGPEST, que estuda as questões culturais, ambientais, mercadológicas, geográficas, políticas, econômicas, sociais e tecnológicas. Posteriormente, a estratégia do negócio é complementada pela matriz SWOT, Business Model Canvas, Fatores Críticos de Sucesso e Segmentação de Mercado. 1.1 Análise CAMGPEST 1.1.1 Entorno Cultural Existem referencias de que a cerveja no Brasil já era consumida desde o século XVII, porém a cachaça e o vinho eram as bebidas alcoólicas mais comuns. Somente com a abertura dos portos e a vinda da família real portuguesa ao Brasil a cerveja passou a ser introduzida no país de fato. Com o passar das décadas o consumo foi crescendo e a fabricação de cervejas no Brasil foi surgindo iniciada principalmente por famílias de imigrantes6. O costume de fabricar a própria cerveja artesanalmente como não poderia deixar de ser, também foi trazido da Europa, onde há muitos séculos a fabricação da cerveja utilizando ingredientes selecionados e respeitando os processos de fabricação legítimos é uma tradição.7 A influência da imigração alemã principalmente nos estados do sul do Brasil fez com que as cidades dessa região mantivessem algumas tradições dessas famílias imigrantes, dentre elas a fabricação das cervejas artesanais, fazendo com que hoje sejam 6 http://www.cervesia.com.br/historia-da-cerveja/72-a-historia-da-cerveja-no-brasil.html acessado em 30/08/2014 7 http://www.clubeer.com.br/blog/historia-brasileira-e-cervejaria-cervejas-artesanais/ acessado em 30/08/2014 16 referência a nível nacional desta cultura e apresentem diferentes microcervejarias que contribuem o fortalecimento do turismo e cultura da região8. Mesmo aparte da influência da imigração européia, muitas outras cervejarias artesanais de outras regiões do país surgem e ganham destaque como consequência do crescimento deste mercado de forma que hoje a cultura cervejeira se encontra espalhada pelas regiões do Brasil.9 Além disso, a presença cada vez maior da cultura das cervejarias artesanais no Brasil tem feito surgir diversos cursos de especialização em produção de cervejas e eventos culturais que envolvem a degustação de cervejas artesanais e exposição das mesmas em feiras culturais, roteiros turísticos, festivais, encontros culturais, associações, clubes e etc10. 1.1.2 Entorno Ambiental O aspecto ambiental também merece destaque e tem bastante influencia no mercado das cervejarias artesanais, uma vez que as principais matérias primas fundamentais para a fabricação da cerveja, além da água, são de origem vegetal como a cevada e o lúpulo. A cevada no território brasileiro normalmente é plantada em regiões de temperatura amena, como a região sul do país, visto que é uma cultura típica do outono/inverno sendo geralmente plantada no mês de junho e colhida em novembro de acordo com o clima da região na qual está sendo plantada11. Já o plantio do lúpulo é mais complicado de se adaptar as condições climáticas do Brasil, pois necessita de características mais comuns ao clima temperado presente no 8 http://www.clubeer.com.br/blog/historia-brasileira-e-cervejaria-cervejas-artesanais/ acessado em 30/08/2014 9 http://www.clubeer.com.br/blog/historia-brasileira-e-cervejaria-cervejas-artesanais/ acessado em 30/08/2014 10 http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/artesanal-e-caseira-1.731442 acessado em 30/08/2014 11 http://www.agrolink.com.br/cereaisdeinverno/informacoestecnicascevada.aspx acessado em 30/08/2014 17 hemisfério norte, o que faz com que tal insumo seja na maioria das vezes importado de países dessa região12. Existem vários tipos de lúpulo e malte (obtido a partir da cevada) que no caso das cervejas artesanais são selecionados especificamente para dar o aroma, coloração e sabor desejados. Dessa forma, muitas vezes para fabricar certos tipos de cerveja é necessário que o produtor tenha de importar essas matérias primas uma vez que certas especificações não são encontradas no Brasil, o que acaba encarecendo o produto final13. Outra questão ambiental que impacta em custos para o fabricante é o tratamento dos resíduos devolvidos ao meio ambiente. A quantidade de efluentes gerados por uma cervejaria tem uma taxa que vai de 5 a 10 vezes a sua produção, o que evidencia também o grande consumo de água que é realizado. A água contaminada por restos de produtos, lubrificantes, antiespumantes e etc, necessita antes de ser lançada, passar por um tratamento para que seus resíduos sólidos sejam retirados e após isso o seu ph seja equilibrado para que assim possa ser devolvida ao meio ambiente14. 1.1.3 Entorno Mercadológico Segundo dados da consultoria especializada no setor, (CERVESIA, 2011), o Brasil com sua produção anual de 12,4 bilhões de litros é o terceiro maior produtor de cerveja estando atrás somente de países como China (45 bilhões de litros por ano) e Estados Unidos (35 bilhões de litros por ano), estando a frente até mesmo de países como a Rússia (11,6 bilhões de litros por ano) e a Alemanha (10,8 bilhões de litros por ano). Nos anos de 2008 até 2011 as vendas cresceram 54% no ramo das cervejas comuns e 79% nas artesanais15. Segundo dados do Sistema Integrado de Produtos e 12 http://www.apcv.pt/pdfs/lupulo.pdf acessado em 30/08/2014 http://www.beerlife.com.br/portal/default.asp?id_texto=22 acessado em 30/08/2014 14 http://www.ambientelegal.com.br/sustentabilidade-e-mais-dificil-para-os-pequenos-cervejeiros/ acessado em 30/08/2014 15 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/cervejas-artesanais-estao-cada-vez-mais-presentes-nomercado-brasileiro acessa do em 31/08/2014 13 18 Estabelecimentos (Sipe/Mapa), 232 cervejarias e 1.110 tipos de cervejas estão registrados no Brasil. Em pesquisa realizada pela empresa Latin Panel o público consumidor deste mercado ainda é em sua maioria masculino, embora atualmente as mulheres representem por volta de 33% do consumo nacional de cerveja, sendo ainda considerada a bebida predileta de 29% do público feminino da faixa etária entre 30 e 39 anos. Também foi constatado que as mulheres entre 40 e 49 anos representam 24% do consumo de cerveja no Brasil e que o público feminino gasta gasta 6% a mais do que o masculino em cervejas do tipo Premium16. O mercado de cervejas em geral, atualmente, é caracterizado por ser altamente concentrado com somente uma empresa possuindo aproximadamente 70% da fatia do mercado. O que sobra é dividido por outros três grupos cervejeiros também de grande porte que estabelecem entre si uma grande concorrência, além de uma pequena parcela em torno de 1% que corresponde às cervejarias regionais e microcervejarias e cervejarias artesanais. Figura 1 - Composição do Mercado de Cervejas Fonte: http://afrebras.org.br/ acessado em 31/08/2014 16 http://www.cervesia.com.br/dados-estatisticos/609-o-mercado-cervejeiro-brasileiro-atual-potencialde-crescimento.html acessado em 31/08/2014 19 No entanto, apesar da pequena participação no mercado apresentada pelas cervejarias artesanais, as mesmas têm apresentado um crescimento bastante promissor com previsão de ser quatro vezes superior ao crescimento anual do mercado de cervejas tradicionais17. No ano de 2012 houve o maior número de registros por parte do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de cervejarias dos últimos 30 anos. Um número de 31 novos registros de cervejarias foi atingido no ano em questão. Há vinte anos esse número era de apenas 2 registros18. Embora este negócio esteja crescendo de forma extremamente positiva, a intenção deste nicho de mercado não é competir com a grande indústria cervejeira, uma vez que as dificuldades de logística enfrentada pelas pequenas cervejarias e os impostos elevados aumentam bastante o preço das cervejas artesanais que possuem um mercado consumidor específico e diferente dos consumidores usuais das cervejas mais comuns19. 1.1.4 Entorno Geográfico As cervejarias artesanais inicialmente eram típicas dos países europeus cujo clima favorece o plantio das suas principais matérias primas. Entretanto, atualmente elas se encontram espalhadas ao redor do mundo tendo se tornado uma cultura presente em diversos países com características diferentes entre si. Dentre os principais países que possuem maior tradição na fabricação de cervejas artesanais as escolas: alemã, belga e americana, apresentam grande destaque no cenário mundial. A escola alemã é uma das precursoras e mais tradicionais que desde 1516 estabeleceu a “Lei da Pureza” determinando que todas as cervejas produzidas na 17 https://www.papodebar.com/brasil-brau-2013/ acessado em 31/08/2014 http://oglobo.globo.com/economia/registros-de-cervejarias-cresceram-15-vezes-em-20-anos7910904 acessado em 31/08/2014 19 http://oglobo.globo.com/economia/cervejas-importadas-chegam-ser-mais-baratas-que-artesanaisnacionais-9181277 acessado em 31/08/2014 18 20 região da Baviera deveriam conter apenas os ingredientes básicos: malte, lúpulo, água e levedura20. Já a escola belga se caracteriza pela complexidade da fabricação de cerveja que utiliza diversos ingredientes extras a fim de obter sabores diferenciados, além disso, ela também é conhecida pelos mosteiros que produzem algumas das consideradas melhores cervejas do mundo. A escola americana muito conhecida pela produção em grandes volumes há alguns anos mudou esse panorama com o surgimento de diversas cervejarias artesanais conhecidas como craftbreweries.21 No Brasil, o grande número de registros de cervejarias foi feito em 2012 quando 31 novos produtores conseguiram a sua regularização com o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi o maior número de registros dos últimos 30 anos. Segundo os dados mais recentes levantados por este órgão, dentre os atuais cerca de 232 estabelecimentos autorizados a fabricação e comercialização de cervejas muitos deles estão espalhados por diversos estados brasileiros sendo que somente os estados do Acre, Alagoas, Rondônia e Tocantins não receberam autorizações22. A maioria das cervejarias artesanais se encontra em São Paulo que possui 58 estabelecimentos com autorização, logo em seguida Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem respectivamente 28 e 26 fabricantes. As cidades interioranas nesses três estados representam boa parte desse número de estabelecimentos autorizados. O estado de Minas Gerais vem crescendo nesse mercado e já atingiu 25 cervejarias artesanais sendo seguido pelo Rio de Janeiro com 17. As restantes estão espalhadas por outros estados do Brasil23. 20 http://www.beerlife.com.br/ed01/estilos.asp acessado em 31/08/2014 http://www.beerlife.com.br/ed01/estilos.asp acessado em 31/08/2014 22 http://oglobo.globo.com/economia/registros-de-cervejarias-cresceram-15-vezes-em-20-anos7910904 acessado em 31/08/2014 23 http://oglobo.globo.com/economia/registros-de-cervejarias-cresceram-15-vezes-em-20-anos7910904 acessado em 31/08/2014 21 21 Figura 2 - Distribuição Geográfica das Cervejarias Artesanais no Brasil Fonte: http://www.acervacarioca.com.br acessado em 31/08/2014 1.1.5 Entorno Político24 No Brasil a concessão do registro de produtores, exportadores, importadores, envasadores e atacadistas é realizada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), o qual é o órgão também incumbido de controlar a qualidade das cervejas importadas e das que são produzidas dentro do país. A regulamentação para cervejarias artesanais começou a ser discutida recentemente tendo sido postergada e esquecida durante alguns anos até que, com mais de dez anos após as regulações da produção de cerveja em escala industrial, o MAPA passou a discutir regras para esse setor. As principais regras estabelecidas definem que para ser permitida a comercialização de cervejas produzidas artesanalmente, é necessário que a cervejaria 24 http://www.bebendobem.com.br/2012/11/mapa-abre-consulta-publica-para-regulamentarproducao-de-cerveja-artesanal-e-caseira/ acessado em 31/08/2014 22 esteja registrada no MAPA contendo toda a documentação exigida. Dessa forma, para que o produtor possa vender estando dentro da legalidade e sem entrar em conflito com o órgão regulamentador, a cervejaria deve ter dentre outros documentos, CNPJ, alvará de funcionamento, Inscrição Estadual, autorização ambiental, projeto e manual de boas práticas, contrato social e demais documentos. Outra questão também importante da regulamentação deste setor é o limite máximo de produção de cerveja estabelecido para que o estabelecimento seja considerado como uma cervejaria artesanal. Segundo a portaria nº142/2012 do MAPA ficou estabelecido um limite máximo da produção anual de trinta mil litros de cerveja para que uma cervejaria possa ser designada como estabelecimento artesanal ou caseiro localizado em área urbana, ou seja, uma produção máxima a ser comercializada de 2.500 litros por mês. Tal limite máximo de produção estabelecido é algo passível de maiores discussões uma vez que parte das cervejarias artesanais fabrica uma quantidade mensal maior que a estipulada e em algumas delas a produção de até mesmo somente um mês pode vir a ultrapassar o limite anual. Um aspecto positivo alcançado nos últimos anos pelos representantes do setor e microempresários foi a instrução normativa que possibilita a utilização de outros ingredientes de origem animal como leite, mel e chocolate, assim como de origem vegetal no caso de frutas, ervas e flores, no processo de produção da cerveja juntamente com os ingredientes obrigatórios malte, lúpulo, levedura e água. Com isso, as cervejas produzidas artesanalmente podem explorar ainda mais novos sabores contribuindo para uma diferenciação ainda maior. Na esfera tributária as cervejarias artesanais sofreram ultimamente uma derrota ao serem excluídas do sistema do Simples Nacional que facilita o pagamaneto de impostos por parte das pequenas empresas25. No entanto, a partir do início do ano de 2014 o teto para o enquadramento de empresas no Lucro Presumido passou de 48 milhões de faturamento para 78 milhões, com isso um maior número de empresas 25 http://destinocervejeiro.com/microcervejarias-sao-excluidas-simples-nacional acessado em 31/08/2014 23 poderão ser beneficiadas incluindo as microcervejarias que já possuem um certo nível de desenvolvimento26. 1.1.6 Entorno Econômico A situação econômica do país em geral há cerca de três anos era vista de forma otimista com perspectivas positivas de desempenho e crescimento, porém, a realidade mostrou que a situação não se traduziu em suas expectativas traçadas e o desempenho em termos de crescimento de PIB e investimentos acabou caindo em ambos os casos, desfazendo o cenário otimista de outrora27. No entanto, não há como negar que o mercado consumidor nos últimos anos de uma forma geral tem aumentado seu poder aquisitivo assim como seu padrão de consumo, principalmente devido aos aumentos do salário mínimo, apesar do aumento nos preços dos bens. Dessa forma, passa a ser um fator macroeconômico que vem contribuindo para alavancar as vendas de diversos setores da economia do país.28 O mercado de cervejas artesanais ainda possui uma pequena fatia do mercado de cervejas quando comparado com as cervejarias industriais. No entanto, este aspecto do crescente aumento da renda familiar no Brasil e a elevação dos padrões de consumo tem ajudado bastante para que as cervejarias artesanais aumentem suas vendas e passem a ter um maior crescimento de mercado29. O segmento de cervejarias artesanais nos dias de hoje movimenta cerca de 2 bilhões de reais que corresponde a mais ou menos 5% do faturamento total do segmento de cervejas que girou em torno de 40 bilhões de reais no ano de 2012 segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). Além disso, as microcervejarias 26 http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/colunistas/edino-garcia/2013/05/23/mais-empresaspoderao-optar-pelo-lucro-presumido-em-2014.htm acessado em 31/08/2014 27 http://exame.abril.com.br/topicos/pib-do-brasil acessado em 31/08/2014 28 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/aumento-do-poder-de-compra-promove-expansaodas-vendas acessado em 01/09/2014 29 http://www.cervesia.com.br/dados-estatisticos/164-cerveja-mercado-potencial.html acessado em 31/08/2014 24 tem tido um crescimento do seu faturamento muito maior do que as cervejarias populares. Segundo dados da Associação dos fabricantes de refrigerantes do Brasil (AFREBRAS) as microcervejarias tem importante papel na economia ao serem responsáveis por 17,5% dos empregos gerados no setor apesar de possuírem somente cerca de 1,5% do mercado total de cervejas. Figura 3 - Geração de empregos das cervejarias Fonte: AFREBRAS 1.1.7 Entorno Social As características dos consumidores de cervejas artesanais também é outro ponto que difere bastante das cervejas industriais. Enquanto os consumidores destas buscam adquirir produtos a baixos preços valorizando a quantidade em relação à qualidade da cerveja que consomem, o público das cervejas artesanais pode ser considerado mais exigente e valorizam outros aspectos30. O público das cervejas artesanais, em contra partida à maioria dos consumidores de cervejas comuns, procuram obter uma grande experiência ao degustar uma cerveja produzida com mais cuidado e que atende fielmente aos requisitos de fabricação de uma cerveja. Dessa forma, tais consumidores são considerados mais exigentes em termos da qualidade da cerveja que estão consumindo31. Esses consumidores muitas vezes admitem pagar preços mais caros, que algumas vezes chega a ser o dobro ou mais de uma cerveja comum, para comprar uma 30 http://edelbrau.wordpress.com/2012/02/13/cerveja-artesanal-x-industrial/ acessado em 01/09/2014 http://www.abrasel.com.br/index.php/atualidade/noticias/2561-170314-diferencial-competitivo.html acessado em 01/09/2014 31 25 cerveja produzida com mais perícia e que oferece diferentes tipos e sabores. Portanto, este público é geralmente caracterizado também por consumidores com estabilidade financeira e um bom poder aquisitivo32. Além disso, com o aumento do poder aquisitivo da população, o número de pessoas viajando para o exterior vem aumentando. Com isso, essas pessoas tem tido maior contato com países que apresentam uma maior cultura cervejeira, onde a cerveja artesanal é consumida com maior frequência. Assim, ao experimentarem novas cervejas com sabores diferenciados essas pessoas ao retornarem acabam mudando seu padrão de consumo e sua exigência em relação às cervejas que consumirão de volta ao território nacional33. Em muitos casos a fabricação de cerveja artesanal é encarada como um hobby para os fiéis apreciadores de cervejas diferenciadas. Acompanhar os processos de transformação dos ingredientes selecionados e adquiridos por si mesmo e combinandoos da sua própria maneira para atingir sabores e aromas mais sofisticados no conforto da própria residência é um atrativo e sinônimo de um lazer prazeroso para os consumidores de cervejas artesanais34. Outro ponto a se destacar é que as cervejas artesanais por possuírem sabores mais sofisticados e variados possuem muitas oportunidades de serem harmonizadas à gastronomia. As cervejas mais elaboradas passaram a ser vistas como uma boa opção de acompanhamento para pratos em restaurantes assim como para receitas culinárias, proporcionando aos consumidores experiências gastronômicas de fato, assumindo muitas vezes o papel do vinho como sendo uma bebida sofisticada e saborosa para ser consumida com uma refeição especial35. 32 http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2012/04/21/noticiasjornaleconomia,2825291/cerveja rias-artesanais-apostam-em-publico-refinado.shtml acessado em 01/09/2014 33 http://economia.terra.com.br/consumidor-refinado-e-publico-alvo-de-cervejariasartesanais,d12850f7fd66b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html acessado em 01/09/2014 34 http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/artesanal-e-caseira-1.731442 acessado em 31/08/2014 35 http://www.beerme.com.br/mundo-da-cerveja/curiosidades/cervejas-especiais-e-gastronomia/ acessado em 01/09/2014 26 1.1.8 Entorno Tecnológico A fabricação de cervejas artesanais envolve três processos básicos que compõe um roteiro básico de produção e que no total duram vários dias. Começa pela mostura onde são extraídos os açúcares e outros componentes do malte, passando pela fervura onde o mosto é fervido na caldeira e é adicionada o lúpulo que posteriormente é separado e resfriado e por fim a fermentação onde o fermento é adicionado ao mosto e dependendo do tipo de fermentação produz-se diferentes tipos de cerveja36. Os equipamentos envolvidos podem variar com o nível de tecnologia e complexidade utilizada na fabricação, no entanto os mais essenciais são: caldeiras ou até mesmo panelas de grande capacidade, o fogareiro para ferver o conteúdo presente na caldeira, o moedor de cereais, fermentador, filtro de bagaços para filtrar as impurezas, termômetro, muito importante principalmente no processo de fermentação, fermentador, densímetro e trocador de temperatura37. Em termos de processos de produção uma novidade tecnológica descoberta no mercado é a utilização de LED como fonte de luz para estimular a atividade de leveduras durante o processo de fermentação onde a luz facilita a entrada de carboidratos provenientes do malte e a liberação de álcool e CO2 pela mesma. Dessa forma a etapa de fermentação ocorre mais rapidamente38. Com relação a equipamentos, uma inovação apresentada no mercado é um equipamento lançado por uma pequena cervejaria da Nova Zelândia, a “The Williams Warn”, chamado de “WilliansWarn Personal Brewery” no qual é possível realizar a produção de cerveja em escala para consumo próprio num único recipiente. O mesmo é capaz tanto de esquentar quanto esfriar além de carbonatar a cerveja artificialmente. Assim, funciona de forma mais simplificada constituindo-se em um único aparelho capaz de produzir a cerveja39. 36 http://www.cervejaartesanal.com.br/curso.htm acessado em 02/09/2014 http://www.cervejaartesanal.com.br/equipamentos.htm acessado em 02/09/2014 38 http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/05/28/uso-de-led-acelera-a-fermentacao-na-producao-decerveja/ acessado em 01/09/2014 39 http://confrariadolupulo.wordpress.com/2013/08/15/a-ferrari-da-fabricacao-de-cerveja-caseira/ acessado em 01/09/2014 37 27 Figura 4 - Equipamento de fabricação para consumo próprio Fonte: http://confrariadolupulo.wordpress.com/2013/08/15/a-ferrari-da-fabricacao-de-cerveja-caseira/ acessado em 01/09/2014 Tais inovações tanto no que tange aos equipamentos quanto aos processos produtivos muitas vezes surgem e são divulgados em eventos profissionais. São congressos, feiras e encontros de tecnologia em cerveja nos quais especialistas da área expõem equipamentos, insumos e acessórios, além de apresentarem palestras e mesas redondas com novas técnicas e soluções para o processo de produção de cerveja. 1.2 Análise SWOT Para fazer uma análise mais detalhada dos ambientes internos e externos deste negócio em estudo é utilizada a análise SWOT na qual serão destacadas as forças e fraquezas referentes aos ambientes interno do negócio e as oportunidades e ameaças que compões o ambiente externo. 28 Forças Fraquezas Utilização de insumos legítimos Qualidade da Cerveja Diferenciação do Produto Quadro de funcionários enxuto Excelente pós-venda Baixo Custo com Propaganda Oportunidades Investimento inicial alto Alto preço das cervejas Complexidade do tratamento de efluentes Insumos mais caros Baixo poder de barganha com fornecedores Baixa produção mensal Pouca força da marca Ameaças Perspectivas de crescimento do mercado Eventos e feira de degustação de cervejas artesanais Maior poder de compra dos consumidores Harmonização com o setor gastronômico Crescimento da procura por cervejas de qualidade Regulamentação do setor Alta tributação do setor Concorrência diversificada Sazonalidade do setor de bebidas Dificuldade de se obter o registro do MAPA Figura 5 - Matriz SWOT Fonte: Os autores, adaptado de Kotler(1998 29 1.2.1 Cruzamentos da Análise SWOT Força Interna Fraqueza Interna Crescimento Sobrevivência Desenvolvimento Manutenção / Defesa Oportunidade Externa Ameaça Externa Figura 1 - Matriz SWOT Figura 6 - Matriz SWOT Fonte: Os autores, adaptado de Tiffany e Peterson (2000) Ao identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da empresa e do segmento de mercado de atuação da mesma, é importante utilizar tais informações para auxiliar na elaboração de estratégias que advém dos cruzamentos entre as variáveis internas e externas de forma que as escolhas das alternativas de estratégia possam guiar eventuais linhas de ação a serem seguidas. Primeiramente ao cruzar as Forças e Oportunidades do negócio tem-se a estratégia ofensiva a fim de extrair o melhor dos mundos das situações possíveis em busca do desenvolvimento do negócio. Tem-se por objetivo então explorar o crescimento da busca por cervejas diferenciadas atrelado ao aumento da capacidade de compra da classe média com a utilização de insumos de qualidade formando assim uma 30 cerveja diferenciada do mercado. Além disso, oferecendo um produto de qualidade será facilitada a parceria com o setor gastronômico especializado, como restaurantes voltados para a classe média que exigem um produto de qualidade para harmonização. Do mesmo modo, um produto diferenciado consegue aumentar seu poder de entrada em feiras de degustação que têm como característica exatamente a busca por cervejas que surpreendam o público. Relacionando agora as Forças com as Ameaças adota-se uma estratégia de manutenção na qual se monitoram as ameaças, mantendo as forças para exercer controle sobre a situação. Dessa forma, a ameaça da ampla e diversificada concorrência é controlada pela qualidade e diferenciação do produto. Além disso, a sazonalidade pode ser controlada pelos baixos custos com propaganda e um quadro de funcionários enxuto que fará a empresa sobreviver aos períodos de baixa de vendas. No mesmo sentido, uma economia de custos levará a um preço competitivo controlando assim a alta tributação que incidirá sobre o produto. Com relação às Fraquezas e Oportunidades, é importante evoluir nos pontos fracos de forma que os mesmos auxiliem a aproveitar oportunidades estabelecendo uma estratégia de crescimento para a empresa. Com isso é necessário reverter o nível baixo de produção e a pouca força da marca para que com o aumento da produção e um maior fortalecimento da marca, seja possível aproveitar as oportunidades da tendência de crescimento do mercado de cervejas artesanais. Fortalecendo a marca haverá o consequente aumento do volume produzido, aumentando dessa forma o poder de barganha sobre os fornecedores e aumentando a produção de cerveja. Por fim, o cruzamento entre Fraquezas e Ameaças é direcionado para a mitigação dos impactos negativos causados pela vulnerabilidade do negócio configurando como uma estratégia de sobrevivência. Neste sentido, é preciso monitorar sempre os riscos advindos dos custos e investimento altos aliados a tributação do setor, assim como desenvolver-se na questão do tratamento de efluentes para diminuir os problemas de regulamentação do setor. 31 1.3 5 Forças de Porter Segundo o modelo elaborado por Michael Porter na década de 70 para analisar o grau de atratividade de um setor, é necessário identificar e estudar os cinco fatores que são chamados de cinco forças de Porter e que são os principais atores na determinação da competitividade do setor. 1.3.1 Poder de barganha dos fornecedores A fabricação de cerveja artesanal requer a utilização de insumos de alta qualidade que compõe um dos principais fatores de diferenciação do produto. Os insumos fundamentais (malte, lúpulo e fermentos), na maioria dos casos são importados e logo se tratam de matérias primas que sofrem bastante com a tributação de importações presente no país gerando um alto custo, e cujos preços ainda sofrem também com as variações do câmbio. Além disso, a cadeia de fornecedores nacional para pequenos cervejeiros é bastante restrita não oferecendo muita opção para os fabricantes, de forma que 3 principais players atendem a maior parte do mercado. A “WE Consultoria”, “ArteBrew”, e a “Malte & Cia” são os principais fornecedores de insumos atualmente no mercado. Portanto, devido ao fato de na maioria das vezes os insumos utilizados serem importados e comprados em baixa escala devido a produção de cervejas não ser muito grande, e principalmente à escassez de diversidade de opções de fornecedores, o poder de barganha dos fornecedores neste setor é considerado alto. 1.3.2 Poder de barganha dos clientes A força do poder de barganha dos clientes influencia na competitividade do setor quando consegue realizar alguma interferência na estipulação dos preços dos produtos 32 das empresas. Além disso, os consumidores também podem exercer sua força quando estimulam a concorrência entre as empresas por terem uma variedade de escolhas possíveis de consumo. No caso da interferência dos clientes nos preços das cervejas artesanais, pode-se dizer que a influência é diminuta. Isto acontece pois os clientes desse nicho de mercado geralmente aceitam arcar com os preços mais elevados dessas cervejas em decorrência dos insumos caros e custos de distribuição, na busca por um produto diferenciado das demais cervejas padronizadas. No entanto, os consumidores das cervejas artesanais costumam gostar de experimentar diferentes sabores e tipos de cerveja. Dessa forma, não se configuram como um público fiel a uma marca, fazendo com que haja maior competição entre as diferentes marcas e estimulando que as mesmas estejam sempre lançando novos tipos de cervejas. Logo, devido ao fato dos clientes terem pouca influência sobre os preços que as cervejarias artesanais podem cobrar e, no entanto, exercerem influência ao diversificar os produtos que consomem, considera-se que o poder de barganha dos clientes é moderado. 1.3.3 Ameaça de produtos substitutos As cervejas artesanais possuem como produtos substitutos bebidas alcoólicas que também apresentam a qualidade como principal diferencial. A principal é o vinho que também é uma bebida alcoólica considerada sofisticada e que utiliza do seu sabor para harmonizar com a gastronomia assim como algumas cervejas premium. Além do vinho, a cachaça artesanal e a vodka também figuram como substitutos visto que são produtos que também se preocupam com a qualidade e sabor, entretanto possuem um teor alcoólico mais elevado e são um pouco mais caros. A ameaça dos substitutos às cervejas artesanais é considerada fraca, pois a pressão exercida pelos mesmos ao negócio das microcervejarias não é tão impactante já que os preços tanto do vinho quanto da cachaça são na média maiores do que o da cerveja artesanal. 33 1.3.4 Ameaça de novos entrantes Para avaliar a ameaça que novos entrantes podem exercer na competitividade do setor é importante definir e mensurar os aspectos que influenciam o nível da barreira de entrada de novos competidores. Primeiramente o investimento inicial necessário para se começar a fabricação de cervejas artesanais é considerado alto, uma vez que é preciso comprar equipamentos caros e adquirir ou alugar uma instalação para iniciar sua produção. Outra questão importante que funciona como uma barreira a criação de novas cervejarias é a regulamentação necessária atualmente, que exige diferentes tipos de licenças ambientais, sanitárias e etc, as quais requerem certa burocracia. No entanto, existem também aspectos que favorecem a entrada de novos concorrentes. Como as cervejarias artesanais não possuem uma larga produção este setor possui baixa economia de escala o que faz com que o competidor já atuante não tenha uma grande vantagem em custo em relação ao entrante. Além disso, os preços das diferentes marcas de cervejas artesanais não variam muito entre si, estando geralmente numa mesma faixa, assim favorecem os novos concorrentes a não encontrarem resistência dos consumidores já que a troca de um produto para o outro não é custosa. Deste modo, a ameaça de novos entrantes é considerada moderada visto que apesar de possuir um investimento inicial alto e regulamentação exigente, a economia de escala é baixa e custo de troca entre os concorrentes não é alto para o consumidor final. 1.3.5 Rivalidade entre concorrentes A intensidade da competição entre os concorrentes no setor de cervejas artesanais tem criado um aumento do potencial deste mercado como um tudo beneficiando os negócios neste ramo como um todo. O número de empresas concorrentes pode ser considerado alto principalmente quando comparado com o numero de cervejarias de grande porte o que faz com que a competitividade das cervejas artesanais seja alta. 34 A diversidade desses concorrentes decorrentes das diferentes características e estratégias usadas pelas microcervejarias também intensifica a rivalidade. A pouca diferença de preços entre os produtos concorrentes, assim como uma ameaça a novos entrantes, também é mais uma característica deste setor que contribui para uma competição mais acirrada. No mercado das cervejarias artesanais da cidade do Rio de Janeiro as principais competidoras são: a cervejaria “2 Cabeças”, que vende a cerveja de mesmo nome, a Cervejaria Fraga que vende a “Cerveja Fraga” e a Brassaria Ampolis que vende a cerveja “Biritis”. Tais cervejarias possuem as seguintes características: Quadro 1 - Características dos Concorrentes Fonte: Dados coletados de http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2013-11-21/jovens-empreendedores-apostamno-mercado-de-cervejas-premium.html acessado em 29/09/2014 e http://www.portalimprensa.com.br/cdm/caderno+de+midia/65058/cerveja+gourmet+e+camisetas+eternizam+o+tr apalhao+mussum+como+hit+da+cultura+pop acessado em 29/09/2014 1.4 Business Model Canvas Nesta fase de planejamento, a estratégia do modelo de negócios é apresentada através da ferramenta Business Model Canvas. Ela consiste em um mapa estratégico que contempla os nove blocos que compõem os pontos chave do empreendimento e como eles interagem. A utilização desta ferramenta facilita a concepção do novo negócio por meio da especificação dos principais itens componentes que serão identificados na caso de uma cervejaria artesanal e são: Proposta de Valor 35 Segmentos de Clientes Relacionamento com Clientes Canais de Distribuição Linhas de Receita Recursos Chave Atividades Chave Parceiros Chave Estrutura de Custos 1.4.1 Proposta de Valor Produzir cervejas diferenciadas com qualidade superior a fim de oferecer uma alternativa às cervejas com sabor padronizado e inferior. 1.4.2 Segmento de Clientes Homens e mulheres de classe média entre 18 e 50 anos 1.4.3 Relacionamento com clientes Festivais de cerveja Eventos de Degustação de cerveja Concursos de cerveja Site Redes Sociais 1.4.4 Canais de Distribuição Lojas de cerveja Supermercados 36 Bares Restaurantes 1.4.5 Linhas de Receita Venda das cervejas produzidas 1.4.6 Recursos Chave Equipamentos Insumos selecionados Garrafas Tampas Funcionários 1.4.7 Atividades Chave Produção de cerveja Distribuição Divulgação da marca Compra de insumos 1.4.8 Parceiros Chave Associação de Cervejeiros Artesanais Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja Fornecedores de insumos Distribuidores de cerveja Pontos de venda especializados 37 1.4.9 Estrutura de Custos Compra de insumos Logística de distribuição e propaganda Folha de pagamento Contas (luz, água, etc) Aluguel da instalação Manutenção de equipamentos Figura 7 - Business Model Canvas Fonte: Os autores, adaptado de OSTERWALDER, A.(2010) 38 1.5 Fatores Críticos de Sucesso Comparativo Com o intuito de estabelecer uma comparação entre a empresa apresentada neste projeto e as demais cervejarias artesanais oriundas da cidade do Rio de Janeiro já atuantes, e apresentadas anteriormente, serão confrontados os pontos fortes e fracos anunciados na matriz SWOT. Foram fornecidos pesos para cada um deles e atribuído notas de 1 a 10 às cervejarias em cada item de acordo com as características de mercado de cada concorrente já ilustrada no quadro1, a fim de, no final, descobrir qual delas possuirá uma maior pontuação. Quadro 2 - FCS Comparativo Fonte: Os autores, adaptado de Ferruccio (2014), disciplina de Marketing do curso de Engenharia de Produção UFRJ Podemos constatar diante da tabela comparativa apresentada, que a cervejaria apresentada neste projeto se coloca em segunda lugar no mercado tanto nos pontos fortes quanto nos pontos fracos destacando-se no primeiro caso na qualidade do produto e no segundo destaca-se pelo preço quando comparada às demais e pela produção mensal perdendo apenas para a cerveja “2 Cabeças” que possui uma maior escala e distribui para outras cidades além do Rio de Janeiro assim como a “Brassaria Ampolis” que está presente em vários estados. 39 1.6 Segmentação de Mercado A identificação do perfil dos clientes que devem ser atingidos pelo negócio proposto é de suma importância para que a empresa possa introduzir e direcionar o produto de forma correta atendendo às diversas demandas do seu público alvo. Por isso, nesta etapa será caracterizado o mercado de atuação da cervejaria com a identificação dos diferentes segmentos de mercado, até que se chegue ao cliente padrão. Portanto, a segmentação de mercado é feita da seguinte forma: Mercado Potencial Homens e Mulheres de 18 a 50 anos. Mercado Disponivel Homens e Mulheres de 18 a 50 anos e consumidores de cerveja. Mercado Qualificado Homens e Mulheres de 18 a 50 anos, consumidores de cerveja e de classe média. Mercado Alvo Homens e Mulheres de 18 a 50 anos, consumidores de cerveja, de classe média e que priorizam qualidade ao preço da cerveja. Mercado Penetrado (cliente padrão) Homens e Mulheres de 18 a 50 anos, consumidores de cerveja, de classe média e que priorizam qualidade ao preço da cerveja, usuários da cerveja em questão. 40 Figura 8 - Segmentação de Mercado Fonte: Os autores, adaptado de Ferruccio (2014), disciplina de Marketing do curso de Engenharia de Prdoução UFRJ 2 PLANO DE MARKETING 2.1 Marketing Estratégico 2.1.1 Missão Produzir cerveja artesanal respeitando a lei da Pureza Alemã e utilizando ingredientes originais para abastecer o mercado de consumidores de cervejas artesanais da cidade do Rio de Janeiro. 2.1.2 Visão Ser reconhecida como uma das melhores cervejarias artesanais da cidade do Rio de Janeiro sendo referência de excelência e sabor. 41 2.1.3 Valores Qualidade Tradição Sabor Diferenciação 2.2 Marketing Tático 2.2.1 Preço O preço de marketing não está submetido de maneira direta ao preço avaliado pelas finanças e está diretamente relacionado com o preço que o consumidor está disposto a pagar ( ROSA, 2007). Como referenciado na análise CAMGPEST, o mercado de cervejas artesanais está sofrendo um grande crescimento no Brasil nos últimos anos. Dessa forma, com o aumento gradativo da concorrência o preço aparece como um dos elementos chave para o lançamento de um novo produto. A partir de uma pesquisa de preços realizada nos principais sites de venda online de cervejas artesanais40, encontramos um preço mínimo ofertado por uma unidade de 330 ml, de R$ 5,90. Por se tratar de um produto novo no mercado, um posicionamento de preço considerado ideal seria justamente próximo ao mínimo, ou seja, R$ 5,90 no que se refere ao valor de compra pelo consumidor final. 2.2.2 Praça Inicialmente o objetivo seria penetrar em regiões com maior poder aquisitivo, como a zona sul da cidade do Rio de Janeiro, e regiões tradicionalmente boêmias como o bairro de Santa Tereza e a Lapa. Pelo fato dessas regiões concentrarem uma 40 http://www.clubedomalte.com.br, acessado em 09/10/2014 http://www.puromalte.com.br, acessado em 09/10/2014 42 população com maior poder aquisitivo ou um grande número de turistas, acreditamos que a penetração poderia ser facilitada. No que se refere aos pontos de venda, por se tratar de um produto diferenciado, o objetivo seria atingir estabelecimentos como bares especializados e restaurantes de primeira linha. Dessa forma, teria que ser pensado em contratar uma transportadora terceirizada para que o produto fosse levado de maneira adequada até seus pontos de venda. 2.2.3 Promoção Com o advento do mercado de cervejas artesanais, o número de feiras de apreciação desse tipo de produto aumentou substancialmente. Nesse sentido, para o sucesso da Cervejaria Carioca, explorar a exposição nesse tipo de evento, com flyers informativos e degustações gratuitas, se mostra a estratégia mais apropriada para conseguir penetrar o mercado. Nesse sentido, é válido observar que o frequentador padrão desse tipo de feira tem o perfil que a empresa busca, e que será explorado mais pra frente nesse trabalho. 2.2.3.1 Propaganda A ideia principal do produto é mostrar para o cliente sua qualidade superior aos concorrentes diretos. Nesse sentido, seriam estabelecidas parcerias com estabelecimentos especializados para que um representante da marca pudesse oferecer gratuitamente uma degustação adequada do produto. Levando em consideração a sustentabilidade financeira do negócio, essa degustação seria oferecida primeiramente na zona sul do Rio de Janeiro. 2.2.3.2 Publicidade Existe um grande número de web sites e “blogs” dedicados a avaliar cervejas artesanais. Nesse sentido, serão oferecidas amostras do produto para os principais sites 43 em circulação para que a partir da avaliação realizada sobre o produto o mesmo consiga difundir seu nome na mídia. 2.2.3.3 Marketing Direto Atualmente, pensar em inserir uma nova marca no mercado significa também explorar ao máximo as possibilidades de relacionamento que a internet oferece. Nesse sentido será criado um web site diferenciado, com a exposição de todo o processo produtivo do produto e a possibilidade inicialmente de ter acesso ao “mapa da degustação”, que seriam os pontos na cidade onde estaria disponível o produto para degustação. Da mesma maneira, a marca teria perfil em redes sociais como Facebook, Twitter, e Instagram, para possibilitar um contato direto e eficaz com o consumidor. 2.2.4 Produto O produto da cervejaria Cervejaria Carioca consiste na garrafa de 330 (trezentos e trinta) mililitros da mais pura cerveja artesanal. Consiste em uma cerveja do tipo Pilsen puro malte, ou seja, com malte oriundo apenas da cevada. Vale especificar que a maioria das cervejas populares encontradas no mercado brasileiro são vendidas como Pilsen, porém, devido a grande presença de cereais não maltados em sua composição, como o milho e arroz, pertencem na verdade ao grupo Standart American Lager. A escolha do tipo Pilsen está baseada principalmente na região onde a cerveja será vendida. Tipicamente tropical, a cidade do Rio de Janeiro é conhecida pelas altas temperaturas o ano todo e uma cerveja do tipo Pilsen possui uma maior drinkability quando pensamos nesse contexto. Nada impede que a longo prazo, com a marca já penetrada no mercado, seja oferecido outros tipos com diferentes aromas e especiarias mas devido ao fato de estarmos nos referindo à uma cervejaria de pequeno porte o foco será na produção apenas do tipo Pilsen. 44 2.2.4.1 Temperatura Quando nos referimos à uma cerveja temos que pensar na temperatura ideal para o produto ser servido. Nesse sentido, a cerveja do tipo Pilsen tem como faixa de temperatura ideal o intervalo entre zero graus Celsius à quatro graus Celsius. Entretanto, por se tratar de uma cerveja de maior qualidade, acreditamos que a mesma deva ser oferecida próximo ao teto máximo dessa temperatura. Isso se deve ao fato de que, em temperaturas próximas à zero grau, as papilas gustativas se fecham fazendo com que seja perdido a sensibilidade do sabor e dessa forma a apreciação do mesmo. 2.2.4.2 Logomarca A logomarca da cerveja foi elaborada para representar o produto levando aos clientes uma apresentação visual que utiliza uma estética capaz de promover aos consumidores a experiência de estar consumindo um produto grandioso, por isso as imagens do brasão e da coroa, com o fundo azul representando umas das cores da bandeira da cidade do Rio de Janeiro. Figura 9 - Logomarca Cervejaria Carioca Fonte: Os autores 45 2.2.5 Pessoas Inicialmente, o processo de fabricação ficará a cargo do mestre cervejeiro, que irá controlar os mesmos e o tempo de produção assim como temperaturas e sabor da cerveja. Quanto aos processos de compra e venda e a parte de recursos humanos ficará a princípio a cargo dos diretores da empresa. Obviamente uma futura expansão exigiria um aumento e criação de novos cargos para suplantar a demanda. Segue abaixo tabela com os cargos, códigos CBO e atribuição de cada funcionário. Quadro 3 - Atribuições e cargos Cargo Código/Cargo CBO 1231 Diretor/sócio Mestre cervejeiro 8401-10 1423-35 Analista de pesquisa de mercado 3171 Profissional de TI 2522 Contador Auxiliar de limpeza 5143-20 Atribuições . Marketing e vendas . Operacional/Logística . Financeiro . RH . Administração em Geral . Controlar a produção da cerveja . Analista de estudos de mercado . Analista de informações de mercado . Analista de inteligência de mercado . Analista de marketing . Analista de mercado . Desenvolvimento da plataforma web . Desenvolvimento do sistema interno . Manutenção e atualização de sistemas . Demonstrações contábeis . Controle fiscal . Limpeza das dependências da ADM . Limpeza do local de produção Fonte: Adaptado de http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf, acessado em 15/08/2014 46 2.2.6 Processos Devido ao fato da empresa possuir uma estrutura enxuta e depender de processos que devem ser seguidos à risca é necessário que todos os processos estejam bem definidos e expostos para todos os colaboradores de modo a facilitar a gestão a vista. Será necessária a atualização e revisão dos processos de maneira periódica para que os fluxos de materiais e de pessoas estejam sempre otimizados. 3 PLANO DE OPERAÇÕES O plano de operações é o documento que descreve detalhadamente todas as atividades necessárias para o negócio proposto. Primeiramente, faz-se necessário detalhar a cadeia de valor da Cervejaria Carioca para que fiquem evidenciados os seus processos. 3.1 Cadeia de Valor Porter (1985 e 1986) afirma que a vantagem competitiva apenas pode ser compreendida analisando as inúmeras atividades distintas que esta empresa realiza e que são geradoras de valor. Porter (1985 e 1986) define que a cadeia de valor das empresas é composta de nove categorias genéricas de atividades, sendo composta por dois grupos de atividades: as primárias (5 atividades) e as de apoio (4 atividades), segundo a figura a seguir: 47 Figura 10 - Cadeia de Valor Fonte: Adaptado de Porter, Michael E. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus,1989 Adaptando o modelo de Porter à Cervejaria Carioca, pode-se definir o que cada atividade inclui: Atividades Primárias Logística Interna: Consiste no recebimento da matéria-prima e seu armazenamento assim como o seu manejo durante toda a cadeia produtiva até a distribuição. Operações: Essa atividade refere-se ao recibimento dos pedidos feito pelo varejo, fabricação do produto conforme necessidade e presença no estoque, e montagem do produto final da entrega. Logística Externa: Consiste na entrega das cervejas até os pontos de varejo, realizada por uma transportadora terceirizada. Marketing e Vendas: Atividades relacionadas à promoção do produto, que serão detalhadas melhor no plano de marketing. Serviço: Serviço de pós venda, essencial para medir a satisfação do consumidor e manter o contato com o mesmo para reclamações, sugestões, etc. 48 Atividades Secundárias ou de Apoio Infraestrutura da Empresa: Atividades responsáveis pela infraestrutura da empresa. Gestão de Recursos Humanos: Atividades relacionadas à contratação, seleção, formação, demissão, etc. Desenvolvimento Tecnológico: Investimento aplicado na aprimoração do processo produtivo e busca de novas receitas para implementação futura, como especiarias. Aquisição: Atividades relacionadas a compra de matéria-prima. 3.2 Atividades Primárias 3.2.1 Logística Interna O primeiro passo na cadeia de suprimentos da cervejaria será o recebimento da matéria-prima dos fornecedores. Tal processo inclui o recebimento dos principais ingredientes (água, malte, cevada e lúpulo). Vale ressaltar que os ingredientes serão comprados de fornecedores com qualidade comprovada para garantir um produto final adequado e no que se refere à água ela deve estar em plenas condições de uso. O armazenamento dessa matéria-prima, e do produto final, será realizado em ambientes separados especialmente preparados para tal fim, com controle de temperatura e humidade. Devemos considerar nesse sentido, que a matéria prima deve ser pedida de acordo com a demanda, visto que ingredientes como cevada e lúpulo não perdem sua qualidade caso sejam expostos às condições impostas pelo tempo. Nesse mesmo sentido, devemos levar em conta que devido ao pequeno porte da empresa faz-se essencial uma forte comunicação entre os elos da cadeia, desde a equipe de marketing e vendas passando pela produção e pós venda. Dessa maneira, é possível aumentar a produtividade tornando a empresa mais competitiva. 49 3.2.2 Operações O volume de produção inicial a ser realizado será de 10.000 litros no primeiro ano, no entanto, aumentando a partir do momento que a marca se consolidar no mercado e o gastos em marketing e propaganda comecem a gerar retorno expandindo a clientela e tornando o produto mais conhecido. Com relação ao funcionamento da operação, levando-se em conta a necessidade de pontualidade na entrega e eficiência da mesma haverá um rígido controle dos pedidos efetuados pelos varejistas de maneira que a produção será realizada de forma puxada produzindo-se as quantidades de acordo os pedidos realizados, visando a um nível mínimo de estoque. A operação de fabricação será realizada em horário comercial (de 9:00 AM as 18:00 PM), visto a necessidade de nessa primeira fase haver uma contenção de despesas. A seguir são descritas as atividades realizadas durante a operação. 3.2.2.1 Malteação Inicialmente os grãos são secos e torrados, fazendo surgir a diferenciação entre os grãos de acordo com o objetivo traçado. De acordo com a escilha do tipo de malte a ser utilizado é que será definido os aromas e sabores e principalmente a coloração da cerveja. O malte mais torrado, deixaria a cerveha mais escuro enquanto o malte menos torrado a tornaria mais clara. No caso da produção da cerveja Pilsen, temos como característica malte menos torrado o que acaba a tornando clara e leve no final da produção. Essa etapa ocorrerá em um tonel de malteação. 3.2.2.2 Moagem Na moagem, a casca é quebrada liberando o endosperma do grão. Em uma moagem de qualidade a casca é removida totalmente, liberando por completo o endosperma do grão. 50 3.2.2.3 Brassagem A partir do grão já aberto é que precisamos fazer as enzimas trabalharem. Nesse caso as enzimas quebram os açucares presentes e não fermentáveis formando açucares fermentáveis. Com a cerveja trabalharemos basicamente com dois tipos de enzima durante esse processo: a Beta amilase e a Alfa amilase. 3.2.2.4 Fervura A fervura faz com que o Ph do mosto diminua e as proteínas coagulem. Dessa forma, os vapores volatizam sabores indesejados deixando o mosto com sabor mais leve. A fervira deve ser realizada de maneira uniforme para que todo o mosto seja afetado de maneira igualitária e demora entre 15 minutos e duas horas, dependendo do volume de água a ser evaporada. 3.2.2.5 Fermentação Como último passo desse processo, temos a fermentação que consiste na conversão de carboidratos para dióxido de carbono e álcoois ou ácidos orgânicos. Para tanto são utilizados leveduras, bactérias, ou uma combinação das mesmas, sob condições anaeróbicas. Algumas cervejas, podem sofrer mais de um processo de fermentação, ocorrendo também alguma etapa já após o engarrafamento. 3.2.2.6 Engarrafamento Como última etapa da operação, que acontece durante o processo de fermentação, tem o engarrafamento. Após o mesmo pode ser necessário uma fermentação dentro da garrafa para melhorar a qualidade do líquido. 51 3.2.3 Logística Externa A logistíca externa será realizada basicamente utilizando transportadoras terceirizadas. Como a fábrica estará localizada no Rio de Janeiro, assim como os pontos de venda, a entrega será feita “in loco” sem que haja a necessidade de um armazenamento fora da fábrica. O mesmo processo será realizado com a matéria-prima, sendo a mesma recebida na própria fábrica por transportadoras terceirizadas. 3.2.4 Marketing e Vendas Quanto às atividades relacionadas a promoção do produto, serão estabelecidas campanhas publicitárias em revistas e sites especializados, além da distribuição de degustação da cerveja em locais adequados. Vale ressaltar que essa parte foi detalhada melhor no plano de marketing. No que se refere à equipe de vendas, a mesma fará a prospecção de novos pontos de vendas como a presença de representantes em bairros potenciais como zona sul e Santa Tereza. 3.2.5 Serviço Ao nos referimos ao pós-venda, haverá um questionário de satisfação que poderá ser preenchido pelo site pelo consumidor final, além do contato de satisfação com os pontos de venda. Considerado um ponto estratégico, pois a partir do feedback dos clientes é que será possível aprimorar e consolidar a marca no mercado como uma marca de qualidade. 52 3.3 Atividades Secundárias 3.3.1 Infraestrutura da empresa Será implementado um sistema de controle de gestão a fim de medir indicadores sobre a produção, processos, e metas da empresa. Com a aferição desses indicadores é que serão tomadas as decisões de gestão necessárias. Vale ressaltar a importância de uma equipe forte de TI visto que todos os processos praticamente terão o sistema como base. 3.3.2 Gestão de Recursos Humanos A principal atividade será a gestão do número de funcionários necessários para as tarefas. Pensando que em curto prazo a empresa pode ter um aumento da demanda devido ao alto crescimento inicial, a mesma precisa estar pronta para contratar funcionários qualificados, sendo a área de gestão de recursos humanos a responsável por essa contratação. Além dessa tarefa, a área terá como responsabilidades a administração de problemas envolvendo funcionários, afastamentos, e demissões. 3.3.3 Desenvolvimento tecnológico Quando nos referimos ao desenvolvimento tecnológico nesse segmento estamos nos referindo principalmente aos equipamentos utilizados. Devido ao fato de ser um setor em constante crescimento no mundo todo, novas tecnologias estão sempre sendo geradas e devem ser aproveitadas de acordo com o orçamento da empresa. Nesse sentido, a gestão da produção estará sempre em busca de melhores alternativas para que haja uma melhoria contínua. 53 3.3.4 Aquisição Relativo à aquisão, a principal questão a ser avaliada é da matéria-prima. Devido à necessidade de matéria-prima de qualidade, far-se-á necessário a manutenção de fornecedores certificados para tal. A importância de um forte elo com esses fornecedores também será primordial para a garantia de entrega dentro do prazo e a manutenção de um estoque enxuto o que possibilitará uma economia de espaço e produtos mais frescos para utilização na fabricação. 4 PLANO FINANCEIRO As questões de aspecto financeiro do plano de negócios são abordadas nesta etapa que busca estimar os investimentos iniciais necessários para abertura do negócio e as receitas do mesmo, assim como os custos e despesas inerentes ao seu funcionamento para que se averigue a viabilidade econômica do empreendimento. Dessa forma, a seguir, primeiramente serão analisados os demonstrativos de resultados estimados para os primeiros anos do negócio, com o detalhamento dos seus componentes. Após isso, com o resultado calculado, serão visualizados os fluxos de caixa projetados para que então chegue-se no valor presente líquido do negócio e sua taxa interna de retorno para que possa ser avaliado de fato se trata-se de um empreendimento viável economicamente. 4.1 Componentes da Demonstração de Resultados 4.1.1 Formação dos custos e despesas Custo dos Produtos Vendidos O principal custo dos produtos vendidos apontado é a compra dos insumos. Após pesquisa e comparação entre os preços praticados pelos fornecedores, foi 54 verificado que a compra dos insumos através da empresa “Malte & Cia” seria melhor opção por ter custo e qualidade compatível com o mercado mas principalmente por se localizar na própria cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, o que diminui consideravelmente os custos com o transporte dos insumos. Assim, de acordo com as cotações de custos dos insumos presente no site da empresa foi possível chegar aos seguintes valores de compra dos insumos e frete de acordo com a cotação feita no site dos correios para as sacas mais leves e de transportadora terceirizada para as sacas mais pesadas. Quadro 4 - Custos por Insumo Fonte: O autores, dados extraídos de https://www.malteecia.com.br/loja_home.asp acessado em 02/10/2014 e http://www2.correios.com.br/encomendas/malote/simular_preco.cfm acessado em 02/10/2014 e http://www.afrerj.org.br/noticias_detalhes.php?id=6246 acessado em 02/10/2014 Quadro 5 - Custo Total do Produto Vendido Fonte: Os autores Despesas com Vendas Dentro das despesas com vendas incluímos os gastos com propagandas e com a distribuição do produto final aos revendedores. Para os gastos com propagandas, é assumido que será necessário reaplicar parte das receitas obtidas em fortalecimento da marca e busca por novos clientes, por isso será reservado R$ 5.000,00 para gastos com propagandas. 55 Os gastos com transporte para distribuição inicialmente foram estimados em R$8.000,00 , no entanto nos períodos seguintes tenderão a aumentar de acordo com o aumento previsto para ocorrer com as vendas. Despesas Operacionais e Administrativas Nesta parte do demonstrativo é lançado os valores mensais estimados para as despesas da instalação, apresentados no quadro a seguir: Quadro 6 - Despesas Operacionais e Administrativas Fonte: Os autores, baseado em http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-umamicrocervejaria#naveCapituloTopo acessado em 02/10/2014 Depreciação A depreciação dos equipamentos foi estipulada seguindo o método de depreciação linear num horizonte de tempo de 10 anos conforme a análise deste plano financeiro. Assim, o valor da depreciação será de 10% ao ano do valor investido em equipamentos, a ser contabilizada a partir do ano 1. 4.1.2 Formação do preço e receita Formação do preço 56 Para chegar no valor do preço unitário do produto, após o levantamento dos custos incorridos na produção e das despesas relacionadas, foram agrupados todos os gastos mensais envolvidos e divididos pelo volume mensal de produção para saber qual era o gasto total realizado para se produzir uma unidade. Assim, aplicou-se uma margem de 5% para chegar no preço final. Isso devido ao fato de que como as vendas serão realizadas a estabelecimentos revendedores e distribuidores de cerveja , neste mercado é comum os revendedores trabalharem com uma margem de lucro de 100% a 120% ao repassarem para o consumidor final. Dessa forma, para que o preço ao consumidor final fique na faixa mencionada no plano de marketing a margem trabalhada pelo produtor não pode ser muito alta e ganho deve se dar na escala. Quadro 7 - Formação do Preço Fonte: Os autores Receitas As receitas brutas conforme especificado serão advindas das vendas das cervejas a estabelecimentos revendedores de bebidas como supermercados, restaurantes, bares e distribuidores de cerveja. 57 A garrafa será vendida ao preço de R$2,11 para os intermediários e o volume mensal produzido inicialmente será de 10.000 litros em garrafas de 0,33 litros. Impostos41 Os impostos pagos pela empresa seguem a modalidade do Lucro Presumido que trata-se de uma tributação opcional para pessoas jurídicas que possuem uma receita bruta anual inferior ou igual a R$78.000.000, ou uma receita bruta total de R$ 6.500.000 multiplicado pelo número de meses de atividade no ano-calendário anterior. Nesta modalidade o Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) são tratados de forma simplificada. As alíquotas pré definidas de cada um desses impostos são multiplicadas pelo percentual de lucro presumido pelo modelo para cada tipo de atividade e então descontadas diretamente do faturamento. O lucro presumido para a atividade em questão é de 32%. Com isso, segundo a tributação do Lucro Presumido a pessoa jurídica irá pagar o imposto à alíquota de 15% do percentual do lucro presumido no caso do IRPJ e 9% do percentual do lucro presumido no caso do CSLL. Com isso, os percentuais finais referentes a cada imposto que descontam diretamente do faturamento são 4,8% no caso do IRPJ e 2,88% no caso do CSLL. Além disso, quanto ao imposto pago por produtos industrializados, o IPI, é possível optar pelo Regime de Tributação de Bebidas Frias (REFRI) que permite tarifas menores, na qual o IPI é cobrado de acordo com as vendas, sendo pago o valor de R$0,4087 por litro. Assim, o percentual total de imposto sobre o faturamento que é pago juntandose com PIS e COFINS será de 11,33% sobre o faturamento mais R$ 0,4087 por litro vendido. 41 http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2013/capitulo_xiii_irpjlucropresumido_2013.pdf acessado em 02/10/2014 e http://www.lefisc.com.br/materias/2011/492011ir.htm acessado em 02/10/2014 58 Quadro 8 - Relação de Impostos Fonte: Os autores, dados extraídos de http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2013/capitulo_xiii_irpjlucropresumido_2013.pdf acessado em 02/10/2014 e http://www.lefisc.com.br/materias/2011/492011ir.htm acessado em 02/10/2014 4.2 Demonstração do Resultado do Exercício Em posse das informações acerca dos componentes que interferem no resultado da empresa é possível então elaborar a tabela de Demonstração do Resultado do Exercício dos anos 1 ao 10. Tendo em vista o retorno dos gastos em marketing e propaganda e o crescimento do mercado de cervejas artesanais em geral, é projetado que a partir do ano 2 a marca já esteja mais estabelecida no mercado do Rio de Janeiro e por isso é estimado um aumento de 5% ao ano em relação a produção inicial do volume vendido assim como das despesas e custos atrelados. Dessa forma, o Demonstrativo do Resultado do Exercício para o ano 1 ao ano 10 é o seguinte: Quadro 9 - Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: Os autores 59 4.3 Investimento Inicial O investimento inicial para que se ponha em prática todo o planejamento já realizado é composto pela compra de todos os equipamentos necessários para o ínicio da produção, pela reforma da instalação onde a produção será realizada, pelos cursos e treinamentos iniciais necessários para obter os conhecimentos sobre fabricação de cerveja artesanal e pelo gasto com a abertura da empresa. Quadro 10 - Investimento Inicial Fonte: Os autores, baseado em http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-umamicrocervejaria#naveCapituloTopo acessado em 02/10/2014 4.4 Fluxo de Caixa Diante das informações já levantadas é possível gerar o fluxo de caixa da empresa para os próximos períodos, com a premissa de crescimento da produção de 5% por ano em relação ao ano 1, a apartir do ano 2. Para isso, investimentos serão realizados ao longo dos anos a fim de tornar possível o crescimento de toda estrutura produtiva. Além disso, foi considerado um capital de giro necessário ao andamento do negócio de R$43.500,00 segundo estimativa recomendada pelo Sebrae para este tipo de empreendimento. 60 Quadro 11 - Fluxo de Caixa Fonte: Os autores 4.5 Viabilidade Econômica Após o fluxo de caixa apresentado podemos calcular através de indicadores financeiros a viabilidade econômico-financeira do projeto. Logo, os indicadores de Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Payback foram escolhidos para avaliar o desempenho econômico. Quadro 12 - Indicadores de Viabilidade Econômica Fonte: Os autores Diante dos valores apresentados pelos indicadores, percebe-se que pelo fato do valor presente líquido do projeto descontado a uma taxa mínima de atratividade de 14% possuir um valor positivo e pelo fato da taxa interna de retorno possuir um valor de 27%, maior que a taxa mínima adotada, pode concluir que o empreendimento é viável financeiramente. 4.6 Análise de Cenário Alternativo É importante para certificar e dar mais segurança ao que foi estipulado pelo plano financeiro que sejam considerados cenários alternativos que possam vir a 61 modificar as expectativas geradas inicialmente. Com isso, é vantajoso simular diferentes situações para verificar qual seria o comportamento financeiro do negócio diante de possíveis mudanças. Assim, é interessante estar preparado para um cenário mais pessimista no qual suponhamos que no momento do lançamento da cerveja no mercado a aceitação inicial do novo produto seja mais lenta e que o mercado de cervejas artesanais apresente um crescimento menor que o esperado gerando então uma demanda menor. Diante disso, a produção precisaria ser menor para que o produto não fique imobilizado e acabe sendo desperdiçado causando prejuízo ao negócio. Dessa forma, considerando as vendas do primeiro ano menor que o esperado e por isso reduzindo o volume mensal, a partir do ano 2, em 15% ao produzir 8.500 litros por mês, os novos DRE, Fluxo de Caixa e indicadores de viabilidade econômica encontrados seriam os seguintes: Quadro 13 - Demonstração do Resultado do Exercício do Cenário Alternativo Fonte: Os Autores Quadro 14 - Fluxo de Caixa do Cenário Alternativo Fonte: Os autores 62 Quadro 15 - Indicadores de Viabilidade Econômica do Cenário Alternativo Fonte: Os autores Portanto, de acordo com os novos números encontrados percebe-se que neste novo cenário a taxa interna de retorno do negócio continua maior que a taxa de desconto utilizada, porém com uma diferença bem pequena o que demonstra que ainda assim o negócio seria viável economicamente, só que, no entanto, com uma rentabilidade bem menor. 5. PLANO JURÍDICO 5.1 Estrutura Jurídica Na questão jurídica o regime tributário utilizado é o Lucro Presumido, que se trata de uma forma de tributação simplificada do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Tal tributação é opcional para pessoas jurídicas que possuem uma receita bruta anual inferior ou igual a R$78.000.000, ou a R$ 6.500.000 multiplicado pelo número de meses de atividade no ano-calendário anterior. O lucro presumido para a atividade em questão é de 32%. Com isso, segundo a tributação do Lucro Presumido a pessoa jurídica irá pagar o imposto à alíquota de 15% sobre o lucro presumido no caso do IRPJ e 9% sobre o lucro presumido no caso do CSLL. Já com relação ao imposto pago por pordutos industrializados, o IPI, é possível optar pelo Regime de Tributação de Bebidas Frias (REFRI) que permite tarifas menores, na qual o IPI é cobrado de acordo com as vendas, sendo pago o valor de R$0,4087 por litro. 63 Portanto, os tributos que serão pagos pela empresa são: 4,8% de IRPJ 2,88% de CSLL 3% de COFINS 0,65% de PIS R$ 0,4087 por litro vendido de IPI Dessa forma, o total de imposto pago será de 11,33% sobre o faturamento mais R$ 0,4087 por litro vendido. 5.2 Estrutua Organizacional A estrutura organizacional da empresa será composta de maneira enxuta, contendo apenas os profissionais estritamente necessários para a evolução do negócio. Primeiramente será formada pelos dois sócios idealizadores do projeto que irão atuar como sócios-diretores, e terão abaixo as áreas de marketing, operações, logística e as demais atividades secundárias que farão parte da área de apoio. 64 Figura 11 - Estrutura Organizacional Fonte: Os autores O Marketing tem por finalidade cuidar da imagem externa da empresa através de sua divulgação e propaganda para prospecção de novos consumidores. Além disso, também é responsável pelo relacionamento com os stakeholders como as associações e promotores de eventos cervejeiros. As operações ficam a cargo da supervisão do mestre-cervejeiro que é o responsável pelos processos de fabricação da cerveja de forma a garantir que a produção seja executada de acordo com o planejado e acompanhando os estoque de matéria prima em processo e o estoque de produtos finais. A área de logística é a responsável por realizar a compra dos insumos de acordo com a melhor proposta de fornecedor assim como efetuar a distribuição das cervejas nos pontos de venda regionais. Já a área de apoio é formada pelos setores financeiro, administrativo e recursos humanos representados pelos sócios, e jurídico terceirizado. 65 6. CONCLUSÃO Ao final deste trabalho pode-se chegar à conclusão sobre a oportunidade de criação de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro por meio da estruturação de um plano de negócios que avaliou a conjuntura do mercado na qual a empresa se insere, planejando as esferas de gestão, marketing, operações, financeiro e jurídico de atuação do novo negócio. De acordo com a avaliação realizada sobre o mercado de cervejas artesanais, constatou-se que o mesmo atualmente encontra-se aquecido, passando por um processo de crescimento de forma que oportunidades de novos negócios possuem boas perspectivas de prosperidade. Isso se dá devido aos fatores econômicos, sociais e mercadológicos verificados no plano de gestão. Além disso, a aposta na fabricação de uma cerveja respeitando os processos de fabricação minuciosos e a utilização de insumos legítimos e selecionados garante a qualidade demandada pelo público consumidor de cervejas artesanais e faz com que apesar da falta de força da marca no mercado, a Cervejaria Carioca tenha um bom posicionamento diante de seus concorrentes . Após a entrada no mercado o plano de marketing mostrou-se como sendo um planejamento fundamental para que a marca possa se aproveitar das crescentes oportunidades geradas pelos eventos desse mercado expondo e consolidando cada vez mais a marca. Da mesma forma o plano operacional mostrou-se importante para que haja o sustentamento em termos de logística interna, externa e processos, para que o mercado que venha a ser conquistado seja atendido com o melhor nível de serviço possível. Ao fim, tendo em vista as estimativas de receita, custos e despesas e levando em consideração todos os investimentos necessários para a abertura e funcionamento do negócio nos próximos anos, os indicadores financeiros analisados mostraram boas perspectivas de retorno para o negócio em questão, viabilizando o empreendimento em termos econômicos e financeiros. 66 Dessa forma pode-se concluir que o presente Plano de Negócios para a abertura de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro trata-se de uma oportunidade de negócios interessante e atrativa aos seus idealizadores e ao mercado no qual se insere. 67 Referencias Bibliográficas REINOLD, Mathias Rembert. Microcervejarias: Como criar diferencial competitivo. Revista Indústria de Bebidas. 2008 – Ano 07 – nº39, p.06. ROSA, Cláudia Afrânio. Como elaborar um plano de negócios. Brasília: SEBRAE, 2007. KOTLER, Philip & Armstrong,Gary. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998. 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