Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte Nitrogênio e matéria orgânica na produção do primeiro ciclo da bananeira ‘Prata-Anã’ Aparecida Rodrigues de Jesus Carvalho(1), Maria Geralda Vilela Rodrigues(2) (1) (2) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected]; Pesquisadora/Bolsista BIP FAPEMIG/EPAMIG - Nova Porteirinha, [email protected] INTRODUÇÃO O Brasil é o quarto maior produtor mundial de banana (7.193 mil toneladas produzidas em 511 mil hectares, em 2009 (FAO, 2011), com produção em todas as unidades da Federação (IBGE, 2011). Neste período Minas Gerais, o quarto maior produtor brasileiro, produziu 621 mil toneladas, com rendimento de 15,8 t/ha. Entre as 12 mesorregiões de Minas Gerais, observa-se grande diferença de rendimento, de 9,0 t/ha em Campo das Vertentes, a 24,2 t/ha no Noroeste (IBGE, 2011), resultante das variedades utilizadas, do clima e do nível tecnológico adotado. Aproximadamente 50% da produção mineira provém da região Norte, cultivada em 35% da área de banana no Estado. Nos 13,7 mil hectares cultivados com banana na região, foram produzidas 312,4 mil toneladas, em 2009 (IBGE, 2011). A produtividade média do Norte de Minas foi de 22,8 t/ha em 2009, superando as médias nacional e estadual, porém ficando aquém do seu potencial já que alguns bananais produzem entre 40 e 50 t/ha/ano. Para melhoria destes índices, foi desenvolvido um trabalho com adubação nitrogenada utilizando ureia e esterco bovino como fonte. MATERIAL E MÉTODO O experimento foi constituído por 20 tratamentos resultantes da combinação, em fatorial completo, de quatro doses de ureia (0; 8; 16 e 24 grama/planta/mês de N) e cinco doses de esterco bovino (0; 10; 20; 30 e 40 litro/planta/semestre), em um bananal de 'Prata-Anã'. Os tratamentos foram distribuídos na área em blocos casualizados, com quatro repetições, totalizando 80 parcelas. Cada parcela constituiu-se por 16 plantas, sendo apenas as quatro centrais úteis à avaliação. EPAMIG. Resumos expandidos 2 O bananal foi implantado com mudas de cultura de tecidos e irrigado por microaspersão. A condução da área foi feita conforme recomendações de cultivo da 'Prata-Anã' na região. Na floração do primeiro ciclo, fez-se amostragem do solo (0-20 cm) que foi encaminhada ao Laboratório de Análise de Solo e Tecido Vegetal da EPAMIG Norte de Minas, para determinação da fertilidade. Na colheita do primeiro ciclo foram avaliadas as características da planta e da produção. Os dados foram submetidos à análise estatística. RESULTADOS E DISCUSSÃO O aumento das doses de esterco promoveu elevação linear nos teores de matéria orgânica (MO= 0,8 a 1,2 dag/kg), P (13,2 a 40,9 mg/dm3), K (215 a 305 mg/dm3), Ca (3,6 a 4,5 cmolc/dm3), Mg (1,0 a 1,7 cmolc/dm3), B (0,48 a 0,60 mg/dm3) e Zn (2,87 a 4,63 mg/dm3). Os valores médios e as equações de regressão ajustadas encontram-se na Tabela 1. O aumento das doses de N na forma de ureia promoveu efeito quadrático do teor de MO no solo, redução linear do teor de P (32,1 a 21,3 mg/dm3), K (282 a 222 mg/dm3) e Ca (4,2 a 3,8 cmolc/dm3). Os valores médios e as equações de regressão ajustadas encontram-se na Tabela 2. O pH e a acidez do solo não foram influenciados pelos tratamentos. O fornecimento de esterco de curral curtido promoveu aumento nos teores de MO e de vários nutrientes no solo, por atuar como fonte destes. Já a ureia promoveu redução da MO, provavelmente, por ser fonte de N para os microrganismos que se multiplicaram e a mineralizaram. A ureia é uma fonte acidificante do solo, porém, como o solo foi inicialmente corrigido, é provável que um ano não tenha sido suficiente para que ocorressem estas alterações do pH detectáveis nas análises realizadas. Na colheita do primeiro ciclo, a maioria das características da planta e o ciclo não foram influenciados pelos tratamentos: altura e diâmetro da base do pseudocaule, número de folhas vivas na floração, dias entre o plantio e a floração, dias entre a floração e a colheita, dias entre o plantio e a colheita. Os valores médios destas características encontram-se na Tabela 3. O número de Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte 3 folhas vivas no momento da colheita aumentou de forma linear com o fornecimento de esterco (Tabela 3 e Gráfico 1). As características da produção (massa do cacho, número de pencas e de frutos do cacho, comprimento, diâmetro e massa do fruto central da mão externa da segunda penca) também não foram influenciadas pelos tratamentos (Tabela 4). As alterações das características do solo foram sutis e, portanto, não houve efeito nas características da planta e da produção. Porém, como o aumento das doses de esterco melhorou a fertilidade do solo e o número de folhas da planta, há expectativa de melhores resultados na produção nos ciclos seguintes, e as avaliações serão mantidas. CONCLUSÃO Os efeitos dos tratamentos nas características do solo e da produção de primeiro ciclo foram sutis no primeiro ciclo. As avaliações serão mantidas. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pela bolsa concedida. REFERÊNCIAS FAO. FAOSTAT - agriculture: banana. Rome, 2009. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/567/DesktopDefault.aspx?PageID=567#ancor>. Acesso em: 19 abr. 2011. IBGE. SIDRA. Banco de dados agregados: banana. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=1613&z=p&o=22>. Acesso em: 19 abr. 2011. EPAMIG. Resumos expandidos 4 Tabela 1 - Efeito das doses de esterco na fertilidade do solo Nutriente Média Equação R2 MO (dag/kg) 1,0 y = 0,011x + 0,8 0,945 P (mg/dm3) 26,1 y = 0,736x + 11,32 0,807 K (mg/dm3) 254,3 y = 2,127x + 211,7 0,864 Ca (cmolc/dm3) 4,0 y = 0,02x + 3,6 0,909 Mg (cmolc/dm3) 1,3 y = 0,017x + 1 0,989 B (mg/dm3) 0,5 y = 0,002x + 0,47 0,818 Zn (mg/dm3) 3,7 y = 0,041x + 2,828 0,931 Tabela 2 - Efeito das doses de ureia na fertilidade do solo Nutriente Média Equação R2 MO (dag/kg) 1,0 y = -0,001x2 + 0,014x + 1,066 0,979 P (mg/dm3) 26,1 y = -0,452x + 31,48 0,974 K (mg/dm3) 254,3 y = -2,652x + 286,1 0,951 4,0 y = -0,016x + 4,22 0,965 Ca (cmolc/dm3) Tabela 3 - Características das plantas e ciclo produtivo do primeiro ciclo Diâmetro do Altura da Variável planta (m) pseudocaule a Número Número de folhas de folhas vivas na vivas na floração colheita 30 cm do solo (cm) Dias da Dias do Dias do floração plantio plantio à colheita à floração à colheita Média 2,4 20,9 15,9 10,6 129,4 275,1 404,4 CV(%) 3,33 4,18 7,55 8,34 7,24 6,88 4,51 NOTA: CV - Coeficiente de variação. Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte 5 Número de folhas vivas na colheita 11,5 Y = 0,0206x + 10,14 R2 = 0,6705 11,0 10,5 10,0 0 10 20 30 40 Litros de esterco por família de plantas Gráfico 1 - Número de folhas na colheita, em função das doses de esterco fornecidas à “família” de plantas por ano Tabela 4 - Características da produção do primeiro ciclo Fruto central da mão externa da segunda penca Massa do cacho (kg) Pencas (no) Frutos do cacho (no) Média 12,8 9,3 137,7 16,5 2,9 100,1 CV(%) 14,60 6,27 7,60 5,64 5,11 13,39 Variável NOTA: CV - Coeficiente de variação. Comprimento (cm) Diâmetro Massa (cm) (g)