Geografia e música: uma análise do espaço urbano carioca a partir das composições de Antônio Carlos Jobim TAONI, Lucas Jurado (aluno-autor) [email protected] CUNHA, Fabiana Lopes da. (orientadora) Campus Experimental de Ourinhos – Geografia Palavras chave: Geografia Cultural, Rio de Janeiro, Tom Jobim. Introdução Este resumo dialoga com atividades de iniciação científica desenvolvidas nos últimos seis meses, durante a primeira etapa de vigência da Bolsa de Iniciação Científica concedida pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O projeto tem o esforço de pensar e interpretar o espaço urbano carioca a partir do legado musical de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927 – 1 1994) . Daí é necessário não protelar a necessidade de uma pesquisa multidisciplinar, ao passo que a “música é tão mais que a soma das partes que, quando ouvimos isoladamente, cada elemento constituinte soa fraco e ordinário” 2 (TREECE) . Os anos escolhidos para tal análise estão inseridos no contexto desenvolvimentista brasileiro entre 1958 e 1965. Este período está também fortemente marcado pela bossa nova, onde as parcerias entre Tom Jobim e os demais musicistas têm um papel importante para o desenvolvimento do trabalho. Esta pesquisa tem a ótica geográfica dos autores que 3 trabalham com a interface cultural . Material e Métodos Os materiais de nosso trabalho são a bibliografia sobre o assunto e a análise de alguns discos de Tom no contexto proposto: “Canção do Amor Demais” (Elizabeth Cardoso, produção de Tom Jobim e violão de João Gilberto,1958); “Chega de Saudade” (João Gilberto, 1959); “Amor de gente moça” (Sylvia Telles, 1959); “Amor, o sorriso e a flor” (João Gilberto, 1960); “João Gilberto” (João Gilberto, 1961); “The Decomposer of Desafinado Plays” (Tom 1 JOBIM, Helena. Antônio Carlos Jobim: um homem iluminado. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira S.A., 2006. MACHADO, Cacá. Tom Jobim. São Paulo: Publifolha, 2008. 2 TREECE, David. Animação suspense: movimento e tempo na bossa nova. IN: ArtCultura, Uberlândia, v. 10, 2008.p. 126. 3 CASTRO, Daniel de. Geografia e música: a dupla face de uma relação. Espaço e Cultura, UERJ, Rio de Janeiro, 2009. CORRREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.). Introdução à geografia cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil LTDA, 2010. CLAVAL, Paul. A geografia cultural. Florianópolis. Ed. Da UFSC, 2007. SAUER, Carl. The morphology of landscape. University of Califórnia, Publications in Geography, vol. 2, n. 2, 2011. XXIV Congresso de Iniciação Científica Jobim, 1963); “The Wonderful World of Tom Jobim” (Tom Jobim, 1964); “Caymmi Visita Tom” (Tom Jobim, 1964) e por fim “A certain Mr. Jobim” ( Tom Jobim, 1965). Metodologicamente este trabalho possui dois autores seminais: a geógrafa cingapuriana Lily 4 5 Kong e o historiador Marcos Napolitano . As idéias de KONG são vitais para o desenvolvimento do trabalho, ao passo que inclui a música popular dentro do rol de possibilidades para os pensadores da geografia e, não obstante, sustenta uma crítica incisiva sobre razoável negligência com a música na história da ciência. NAPOLITANO possui também uma reflexão importante para a nossa pesquisa: a abordagem externa à obra, usufruindo-a com a perspectiva exógena onde o contexto é mais enaltecido que os matizes estruturais das composições no desenvolvimento científico. Resultados e Discussão Os resultados desta pesquisa ainda são incipientes, pois, a partir do cronograma proposto à FAPESP, as análises do cancioneiro ocorrerão ainda nos meses subseqüentes. Por ora, foram realizadas discussões teóricas e fichamentos bibliográficos. Além disso, foi desenvolvido um artigo norteado pela pesquisa com o mesmo arcabouço teórico acerca da Sinfonia da Alvorada (1961), peça sinfônica de Tom Jobim e Vinícius de Moraes que reflete a construção de Brasília e a transformação da paisagem do cerrado centro-brasileiro. Conclusões A música nos permite pensar com profundidade sobre a sociedade a que pertence: acerca dos espaços onde ela foi produzida e difundida assim como o contexto social e histórico da composição, reprodução, interpretação e consumo da obra. Pensar o Rio de Janeiro a partir do fim da década de 1950 atrelado à arte jobiniana reclama a relação entre o espaço e a arte sugerida pela geografia cultural. 4 KONG, Lily. Popular Music in Geographical Analyses, In: Progress in Human Geography, 19, 2(1995) pp. 183-198. 5 NAPOLITANO, Marcos. História & música: história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2005 ____________________. História da música popular: um mapa de leituras e questões. Revista de História, 157, São Paulo , p. 153-171, 2007