ARTIGO DE REVISÃO MEDIDAS DE DESPROPORCIONALIDADE NA DETEÇÃO DE SINAL EM FARMACOVIGILÂNCIA Patrícia Dias Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Unidade de Farmacovigilância do Centro, AIBILI, Coimbra. Carlos Fontes Ribeiro Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Unidade de Farmacovigilância do Centro, AIBILI, Coimbra. Francisco Batel Marques Unidade de Farmacovigilância do Centro, AIBILI, Coimbra. Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Resumo Em farmacovigilância, a deteção de possíveis relações causais entre eventos adversos e medicamentos e a geração de sinais de segurança baseiam-se em grande parte nos sistemas de notificação espontânea, os quais geram grandes volumes de informação. Estes sistemas possibilitam a monitorização de todo o universo de medicamentos comercializados, no contexto da sua utilização em condições reais, ao longo do tempo, a custo relativamente baixo. A análise qualitativa tradicional de grandes bases de dados pode ser extremamente consumidora de tempo e de recursos, tornando a análise quantitativa (data mining) atrativa. As técnicas mais utilizadas para a extração de informação são as «medidas de desproporcionalidade», que quantificam o carácter inesperado do número de notificações para determinado par evento adverso/medicamento. Estes métodos devem ser complementares, e não substitutos das estratégias tradicionais de deteção de sinais. Os potenciais sinais identificados, se relevantes, devem ser avaliados em complementaridade com a análise clínica individual, podendo levar à geração de sinais de segurança que impliquem medidas regulamentares. Palavras-chave: Farmacovigilância, segurança de medicamentos, sinais de segurança, geração de sinal de segurança, desproporcionalidade, métodos de desproporcionalidade. Abstract In pharmacovigilance, the detection of causal relationships between adverse events occurrence and drug exposure, besides safety signals generation, is mainly based upon spontaneous reporting systems which, in turn, generate large volumes of information. These systems allow the monitoring of all marketed drugs, in the “real world” conditions, over time periods, at relatively low costs. Traditional qualitative analysis of large databases can be extremely time and resource consuming, making quantitative analysis or data mining attractive. The techniques most often used to extract information are “disproportionality measures” which quantify the unexpected profile of the number of reports concerning a given pair adverse event-drug. These methods should be complementary and not substitutes of traditional strategies of signal detection. Potential identified signals, if relevant, should be evaluated complementarily with individual and clinical analysis and can lead to the generation of safety signals which may imply regulatory actions. Keywords: Pharmacovigilance, drug safety, safety signals, safety signal generation, disproportionality methods. Introdução A farmacovigilância é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a ciência e atividades relacionadas com a deteção, avaliação, conhecimento e prevenção de efeitos adversos ou qualquer evento relacionado com medicamentos1. Um «sinal» em farmacovigilância é definido pela OMS como informação reportada sobre uma possível relação causal entre um evento adverso e um fármaco, previamente desconhecida ou incompletamente documentada, e pelo Working Group VIII of the Council for International Organizations of Medical Sciences (CIOMS VIII), adaptando a definição de Hauben e Aronson, como «informação proveniente de uma ou múltiplas fontes (incluindo observacionais e experimentais) que sugere uma nova associação causal poRev Port Farmacoter | 2014;6:31-35 31 ARTIGO DE REVISÃO tencial, ou uma nova face de uma associação conhecida, entre uma intervenção e um evento ou série de eventos relacionados, adversos ou benéficos, que se julga suficiente para justificar ação confirmatória»2,3. Métodos Usados em Farmacovigilância 32 Ensaios Clínicos Os ensaios clínicos fornecem informações de segurança numa fase pré-introdução no mercado. Os RCT (randomized controlled trials) são considerados no topo da hierarquia da evidência no que se refere a eficácia. No entanto, o seu papel nas questões de segurança está menos bem estabelecido, dadas as limitações, nomeadamente no que se refere ao tempo de exposição – os ensaios clínicos têm duração relativamente curta e, por vezes, taxas de descontinuação precoce significativas, não permitindo reconhecer reações adversas tardias; ao número limitado de participantes, que geralmente não permite identificar reações adversas que ocorrem de forma rara; à selecção de participantes, que não reflecte habitualmente todas as características da população em que o medicamento vai ser usado; à quebra de ocultação que pode ser desencadeada pela ocorrência de uma reação adversa; ao desenho do ensaio clínico, predominantemente dirigido à avaliação de eficácia e com menor poder para avaliar a segurança4. Notificação Espontânea A notificação espontânea de reações adversas suspeitas a medicamentos constitui a base dos sistemas regionais e nacionais de farmacovigilância, gerando um grande volume de informação. As notificações, provenientes de profissionais de saúde ou, em alguns países, dos próprios utentes, são recolhidas e analisadas por peritos, sendo verificada a qualidade dos dados (informação completa, dados de follow-up, uniformização de termos), a gravidade, a relevância (medicamentos novos, reações não descritas) e a imputação de causalidade, isto é, a probabilidade de haver uma relação causal entre a exposição ao medicamento e o evento adverso5. Esta imputação pode ser feita utilizando vários métodos, incluindo o método de introspecção global da OMS ou vários algoritmos de decisão publicados6, que se baseiam essencialmente em quatro considerações: a relação temporal entre a administração do fármaco e o surgimento do evento adverso, a plausibilidade farmacológica e biológica, a probabilidade de outras causas para o evento e a resposta à suspensão e à reexposição. Os sistemas de notificação espontânea (SNE) de eventos adversos constituem um importante método de recolha de informação de segurança pós-introdução no mercado, sendo a sua principal função a deteção precoce de sinais Rev Port Farmacoter | 2014;6:31-35 de reações adversas a medicamentos (RAM) não conhecidas, graves ou raras, possibilitando a monitorização de todo o universo de medicamentos comercializados ao longo do tempo, com custos relativamente baixos7. Apesar das limitações inerentes aos SNE, nomeadamente a subnotificação, a notificação preferencial de eventos a produtos novos ou de eventos graves, a qualidade desigual das notificações e a falta de denominador (população exposta ao fármaco) que impossibilita a determinação de incidências, as informações obtidas frequentemente permitem a identificação de eventos adversos graves e a geração de sinais de segurança, com consequências regulamentares que vão desde a obrigatoriedade de detentor da autorização de introdução no mercado (AIM) enviar informação escrita aos prescritores ou de produzir guias de medicação para os utentes, colocação de avisos de segurança nas embalagens, alterações do resumo das características do medicamento (RCM), até à retirada do mercado dos fármacos envolvidos8. De facto, de acordo com dados da FDA, nos Estados Unidos da América (EUA), entre 1980 e 2009 foram retirados do mercado por razões de segurança 26 medicamentos, correspondendo a 3,5 por cento dos produtos aprovados no mesmo período9. Entre 1978 e 2003, também nos EUA, foram retirados por razões de segurança, com base em notificações espontâneas, 23 medicamentos10. Na Europa, desde 1995 até 2007 foram tomadas medidas reguladoras com base em notificações espontâneas, desde avisos de precauções especiais de utilização (por exemplo, bupropiona e risco de convulsões), à suspensão de comercialização (por exemplo, tolcapone e hepatotoxicidade), até à retirada do mercado (por exemplo, cerivastatina e rabdomiólise, trovafloxacina e hepatotoxicidade)11. Métodos Complementares dos SNE Monitorização intensiva e monitorização de eventos em coortes Os sistemas de monitorização intensiva recolhem informação sobre eventos adversos que ocorram numa coorte a quem é prescrito determinado(s) medicamento(s) de interesse, e durante um determinado período de tempo, o que permite estimar taxas de incidência, uma vez que se conhece o número de utentes a quem foi feita a prescrição. Estes métodos envolvem estudos observacionais prospectivos em que é seleccionada uma coorte de indivíduos expostos a um determinado medicamento de interesse e o registo de qualquer evento experimentado pelos utilizadores, independentemente de ser considerado relacionado com o medicamento em questão ou não. Notificação espontânea dirigida Neste método, os profissionais de saúde que lidam ARTIGO DE REVISÃO com determinado grupo de doentes (por exemplo, tuberculose ou infecção VIH) são sensibilizados para notificar eventos relacionados com determinadas questões de segurança relativas a certos medicamentos usados nesse contexto12. Detecção de Sinal Utilizando os SNE A deteção de sinal baseada na notificação espontânea de RAM pode ocorrer através da análise qualitativa tradicional das notificações individuais ou através da aplicação de métodos quantitativos na análise de bases de dados. A análise qualitativa individual de grandes bases de dados pode tornar-se extremamente trabalhosa e consumidora de tempo e recursos, pelo que a aplicação de métodos quantitativos que possam focar-se em prováveis sinais verdadeiros pode ser extremamente útil. A expressão «data mining» refere-se à extração de informação relevante de grandes bases de dados, frequentemente com recurso a algoritmos para descobrir padrões ocultos de associações ou ocorrência não esperadas, isto é, sinais7. Há várias técnicas passíveis de ser utilizadas para esta extração de informação, como modelação preditiva, segmentação ou «clustering», análise de associações13 ou, mais frequentemente, «medidas de desproporcionalidade» que quantificam o carácter inesperado do número de notificações observadas para determinado par fármaco/evento adverso face ao esperado, com base na frequência de notificações envolvendo o fármaco e o evento adverso em questão14. Medidas de Desproporcionalidade Os métodos de data mining aplicados à farmacovigilância variam – rácios de notificação, estatística bayesiana –, mas caracterizam-se por expressar em que medida o número de casos observados difere do número de casos esperados. Considerando um par fármaco (F)/evento adverso (EA) pode construir-se, a partir de uma base de dados de um SNE, uma tabela de contingência 2x2: Fármaco F Outros fármacos Total EA Todos os outros EA a b Total a+b c d c+d a+c b+d a+b+c+d em que: ‘a’ é o número de notificações relativas ao fármaco suspeito envolvendo o evento adverso EA; ‘b’ é o número de notificações relativas ao fármaco F envolvendo qualquer evento adverso que não EA; ‘c’ é o número de notificações relativas ao evento adverso EA envolvendo qualquer fármaco que não F; ‘d’ é o número de notificações relativas a eventos adversos que não EA envolvendo qualquer fármaco que não F. O número esperado (e) de relatos do par fármaco (F)/evento adverso (EA) seria ‘e’, assumindo que não há associação entre F e EA: e=(a +c)(a+b)/(a+b+c+d) O rácio entre o número observado (a) e o número esperado (e) é o RRR (relative reporting ratio): RRR=a/e=a(a+b+c+d)/(a+b)((a+c) Outra medida é o PRR (proportional reporting ratio): PRR=[a/(a+b)]/[c/(c+d)] O PRR tem um significado semelhante ao risco relativo dos estudos de coorte, indicando o rácio entre a ocorrência do evento adverso nas «notificações expostas» e a ocorrência nas «notificações não expostas». Podemos ainda definir uma terceira medida de desproporcionalidade, o ROR (reporting odds ratio): ROR=ad/bc Uma vez que habitualmente cada efeito adverso em fármaco individual ocorre numa proporção pequena do total de notificações, e geralmente a<<b ou c e c<<d, na prática estas medidas tendem a ter valores, bem como interpretações, idênticos. Um valor de 1 quer dizer que não há relação, na base de dados em causa, entre o fármaco (F) e o evento adverso (EA); um valor de 3 indica que há três vezes mais notificações envolvendo o par F/EA do que seria expectável se não houvesse associação entre os dois15. Podem ser calculados intervalos de confiança para cada uma destas medidas que tendem a ser mais largos quanto menor for o número de eventos observados e esperados. Uma alternativa aos métodos «frequentistas» descritos é a utilização de métodos bayesianos, que entram em linha de conta com a variabilidade e a incerteza quanto ao verdadeiro valor da medida de associação16. O IC (information component) é uma medida logarítmica de desproporcionalidade definida como: IC=log2 p(x,y)/p(x)p(y) em que p(x) é a probabilidade de uma fármaco ’x’ constar de uma notificação, p(y) é a probabilidade de Rev Port Farmacoter | 2014;6:31-35 33 ARTIGO DE REVISÃO um determinado evento adverso ‘y’ constar de uma notificação e p(x,y) é a probabilidade de um par fármaco/evento adverso ‘x’ e ‘y’ constem de uma notificação. O cálculo é também baseado no número de notificações com o fármaco ‘x’, o número de notificações com o evento adverso ‘y’, o número de notificações com o par ‘x’-‘y’ e o número total de notificações. Esta medida foi introduzida através de uma rede neural bayesiana (bayesian confidence propagation neural network, BCPNN) e o seu valor, e do respectivo intervalo de confiança, variam com a introdução de novas notificações17. Avaliação e Investigação dos Sinais Gerados 34 Não há limiares de significância estabelecidos para os sinais de desproporcionalidade. O EudraVigilance Data Analysis System, desenvolvido pela EMEA em 2005, usa o PRR como medida de desproporcionalidade, o que, tratando-se de um método muito sensível, pode gerar muitos falsos positivos, especialmente se o número de notificações for baixo. Os critérios adotados para definir um sinal de desproporcionalidade para determinado par F/EA são um número de casos ≥3 e, se o PRR for apresentado com intervalo de confiança a 95 por cento, um limite inferior do intervalo ≥1; se o PRR for apresentado com qui-quadrado, um PRR ≥2 e χ2 ≥418. No Uppsala Monitoring Centre é usado o IC, em que um valor positivo indica que um determinado par F/EA é notificado mais frequentemente do que o esperado, com base em todas as notificações da base de dados; um valor negativo indica o contrário; quanto maior for o valor do IC, com o limite inferior do intervalo de confiança a 95 por cento positivo, maior é a sugestão de que haja uma relação entre o evento adverso e o fármaco em causa. A interpretação dos resultados destes métodos deve ter em conta as limitações das bases de dados dos sistemas de notificação espontânea e ser feita cautelosamente, uma vez que o aumento relativo da proporção de notificações de um determinado efeito adverso com um determinado fármaco não implica, por si só, qualquer tipo de relação causal, podendo a desproporcionalidade estatística refletir um ou mais vieses. Assim, a análise médica individual de cada desproporcionalidade detetada é fundamental. Por outro lado, a ausência de um sinal de desproporcionalidade não exclui a possibilidade de haver de facto uma associação entre um fármaco e um efeito adverso. A análise de desproporcionalidade em bases de dados de SNE pode ser influenciada pela presença de notificações referentes a associações ou pares fármaRev Port Farmacoter | 2014;6:31-35 co/reação adversa bem estabelecidos, levando a que sinais mais fracos mas potencialmente relevantes sejam obscurecidos (viés de competição). Uma metodologia proposta para evitar este viés é remover da base de dados as notificações referentes a pelo menos um dos fármacos com associação conhecida ao evento adverso em análise – por exemplo, remover notificações referentes a fármacos antitrombóticos e antiinflamatórios não-esteroides quando se considera o evento adverso hemorragia digestiva alta19. A hierarquização dos sinais de acordo com a sua prioridade para avaliação subsequente é importante, principalmente quando há grande volume de dados envolvendo um grande número de fármacos; assim, a análise de desproporcionalidade pode ser combinada com procedimentos de triagem, focando sinais de maior importância clínica, ou com análise de impacto, mais quantitativa, com cálculo dos scores de evidência e de saúde pública, que categoriza os sinais em alta prioridade, necessidade de mais informação, baixa prioridade ou sem necessidade de acção20. Outra abordagem é selecionar os eventos a estudar, e a sua relação com todos os fármacos (event-based approach), ou selecionar os fármacos a monitorizar, e a sua relação com todos os eventos possíveis (drug-based approach). A primeira permite estudar os eventos considerados mais relevantes do ponto de vista da saúde pública ou do impacto socioeconómico independentemente do fármaco que causa o evento. Esta abordagem é especialmente útil no data mining de grandes bases de dados de saúde eletrónicas populacionais (registo ou processo clínico eletrónico)21. Posicionamento dos Métodos de Desproporcionalidade em Farmacovigilância A decisão de utilizar métodos de data mining em farmacovigilância deve ter em conta que estes métodos são complementares, e não substitutos das estratégias tradicionais de identificação de sinais, sendo necessário avaliar previamente, a nível local/regional, o rigor dos critérios de sinalização utilizados, a natureza e número de fármacos e eventos adversos a monitorizar, o impacto potencial em termos de saúde pública dos falsos positivos ou falsos negativos e a disponibilidade de recursos22. Os SNE são as fontes de dados mais utilizadas, fornecendo grande volume de informação do «mundo real» a custo relativamente baixo, mas não permitindo calcular incidências. Os objetivos da utilização destes métodos são variados, podendo ser usados como suplemento da análise tra- ARTIGO DE REVISÃO dicional de casos individuais, como ferramenta de rastreio para identificar periodicamente uma lista de potenciais sinais a investigar mais aprofundadamente ou para detetar dados mais complexos, como interações medicamentosas. A performance destes métodos depende da qualidade dos dados, das circunstâncias locais, da combinação com os métodos tradicionais e da sua interpretação, salientando-se que maior complexidade não é necessariamente sinónimo de maior precisão23. Conclusões A farmacovigilância constitui um processo de gestão de risco em relação à utilização de medicamentos em todo o seu ciclo de vida e envolvendo tanto a monitorização epidemiológica de populações como casos individuais. A necessidade de identificar reações adversas graves ou raras de forma mais precoce e eficiente levou ao desenvolvimento de métodos quantitativos de análise de grandes bases de dados, baseados nos SNE ou noutras fontes, como registos ou processos clínicos eletrónicos. A determinação de medidas de desproporcionalidade permite identificar potenciais sinais que, se o justificarem em termos de plausibilidade, gravidade e/ou relevância para a saúde pública, podem, em complementaridade com a análise clínica tradicional, levar à geração de sinais que justifiquem análise mais aprofundada e eventualmente a tomada de medidas reguladoras. Referências Bibliográficas 1. World Health Organization. The importance of pharmacovigilance – safety monitoring of medicinal products. WHO. Geneva. 2002. 2. Hauben M, Aronson JK. Defining “signal” and its subtypes in pharmacovigilance based on a systematic review of previous definitions. Drug Saf. 2009;32(2):99-110. 3. CIOMS Working Group VIII. Practical aspects of signal detection in pharmacovigilance. Geneva. 2010. 4. Hammad TA, Pinheiro SP, Neyarapally GA. Secondary use of randomized controlled trials to evaluate drug safety: a review of methodological considerations. Clinical Trials. 2011;8:559-570. 5. The Uppsala Monitoring Centre. Safety Monitoring of Medicina Products. Guidelines for setting up and running a Pharmacovigilance Centre. 2000. 6. Macedo AF, Marques FB, Ribeiro CF, Teixeira F. Causality assessment of adverse drug reactions: comparison of the results obtained from published decisional algorithms and from the evaluations of na expert panel, according to diferente level of imputability. J Clin Pharm Ther. 2003;28:137-143. 7. Härmark L, van Grootheest AC. Pharmacovigilance: methods, recent developments and future prespectives. Eur J Clin Pharmacol. 2008;64:743-752. 8. Ahmad SR. Adverse Drug Event Monitoring at the Food and Drug Administration. Your Report Can Make a Difference. J Gen Intern Med. 2003;18:57-60. 9. Qureshi ZP, Seoane-Vasquez E, Monguio RR et al. Market withdrawal of new molecular entities approved in the United States from 1980 to 2009. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2011;20:772-777. 10. Wysowski DK, Swartz L. Adverse Drug Event Surveillance and Drug Withdrawals in the United States, 1969-2002. The Importance of Reporting Suspected Reactions. Arch Intern Med. 2005;165:1363-1369. 11. Raine JM. Risk Mangement – a European regulatory view, in Pharmacovigilance. 2nd edition. Mann RD, Andrews EB, eds. Chichester, UK: John Wiley & Sons Ltd; 2007. 12. Pal SN, Duncombe C, Falzon D, Olsson S. WHO Startegy for Collecting Safety Data in Public Health Programmes: Complementing Spontaneous Reporting Systems. Drug Saf. 2013;36:75-81. 13. Wilson AM, Thabane L, Holbrook A. Application of data mining techniques in pharmacovigilance. Br J Clin Pharmacol. 2003;57(2):127-134. 14. Bate A., Evans SJW. Quantitative signal detection using spontaneous ADR reporting. Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2009;18(6):427-436. 15. Almenoff JS, Pattishall EN, Gibbs TG, et al. Novel Statistical Tools for Monitoring the Safety of Marketed Drugs. Clin Pharmacol Ther. 2007;82(2):159-166. 16. Madigan D, Ryan P, Simpson S, Zorych I. Bayesian Methods in Pharmacovigilance. In: Bernardo JM, Bayarri MJ, Berger JO, et al. Bayesian Statistics 9. Oxford, UK: Oxford University Press; 2011. 17. Bate A, Lindquist M, Edwards R, Orre R. A Data Mining Approach for Signal Detection and Analysis. Drug Saf. 2002;25(6):393-397. 18. EMEA. Guideline on the use of statistical signal detection methods in the EudraVigilance Data Analysis System. EMEA. 2008. 19. Pariente A, Avillach P, Salvo F, et al. Effect of Competition Bias in Safety Signal Generation. Drug Saf. 2012;35:855-864. 20. Waller P. The Process of Pharmacovigilance. in: An Introduction to Pharmacovigilance. Oxford, UK: Wiley-Blackwell; 2009. 21. Trifirò G, Pariente A., Coloma PM, et al. Data mining on electronic health record databases for signal detection in pharmacovigilance: which events to monitor? Pharmacoepidemiol Drug Saf. 2009;18:1176-1184. 22. Hauben M, Reich L. Drug-induced pancreatitis: lessons in data minig. Br J Clin Pharmacol. 2004;58(5):560-562. 23. Poluzzi E, Raschi E, Piccinni C, De Ponti F. Data Mining Techniques in Pharmacovigilance: Analysis of the Publicly Accessible FDA Adverse Event Reporting System (AERS). In: Karahoca A, ed. Data Mining Applications in Engineering and Medicine; 2012. Rev Port Farmacoter | 2014;6:31-35 35