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DR. ARTUR
MORAIS
Diretor clínico e
acupuntor nas
Clínicas Artur
Morais
Professora na
Faculdade de
Farmácia da
Universidade de
Lisboa
DRA. ANA PAULA SANTOS
Médica neurologista do Centro de Medicina do Sono do
Hospital da Lapa
«Síndrome de pernas
inquietas: tem tratamento?»
«A ACUPUNTURA É EFICAZ
NO TRATAMENTO DA CEFALEIA?»
A acupuntura é amplamente usada para o tratamento da dor de cabeça, tanto da cefaleia
aguda como crónica (incluindo enxaqueca). Pela sua especificidade, a acupuntura pode ser
aplicada isoladamente ou como complemento de um programa de tratamento que o paciente
já tenha iniciado junto do seu médico assistente. No caso das cefaleias crónicas, regra geral, o
paciente efetua uma a duas sessões por semana (dependendo da intensidade e frequência das
cefaleias) durante 12 semanas. Após esse período, é expectável que a frequência das cefaleias
tenha reduzido pelo menos 50 por cento em relação ao estado inicial e que a intensidade das
mesmas tenha o mesmo grau de redução. Segue-se uma fase de consolidação dos resultados
em que o paciente efetua uma sessão de 15 em 15 dias ou uma vez por mês, durante um
período que poderá variar entre três meses e um ano. Nesse período, na esmagadora maioria
dos casos, é expectável a regularização completa do quadro clínico. Cada sessão de acupuntura
tem a duração de 20 a 30 minutos, dependendo do tipo de cefaleia.
«Qual o tipo de repelente de insetos mais
seguro para toda a família?»
PROFª DRA.
MARIA
AUGUSTA
SOARES
consultório
A aplicação de repelente na pele
afasta os insetos mas pode ser tóxico
em caso de ingestão. Pode ocasionar
prurido, sensação de queimadura e
inchaço, não se podendo aplicar em
pele escoriada ou ferida nem à voltados olhos e mucosas. O risco é superior nas crianças havendo produtos
não recomendados. Evite o uso até
aos dois anos, aplique pequenas
quantidades e evite as mãos pelo
contacto eventual com os olhos e
mucosas. Se está grávida não deve
usar repelente. Existem produtos para
aplicação na roupa e redes mosquitei-
122 prevenir / AGOSTO 2014
ras. Os derivados de plantas (citronela,
verbena, eucaliptol, limão, pinheiro)
são pouco efetivos e requerem reaplicação após 30 a 60 minutos. O DEET é
o mais efetivo com resposta de 100
por cento nas primeiras duas horas.
Leia atentamente o rótulo: rejeite
produtos sem registo pelos organismos oficiais e siga as recomendações
de utilização. Na União Europeia a
Regulamentação de 98/8/EC, reduziu
o número de repelentes autorizados
(apenas DEET, icaridina e citriodiol),
não estando aprovada a maioria dos
produtos naturais.
O síndrome de pernas inquietas (SPI) é uma perturbação neurológica do movimento, que provoca uma
necessidade incontrolável de mexer as pernas ou desconforto nas mesmas. Existem duas formas de apresentação clínica: a forma primária (sem causa identificada) e a forma secundária a diversas doenças ou condições médicas, como a anemia por deficiência de
ferro e gravidez. As medidas não farmacológicas devem fazer parte do tratamento de todos os pacientes
com SPI e implicam: suspensão de estimulantes ou
depressores do sistema nervoso central (cafeína, nicotina, álcool) e de medicamentos que podem agravar os
sintomas, como certos antidepressivos, anti-histamínicos e antieméticos; prática de exercício físico moderado ao longo do dia; atividades mentais nas horas de
descanso; exercícios de estiramento suaves antes de
dormir; uma rotina de horários fixos para o deitar e o
levantar; e evitar a privação do sono. A maioria dos
pacientes com formas moderadas a graves de SPI necessita ainda de medicação para controlar os sintomas
e embora ainda não exista nenhum medicamento
específico existem diversas opções farmacológicas. A
Academia Americana das Doenças de Sono recomenda
a seguinte ordem de escolha: agentes dopaminérgicos;
opióides; antiepilépticos e benzodiazepinas. Estes
fármacos devem ser usados de acordo com a gravidade dos sintomas, a presença de dor, a idade do paciente e a causa que o determina. Cada um destes fármacos
deve ser usado individualmente e na menor dose possível, devido aos seus efeitos adversos a longo prazo.
Quando verificada a deficiência de ferro, devem ser
administrados suplementos de ferro, uma vez que
constitui a única forma curável da SPI.
PROF ª DRA.
ANA SERRÃO
NETO
Médica pediatra,
coordenadora do
Centro da Criança do
Hospital Cuf
Descobertas
«QUAIS OS RISCOS
DA VARICELA?»
A varicela é uma das doenças virais infantis mais
frequentes e uma das mais contagiosas.
É, regra geral, uma doença benigna, mas pode ser
uma doença grave, sobretudo quando ocorre em
recém-nascidos. Particularmente se a mãe tiver
varicela na semana antes do parto, o recém-nascido
fica vulnerável à forma grave de doença. Quando a
mãe tem varicela mais distanciada do parto, o bebé
ainda tem tempo de criar anticorpos (defesas) e tem
uma forma clínica menos grave. Outro período de
risco, para a mulher, é o inicio da gravidez, pois pode
haver malformação no feto, nomeadamente
ausência de um membro. Assim, apesar de se dizer
que a varicela é uma doença infantil, porque é nesta
idade que é mais comum, o vírus da varicela pode
provocar doença em qualquer idade, desde recémnascido a adulto. No adulto, e também no
adolescente, a doença tem habitualmente maior
exuberância e repercussão sobre o estado geral.
A terapêutica antiviral utilizada no tratamento da
varicela tem indicações concretas, não estando
recomendada em todos os casos. A varicela pode ser
prevenida com uma vacina, universal noutros
países, mas pouco prescrita em Portugal.
AGOSTO 2014 / prevenir 123
consultório
«É PERIGOSO MANTER A EREÇÃO
DURANTE VÁRIAS HORAS?»
PROF. DR.
NUNO
MONTEIRO
PEREIRA
Médico urologista,
diretor da Clínica do
Homem e da Mulher
A uma ereção peniana persistente, não relacionada com excitação ou estimulação sexual
dá-se o nome de priapismo. É uma situação muito rara, cujo termo deriva do nome de
Priapo, divindade da mitologia grega com um pénis desmesuradamente grande, patrono
da fertilidade. No imaginário masculino um pénis longamente ereto pode ser encarado
como algo vantajoso, contudo o priapismo é uma situação muito grave.
Quando a ereção persiste ininterruptamente por três ou quatro horas, o sangue estagna
no interior do pénis, aumenta de viscosidade e começa a sofrer modificações químicas. O
pénis começa a doer. Ao fim de seis a oito horas o próprio tecido peniano começa a alterar-se e o pénis dói cada vez mais. Pelas 12 horas os danos tecidulares são muito acentuados, podendo provocar lesões irreversíveis, com incapacidade futura em obter ereção. É o
que acontece no chamado priapismo de baixo débito, em que existe obstrução do sangue
venoso, muitas vezes relacionadas com medicamentos e doenças hematológicas, neurológicas ou tumorais. Já o priapismo, de alto débito deve-se a um aumento do aporte exagerado do sangue arterial ao pénis. É uma situação mais rara, com consequências menos
graves, quase sempre causada por traumatismos na zona da raiz do pénis ou na sequência
de uma injeção peniana de fármacos para a disfunção erétil. Em qualquer um dos casos,
o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível, com injeções de certos fármacos no próprio pénis, lavagens do sangue estagnado e, muitas vezes, cirurgia.
«Como prevenir lesões na corrida?»
DIOGO
ROQUETTE
OSÓRIO
Engenheiro
biomédico e
fisioterapeuta
Se vai agora iniciar esta modalidade realize
uma avaliação da condição física para
perceber se está preparada para a atividade
a que se propõe. É importante compreender
que parte do sucesso do comportamento
preventivo começa em casa, onde os
cuidados com os pés, (a nossa base de
sustentação), não devem ser
124 prevenir / AGOSTO 2014
negligenciados. Secá-los bem ao sair do
banho, sobretudo entre os dedos, hidratálos à noite, repousando-os sobre uma
almofada enquanto faz movimentos
circulares, é essencial. Assim como o uso
de roupa frescas e calçado adequado. Os
materiais têm um tempo de validade, pelo
que deve equacionar mudar de sapatilhas
com maior frequência. Garanta, também,
que adota uma postura correta durante a
marcha evitando lesões nos joelhos, ancas
e coluna vertebral. Contusões que podem
ser evitadas com uma análise ao tipo de
pé, em clínicas de podologia,
estabelecimentos de saúde e lojas de
desporto. As lesões previnem-se,
igualmente, com o uso de palmilhas
personalizadas pois corrigem
posicionamentos, levam à diminuição de
dor e facilitam as funções das articulações,
músculos, tendões e ligamentos.
DR. LUÍS
ROMARIZ
Médico especialista
em medicina
antienvelhecimento
no Instituto Médico
NewAge
DR. MIGUEL REGO
«Como abrandar
o envelhecimento
da pele do
rosto durante
a menopausa?»
Por volta da quarta década de vida, a mulher
entra no que se convencionou chamar
perimenopausa ou climatério. Nesta fase,
há uma baixa progressiva da produção
hormonal. Havendo ciclos anovulatórios
não há produção de progesterona que, para
além de contrabalançar os efeitos “nocivos”
dos estrogénios, interfere na síntese do
colagénio. O estriol, uma das três formas
de estrogénio, também tem atividade na
pele e está igualmente diminuído nesta fase.
Por outro lado, a testosterona, que sustém
uma pele razoavelmente espessa e oleosa,
diminui, alterando a qualidade da pele.
As perdas por desidratação passam
a ser maiores e menos compensadas.
A diminuição de hormonas enfraquece as
estruturas do rosto, ocorre uma perda de
gordura de revestimento e, como resultado,
o rosto perde o seu formato oval.
O que recomendo:
v Reposição hormonal com hormonas
bioidênticas (progesterona, estriol
e testosterona).
v Dieta antiglicação (sem pão, sem batata
e sem doces).
v Suplemento com astaxantina, poderoso
antioxidante útil na prevenção das rugas
provocadas pelo sol, e glucosamina,
importante na produção de colagénio.
v Tratamento tipo mesoterapia, com ácido
hialurónico, vitamina C, silício e vasoativos.
Nutricionista
«FAZ MAL CONSUMIR
PRODUTOS COM
ESTERÓIS VEGETAIS
QUANDO NÃO SE
TEM O COLESTEROL
ELEVADO?»
Algumas marcas de cremes vegetais e de iogurtes foram
desenvolvendo produtos ricos em esteróis vegetais, presentes
em óleos vegetais, que têm sido extensamente estudados nos
últimos 20 a 30 anos, e que promovem a redução do colesterol
sanguíneo. O consumo diário de cerca de três gramas (uma
colher de chá, aproximadamente) de esteróis vegetais pode
reduzir o colesterol sanguíneo em cerca de sete a dez por
cento, não havendo, contudo, um efeito maior
se se consumir maior quantidade. Pessoas com níveis normais
de colesterol sanguíneo podem consumir estes alimentos sem
prejuízo ou efeitos adversos. No entanto, as principais
estratégias preventivas da hipercolesterolemia passam por
manter uma alimentação rica em produtos hortícolas; manter
um consumo moderado (100 a 120 g) de carnes com menor
teor de gordura (aves); apostar no pescado rico em ácidos
gordos ómega 3 (como a sardinha); manter uma alimentação
pobre em açúcares simples; e dedicar 30 a 60 minutos diários
a uma atividade física de intensidade moderada como
caminhar. O potencial de prevenção desta atividade é similar
ao das estatinas, os fármacos mais utilizados para a redução do
colesterol sanguíneo.
AGOSTO 2014 / prevenir 125
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