Mais Alvarinhos?!

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ID: 31634347
28-08-2010 | Outlook
Tiragem: 22206
Pág: 20
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Ocasional
Área: 25,94 x 36,33 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 2
VINHO
Mais Alvarinhos?!
O Alvarinho é uma casta branca única no país vitivinícola, um caso único nos vinhos
verdes, um vinho de rara versatilidade
enho um fascínio especial
pelos vinhos de Alvarinho,
que brilha mais alto na zona
do Vinho Verde, em especial na sub-região de Monção e Melgaço, onde as uvas
chegam às boas maturações que fazem
do Alvarinho um caso único nos brancos
portugueses.
O Alvarinho tem uma qualidade rara
nos vinhos portugueses que é a sua versatilidade. Os vinhos de Alvarinho fogem à acidez algo agressiva de tantos Vinhos Verdes. Aliás, quando estou com os
meus colegas da Universidade do Minho
eles têm a bondade de me deixar escolher o vinho e eu quase peço Alvarinho.
Pelo menos um. É que têm ficado surpreendidos pela positiva, “realmente até
se bebe muito bem,” e ainda acrescentam, “é que nós costumamos pedir verde.” Hmm... verde... o Alvarinho não é
verde, deduzo que “é maduro.” Uma clivagem que ainda se vai vendo e ouvindo,
que levanta as sobrancelhas dos enófilos
minhotos, mas que na essência tinha razão de ser. Os vinhos eram realmente
verdes, e não pelo “Verde Minho,” antes
porque não amadureciam, com os excessos de produção originados pelo tipo
de condução das videiras, como a vinha
T
de enforcado.
O Alvarinho, maduro nos seus 12.5%
ou 13% de álcool, não se acanha perante
a falta de comida, como não se acanha
perante as típicas entradas das nossas
mesas. Como não se perturba com pratos
de peixe ou marisco, antes mostrando a
rara sensatez de viver e deixar viver. Não
se apaga na frente do prato, mas também
não o abafa. Combina e desafia, num
jogo complexo e dinâmico, mostra-se e
esconde-se, pavoneia-se e dribla. Mesmo numa frente carnívora, tantas vezes
continuo no Alvarinho e me fascino com
a sua afabilidade e simpatia no trato,
permanecendo no seu posto, firme mas
elegante como um oficial de marinha.
Ainda por cima, sendo por natureza
um vinho caro, feito com as uvas mais
caras do país, o Alvarinho começou por
ter um preço aristocrático, mas a crise
dos brancos deixou-o aí estacionado,
tendo tudo o mais subido à sua volta. Vinhos puros e cristalinos de Alvarinho
fermentados em inox (e só em raríssimas
excepções a fermentação e estágio em
madeira traz algo de bom ao Alvarinho)
custam muitas vezes uns 7 ou 8€ na garrafeira ou supermercado, e encontram-se nos restaurantes francamente abaixo
dos 20€. É fartar, vilanagem, ponha já
REGUENGO
DE MELGAÇO
Alvarinho
Branco 2009
DOC Vinho Verde
(13%)
QG QUINTA
DE GOMARIZ
Alvarinho Colheita
Seleccionada Branco
2009 Vinho Regional
Minho (12.5%)
Nariz fino e delicado,
com citrinos, flores
secas, minerais, muito
elegante e expressivo.
Muito equilibrado na
boca, com acidez
agridoce, toranja,
bastante intensidade e
comprimento. Muito
bem.
Aroma muito cheio e
completo, com notas de
citrinos doces como
laranja e toranja, tropical
domado, um pouco de
folhas e minerais. Na
boca muito elegante e
equilibrado, boa acidez,
corpo redondo com
textura cremosa, final
longo, atoranjado.
QUINTA DE GOMARIZ
O Alvarinho,
maduro nos seus
12.5% ou 13%
de álcool, não se
acanha perante
a falta de comida,
como não se acanha
perante entradas,
nem se perturba
com pratos de peixe
ou marisco
mais uma no frio. Mais, sendo um vinho
“alcoólico” há 20 anos, com os seus 13%,
vê agora os seus primos brancos de todo o
país viajar para os 14, os 14.5, os 15% de
álcool. Como se pode desfrutar de vinhos
destes? Só por um dedal... Hmm... é melhor por antes mais duas no frio.
O que me preocupa então? É que os
produtores do Alvarinho parecem ter-se
fartado de esperar, e estão a ir “atrás do
mercado”, atrás do que julgam que o
mercado quer. Mas será que fizeram estudos de mercado? Aparentemente, o
Alvarinho “para o mercado” tem que ter
tons de relva cortada, frutos tropicais
como ananás e maracujá, mineralidade
profunda. Já não tem as suaves e discretas flores brancas, às vezes amarelas, os
aromas frutados a fruta branca muito escondida, a juntar-se aos cítricos vivos do
limão e lima, e mais doces e amargos da
toranja. Ou seja, o Alvarinho está a ser
vinificado para se parecer quase com um
Sauvignon Blanc. Mas a moda do Sauvignon Blanc já está a passar, estaremos
a apanhar um barco que já partiu? O encanto do Alvarinho nunca foi a sua exuberância. Os três que recomendo hoje
tentam fugir aos suspeitos do costume.
São vinhos para procurar, provar e desfrutar. L U Í S A N T U N E S
REGUENGO
DE MELGAÇO
Alvarinho Branco
2009 DOC Vinho
Verde (13%)
Nariz fino e delicado,
com citrinos, flores
secas, minerais, muito
elegante e expressivo.
Muito equilibrado na
boca, com acidez
agridoce, toranja,
bastante intensidade e
comprimento.
Muito bem.
HOTEL DO REGUENGO
DE MELGAÇO
ID: 31634347
28-08-2010 | Outlook
Tiragem: 22206
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Ocasional
Área: 7,62 x 1,07 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 2 de 2
GRANDES ALVARINHOS
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