O MUNDO DO TRABALHO, ECONOMIA SOLIDÁRIA E A PRÁTICA

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O MUNDO DO TRABALHO, ECONOMIA SOLIDÁRIA E A PRÁTICA
DO BEM-VIVER NO SÉCULO XXI.
Diego Palma de Castro1 – [email protected]
Trilhas Incubadora Social Marista – PUCPR
Endereço: Imaculada Conceição, 1155
85902-532 – Curitiba – Paraná – Brasil
Isabel Janay Hinça da Silva2 – [email protected]
Endereço: Imaculada Conceição, 1155
85902-532 – Curitiba – Paraná – Brasil
Resumo: Este artigo, pretende-se fazer uma reflexão dos materiais já produzidos diante de
três áreas que se correlacionam, trabalho, economia solidária e Bem-viver, sendo que a
perspectiva trabalhada é que, a Economia solidária, enquanto prática de atividade laboral, o
quanto viabilizam que seus participantes possam desfrutar do Bem-viver. O trabalho visto na
perspectiva marxista é compreendido como tudo aquilo que o homem modifica, desta forma,
a Economia Solidária é uma opção ao trabalho, visando a lógica não capitalista e o BemViver é garantia de que o indivíduo tenha seu acesso à qualidade de vida de forma integral.
Evidentemente que, um processo não pode ocorrer sem o outro.
Palavras-chave: Economia Solidária. Trabalho. Bem-viver.
1
INTRODUÇÃO
O sistema econômico atualmente é caraterizado pelo individualismo e a valorização
monetária. Ainda, pode-se inferir que alguns modelos de governos neoliberais não obtiveram
um bom êxito em seu desenvolvimento, o que proporcionou, a crise do bem-estar social,
posto que incitou-se negativamente o índice de desenvolvimento humano, a exclusão e
marginalização de alguns indivíduos, contribuindo assim com o individualismo exacerbado, o
medo do trabalho, ansiedade, cinismo e desmobilização nos indivíduos.
1
2
Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Graduanda em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Ademais, o atual modelo também estimula o viver melhor e o gozar de uma boa
qualidade de vida. Assim sendo, o aumento do gasto monetário e o acúmulo de bens, o que
permite classificar hierarquicamente quem está vivendo bem e melhor, além da possibilidade
de estreitamento das relações sociais e de trabalho do individuo, tornando o objetivo do
trabalhador a conquista do capital e ascensão hierárquica.
Assim as condições socioeconômicas e políticas das últimas décadas, vem facilitando
os embates da sociedade civil frente à crise econômica e ao desemprego estrutural, o que
cooperou para que pudesse surgir um modelo alternativo de trabalho e vida. Cujo objetivo é
atender as necessidades humanas, atentando para o ser humano como um todo e não apenas
uma peça da sociedade, conforme os princípios da Economia Solidária e do Bem-viver
Considerando os ideais e características da Economia Solidária, percebe-se que
diferentemente do que prega o capitalismo, é possível produzir, distribuir e consumir de forma
justa, solidária e sustentável, gerando trabalho e distribuição de renda, além da superação da
alienação do trabalho. A via para que isso aconteça é o exercício da democracia, a partilha por
igual dos resultados econômicos, políticos e culturais entre os participantes, assim como o
reconhecimento do ser humano na sua integralidade e, nesse aspecto, o ser humano é sujeito e
finalidade da atividade econômica.
Mantendo essa perspectiva de integralidade percebe-se que a prática do Bem-viver se
apresenta como uma inovação na América Latina, segundo Brasil e Brasil (2013) a mesma é
constitucionalmente reconhecida em dois países, sendo esses: Bolívia (2009) e Equador
(2008). A mesma busca estimular e alinhar os seres humanos com a natureza em uma
relação recíproca e harmoniosa que se realize em coletividade. Percebe-se que a prática do
Bem-viver dialoga com a distribuição do capital, porém mantem-se o respeito da diversidade,
ética e convivência coletiva.
Percebe-se que a Economia Solidária surge como um movimento social dos
trabalhadores e trabalhadoras contra o capitalismo, possibilitando assim incluírem os
indivíduos que vinham sendo excluídos e marginalizados por esse modelo, além do escopo
de lutar por uma sociedade solidária e pelo Bem-viver na busca por um mundo mais justo,
assim sendo, buscando a modificação do trabalho e apropriação do mesmo em prol das
necessidades humanas, gestão e tornar o indivíduo protagonista de seu trabalho, conforme
pretende-se investigar na linha de pesquisa Tecnologia e Trabalho. Considerando que os
empreendimentos econômicos solidários perduram atualmente como uma alternativa de
trabalho e renda ao atual modelo econômico, o projeto objetiva-se definir os indicadores do
Bem-viver a partir de uma análise da prática de empreendimentos econômicos solidários de
Curitiba e região metropolitana, além de identificar em que medida os trabalhadores(as) que
integram os empreendimentos de Economia solidária vivenciam o Bem-viver.
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 História do Trabalho
O trabalho tem por definição a transformação da matéria, através da atividade do
homem, a maneira como é aplicado é singular à cada época vivida na trajetória humana
(FURTADO, 2011)
Sobre a origem e a história do trabalho Marx e Engels citado por Furtado (2011),
relatam que em determinado momento da história da humanidade os indivíduos passaram a
fazer uso contínuo e sistemático de instrumentos que os auxiliasse na realização de seus
afazeres. Esse seria segundo Furtado (2011) um dos momentos mais importantes da evolução
humana, já que foi a partir daí que o homem passou a conceber de forma antecipada a ação a
ser realizada e os recursos necessários. Para o Autor, outro marco na história do trabalho foi o
momento em que as relações de trabalho passaram a ser compreendidas como relações
sociais, ultrapassando sua função de garantir sobrevivência e permitindo a acumulação e a
programação da produção, momento em que foi descoberta a agricultura.
Furtado (2011) esclarece que na sociedade primitiva o trabalho era realizado de acordo
com a necessidade do coletivo e os afazeres eram desenvolvidos de forma a garantir a
subsistência dos indivíduos e que somente 9 mil anos depois do surgimento da agricultura e
em meio a uma nova ordem econômica, política e social o trabalho passou a ser desenvolvido
com o objetivo de produzir riqueza, acumula-la e manter segmentos sociais privilegiados e
dominantes (FURTADO, 2011).
Segundo Pinto (2007, p. 19) foi a partir da idade moderna que “o trabalho foi
incorporado pelo modo de produção capitalista e submetido aos interesses de classes ai
envolvidas”, explicitado na relação entre empresário, detentores do capital e dos empregados,
pessoas que contavam apenas com a sua capacidade de trabalho, sendo assim cabe
unicamente ao empregado vender sua capacidade de produção ao empresário capitalista,
dando origem ao trabalho assalariado. O autor escreve que no início o capitalista se
interessava somente pelo fornecimento de matéria prima e de alguns produtos transformados
por alguns trabalhadores e repassavam a comerciantes e consumidores finais. Para o autor foi
a luta pelo controle do trabalho humano que levou o capitalista a adentrar o processo
produtivo.
O trabalho como emprego e a relação construída entre o empregador e o empregado,
surge mais evidentemente durante a Revolução Industrial, em que o trabalho individual e até
mesmo artesanal, encontra-se em grande baixa com a aquisição de maquinários, em que o
homem é visto como peça e não mais como elemento fundamental. Assim como afirma
Kisnerman (1983) a relação que começara a ser estabelecida era a de livre concorrência,
porém para que se chegasse a essa relação, a construção foi longa e por diversas vezes,
conflituosa.
Em todas as relações em que o trabalho existe e foi documentado com o passar dos
anos, é evidente a dominação de uma classe sobre outra e evidenciando algum tipo de
trabalho, enaltecendo, em geral as classes mais privilegiadas. Como é possível ver na
Antiguidade Clássica, em que intelectual, artístico, especulativo ou político era exercida pela
elite dominante e o trabalho considerado como braçal era responsabilidade dos escravos. E
assim se perpetuou toda a estruturação do trabalho até os dias atuais, com alterações de
nomes. Há a muito tempo uma camada social dominante, essa domina não apenas no sentido
econômico, mas também social, cultural e intelectual e a dominada que por sua vez, coexiste,
sendo submetida aos caprichos da classe dominante.
Na passagem no século XX para o XXI com as mudanças estruturais, tanto
tecnologicas, quanto sociais, novos paradigmas foram colocados, necessitando assim, um
olhar atento para diversas situações. Delgado (2006), trás em seu livro Capitalismo, Trabalho
e Emprego, uma reflexão diante do desemprego, que na década de 80 do século passado era
caracterizado como estrutural, em que é constante a forma de reestruturação da maneira como
a produção é realizada.
Em um sistema econômico e social excludente, em que, pode-se considerar que, as
mudanças são tão constantes e significativas ao longo dos dias, as tecnologias são
reinventadas e a cada instante mais o indivíduo é apenas uma peça que movimenta o sistema,
não mais elemento fundamental em que, por sua força de trabalho transforma a matéria, ou até
mesmo, como colocado na visão marxista, citado por Delgado (2006) que é o processo de
valorização em si. Os produtos gerados pela produção capitalista não foram criados para que
haja um bem coletivo, mas ela está ligada única e exclusivamente ao consumo, gerando
grandes produções, que excedem a expectativas de vendas, criando grandes crises, que já
vivenciamos diversas vezes na história mundial e como cita Marx “A história se repete, a
primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.”. Tantas são as crises econômicas que
giram os continentes e causam diversos tipos de impactos mundiais, porém, que crise é essa
em que a produção pode até diminuir, mas nunca parar?
O fato é que, o do trabalho, esse que, independente do processo, utilizando máquinas
ou não é fruto do processo humano, se há equipamentos, foi necessário que o trabalho
intelectual de alguém fosse aplicado para que a criação, através do processo de confecção
desse tal maquinário fosse realizada. O homem, peça fundamental para que se realize o
processo produtivo, cada vez mais é colocado como artigo supérfluo em grandes produções,
favorecendo a concepção meritocrática, em que, apenas os “melhores” são sobreviventes
desse sistema desigual, que perpetua que as classes dominantes continuem prevalecendo seu
poder de controle social e econômico.
Por fim, o trabalho tornou-se parte da cultura e nele os seres humanos passaram a
depositar certas atribuições, na teoria de Marx é por meio do trabalho que o homem se torna
um ser social. Portanto pode-se dizer que ele é fonte de experiência psicossocial, se ocupando
de um espaço no desenvolvimento da vida humana, fazendo com que não seja somente meio
de satisfação de necessidades básicas, mas também fonte de identificação, autoestima,
desenvolvimento de potencialidades, sentimento de participação na sociedade e colabora na
busca da identidade (NAVARRO e PADILHA, 2007).
Além disso, na atualidade encontram-se diversas maneiras que o individuo busca para
desenvolver seu trabalho, sendo assim, uma das alternativas possíveis para a sociedade é a
Economia Solidária.
2.2 Economia Solidária
A Economia Solidária que nasceu na Europa como resposta à crise instaurada pelo
surgimento do capitalismo industrial, caracterizado pelo novo arranjo produtivo baseado no
uso da máquina, na industrialização dos processos e exploração dos trabalhadores, gerando o
empobrecimento e a exclusão dos artesãos (SINGER, 2012). Dois eventos históricos
corroboraram para que essa crise se instaurasse: a primeira revolução industrial, que ocorreu
na Grã Bretanha, e a expulsão em massa dos camponeses que viviam sob os domínios
senhoriais e que se tornaram proletários. Ao mesmo tempo que muitos dos serviços até então
desenvolvidos artesanalmente passaram a ser realizados com uso de máquinas, em maior
quantidade e em menos tempo, existia um número cada vez maior de pessoas em busca de
emprego.
Para Nascimento (2011), não existe EcoSol sem autogestão e vice e versa. O autor
justifica seu posicionamento dizendo que a origem da EcoSol e a retomada dos princípios do
movimento operário as tornam, se não sinônimas, no mínimo conceitos que não existem
separadamente. Para Nascimento (2011), a EcoSol é “o conjunto de empreendimentos
produtivos de iniciativa coletiva, com certo grau de democracia interna que promove a justiça
econômica e equidade de gênero, seja no campo ou na cidade”. Enquanto a autogestão é “um
ideal de democracia econômica e gestão coletiva que caracterizam um novo modo de
produção” (NASCIMENTO, 2011).
Para Singer (2012), a EcoSol é um modo de produção, que se diferencia das
organizações que funcionam na lógica capitalista, principalmente pela forma como ela é
gerenciada. A empresa capitalista pratica a heterogestão, ou seja, a administração hierárquica,
na qual quanto maior o nível hierárquico do funcionário maior é o seu poder dentro da
organização. O autor destaca que “à medida que se sobe na hierarquia, o conhecimento sobre
a empresa se amplia porque as tarefas são cada vez menos repetitivas e exigem iniciativa e
responsabilidade por parte do trabalhador” (SINGER, 2012, p.18). Já os empreendimentos
econômicos solidários - EES, praticam a autogestão, ou seja, todos os membros e ou
associados conhecem todos os processos existentes e participam da tomada de decisão.
Os princípios básicos da EcoSol são: a utilização da propriedade coletivamente e o
direito à liberdade individual, sendo que a “aplicação desses princípios une todos os que
produzem numa única classe de trabalhadores que são possuidores de capital por igual em
cada cooperativa ou sociedade econômica” (SINGER, 2012, p.16).
Ademais, a Economia Solidária tem atribuído em seu movimento a busca do bemviver pelos seus praticantes.
2.3 Bem-Viver
O Bem-viver tem sua origem nos povos indígenas e a expressão, segundo Mance
(1999), quando foi traduzida para o espanhol, fora escrita como “vivir bien” ou como “buen
vivir”; depois, em 2006, como “Sumak Kawsay”. Além disso, Lianza e Henriques (2012)
enfatizam que “buen vivir”, não é o mesmo que “vivir bien”, pois vivir bien é habituar-se ao
estilo neoliberal da sociedade com possibilidade de viver melhor, no entanto, isso só é
permitido quando o outro passa a viver pior, ou seja, uma lógica individualista e excludente
no cotidiano capitalista. Já o Bem-viver se baseia na valorização da vida em comunidade e no
reconhecimento da natureza como indivíduo social, e não como um sujeito alienado em gerar
lucro (ARKONADA, 2010).
Mance (1999) corrobora destacando que o Bem-viver é um exercício humano de
dispor das mediações políticas, educativas e informacionais em prol de tudo que possa ser
realizado para satisfazer as necessidades coletivas e que não coloque em risco a liberdade dos
outros. Por exemplo, a prática do consumo solidário, pois o mesmo também se torna essencial
para a promoção do Bem-viver de outros. Também é uma prática do Bem-viver o não
acúmulo de benefícios desnecessários, pois no território em que vivemos nos é fornecido o
que precisamos e através do nosso trabalho conseguimos produzir o que o mesmo não pode
nos dar (BOOF 2010).
Segundo Mance (1999) o Bem-viver é servir de garantia coletiva de todas as
condições materiais, políticas, educativas e informacionais, além de que é compartilhar
felicidades, alegrias, tristezas e dores com quem quisermos e a hora que determinarmos.
Acosta e Martine (2011) confirma que a igualdade, liberdade, justiça social e ambiental está
na base do Bem-viver, contudo, o mesmo definitivamente surge como uma oportunidade para
a construção de uma outra sociedade baseada na sustentabilidade, convivência dos seres
humanos, diversidade e harmonia com a natureza. A partir do reconhecimento dos diversos
valores culturais existentes em cada país e no mundo, além dos princípios fundamentais da
humanidade (LIANZA e HENRIQUES, 2012)
A bibliografia sobre a prática do Bem-viver vem sendo discutida dentro do movimento
de Economia Solidária, entretanto foi na V Plenária Nacional De Economia Solidária (2013)
que Mance provocou reflexões sobre o Bem-viver na Economia Solidária como um modo de
vida para a realização do mesmo. Além disso, essa prática vem conquistando espaços e
atualmente é reconhecida constitucionalmente segundo Brasil e Brasil (2013) em dois países
da América Latina: Bolívia (2009) e Equador (2008). Contudo na prática do Bem-viver a
economia também é fundamental, porém segundo Brasil e Brasil (2013) é necessário
compreender que a economia está a serviço da ética do Bem-viver, conforme a Economia
Solidária.
3
METODOLOGIA
O presente estudo consistirá em uma revisão de literatura de artigos coletados em
bases de dados. Durante as pesquisas coletamos 20 artigos, porém foram utilizados 8 artigos
para a pesquisa, sendo que com estes conseguimos ter um bom embasamento teórico para
discorrer o assunto do nosso objetivo de Identificar a consolidação do Bem-viver com a
Economia Solidária.
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ANÁLISE DOS DADOS
Tabela 1 - Artigos selecionado pelos autores.
Título do Artigo
Autores
Desmercantilización,
Economía Solidaria y Buen
Koldo Unceta
Vivir.
Satrustegui
Propuestas desde el postcrecimiento
A Economia Solidária Na
Sidney
América Latina: as
Lianza; Flávio
realidades nacionais e
Chedid
políticas públicas
Henriques .
Francisco
Economia Solidária, bem
Salau Brasil;
viver e decrescimento:
Manuela Salau
primeiras aproximações
Brasil.
Economía
solidaria
y
Magdalena
Buen Vivir. Nuevos
León
enfoques para uma nueva
economia.
Economía Social Y
José Luis
Solidaria:El trabajo antes
Coraggi
que el capital
Rumo a uma justiça social,
cultural e ecológica: o
Marco
desafio do Bem Viver nas
Aparicio
constituições do Equador e
Wilhelmi
da Bolívia.
Economia Solidária: bem Relatório da V
viver, cooperação e
Plenária
autogestão para um
Nacional de
desenvolvimento justo e
Economia
sustentável.
Solidária
Origem
Ideia Central
Portal Red de
educacion y
economia
solidaria
Disseminar conceitos sobre a
Economia Solidária, Consumo
Responsável, comércio Justo e
o Bem viver.
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro.
Politicas públicas de Economia
solidária no Brasil e na
América Latina
Universidade
Estadual de
Ponta Grossa.
Relacionar os conceitos de
economia solidária, bem viver
e decrescimento.
Aportaciones
desde la
Economía
Solidaria,
Feminista y
Ecológica.
Universidade
Politécnica de
Salesiana
Relatar a constituição do
Equador e da Bolívia sobre o
bem-viver e os novos
paradigmas dessa ação.
Disseminar conceitos de
Economia Solidária e temas
que perpassam por ela.
Universidade de Relatar o avanço constitucional
Girona
do Equador e da Bolívia.
Fórum Brasileiro
de Economia
Solidária.
Definição das diretrizes
políticas mais amplas e que
orientamo movimento de
Economia Solidária no Brasil.
A Revolução das Redes de
Colaboração Solidária
Apresentado no
Encontro
Euclides
Internacional de
André Mance
Ecônomas
Salesianas,
Sevilha, 2005
A organização de uma rede
colaborativa que integre o
conjunto das iniciativas de
economia popular e solidária e
a busca do bem-viver.
Fonte: os Autores (2016)
A partir dos artigos selecionados percebe-se de priori o número maior de produções
em Espanhol do que em Português de artigos cujo o tema é bem-viver, entretanto essa
disparidade esta relacionado a efetividade em politicas públicas na Bolívia e no Equador.
Segundo Brasil e Brasil (2013) O bem viver é constitucionalmente reconhecido na Bolívia
(2009) e no Equador (2008), ou seja, um dos fatores que contribuem diretamente para as
pesquisas nesses países.
Já no Brasil o Fórum Brasileiro de Economia Solidária- FBES enfatizou no país a
discussão do bem viver em sua V plenária que aconteceu no ano de 2012 com o seguinte
título: Economia Solidária: bem viver, cooperação e autogestão para um desenvolvimento
justo e sustentável. Vale ressaltar que a discussão ampliada do Bem-Viver e Economia
Solidária iniciaram-se a partir desse momento. No entanto, é possível encontrar na literatura a
prática do bem viver dês dos anos noventa, por exemplo, no livro “A Revolução das Redes”
do Euclides Mance (1999).
Percebe-se também nos artigos uma diferenciação entre o bem-viver e o viver bem.
Segundo Henriques (2012) “buen vivir”, não é o mesmo que “vivir bien”, pois vivir bien é
habituar-se ao estilo neoliberal da sociedade com possibilidade de viver melhor, no entanto,
isso só é permitido quando o outro passa a viver pior, ou seja, uma lógica individualista e
excludente no cotidiano capitalista. Já o Bem Viver se baseia na valorização da vida em
comunidade e no reconhecimento da natureza como indivíduo social, e não como um sujeito
alienado em gerar lucro (ARKONADA, 2010).
A literatura evidencia a forte relação da prática do Bem-viver com a Economia
solidária. Segundo Brasil e Brasil (2013) A Economia solidária é um movimento, entendida
como uma alternativa ao modelo econômico predominante e com isso, tem aproximação com
diversos movimentos sociais que se colocam no mesmo lado da trincheira. Ou seja, a defesa
da igualdade, democracia e sustentabilidade, princípios basilares da Economia solidária.
Lianza e Henriques (2012) corroboram enfatizando que a visão do bem-viver implica
diretamente a manutenção dos direitos de liberdade, oportunidade para os seres humanos,
comunidades, povos nacionais, além de garantir o reconhecimento das diversidades.
Além dessa relação também perecebe-se a semelhança quando se trata da centralidade
dos seres humanos no trabalho, pois segundo Lianza e Henriques (2012) “una característica
fundamental de la economía popular y de la economia solidaria es el reconocimiento
fundamental del trabajo humano en su capacidad de generar riqueza, sociedad, cultura,
ética” e o bem-viver segundo Corragio (2011) é pautada simplesmente na solidariedade.
Em unanimidade os artigos trazem a Economia Solidária como uma alternativa ao
modelo econômico predominante na sociedade atual, ou seja, a Economia solidária pratica a
autogestão, onde todos os membros e ou associados conhecem todos os processos existentes
e participam da tomada de decisão.
Além disso, a Economia solidária também é pautada em alguns princípios que se
convergem a prática do bem viver. No artigo do Wilhelmi (2013, p.5) o mesmo descreve que
as politicas públicas do bem-viver na Bolívia e no Equador está direcionada na relação dos
seres humanos que ocorre de uma maneira não centrada no modelo produtivista de
crescimento econômico contínuo, mas sim em uma compreensão de equilíbrio e respeito
mútuo; o “viver bem” de todos, em vez do “viver melhor” de poucos, assim percebe-se a
relação direta com a prática da Economia Solidária.
Outro aspecto relevante apontado pelos artigos é a relação do bem–viver e da
Economia Solidária com o meio ambiente. Segundo Wilhelmi (2013, p. 316) é enfatizado que
está colocado em primeiro lugar na agenda dos países que compreendem a prática do bemviver a compreensão de que não pode haver justiça social sem justiça ambiental ou ecológica.
Se tratando da mudança de paradigmas também se percebe nos artigos o impacto da prática
do bem viver na qualidade de vida, pois acredita-se que a politica do Bem-viver impacta
diretamente o mundo do trabalho, ou seja, indo contra uma lógica neoliberal de trabalho.
O autor Coraggio (2011) destaca que é impossível pensar em uma Economia do
trabalho que valorize as forças sociais, pois está ideia se contrapõem ao modelo capitalista de
organização, sendo assim, os artigos em uma forma unanime enfatizam que o Bem-Viver e a
Economia solidária proporcionam uma nova organização do mundo do trabalho, conforme
descreve Brasil e Brasil (2013) Ambos tem como premissa o questionamento ao que
habitualmente se compreende como um desenvolvimento desejável, ou seja, ao
desenvolvimento capitalista.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo realizar a identificação do Bem-viver com a
Economia Solidária, utilizando-se da revisão de literatura. Para além de identificar a
correlação do bem-viver com a Economia Solidária, a pesquisa realizou o aprofundamento
teórico no que se refere a Economia Solidária, Bem-Viver e o mundo do trabalho na
Atualidade.
Os dados apontaram que é necessário uma ampliação do estudo relacionado ao bemviver no Brasil, pois na atualidade o movimento de Ecosol vem ganhando força, legitimidade
e número de indivíduos que participam, ou seja, aumentam a possibilidade de efetivação da
mesmo no país. Com a disseminação do conceito de Bem-viver no país promove um campo
fértil para a realização de uma das diretrizes da V Plenária Nacional de Economia Solidária,
sendo essa, a promoção do Bem-viver em empreendimentos econômicos solidários.
Outro dado relevante que pode-se perceber foi a metamorfose da compreensão do
trabalho. Na antiguidade a palavro trabalho se originou do latim tripalium, que traz consigo o
sofrimento, entretanto a Economia Solidária tem contribuído diretamente para a alteração
desse paradigma e na promoção do bem-estar que pode vir a ser compreendido na prática do
Bem viver, ou seja, a Economia Solidária e o Bem-viver vêm sendo uma alternativa ao
modelo capitalista de trabalho.
Também conclui-se que a Economia Solidária e o Bem-viver tem uma real ligação em
seus conceitos, pois ambos tem os seres humanos como centro no seu processo de
desenvolvimento, além de que ambos buscam a qualidade de vida, preservação do meio
ambiente e outros princípios. Além disso, mesmo não tendo sido objeto da pesquisa percebese que a Bolívia e o Equador tem um papel fundamental na disseminação da prática e da
politica pública do Bem-viver, pois ambos foram pioneiros na execução para todo o planeta.
Por fim, conclui-se que a Economia Solidária e o Bem-viver tem papel fundamental
na busca por um sistema econômico alternativo, além de que prezam pelo bem-estar social e
lutam contra a alienação no trabalho, doença no trabalho, exclusão, assedio moral e
hierarquização, além de
tantas outros aspectos que surgem do modelo capitalista e
prejudicam os seres humanos.
6
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http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_conten%20t&view=article&id=343
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BOOF, Leonardo. Cuidar da terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo. Rio de
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CORAGGIO, José Luis. Economía social y solidaria: el trabajo antes que el capital. QuitoEcuador: Abya-Yala, 2011.
DELGADO, Maurício Godinho. Capitalismo, trabalho e emprego: entre os paradigmas da
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FURTADO, O Trabalho e qualidade de vida. São Paulo: Editora Cortez, 2011.
KISNERMAN, Natalio. Introdução ao trabalho social. São Paulo: Moraes, 1983. 138 p.
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http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D3CB58904013CB997701A2796/Economia%20S
olid%C3%A1ra%20na%20America%20Latina%20SENAES%20SOLTEC.pdf> Acesso em:
8.03.2015
MANCE, Euclides André. A revolução das redes: a colaboração solidária como uma
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NAVARRO, Vera Lucia; PADILHA, Valquíria. Dilemas do trabalho no capitalismo
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SINGER, Paul. Introdução à economia solidária. 5. ed. São Paulo: Fundação
PerseuAbramo, 2012.
WORKING LIFE , SOCIAL ECONOMY AND GOOD LIVING IN XXI
CENTURY .
Abstract: This article, search a reflection on materials there already produced on three
correlate areas, there are, labor, social economy and good living, Social Economy and good
living, being that the worked are functional together, the social Economy, while activity
practice laboral, all the vialibiliza that his participants could enjoy the good lives.The work
seen in the Marxist perspective is understood as all that man modifies thus the Solidarity
Economy is an option to work, aiming at the non-capitalist logic and the Good Life is
assurance that the individual has access to quality of life in full . Clearly , a process can’t
occur without the other.
Keywords: Social economy. Labor. Good living.
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