CUIDADO AO CUIDADOR NA BUSCA DE UM CUIDADO HUMANIZADO EM SAÚDE: UM RESGATE BIBLIOGRÁFICO Henriques, Amanda Haissa Barros1 Barros, Raquel Farias de1 Morais, Gilvânia Smith da Nóbrega2 RESUMO: O ato de cuidar é uma tarefa árdua que exige estrutura e organização institucional, motivando a prática assistencial qualificada. Porém, a tarefa de acompanhar alguém que vivencia o adoecimento gera sentimentos negativos, alterando a dinâmica familiar, comprometendo a integridade psicoemocional e biológica do cuidador, desqualificando o cuidado. Na busca de um cuidado eficaz, é mister cuidar do cuidador uma vez que este tendo atendidas suas necessidades disporá de meios para a efetivação de um cuidado autêntico. Dada a relevância da temática o presente estudo de natureza bibliográfica tem como objetivo abordar acerca do cuidado ao cuidador na busca de um cuidado humanizado em saúde. Quando nos referimos a um profissional de saúde a nossa realidade nos faz vê, muitas vezes, que este se encontra em jornadas múltiplas de trabalho, desrespeitando seus limites como pessoa e comprometendo sua integridade física e mental ao ponto que não mais exercem suas atividades adequadamente. Além dos profissionais de saúde o ser paciente poderá necessitar de um cuidador leigo, que geralmente é um familiar. As implicações emocionais ocorridas em um cuidador leigo podem estar intimamente ligadas ao fato deles não terem instruções e suporte adequado para assumir tamanha responsabilidade. Torna-se então, necessário, se oferecer um suporte a este cuidador ou meios de aliviar a tensão vivenciada. Com base nisso, o presente estudo visa contribuir na busca por uma assistência humanizada ao cuidador, para que este, atendidas suas condições físicas e psíquicas, possam assistir de forma integral e holística os pacientes. PALAVRAS-CHAVE: Cuidadores. Assistência à saúde. Humanização da Assistência. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A pessoa humana nasce com potencial para o cuidado e isso significa que todas as pessoas são capazes de cuidar. Evidentemente, essa capacidade será melhor ou menos desenvolvida de acordo com as circunstâncias em que for exercida durante as etapas da vida. É reconhecido que os seres humanos para se desenvolverem tanto de ordem físico-social quanto mental necessitam de cuidado, em maior grau na infância e em fases 1 Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cuité. Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba. Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cuité. 2 tardias da terceira idade quando evidenciam dependência na execução de suas atividades diárias (1). O termo cuidar possui diferentes significados: zelo, atenção, cautela, tomar cuidado, crer, entre outros. O cuidado é uma atitude de preocupação, ocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo com o ser cuidado, abrangendo mais do que momentos de atenção (2). O cuidado é caracterizado por um ato individual que prestamos a nós mesmos, desde que adquirimos autonomia, assim como, é um ato de reciprocidade, com os quais somos levados a cuidar participando de seu destino, de suas buscas, sofrimentos e sucesso numa atitude de valorização da dignidade da pessoa humana (3). [...] para que a atmosfera de cuidado ocorra de forma verdadeira e acolhedora, é mister que a intenção do cuidador fique clara, ou melhor, seja demonstrada genuinamente por palavras e ações. Esta ação é repleta de sensibilidade, delicadeza, solidariedade e profissionalismo, pois, deve excluir preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relação interpessoal como base entre seres humanos (2:273-274). Como uma atitude e característica primária do ser humano, o cuidado revela a natureza humana e a maneira mais concreta de ser humano. Sem o cuidado, o homem deixa de ser humano, desestrutura-se, definha, perde o sentido e morre (4) . Sob este enfoque, se ao longo da vida o cuidado não se fizer presente em tudo o que o ser humano empreender, acabará por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver a sua volta. Existem duas formas de cuidado que se diferenciam uma da outra: o cuidado habitual e cotidiano relacionado à manutenção e desenvolvimento da vida e o cuidado de reparação ou tratamento da doença. Este último, baseado no modelo biomédico, cuja ênfase encontra-se na patologia e não no ser humano, impregnou de tal forma os ambientes de cuidado, que apesar da emergência de novos paradigmas de atuação em saúde, o indivíduo continua a ser visto de forma fragmentada em seu aspecto biológico, isolado de seu meio, grupo de inserção e até mesmo de si próprio (3). Mudanças favoráveis no campo pessoal e profissional dos trabalhadores que atuam em instituições de saúde são precisas, pois, nenhuma técnica, por mais sofisticada que seja, consegue substituir o cuidado, a cordialidade e o carinho nas relações humanas (5). [...] o processo de cuidar não deve se pautar somente na identificação dos sinais e sintomas clínicos da doença, mas nas modificações que ocorrem na estrutura dos seres humanos as quais abalam a sua totalidade (6: 1). Além disso, o cuidado dispensado pelos membros da equipe de saúde precisa atingir, além dos doentes, seus familiares e/ou acompanhantes e, os demais membros da equipe, de modo a garantir melhor relacionamento, interdependência, coesão e competência (7). É oportuno destacar que o ato de cuidar dada a complexidade e as exigências suscitadas constitui-se em uma tarefa árdua que demanda recursos físicos, materiais e humanos bem como responsabilidades e dedicação. No que tange ao cuidado nos serviços de saúde faz-se necessário, além de uma atitude de interesse pelo outro, reconhecendo o paciente de forma integral e holística; de uma equipe multidisciplinar, que colabore com o plano assistencial do paciente; de um ambiente acolhedor flexível em suas normas e rotinas em prol das necessidades do paciente; de materiais disponíveis e de boa qualidade; de salários dignos entre outras exigências. Porém, na maioria das vezes, esta não é a conjuntura presente nos serviços de saúde comprometendo a eficácia do cuidar, uma vez que o cuidador acaba não dispondo de uma estrutura e organização institucional que motive uma prática assistencial qualificada tanto no que concerne ao fazer técnico quanto pessoal. Somada a esta realidade, é sabido que além dos profissionais de saúde, dependendo das necessidades que o processo patológico insurgir em uma pessoa, haverá a necessidade de um cuidador leigo permanente ou não, que em sua maioria é um familiar. Contudo, a tarefa de acompanhar alguém que vivencia o adoecimento gera sentimentos de desesperança, revolta, medo da possibilidade de perda além de alterar a dinâmica familiar comprometendo a integridade psicológica, emocional e até mesmo biológica do cuidador e conseqüentemente a qualidade do cuidado implementado. Cuidar de alguém envolve a aceitação do outro e de si mesmo como ser humano com o propósito de prestar uma assistência acolhedora e humanizada, contudo para que isto seja possível, é necessário que os cuidadores assistenciais, que decidiram dedicar sua vida para o cuidar/cuidado, bem como os cuidadores leigos, representados em grande maioria pelos familiares, estejam em condições físicas, psíquicas e emocionais adequadas. Na busca de oportunizar um cuidado efetivo, é mister cuidar do cuidador uma vez que este tendo atendidas suas necessidades disporá de meios para a efetivação de um cuidado autêntico. Dada a relevância da temática o presente estudo tem, pois como objetivo abordar acerca do cuidado ao cuidador na busca de um cuidado humanizado em saúde. CAMINHO METODOLÓGICO O presente estudo trata-se de um trabalho bibliográfico desenvolvido a partir de material já elaborado relacionado ao tema em estudo que tem como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa (8). Para o desenvolvimento deste trabalho as pesquisadoras levaram em consideração os seguintes passos metodológicos: levantamento bibliográfico sobre a temática, análise e interpretação dos textos compilados, seleção do material bibliográfico, construção preliminar do estudo, redação final do trabalho. No primeiro momento foi realizado o levantamento bibliográfico sobre a temática sugerida para a pesquisa a partir de livros do arquivo pessoal das pesquisadoras e de artigos científicos inseridos na base de dados da Scielo (Scientific Electronic Library Online). A partir dos textos encontrados, foi realizada uma análise e interpretação do material bibliográfico permitindo a seleção daqueles pertinentes ao objetivo do trabalho. Em seguida procedeu-se a construção de um esboço preliminar do estudo no intuito de identificar lacunas no que tange a sua estrutura e conteúdo para subseqüentemente elaborar a redação final desta pesquisa. Para a realização desta pesquisa foi levado em considerações as observâncias éticas preconizadas pela Resolução 311/2007 do COFEN, que disciplina o código de ética dos profissionais de enfermagem e seu papel como pesquisador. Para o desenvolvimento deste trabalho as pesquisadoras levaram em consideração os seguintes passos metodológicos: levantamento bibliográfico sobre a temática, análise e interpretação dos textos compilados, seleção do material bibliográfico, construção preliminar do estudo, redação final do trabalho. REVENDO A LITERATURA Cuidado ao Cuidador Cotidianamente, percebemos a importância de um cuidador para uma pessoa que necessita de serviços de atenção à saúde. Cuidador este que pode ser um profissional de saúde ou um próprio familiar. Nesse processo de cuidar e ser cuidado, a atenção sempre se voltou para o ser doente, deixando esquecidas as necessidades do cuidador. Contudo, o cuidado ao cuidador é essencial para proporcionar um cuidado efetivo haja vista que quando o cuidador se sente bem espiritualmente, fisicamente e mentalmente, este se torna mais acessível no processo de ouvir, atender e, portanto cuidar. Com base nisto, é fato, a necessidade de preencher uma importante lacuna na área da saúde: o cuidado para com quem dedica a sua vida a cuidar dos outros, ou seja, o cuidador seja ele, profissional ou leigo. Cuidado ao cuidador assistencial Quando nos referimos a um profissional de saúde, com destaque para o de enfermagem que tem como essência o cuidado, a nossa realidade nos faz vê, que por muitas vezes, este se encontra em jornadas múltiplas de trabalho, desrespeitando seus limites como pessoa e comprometendo sua integridade física e mental a tal ponto que não mais exercem suas atividades adequadamente. Alguns fatores específicos vêm sendo apontados na literatura como preditores do impacto no cuidador, tais como: duração dos cuidados, idade, sexo, grau de parentesco e nível de escolaridade e socioeconômico dos cuidadores e pacientes (9:172) . Além desses determinantes, no que tange ao cuidador assistencial, fatores relacionados às inúmeras atribuições que devem ser empreendidas nos serviços de saúde, incluindo liderança, assistência, competência, motivação e desenvolvimento de relações terapêuticas, somada a exposição diária à dor, à doença e à morte geram nesse profissional conflitos e um desgaste emocional que compromete a qualidade do cuidado. Desse modo, é uma necessidade do profissional que cuida ser amparado em suas necessidades. É fato, que seremos mais eficazes na nobre tarefa de cuidar se nos dispusermos a promover o bem estar do outro sem esquecermos do nosso próprio (10). Os profissionais de saúde, inclusive o(a) enfermeiro(a), sentem a necessidade de um acompanhamento e preparação no que diz respeito a sua rotina diária de estresse e pressão por parte tanto da direção, coordenação dos hospitais ou órgãos da saúde, quanto do próprio paciente. Além disso, é necessário um preparo emocional do profissional que irá, conseqüentemente, se expor e se colocar como ferramenta de trabalho. Outro aspecto fundamental nesse processo é a disponibilidade do enfermeiro para entender e lidar com a “pessoa inteira”, uma vez que para isso ele se coloca diante da sua própria existência (11;12;13) . Entretanto, as instituições de hoje são precárias no que diz respeito à humanização para com os cuidadores, que são privados do direito: de usufruir dos serviços e tecnologias instalados; do desenvolvimento de ações específicas de cuidado voltadas ao cuidador, tanto no que se refere à saúde física, como psíquica e/ou emocional; da melhoria da qualidade de vida do cuidador e de sua auto-estima; do incentivo ao trabalho; da valorização e reconhecimento de habilidades especiais (5). Podemos entender que para que o cuidador, com destaque para o profissional de enfermagem, possa prestar uma assistência digna e com respeito aos seus pacientes, sem esquecer sua singularidade e o cuidado a si mesmo, é necessário que ele se perceba como ser sensível às diversas mudanças devendo ser solidário e respeitando o próximo para além da assistência técnica bem como reconhecendo seus próprios limites; como ser estético na busca pelo belo na sua relação dialógica com o paciente; como ser de possibilidades, já que está inserido em um contexto (profissão) onde tudo é possível acontecer devendo está disponível a ajudar e ser ajudado; e ainda como ser de crenças e valores, enfatizando o respeito diante das diversas culturas tanto dos pacientes quanto dos profissionais (14). Acredita-se que no momento em que o cuidador puder refletir e significar o seu ser/viver, expandirá seu conhecimento pessoal, ético e estético, ampliando, assim, suas possibilidades para cuidar de forma autêntica sem esquecer-se de suas necessidades. É o ampliar de sua consciência que lhe permite estar com o outro e consigo de forma consciente direcionando o cuidado para as necessidades específicas dos sujeitos (14). A atenção direcionada à necessidade do indivíduo (cuidador ou ser cuidado) pode ser um determinante para a humanização do cuidado, considerada como relação dialógica entre homens que proporciona o desenvolvimento de cada um, na qual a individualidade, as crenças, as características pessoais, a linguagem, entre outras coisas, deveriam ser respeitadas (3:3). Dessa forma, o perfil do profissional enfermeiro, atualmente requer muito além de um conjunto de conhecimentos técnico-científicos. Este precisa ter equilíbrio entre a razão e a emoção a fim de oferecer conhecimentos, habilidades e atitudes relacionais, no desenvolvimento de competência interpessoal e capacidade de liderança. Porém isto será possível mediante um profundo conhecimento e compreensão de sua natureza humana numa atitude em que suas necessidades são satisfeitas e respeitadas. Cuidado ao cuidador leigo Além dos cuidadores que fizeram a escolha profissional de o serem, no âmbito do cuidar fazem-se presentes os cuidadores leigos, ou seja, pessoas que não são da área da saúde, mas que assumem esse papel principalmente no âmbito domiciliar. Pode-se entender por “cuidador leigo”, aquela pessoa dentro do sistema de cuidado popular, que reúne um conjunto de conhecimentos populares e habilidades culturalmente aprendidas e transmitidas para proporcionar ações de assistência, suporte, capacitação ou facilitação para ou por outro indivíduo, grupo ou instituição que manifesta ou prevê uma necessidade, com a finalidade de melhorar as incapacidades e situações de morte (15). O cuidador, nesse caso, trata-se da pessoa com a incumbência de realizar as tarefas para as quais o doente acometido por um episódio mórbido não tem mais possibilidade; tarefas que vão desde a higiene pessoal até a administração ou mesmo provimento financeiro da família. O cuidador familiar revelou-se o ator social principal na dinâmica dos cuidados pessoais necessários às atividades da vida diária daqueles acometidos por diversas doenças que geram incapacidades ou não (16). Considerando que o papel do cuidador gera no familiar estresse, sobrecarga bem como altera a qualidade de vida da família é possível afirmar que o cuidado constituise em uma tarefa árdua relacionada a conseqüências negativas para o cuidador. [...] o decréscimo na saúde física e mental, prejuízos na vida pessoal com diminuição de independência e privacidade, restrição de tempo para atividades pessoais, problemas sexuais, privação de sono, possibilidade de viver exclusivamente para a pessoa doente, tendência ao isolamento e diminuição de rede de apoio social, sacrifício do presente e do futuro, além de alterações na vida familiar como ruptura, mudança na dinâmica e carga financeira. Com tantas perdas, o cuidador geralmente tenta organizar sua atividade profissional e social ao redor do cuidado, reduzindo liberdade e privacidade, o que contribui para o aumento do estresse e prejudica as atividades de cuidados pessoais (17:218). É oportuno destacar que as implicações emocionais ocorridas em um cuidador leigo podem estar intimamente ligadas ao fato deles não terem instruções e suporte adequado para assumir tamanha responsabilidade. Como conseqüência acabam vivenciando um grau de estresse elevado e um estado psíquico fragilizado. Cuidar de um indivíduo sem pausa não é tarefa para uma única pessoa, sem apoios nem serviços que possam atender às suas necessidades e sem uma política de proteção para o desempenho deste papel chegará o momento em que o cuidador já não mais desenvolverá as ações satisfatoriamente, devido ao estresse acumulado e a jornada árdua do cuidado. Torna-se então, necessário, que se ofereça um suporte a este cuidador ou meios de aliviar a tensão vivenciada. O oferecimento de suporte ao cuidador pode se dar no âmbito emocional e/ou social. Destacam-se dois tipos de intervenção: o fortalecimento dos recursos de enfrentamento, preditor de qualidade de vida do cuidador, especialmente por meio de psicoterapia; e o investimento em autocuidado, refletido pelo apoio social e pela orientação para a pausa no oferecimento de cuidado (17:219). Além disso, é responsabilidade dos profissionais de saúde orientar os cuidadores leigos para que estes desenvolvam ações adequadas aos pacientes em ambiente domiciliar, assim como, cabe aos gestores e autoridades contribuírem para uma melhoria da assistência domiciliar, através de novas formas de prestação de serviços e novos enfoques por parte das políticas públicas de saúde voltando seu olhar tanto para o ser cuidado quanto para o cuidador familiar. CONSIDERAÇÕES FINAIS De posse das informações colhidas no decorrer deste trabalho, destacamos a importância de implementar um cuidado humanizado ao cuidador, para que a assistência a quem necessita seja qualificada. Para que isto se torne possível, o cuidador, ou seja, a pessoa que prestará assistência, seja ela, profissional de saúde ou família e amigos, seja assistido da melhor forma na busca de um estado físico, psíquico e emocional ideal, visto que, a tarefa de acompanhar alguém que vivencia o adoecimento gera sentimentos de desesperança, revolta, medo da possibilidade de perda além de alterar a dinâmica familiar comprometendo a integridade psicológica, emocional e até mesmo biológica do cuidador e conseqüentemente a qualidade do cuidado implementado. Dessa forma, um cuidado será melhor realizado e mais eficaz se o bem-estar do cuidador for enfatizada. Para que isto ocorra e uma assistência acolhedora e humanizada seja prestada, é necessário que os cuidadores, sejam eles assistenciais (que decidiram dedicar sua vida para o cuidar/cuidado), ou leigos (representados em grande maioria pelos familiares), estejam em sua condições físicas, psíquicas e emocionais adequadas. No que tange ao cuidado nos serviços de saúde, a implementação e a continuidade da humanização do cuidado, ao paciente e ao cuidador é um tarefa árdua, onde faz-se necessário, além de uma atitude de interesse pelo outro, reconhecendo o paciente de forma integral e holística; de uma equipe multidisciplinar, que colabore com o plano assistencial do paciente; de um ambiente acolhedor flexível em suas normas e rotinas em prol das necessidades do paciente; de materiais disponíveis e de boa qualidade; de salários dignos entre outras exigências. Devemos ter a consciência de que isso é possível, porém isso não ocorre rapidamente, é preciso persistência e motivação, por parte dos cuidadores para a realização das atividades diárias, através de mudanças de atitude e aceitação de todos, acreditando que, na somatória final, farão a grande diferença, atendendo o paciente de forma mais humanizada. Para que a humanização do cuidado seja possível, é necessário que o profissional de saúde saiba como ter esta noção de equilíbrio (cuidar e ser cuidado) é necessário que o mesmo, seja instruído durante a graduação, possuindo a oportunidade de aprender e desenvolver habilidades que contribuam para a sua autopercepção e autoconscientização, conhecendo assim os seus limites, já que são estes que futuramente estarão diante dos pacientes que necessitam dos seus cuidados. A formação de um profissional mais seguro e consciente reflete no desenvolvimento de uma assistência diferenciada ao cliente (2) . Dessa forma, os graduandos, em foco os de enfermagem, crescerão não somente como profissionais, mas também como pessoas. Ao se desenvolver um cuidado humanizado de fato, o cuidador deve estar ciente da sua capacidade adaptativa e de sua competência, desenvolvendo, assim, uma assistência qualificada, mais humanizada, permitindo que, este realize atribuições de forma mais cuidadosa, evitando a violação de valores e possibilitando um relacionamento mais íntegro e holístico diante do paciente. Além das ações em âmbito particular e pontual como orientações de como realizar o cuidado, assistência à saúde, apoio físico e emocional aos cuidadores, cabe às equipes interdisciplinares, ações que contemple os princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde, possibilitando uma intervenção mais efetiva na mudança do perfil de saúde e doença dessa população. Isso significa atuações intersetoriais e com a participação da comunidade para planejarem as ações que busquem melhorar a qualidade de vida das pessoas dependentes e seus cuidadores (18). Cabe aos gestores e lideranças promover ações, campanhas, programas e políticas assistenciais voltadas aos colaboradores, tendo como base, fundamentalmente, a ética, o respeito, o reconhecimento mútuo, a solidariedade e a responsabilidade (5); além de proporcionar condições de atendimento, em ambiente favorável, em prol de cuidadores mais saudáveis e satisfeitos. Assim, percebemos que o processo de cuidar exige muito esforço, dedicação, comprometimento, disponibilidade e uma boa comunicação por parte de profissionais e cuidadores leigos. É um processo desgastante e que deve ser realizado de forma que o cuidador também possa receber um suporte emocional e/ou psicológico, de modo que seu trabalho não se torne muito desgastante e desumano. Dessa forma, diante do que foi exposto, esta pesquisa enfatiza que o cuidador, seja ele, assistencial ou leigo, necessita de cuidados, para que uma assistência em saúde, humanizada e integral, seja alcançada. REFERÊNCIAS 1. Waldow VR, Borges RF. 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