37 1 INTRODUÇÃO A sífilis é uma doença sistêmica infectocontagiosa, de evolução crônica, com erupção cutâneas transitórias, provocadas por uma espiroqueta. Sua evolução é caracterizada por estágio recente e tardia. A transmissão da sífilis adquirida é por via sexual, na região genitoanal, na quase totalidade dos casos, mas qualquer órgão do corpo humano pode ser afetado, inclusive o sistema nervoso central. Na sífilis congênita, há infecção fetal via hematogênica, em qualquer estágio gestacional ou período clínico da afecção materna. O contágio por transfusão sanguínea é incomum na atualidade. (BRASIL, 2010). Provocado por uma bactéria do filo espiroqueta, o Treponema pallidum, do gênero Treponema, da família dos Treponemataceae, que engloba mais dois gêneros: o Leptospira e Borrelia. O gênero apresenta no mínimo seis espécies não patogênicas e quatro causadoras de patologia. As que causam doença no homem é o Treponema pertenue, responsável por causar a bouba ou framboesia, o Treponema carateum, propulsor da pinta e o Treponema pallidum, causador da sífilis. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). O Treponema pallidum possui aproximadamente de 5 – 20 mm de comprimento e somente 0,1 a 0,2 mm de espessura e forma espiraladas de 10 a 20 voltas. Não apresenta membrana celular e é abrigado por um invólucro exterior com três camadas ricas em moléculas de ácido N-acetil murâmico e N-acetil glucosamina. Exibem flagelos que começam na margem distal da bactéria e localiza se junto à camada externa ao longo do eixo longitudinal. Locomove-se por giro do tronco em volta dessas fibrilas. (RIBEIRO; PINTO; SOUZA, 2007). A forma recente abrange o primeiro ano da evolução, nesta fase ocorre o desenvolvimento imunitário na sífilis se não for tratada, e compreende as sífilis primária, secundária e latente. Posteriormente o contato a infecção é iniciada quase que imediatamente. Ocorre a proliferação das espiroquetas no local e adentram na circulação linfática e sanguínea. (NAUD, 1993). A sífilis primária determina-se por exibir lesão primária nomeado cancro duro ou protossifiloma, apresenta geralmente uma ulceração única, que surge de 10 a 90 dias em média 21 dias, surgindo adenite satélite. Habitualmente em quatro semanas o cancro duro desaparece, sem deixar cicatriz. A partir da terceira semana de infecção, simultaneamente ao surgimento do cancro duro, as reações sorológicas 38 treponêmicas para sífilis tornam-se positivas, e a partir da quarta ou quinta semana após a contaminação as reações sorológicas não treponêmicas positivam-se. (BRASIL, 2010). A forma secundária é sinalizada pela propagação dos treponemas pelo corpo, depois de um intervalo de latência a moléstia retorna suas manifestações, que ocorrem de quatro a oito semanas após o aparecimento do cancro. O exantema morbiliforme não pruriginoso forma uma lesão precoce, a roséola. Seguidamente, podem aparecer feridas papulosas palmo plantares, adenopatias generalizada placas mucosas, alopecia em clareira e os condilomas planos. Neste período as reações sorológicas tornam sempre positivas. No estágio de sífilis latente precoce, não tem indicações clínicas aparente, contudo existe treponema situado em alguns tecidos. Deste modo, a determinação só é atingida através das reações sorológicas. Podem surgir com regularidade polimicroadenopatia, particularmente de linfonodos cervicais, epitrocleanso e inguinais. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006; OLIVEIRA et al., 2005). A sífilis tardia acontece depois do primeiro ano de evolução, podendo postergar de 2 a 40 anos para que a sífilis terciária se manifeste. Sucede em pessoas contaminadas pelo treponema que não obtiveram tratamento adequado ou não foram tratados. Suas manifestações clínicas surgem após um período variável de latência (tardia). Abrangem as formas cutâneas, óssea, cardiovascular, nervosa e outras. As reações sorológicas são sempre positivas. A sífilis tardia cutânea caracteriza-se por lesões gomosas e nodulares, de carácter destrutivo. Na sífilis óssea, pode existir artralgias, artrites, osteíte gomosa, periostite osteíte esclerosante, sinovites e nódulos justam-articulares. A situação mais habitual de acometimento cardiovascular é a aortite sifilítica, aneurisma e estenose de coronárias. A sífilis do sistema nervoso não apresenta sintomas ou manifesta com as formas seguintes: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, meningovascular, atrofia do nervo óptico, crise epileptiforme, lesão do sétimo par, paralisia geral e tabese dorsalis. (BRASIL, 2010; YACYSHYN et al., 2010). A sífilis é uma doença pandêmica que teve sua ocorrência bastante reduzida com o surgimento da penicilina, mas voltou a aparecer; a constância de formas subclínicas em virtude de insuficientes doses de antibióticos, que tornam as lesões atípicas, além disso, e bom lembrar que, a gonorreia está relacionada à Sífilis em 1 a 4%, e as doses de penicilina habitualmente administrado na Gonorreia é 39 insatisfatório para exterminar a Sífilis. Outro sim é que a sífilis está ao condiloma acuminado em até 5%. (PASSOS, 1989). No Brasil, a sífilis é considerada como um dos principais problemas de saúde pública, similar a outras enfermidades infecciosas emergentes no país. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é cerca de 12 milhões de nova ocorrência de indivíduos contaminados por ano com alguma patologia associado ao sexo, das quais a sífilis expressa alta representatividade; além, de tratar da segunda ou terceira causa de úlcera genital. No Brasil, em 2003 o número de novos casos foi estimado em 843.300, dos quais os mecanismos de contágio podem ser via transplacentária, por contato direto com as lesões de sífilis na pele, ou ainda transfusões sanguíneas. O diagnóstico para sífilis é feito associando exames específicos e não específicos, visto que a maior parte dos laboratórios tem escolhido o Veneral Disease Research Laboratory (VDRL) e o ensaio imunoenzimático (ELISA) por serem de simples realização. (OLIVEIRA; VERDASCA; MONTEIRO, 2008). 1.1 Justificativa A sífilis é uma patologia crônica, que instiga há séculos todo o mundo. Atinge quase todo o organismo, e, mesmo que tenha tratamento efetivo e de pouco valor, vem permanecendo como um impasse de saúde pública até no momento presente. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2010 a hipótese de episódio de 11 milhões de novos casos de sífilis por ano na humanidade, sendo 2,4 milhões para o caribe e América Latina. No Brasil, as unidades de atenção básica de saúde estão disponíveis para o auxílio de indivíduos acometido por doenças sexualmente transmissíveis. (PINTO et al., 2014). A relevância deste trabalho atribui-se à necessidade de compreender e orientar mulheres entre 18 e 35 anos de alguns bairros carentes de Unaí, Minas Gerais (MG), diante da contaminação por sífilis, uma doença sexualmente transmissível (DST) que está hoje relacionada a grandes problemas de saúde pública no país. Mulheres, em situação de baixa renda, podem apresentar dificuldades ao acesso a estes serviços, por isso, mostra-se a necessidade de traçar um perfil 40 epidemiológico da incidência da doença, analisando assim a ocorrência de novos casos e identificar o perfil e fatores concorrentes. Tal situação implicará estudos que fomentem a orientação dessas mulheres quanto a maneiras de se prevenirem, melhorando assim a qualidade de vida e autoconfiança. 41 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar o perfil epidemiológico de sífilis em mulheres com vida sexual ativa, com idade entre 18 e 35 anos, cadastradas no ESF Mamoeiro de Unaí - MG e as possíveis causas. 2.2 Objetivos específicos Traçar o perfil epidemiológico da incidência da doença. Analisar a ocorrência de casos de sífilis em mulheres com vida sexual ativa. Caracterizar o perfil socioeconômico e comportamental da população-alvo. Identificar fatores concorrentes para a incidência de sífilis nessa população. Sensibilizar a população, os profissionais e gestores de saúde pública para intensificarem a quantidade e qualidade na informação sobre o tema. Promover testagem sorológica neste grupo. Em casos positivos, encaminhar para tratamento. 42 3 METODOLOGIA O presente trabalho intitulado Avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastradas no ESF Mamoeiro Unaí/MG no período de março a outubro de 2015 foi desenvolvido pela acadêmica do oitavo período de Biomedicina da Faculdade Tecsoma, auxiliada pela professora-orientadora do referido curso. 3.1 Tipo de estudo Trata-se de uma pesquisa do tipo quanti-qualitativo, de caráter descritivo, pois permitiu a obtenção de melhor compreensão do comportamento de diversos fatores que influenciam o fenômeno em estudo, com abordagem qualitativa e quantitativa, possibilitando, portanto a quantificação e qualificação relacionada à reatividade do VDRL e positividade do muno-rápida sífilis. Os estudos desse caráter têm amplo fundamento científico, visto que possibilita a associação de elementos retrospectivos em um exclusivo documento, viabilizando a percepção dos resultados e a compreensão instantânea das variantes estudadas. (MARCONI; LAKATOS, 2007). 3.2 Local de estudo O presente projeto foi realizado no município de Unaí, localizado no noroeste do estado de Minas Gerais (Brasil), com análise de dados colhidos através de questionário estruturado, composto de questões discursivas e de múltipla escolha e realização de exames sorológicos para identificação da sífilis, em mulheres com vida sexual ativa cadastradas no ESF Mamoeiro no período de março a outubro de 2015. 3.2.1 Caracterização do município O município de Unaí está localizado no noroeste do estado de Minas Gerais (Brasil), com área de 8.464 km2, com população estimada para 2014 em 82.298 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE). Limita-se ao norte com os municípios de Cabeceira Grande, Buritis e Arinos; ao sul com 43 Paracatu e Brasilândia de Minas; a leste com Dom Bosco, Natalândia, Bonfinópolis de Minas e Uruana de Minas, e a oeste com Cristalina (GO). (IBGE, 2011). A topografia de Unaí apresenta 60% de sua área plana, ondulada e 25% e montanhosa em 15%, pertencendo à bacia hidrográfica do Rio São Francisco. O clima é tropical úmido com temperaturas variando entre máximas de 35 e mínimas de 10. A temperatura média anual é de 24º Celsius (ºC). A precipitação pluviométrica média anual é de 1.200 milímetros. Os meses de chuva são: outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março. (UNAÍ, 2011). A localização de Unaí é privilegiada uma vez que o município está inserido numa rede urbana formada por prósperas cidades, estando a 170 km de Brasília (Capital Federal), a 609.93 de Belo Horizonte (Capital do Estado), 350 km de Goiânia e a 100 km de Paracatu, interligadas pelas rodovias BR-040, BR-251, MG188, e MG-121 respectivamente. (UNAÍ, 2011). O município ocupa o sexto lugar no grupo dos cem com melhor desempenho no quadro do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária nacional. Dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA) mostram por que Unaí alcançou uma boa posição no levantamento. É considerado o segundo maior produtor de milho do Estado, tendo destaque na produção de soja e sorgo, liderando a produção estadual. Outro produto com destaque nas lavouras de Unaí é o feijão. (UNAÍ, 2011). Entre os principais acidentes geográficos destacam-se: Gruta do Tamboril, Gruta do Gentio, Cachoeira da Jiboia (120m de queda livre), Cachoeira do Queimado, Cachoeira do Rio Preto (2 km do centro da cidade), Gruta do Quilombo, Serra Geral do Rio Preto, Serra do Pico, Serra do Jataí. (UNAÍ, 2011). 3.2.2 Caracterização do bairro em estudo O trabalho foi realizado na unidade de estratégia de saúde da família (ESF) do bairro Mamoeiro, localizado na Rua Dona Nina, número 1030, a aproximadamente seis quilômetro (km) do centro, ao norte de Unaí, no qual possui uma unidade ESF. Sendo que a área de sua abrangência são os bairros Mamoeiro, Santa clara, Industrial e Água Branca l e ll. Que conta com uma equipe de saúde, com os seguintes profissionais: 01 clínico geral, 01 dentista, 01 enfermeira 44 coordenadora, 02 técnicas de enfermagem, 07 agentes comunitários de saúde e 01 auxiliar de serviços gerais. 3.3 Delimitação do público-alvo Foram utilizados como critério de inclusão mulheres com vida sexual ativa, que fazem parte do ESF (Estratégia de saúde da família) em estudo, com idade de 18 a 35 anos. Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes padrões: mulheres que não estejam com vida sexual ativa, idade inferior a 18 e superior a 35 anos, mulheres que se encontram em fase de tratamento e que não possuem cadastro na unidade. 3.4 Instrumentos utilizados Para realização do devido projeto foi utilizada à coleta de dados por meio de questionário estruturado composto de questões discursivas e de múltipla escolha, com objetivo de oferecer informação e liberdade das respostas. O questionário é um mecanismo de colhimento de dados, composto por uma sequência ordenada de perguntas respondidas por autor. (MARCONI; LAKATOS, 2010). Foram também utilizadas análises sanguíneas coletadas por punção venosa por meio do teste de VDRL e Imuno-Rápido sífilis, proporcionando maior confiabilidade no resultado e confirmação se há presença ou ausência da patologia pesquisada. 3.5 Aspectos éticos Todas as etapas deste trabalho foram realizadas seguindo a resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, de 10 de Outubro de 1996 sobre os aspectos éticos, a qual afirma que: A pesquisa abrangendo seres humanos necessariamente deverá tratá-los com decência, obedecendo sua autonomia e protegendo-os em sua fragilidade; comprometendo com o máximo de benéfico e o mínimo de riscos; garantindo que danos previsíveis sejam evitados; com relevância social e vantagens significativas 45 para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio humana: justiça e equidade. A identificação das pacientes ficará em sigilo profissional, a fim de resguardar a confidencialidade individual. (BRASIL, 1996). 3.6 Desenvolvimento Segundo Marconi e Lakatos (2010, p.57), “a pesquisa bibliográfica tem como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma”. Portanto, inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica, objetivando o levantamento do assunto abordado, procurando aumentar os conhecimentos a respeito da patologia e dos exames a serem realizados, visando subsidiar o desenvolvimento do estudo, bem como a discussão dos resultados e conclusão do trabalho. O procedimento foi realizado em Unaí - MG, no período de março a outubro de 2015 em mulheres com vida sexual ativa cadastradas no ESF Mamoeiro. Com o ofício em mãos, foi procurado a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), para entrega e autorização dos mesmos (APÊNDICE A). Em seguida foi realizado contato com o ESF do presente local. Foi realizado visita as mulheres convidadas a participarem e, após serem esclarecidas sobre os objetivos e metodologia da pesquisa e terem concordado em dela participar, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), foram incluídas no estudo. Posteriormente foi entregue o questionário (APÊNDICE C). As informações foram coletadas e registradas em instrumento que continha pergunta sobre aspectos socioeconômicos como: (escolaridade, renda, etnia, estado civil, número de filhos, profissão e residência) e epidemiológicos (vida sexual, número de parceiros, uso de preservativo, informações sobre a sífilis, frequência de visitas ao médico e etc). Após foram avisadas sobre o dia da coleta e orientação em relação às formas adequadas referentes ao jejum, para a exatidão dos exames. Foram realizados conforme dia e horário marcado as coletas de sangue de punção venosa, estas devidamente identificadas. Através do uso de algodão e álcool 70% foram feitas 46 antissepsia assim como preconizado; além disso, foram empregados materiais como garrote, agulhas para coleta a vácuo 25/8, tubo a vácuo com gel separador 5 ml, seringas de 5 ml, agulha 25/8 e recipiente para material perfuro-cortante, as coletas foram feitas no próprio ESF. Após a coleta de sangue cada participante foi convidada a se dirigir a uma mesa de café da manhã e em seguida, receberam informações de como aconteceriam as entregas de resultados. Estes exames são de grande relevância no auxílio do diagnóstico em virtude da leitura rápida. Foram produzidos a partir dos ensaios de aglutinação. O teste imunocromatográfico é o mais eficiente, pois permite a localização visual e qualitativa de anticorpos (IgG e IgM) contra um antígeno recombinado do Treponema pallidum em sangue total, soro e plasma humano. (RIBEIRO; PINTO; SOUZA, 2007). O VDRL é um procedimento de triagem para localização de reaginas da sífilis, exclusivamente para aplicação diagnóstica in vitro. A associação de lecitina, colesterol e cardiolipina apresentam afinidade imunológica com antígenos do Treponema pallidum, consistindo em um antígeno não treponêmico. A associação das reaginas da amostra com este antígeno gera floculação que pode ser percebida ao microscópio óptico. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). A técnica do teste de VDRL com soro consiste: em uma placa escavada pipetar: 50µl da amostra e 20µl do reagente Nº 1. Agitar manualmente com movimentos circulares ou em um agitador por 4 minutos a 180 rpm. Em seguida, examinar no microscópio no aumento 100 X. Além da amostra sem diluição é recomendado um teste com uma diluição de 1:8 com NaCl 0,85% (para todas as amostras), a fim de evitar o efeito prozona. Na cavidade Nº1, pipetar 50 l da amostra a ser titulada, homogeneizar; transferir 50 l da cavidade Nº1 para a Nº2 e assim sucessivamente até a diluição desejada, desprezar os 50 l em excesso da última cavidade, em seguida adicionar em cada cavidade, 20 l do Reagente Nº1, agitar manualmente com movimentos circulares ou em um agitador rotativo por 4 minutos a 180 rpm em seguida, examinar no microscópio no aumento 100 X, logo após a agitação. O título corresponde à maior diluição da amostra em que ocorreu a floculação. (BIOCLIN, 2015). 47 Resultado positivo - Reativo: Ocorre floculação com formação de grumos de tamanhos variáveis, neste caso, proceder à diluição da amostra e realizar a prova semi-quantitativa. Negativo - Não Reativo: Ausência de floculação, suspensão de aspecto homogêneo. (ANALISA, 2009). O imuno-rápido Sífilis é um teste imunocromatográfico baseado em uma tira de membrana qualitativa para a detecção de anticorpos (IgG e IgM) anti-Treponema pallidum em soro, plasma ou sangue total. Neste procedimento de teste, um antígeno recombinante de sífilis é imobilizado na região da linha de teste. A amostra após ser adicionada à base da mostra reage com partículas revestidas de antígenos de sífilis que foram aplicadas na base de amostra do teste. Esta mistura migra cromatograficamente ao longo da tira de teste e interage com os antígenos de sífilis imobilizados. Esta dupla combinação de antígenos pode detectar anticorpos da classe IgG e IgM. (WAMA, 2015). Se a amostra apresentar anticorpos anti-Treponema pallidum, uma banda colorida aparecerá na região da banda teste indicando um resultado positivo. Essa banda não aparecerá se a amostra não apresentar anticorpos anti-Treponema pallidum, indicando um resultado negativo. Para servir como controle de procedimento, uma banda sempre aparecerá na região de controle indicando que o teste foi realizado corretamente. (BRASIL, 2007). O procedimento consiste em deixar a embalagem da tira-teste atingir temperatura ambiente de 15 a 30ºC antes de abri-la; assim como as amostras e a solução tampão que também devem atingir a temperatura ambiente antes de realizar o teste. Remover a tira-teste da embalagem e usar imediatamente, melhores resultados será obtido se o teste for feito na primeira hora. Retirar a fita adesiva do cartão de identificação e colar a tira-teste neste local com as setas apontadas para baixo. Dispensar aproximadamente 50 l da amostra na base de amostra da tirateste. (WAMA, 2015). As amostras de soro, plasma ou sangue total podem ser obtidas por coleta intravenosa, as mostras de sangue total podem ser obtidas adicionalmente por punção digital e ser capturadas em tubo capilar ou pingadas diretamente na base de amostra do teste, neste caso utilizar duas gotas. Dispensar uma gota, aproximadamente 40 l, da solução diluente (2) na base de amostra da tira-teste, 48 fazer a leitura dos resultados entre 10 e 15 minutos, não considerar resultados lidos após 30 minutos. (WAMA, 2015). Os resultados são interpretados da seguinte forma: Negativo somente uma banda rosa-clara aparecerá na área do controle (C); positivo aparecerá duas bandas rosa clara, uma na área teste (T) e outra na área do controle (C); podem ocorrer diferenças na intensidade entre a banda do teste e a banda controle, mas isto não afeta a interpretação dos resultados, esta diferença é devido aos níveis de anticorpos na amostra do paciente. O resultado é considerado inválido se não surgir qualquer banda visível na área do teste e do controle, ou se não surgir banda na área do controle, os resultados devem ser ignorados após o tempo determinado para leitura. (WAMA, 2015). Depois de realizada a coleta as amostras foram devidamente transportadas para o laboratório Santa Rita Unaí-MG e analisadas para um retorno confiável ao grupo participante do estudo. 3.7 Resultados e impactos esperados Por meio deste projeto foi possível traçar o perfil epidemiológico da incidência da doença, analisar a sua ocorrência em mulheres com vida sexual ativa, observar o perfil da população-alvo atingida, identificar fatores para a incidência nessa população e assim, sensibilizar o maior número de pessoas possíveis sobre a quantidade e qualidade na informação do assunto abordado e por fim, em caso positivo encaminhar para tratamento. Espera-se, portanto, uma mudança positiva na saúde e frequente realização de exames e projetos, como meios de informações do assunto, destinados às mulheres de todo o município. 49 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) existem desde a antiguidade em um elevado percentual de indivíduos sexualmente ativos, frequentemente de maneira silenciosa, o que leva a sua disseminação. Os profissionais de saúde têm conhecimento do tratamento, mas ainda encontram obstáculos ligados ao preconceito e aos valores morais da sociedade. (ESPÍRITO SANTO, 2008). As DST produzem desonra moral e social nos indivíduos que as adquirem além de serem associadas à promiscuidade sexual, ocasionado à deterioração de seus relacionamentos e desprestígio social. Como resultado, algumas mulheres decidem por não buscar os cuidados médicos adequados. (GODINHO; MAMERI, 2002). Pode ocorrer sofrimento por complicações e sequelas decorrentes da ausência de tratamento das DST nas mulheres, independentemente de algumas serem tratáveis, a maioria dessas moléstias exibem difícil detecção, já que provocam poucas manifestações aparente e, por tantas vezes, mostram-se de modo assintomático. Sérias complicações podem ser ocasionadas, por exemplo, doença inflamatória pélvica, proporcionando o surgimento de esterilidade, assim como gravidez ectópica, parto prematuro, infecções puerperais, dor pélvica crônica e infecções recorrentes do trato superior. (JIMÉNEZ et al., 2001). As DST são associadas a varias outras complicações como aborto, ruptura prematura de membranas, oftalmia purulenta do recém-nascido, sífilis congênita, baixo peso ao nascer e mortes perinatais podendo levar a mulher a morte quando não tratadas adequadamente. Além do mais, a chance de ser contaminada pelo HIV é elevada em pelo menos dez vezes. Também foi evidenciado que existe maior risco de ter câncer de colo do útero associado à infecção por Papiloma vírus Humano (HPV). (COSTA, 2010). As DST reassumem importância não meramente pela elevada amplitude pressuposta e consequências graves, todavia pela sua relação com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). E a razão que esclarecem o seu privilegio na atenção básica, são a amplitude, a elevada presença estimada, agregada ao alto índice de automedicação, origina um elevado índice de terapêutica ineficaz ou 50 ilusório, resultando em aumento da resistência antimicrobiana e podendo levar a quadros subclínicos, preservando assim os transmissores. Outro sim, as DST têm recursos frágeis a ações de prevenção primaria que facilita a quebra da cadeia de transmissão e com exclusão das provocadas por vírus, podem ser todas tratadas com eficácia, auxiliando, também, para diminuição da infecção pelo HIV. Além disso, é viável executar o domínio das DST com eficiente planejamento preventivo, uma rede de serviços básicos resolutivos, profissionais preparados para a realização do diagnóstico, tratamento e adequado acolhimento dos portadores de DST e de seus parceiros sexuais, segurança de um fluxo constante de medicamentos e preservativos. (ESPÍRITO SANTO, 2008). No Brasil as doenças transmissíveis ainda são uma situação difícil de saúde, uma vez que, sob a forma de endemias, correspondem por elevado índices de mortalidade e incapacidade. Os avanços atuais obtidos no desenvolvimento socioeconômico e científico também não foram satisfatórios para conter as endemias e diminuí-las a um grau admissível. Esperava-se que o desenvolvimento econômico seria o suficiente para restringir as doenças endêmicas. Todavia, isso só acontecerá ao passo que o progresso do nível de vida tiver atingido todas as classes sociais. Apesar de que endêmicas em todo o território, a disseminação e o episódio das DST diversificam em conformidade com as condições ambientais, socioeconômicas, culturais e políticas das distintas localidades brasileiras. (BRASIL, 2004; PHILIPPI; ARONE, 2002). Para conter e evitar a ocorrência, o progresso e a propagação das doenças transmissíveis é preciso diferentes ações no âmbito da saúde pública, tal como controle dos doentes, vacinação, educação em saúde, saneamento ambiental e uma incessante vigilância epidemiológica. No Brasil, o estudo e pesquisa da conjuntura e da disposição das doenças são de incumbência do Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE) e de seu meio de informações. Por intermédio dele é factível preservar-se constante e cuidadosamente informado e esclarecido a respeito da dinâmica das DST e acerca dos elementos e situação que auxiliam para maior ocorrência, gravidade e ampliação, de forma a conduzir e qualificar o avanço das doenças e oferecer maneiras apropriadas para seu controle e combate. (BRASIL, 2009). Foram identificadas escassas referências de estudo populacionais sobre DST e as grandes partes dos conteúdos identificados centralizam-se em grupos de 51 elevado risco, tal como, em hospitais especializados em DST, e/ou profissionais do sexo. Alguns dos elementos concorrentes para o aumento dessas patologias são o elevado percentual de jovens, o acelerado crescimento da urbanização e a baixa posição da mulher nos países em desenvolvimento. Para muitos autores o maior risco de adquirir DST e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) está associado a menor idade de iniciação sexual, baixa escolaridade e baixa renda. A constância do sexo anal é menosprezada, no entanto, quando existente, é um indicador de atitude de risco para contrair DST. Por características biológicas e de papéis sociais as mulheres são especialmente vulneráveis às DST. (CARRET et al., 2004). A ampla parte dos esforços em relação à prevenção das DST, até o momento, tem sido conduzida a alterar a prática sexual, encorajando a privação, hábito da monogamia e a utilização do condom masculino. Dessa maneira, várias ações educativas têm sido incentivadas, que casais se previnam das DST/AIDS com seu uso, todavia, os casais que se dizem heterossexuais e que consideram suas relações como sendo fixas ou de longa duração, por não fazer parte de sua rotina, não adotam este método de forma regular. A justificativa mais plausível é que na relação, as mulheres atinge lugar secundário, o que tornaria a conversa mais difícil com o companheiro em relação ao sexo seguro. Além do mais, é que em uma relação sexual que seja durável, não é fácil a negociação do uso do condom. A credibilidade do parceiro estabelece o método de prevenção para algumas mulheres. (OLIVEIRA et al., 2005; JIMÉNEZ et al., 2001). O sucessivo episódio das DST entre mulheres monogâmicas, a ampliação da persistência e a seriedade das consequências exibem a urgência de um questionamento dessas indagações no aspecto de gênero. (GUEDES et al., 2009). A ocorrência das doenças sexualmente transmissíveis (DST) vem crescendo nos dias atuais, e como resultado rápido pode ter uretrites, salpingites e, em longo período, infertilidade, gravidez ectópica ou câncer de colo uterino. Percebemos que possuir uma DST eleva a possibilidade de contágio pelo HIV e, ainda, foi comprovado que o perfil epidemiológico da AIDS indica uma maior persistência entre adultos jovens e uma propensão à heterossexualização e pauperização da patologia. A quantidade de ocorrências informado no Brasil está bem abaixo das suspeitas e não há referências sobre a persistência de DST entre adolescentes, possivelmente porque simplesmente a AIDS e a sífilis sejam de notificação 52 compulsória e cerca de 70% das pessoas com DST procurem terapêutica em drogarias. (BORGES et al., 2010). Foram inferidos por alguns autores nos Estados Unidos da América (EUA), que a prevalência de DST deve ser em média de 25% entre adolescentes com faixa etária de 15 a 24 anos, sendo esta a de maior risco. Fatores que podem aumentar a vulnerabilidade dos adolescentes às DST são os biológicos, psíquicos e sociais. No âmbito biológico, tanto as clamídias como os gonococos têm predileção pelo epitélio cilíndrico do colo do útero, já que na mulher jovem este tecido se encontra mais exposto. Também o início precoce da atividade sexual, influenciado pela baixa idade da menarca, aumenta a possibilidade de contaminação. No âmbito psíquico, a juventude é um período de definição das características sexuais com exploração e oscilação de parceiros. Igualmente, o pensamento abstrato ainda incipiente que faz com que os jovens se sintam invulneráveis, se expondo a riscos sem prever suas consequências. Os níveis escolares e socioeconômicos baixos estão associados às DST, na esfera social. O uso de álcool e drogas coloca em risco a saúde tanto do homem quanto da mulher, assim como modelos hegemônicos de comportamento de gênero. (TAQUETTE; VILHENA; PAULA, 2004). Nas últimas décadas aconteceram mudanças na sociedade e na sexualidade que têm transformado o delineamento das doenças sexualmente transmissíveis (DST), tornando seu monitoramento uma afronta para a saúde pública no mundo. Transformações econômicas que levaram ao aglomerado nos perímetros urbanos das pessoas de baixa renda, onde quase sempre as condições de saúde são precárias, e nem sempre é fácil o acesso aos serviços de saúde, o baixo nível de instrução e o número elevado de adolescentes e adultos jovens que experimentam sua sensualidade com maior ousadia têm elevado o número de casos novos de doenças nessas duas populações. E depois, há indivíduos designados como gruposnúcleo por aceitarem o papel de propagadores dos agentes contaminantes dentro de algumas comunidades e sociedades fechadas, devido ao elevado número de parceiros e de suas atividades sexuais de risco, de modo igual, o evento da troca de sexo por craque e cocaína. Consequentemente, as DST provocam aumento da morbimortalidade perinatal e materna, redução da fertilidade na época da vida de homens e mulheres de maior potencialidade reprodutiva, aumento da prevalência de neoplasias de colo uterino, vulva, vagina e pênis. E depois, a contaminação pelo HIV tem arrastado homens e mulheres para a AIDS. As complicações e sequelas das 53 DST são mais frequentes nos países em desenvolvimento, principalmente devido à carência de recursos para identificação e tratamento corretos. (FERNANDES et al., 2000). Quadro 01 - Principais DSTs (Continua) Doença Sífilis Agente etiológico Sinais e sintomas Treponema Lesão indolor pallidum Tratamento Penicilina benzatina, doxiciclina. AIDS Vírus da Febre constante, imunodeficiência manchas na pele humana (HIV) (sarcoma de Antirretrovirais Kaposi), calafrios, ínguas, dores de cabeça, garganta e musculares, entre outros. HPV Human Hiperplasia epitelial Ácido papillomavirus focal, carcinoma de tricloroacético (HPV) Hiperplasia epitelial (ATA) focal, carcinoma de Eletrocauterização células escamosas Vaporização a e verruga vulgar. laser, Crioterapia, Exérese cirúrgica. Úlcera genital Sífilis Cancro mole Úlcera genital Herpes - aciclovir, Herpes genital Sífilis - Penicilina G Donovanose benzatina, Cancro mole – azitromicina. 54 (Conclusão) Doença Tricomoníase Agente etiológico Sinais e sintomas Tratamento Chomonas Dor pélvica crônica, Secnidazol, vaginalis. doença inflamatória Metronidazol. e pélvica (DIP). Endocervicite Clamídia Assintomática, Azitromicina, mucopurulenta. trachomatis e ou porem poderá Eritromicina, Neisseria desenvolver graves Ciprofloxacina, gonorrhoeae. complicações se Cefixima. não for tratada. Desconforto ou Gonorréia Infecção Corrimento cervical Clamídia dor pélvica na por Clamídia Dor à palpação Azitromicina, mulher. Infecção por abdominal, dor à doxiciclina, germes mobilização do colo eritromicina, anaeróbios. e Temperatura tetraciclina, ofloxacina. >37,5ºC. Gonorréia Ciprofloxacina, ceftriaxona e cefixima. Fonte: BRASIL, 2011 4.2 Sífilis Ainda que existam algumas exceções e diversificações, as patologias humanas provocadas por espiroquetas manifestam-se caracteristicamente combinado a um percurso único, com indícios clínicos sucessivos que refletem nos eventos, propagação de microrganismos primeiramente no ponto de inoculação, espiroquetas com proliferação sistêmica e pequena quantidade de microrganismos constantes em diversas localidades. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 4.2.1 Agente etiológico A sífilis é causada por uma espiroqueta o Treponema pallidum variação pallidum. É uma bactéria pequena, medindo (5x15x0, 2nm), afilado, de hélices regulares e em quantidade não maior que 12, com extremidades finas. Apresenta 55 locomoção em círculo, flexão e contração, também de translação. Não é visível ao microscópio óptico por ser muito delgado, pode ser visualizado quando corada pela prata. (BELDA JUNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009). Figura 1- Bactéria Treponema pallidum Fonte: BIOMEDINA PADRÃO, 2012 As espiroquetas são microrganismos delgados que exibem formato em hélice, que executa uma ou mais voltas completas. Apenas podem ser visualizadas por microscopia de campo escuro ou de fase, em cortes de tecido preparados por técnicas de impregnação com prata e coloração imuno-histoquímica. Os movimentos que realizam são semelhantes ao de um saca-rolha, proporcionado por organelas semelhantes a flagelos, nominados fibrilas periplásmicas ou filamentos axiais, que se encontram apreendidas junto aos polos da bactéria. Ainda que existam várias espécies parasitas e não causadoras de doença de espiroquetas, a patologia humana é restrita a infecções causadas por três gêneros: Treponema, Borrelia e Leptospira. Bem diferentes do ponto de vista epidemiológico, porém, as bactérias referentes a esses gêneros manifestam diversas semelhanças patogênicas. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 56 4.2.2 Epidemiologia Sífilis é uma doença universal que acomete todas as camadas da sociedade. O meio de contaminação é restrito ao ser humano e são transmissíveis somente as manifestações da sífilis primária e secundária. Sendo possível a reinfecção, uma vez que não confere imunidade. Por ter atividade sexual com mais frequência, os jovens entre 15 e 25 anos são especialmente os mais acometidos. (BELDA JUNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009). A Framboesia (bouba), sífilis endêmica (bejel) e pinta são endêmicas em variadas localidades tropicais e do Oriente Médio, mas não são doenças sexualmente transmissíveis. A moléstia mais habitualmente difundida através do carrapato na América e na Europa e a doença de Lyme, provocada por Borrelia garinii e Borrelia afzelii. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). Verifica-se que houve acréscimo de 68,2% em 2013, com aumento de 55,7 % nos casos entre os homens e 97,7% entre as mulheres, das notificações em relação ao ano anterior. Sendo, claramente observada a maior ocorrência de sífilis entre os homens, em todos os anos avaliados, apesar do aumento do diagnóstico em mulheres, diferente do observado nos dados estaduais. O mais provável é que os estabelecimentos de saúde estejam disponibilizando mais testes aos homens. Todavia, se considerarmos que as mulheres costumam buscar mais os serviços de saúde que os homens, estes percentuais são muito assustadores, pois é bem possível que estejam ainda subestimados. (BRASIL, 2014). 4.2.3 Formas de transmissão A sífilis é transmitida através do contato direto com as feridas abertas, raramente pode ocorrer por transfusão sanguínea e na sífilis congênita acontece por via transplacentária. Pode ocorrer a penetração do treponema pela pele e mucosas intactas, no entanto, quando há soluções de continuidade sua invasão é muito favorecida. Proliferam-se velozmente no epitélio contaminado e via linfática, alcançam os gânglios regionais no qual rapidamente proliferam. Pela via hematogênica sucede também a disseminação imediata. Invadindo consequentemente todo o organismo e em poucas horas a infecção propaga-se, ainda que os sintomas sejam localmente. Já foram citados acidentes por 57 inoculações devido a manipulação de lesões infectadas em médicos, dentistas e técnicos de laboratório. (BELDA JUNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009). 4.2.4 Manifestações clínicas Os sintomas identificam-se por estágios de doença ativa, por períodos longos de quietação clínicos e pela eficiência de alcançar diversos órgãos, provocando lesões cutâneas, mucosas, cardiovasculares e nervosas. Surge uma lesão primária com constância associada à linfadenopatia regional, de duas a seis semanas após o estágio de latência. Está associado à fase secundária, as lesões muco cutâneas generalizadas, linfadenopatia também generalizadas que é acompanhado de um tempo oculto de infecção subclínica, que se perpetua por anos ou décadas. Nos pacientes não tratados, aparece o estágio terciário, em média trinta e três por cento que são determinadas por lesões muco cutâneas, musculoesqueléticas ou parenquimatosas destrutivas devastadoras e continua a ortite ou doença sintomática do sistema nervoso central (SNC). (FAUCI et al., 2008; GOLDMAN; AUSIELLO, 2009). 4.2.5 Patogênese O T. pallidum adentra a membrana da mucosa íntegra ou através da pele esfolada obtém passagem aos tecidos, logo depois, proliferam-se no ponto de ingresso e penetra nos sistemas linfáticos e circulatórios, disseminando por todo o corpo. Infecções foram geradas com no mínimo quatro espiroquetas, em animais de laboratório. Surgem as lesões clínicas quando se constitui uma massa cística de organismo localmente (~10/7 espiroquetas). Assim sendo, o tamanho do inóculo está diretamente relacionado ao período de incubação inicial que pode variar de três dias a três meses. A estrutura da bactéria influencia a resposta imunológica ao T. pallidum. A membrana externa baseia-se em uma bicamada fosfolipídica incluindo alguns antígenos proteicos demonstráveis. Em termos de resposta imune do hospedeiro o mais importante desses antígenos é a lipoproteína encontrada unida ao espaço periplásmico. Tudo indica que bactéria possa se autorrevestir com proteínas do hospedeiro. O efeito líquido é o retardo da resposta humoral e consequentemente perda de sua efetividade, já que as espiroquetas são localizadas 58 em regiões extravasculares no instante da geração de anticorpos. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 4.2.6 Classificações da sífilis Quadro 2 – Estágios da sífilis Estágios Primeiro estágio Inicio 10 a 90 dias após o Sinais/Sintomas Cancro duro contágio Segundo estágio Terceiro estágio 45 a 180 dias após o Manchas na pele, feridas contato e erupções. 2 a 20 anos após a Podem ocorrer lesões infecção nos ossos, coração, sistema nervoso, podendo levar a paralisia, doença mental, cegueira e até a morte. Sífilis congênita Pode ser transmitida, Pode ocorrer aborto ou durante a gestação, da morte do bebê ao mãe para o filho, através nascer, os sintomas do sangue. podem surgir na criança em qualquer idade. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 4.2.6.1 Sífilis congênita Na sífilis congênita pode ocorrer a transmissão vertical da mãe para o feto por via placentária, o T. pallidum existente na corrente sanguínea materna ultrapassa a barreira placentária após 16 semanas de gestação e adentra na corrente sanguínea do feto. As causas primordiais que ocasionam maior possibilidade de transmissão encontram-se presentes apenas nos estágios iniciais da patologia, o perigo do feto ser contaminado eleva na infecção recente, por que terão mais treponemas circulantes. Na fase primária e secundária, a taxa de transmissão é de 70% a 100% e aproximadamente de 40% na fase latente tardia. Haverá maior risco de acontecer 59 aborto espontâneo ou morte fetal, havendo a contaminação do feto. Quando a doença se manifesta antes dos dois primeiros anos de vida é denominada de sífilis congênita precoce e congênita tardia após os dois anos de vida. (SÃO PAULO, 2008). 4.2.6.2 Sífilis primária Na fase primária surge na região da inoculação uma lesão característica que é o cancro duro ou protossifiloma, que ocorre em média três semanas após a contaminação. Aparece primeiramente uma pápula de cor rósea, que progride para um vermelho mais vivo e exulceração. Na maioria das vezes o cancro é solitário, indolor, quase sem sintomas inflamatórios perilesionais, extremidades endurecidas, que estende até o interior plano e limpo, revestido por material seroso. Surge uma reação ganglionar regional múltipla e bilateral, não supurativa, de nódulos sólidos e sem dor, depois de uma ou duas semanas que se encontra na região genital em 90% a 95% das ocorrências. Habitualmente aparece no homem no sulco balanoprepucial, prepúcio, meato uretral ou mais esporadicamente intra-uretral. Assintomático, muitas vezes não é referido na mulher, quando citado é mais constante nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino. A boca, língua, região mamária, quirodáctilos e região anal são os pontos extragenitais mais frequentes. Em um tempo que varia de quatro a cinco semanas o cancro retrocede voluntariamente sem deixar cicatriz. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). 60 Figura 2 – Sífilis primária – cancro duro Fonte: AVELLEIRA; BOTTINO, 2006 4.2.6.3 Sífilis secundária A sífilis secundária aparece de quatro a oito semanas depois da lesão primária. Por achar que ficaram curados, na grande parte das vezes, os pacientes não se recordam de ter tido a lesão primária. Normalmente nos casos diagnosticados de sífilis secundária, um quarto da lesão primária ainda existe. O tempo de latência é de 7 a 90 dias após o contágio sexual. Os órgãos atingidos pela doença em atividade afeta a pele e os órgãos internos conduzindo o T. pallidum pelo corpo da pessoa contaminada. As manifestações comuns da sífilis secundária são: dor nos olhos, mal-estar, cefaleia, dor óssea, artrite e rouquidão, artralgia, meningismo, erupções no corpo e face. (OLIVEIRA et al., 2007). 61 Figura 3 – Sífilis secundária – lesões palmares Fonte: AVELLEIRA; BOTTINO, 2006 4.2.6.4 Sífilis terciária A sífilis terciária é o desfecho final do percurso natural da patologia, é também denominada como tardia. São manifestadas nesta fase, as lesões com características terciárias, desenvolvendo aos poucos uma doença inflamatória evolutiva e existe muita possibilidade de progredir e atingir todos os órgãos nesse estágio, abrangendo a pele, mucosas, sistema ósseo, cardiovascular e nervoso. As lesões são únicas, irregulares, rígidas e com pouca infecção. Os sinais e/ou sintomas mais corriqueiros são as lesões bucais atingindo mais regularidade o palato duro e a língua, na sífilis óssea pode ocasionar artralgia, artrites, osteíte gomosa, periostite, sinusites e nódulos justo-articulares. Pode acontecer também implicação cardiovascular com a aortite sifilítica desenvolvendo a insuficiência aórtica, aneurisma e estenose de coronárias. As manifestações no sistema nervoso são geralmente o tabes dorsalis, a mielite transversa e a demência, sendo que na neurossífilis pode ocorrer comprometimento do sistema nervoso central (SNC) em qualquer estágio da doença. (FREITAS et al. , 2001). 62 Figura 4 – Sífilis terciária Fonte: AVELLEIRA; BOTTINO, 2006 4.2.7 Diagnóstico laboratorial As treponematoses humana são detectadas através da visualização direta do organismo em material oriundo das lesões, ou indiretamente, com utilização de métodos imunológicos, já que seus agentes etiológicos não podem ser isolados por meio de métodos de cultivo de rotina. Para cada fase das treponematoses exige uma forma de teste específico. Em ocasião que lesões estão presentes nas fases iniciais, utiliza-se microscopia direta. Agora, os testes sorológicos são usados nos estágios posteriores. Para fins de confirmação são utilizados os testes inespecíficos não treponêmicos. Os testes laboratoriais habitualmente utilizados são incapazes de diferenciar as espécies intimamente relacionadas das subespécies de treponemas patogênicas, para distingui-las deve ter suporte clínico e epidemiológico. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 4.2.7.1 Provas diretas São consideradas definitivas, uma vez que confirmam a existência do T. pallidum e não estão sujeitas à interferência de mecanismos cruzados, ou seja, falso positivo. São indicados quando os microrganismos estão abundantes, isto é, na fase inicial da doença. São indicados nas sífilis primária e secundária onde têm lesões bolhosas, placas mucosas e condilomas. A utilização de amostra derivada da mucosa oral precisa avaliar a probabilidade de existir dúvida em diferenciar o 63 treponema de outras espiroquetas saprófitas da boca, menos no caso do teste de imunoflorescência direta. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). 4.2.7.2 Exame em campo escuro O procedimento é baseado nas amostras colhidas direto da linfa da lesão. As amostras são transportadas para o microscópio com condensador de campo escuro, onde é possível visualizar o T. pallidum através da luz indireta, vivo, móvel, corpos espiralados brilhantes e brancos, iluminados contra um fundo preto. Além do mais, pode ser identificado pela sua morfologia, tamanho e movimento típicos. É classificado como um teste rápido, por ser de baixo custo e definitivo. Sendo que a sensibilidade pode variar de 74 a 86%, e a especificidade sendo capaz de atingir 97% dependendo da experiência do avaliador. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 4.2.7.3 Pesquisa direta com material corado Na pesquisa com material corado são empregados os métodos de FontanaTribondeau, de Burri, Giemsa e Levaditi. No procedimento de Fontana-Tribondeau depois de fazer o colhimento da linfa à amostra é colocada na lâmina fazendo um esfregaço adicionando a prata. O treponema então se torna evidente através da infiltração da prata em sua parede. Já o Burri emprega a tinta da China ou método de nanquim. O T. pallidum ganha uma coloração pálida pelo Giemsa, tornando a observação da espiroqueta difícil. E por último, a técnica de Levaditi que utiliza a prata em cortes histológicos. Sendo todos estes métodos de coloração inferiores ao campo escuro. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). 64 4.2.7.4 Microscopia de fluorescência Podem ser utilizados para detecção direta de treponemas nas lesões, anticorpos marcados com isotiocianato de fluoresceína (FITC) específicos para T. pallidum, mostrando a necessidade de perceber a motilidade das bactérias. A amostra de líquido tecidual é transferida para uma lâmina seca e fixada (anticorpo fluorescente direto – AFD-TP), ou de incisões de tecido parafinizados (teste tecidual de anticorpo fluorescente direto – AFDT-TP). Modificando os anticorpos policlonais absorvidos de Reiter que eram utilizados no passado e menos específicos, que eram obtidos de coelhos e seres humanos sifílicos, hoje em dia, encontram-se anticorpos monoclonais comercializados que podem ser usados nos testes. Os dois demonstram uma sensibilidade perto de 100%, quando usados para avaliar líquidos derivado de lesões frescas. Como são testes específicos para treponemas patogênicos, são escolhidos para a avaliação de lesões orais. (MCPHERSON; PINCUS, 2012). 4.2.7.5 Provas sorológicas O desenvolvimento de duas formas de anticorpos no organismo é proporcionado pelo T. pallidum, as reaginas (anticorpos inespecíficos IgM e IgG contra cardiolipina), ocasionado aos testes não treponêmicos, e anticorpos específicos contra o T. pallidum, que suscitam os testes treponêmicos. Os testes treponêmicos são usados para comprovação do diagnóstico, ao passo que, os não treponêmicos são empregados para triagem em classes populacionais e controle do tratamento. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). 4.2.7.5.1 Testes não treponêmicos Os testes reagínicos são muito utilizados para triagem e acompanhamento do sucesso terapêutico, os que são usados com maior frequência no dia a dia de um laboratório são o RPR (reagina plasmática rápida) e o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory). (CENTERLAB, 2009). É usado um antígeno no VDRL composto de lecitina, colesterol e cardiolipina purificada. A cardiolipina é achada presente na parede do T. pallidum e é um 65 elemento da membrana plasmática das células dos mamíferos disponibilizado após dano celular. Por volta de cinco a seis semanas depois da contaminação e de duas a três semanas após o surgimento do cancro, o teste do VDRL torna-se positivo. Na sífilis primária, entretanto, pode estar negativa. Apresenta alta sensibilidade na sífilis secundária, que diminui nas formas tardias. Por não ser específica, a reação pode estar reagente em outras treponematoses assim como em diversas situações. As reações falso-positivas são classificadas em transitórias e persistentes. As que se tornam não reagentes em seis meses são as transitórias e ocorrem na, gravidez, viroses, mononucleose infecciosa, malária, tuberculose e outras. As que se conservam positivas após seis meses, são as persistentes, que é o caso da hanseníase virchowiana e doenças autoimunes, como lúpus. Nas treponematoses o efeito prozona acontece devido ao excesso de anticorpos, que são os casos de falso-negativos na sífilis secundária que ocorre em média 1% a 2%. Esses casos poderão ser evitados utilizando-se maiores diluições do soro. (RIBEIRO; SOUZA; PINTO, 2007). Os testes rápidos não treponêmicos são de grande valor no controle e acompanhamento da doença. O teste da reagina plasmática rápido (RPR) é o mais utilizado e executado por punctura no quirodáctilo. Este teste sorológico foi o primeiro teste de screening que proporcionou o resultado em 60 minutos e dispensou o uso de equipamentos convencionais de laboratório. Apesar de poder quantificar, não é equivalente com os títulos atingidos pelo VDRL. Os testes não treponêmicos são importantes no controle da cura uma vez que são titulados. Quando ocorre a permanência de baixos títulos em indivíduos que receberam tratamento acertadamente é chamada de cicatriz sorológica e pode perdurar por vários anos. (CENTERLAB, 2009). 4.2.7.5.2 Testes treponêmicos Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos produzidos pela infecção causada pelo T. pallidum e são utilizados para comprovar a reatividade de testes não treponêmicos e na ocorrência de pouca sensibilidade dos testes não treponêmicos como no caso da sífilis tardia. Os testes treponêmicos tornam se positivos um pouco antes que os testes não treponêmicos. Os resultados continuam 66 reativos por anos ou até mesmo por toda a vida em 85% das pessoas receberam tratamento adequado. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). O primeiro teste para detecção de anticorpos antitreponema, produzido foi o TPI (prova de imobilização dos treponemas). São usados como antígenos em treponemas vivos conseguidos de testículos do coelho. A técnica é dispendiosa e de difícil realização mesmo que seja específica sendo, portanto, restrita a laboratórios de pesquisa. (ROTTA, 2005). O fluorescente treponemalantibody-absorption (FTA-ABS) é o resultado da modificação na diluição sofrida pelo anticorpo treponêmico fluorescente (FTA) que aumentou sua sensibilidade e especificidade. O FTA-ABS exige a utilização de um microscópio fluorescente, porém apresenta custo baixo e execução rápida. Em outras patologias podem ser ocasionados resultados falso-positivos como nas treponematoses e nas patologias autoimunes. São conceituados como técnica de hemoaglutinação para o Treponema Pallidum (TPHA) e o micro hemaglutinação para o Treponema Pallidum (MHA-TP). O MHA-TP tem sensibilidade igual à do FTAABS na sífilis não tratada, com exclusão da doença primária inicial, neste caso o derradeiro é mais sensível. São comprovatórios os testes EIA (imunoensaio enzimático treponêmico) e Western-blot. O EIA combina o VDRL com TPHA é um teste alternativo. Apresenta leitura objetiva dos resultados e o processo laboratorial é automatizado. (RIBEIRO; PINTO; SOUZA, 2007). O Western-blot apresenta-se altamente sensível e especifico em todos os estágios da sífilis, porém é mais usado em pesquisa, este teste detecta anticorpos contra imuno determinantes IgM e IgG de massas moleculares (15kDa, 17kDa, 44kDa e 47kDa). Dois métodos de proteína c reativa (PCR) foram referidos no início dos anos 90 e passaram a ser utilizados, com alta sensibilidade e especificidade especialmente para identificação de antígenos treponêmicos na sífilis primária. Sendo o PCR da mesma forma de muita utilidade na detecção da sífilis congênita e neurossífilis. Para que o DNA do T. pallidum seja identificado usa-se primers para o gen codificador de proteína com peso molecular de47kD. Devido ao fato de apresentar a viabilidade do treponema à ampliação do RNA do T. pallidum é mais sensível, e utiliza os primers que ampliam uma região co366bp do gen 16S r RNA. (BRASIL, 2005). 67 4.2.7.5.3 Testes rápidos treponêmicos Os testes rápidos treponêmicos em virtude da leitura imediata são de muito valor para auxiliar no diagnóstico e são produzidos baseados nos métodos de aglutinação. O mais efetivo é o ensaio imunocromatográfico, pois permite a identificação visual e qualitativa de anticorpos (IgG, IgM e IgA) do T. pallidum em sangue total, soro e plasma humano contra um antígeno recombinado de 47-kDa. A punctura do quirodáctilo pode ser uma escolha para a coleta sanguínea, e entre cinco e vinte minutos depois do procedimento, pode proceder à leitura do teste. O método é sensível e específico em média de 93,7% e 95,2%, nesta ordem, em outras pesquisas foi demonstrado superioridade em relação ao RPR. Todavia, este teste não deve ser utilizado na infecção pelo T. pallidum como critério exclusivo no diagnóstico. Podem ser usados em especial, como testes de triagem, e assim substituindo os testes rápidos não treponêmicos. (MCPHERSON; PICUS, 2012). 4.2.7.6 Exame do líquor O exame do líquor cefalorraquidiano (LCR) é aplicado nos caso em que o usuário, após ter realizado tratamento preciso às reações sorológicas continuou com titulação aumentada e/ou em indivíduo que tenha diagnóstico sorológico de sífilis recente ou tardia e que apresente indícios neurais. Têm-se indagado sobre punção lombar em pessoa HIV-positivo em qualquer fase de sífilis latente tardia, mesmo que manuais de controle indiquem. Não existe método sorológico que sozinho pode oferecer diagnóstico garantido da neurossífilis. Deve-se combinar prova sorológica positiva com aumento de célula maior que 10 linfócitos/ml e proteínas no LCR acima de 40mg/dl, para estabelecer um diagnóstico. Para a análise do líquor, recomenda o uso do VDRL, só que o VDRL no líquor é pouco sensível em média de 30-47% de falso-negativo, porém é muito específico. Quando ocorre o transporte de anticorpos do sangue para o LCR, o FTA-ABS pode positivar-se em pessoas com sífilis. Porém é um teste altamente sensível, e a neurossífilis poderá ser excluída diante de um FTA-ABS negativo. As modificações nas células e proteínas isoladas quando dosadas, em indivíduos HIV positivos, podem ser devido ao comprometimento neurológico do vírus HIV, devendo ser considerado pelo exame do líquor. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). 68 4.2.7.7 Diagnóstico sífilis congênita Para realizar o diagnóstico da sífilis congênita é necessário que o achado do T. pallidum nas lesões, líquidos corporais ou tecidos, sejam confirmados por provas diretas. Podem ser realizados testes sorológicos através de sangue do cordão umbilical e sangue periférico do recém-nato. Quando não existir lesão, deverá considerar a hipótese que anticorpos da mãe podem passar para o filho sem infecção, assim sendo, deve ser feito a sorologia quantitativa periódica que deve negativar mais ou menos dentro de seis meses depois do nascimento, ou realizar o FTA-ABS-IgM, sendo uma forma de diagnóstico, uma vez que a molécula de IgM não atravessa a barreira placentária. Quando os resultados do VDRL do recémnascido são iguais ou superiores a quatro vezes o título da mãe. (BRASIL, 2006). 4.2.7.7.1 Histopatologia A histopatologia não é um método usado na rotina diagnóstica, sendo apenas sugestivo quando existe a desconfiança da sífilis pelo patologista, precisando ser confirmado pela sorologia. A doença é fundamentada em todas as fases configurando-se em edema, proliferação das células endoteliais e infiltrado inflamatório perivascular com linfócitos e plasmócitos. Nos estágios primário e secundário os vasos se tornam dilatados, espessados e ocorre a multiplicação das células endoteliais. As modificações mais características são compostas pelo infiltrado inflamatório de células mononucleares e plasmócitos de localização perivascular e podem ser achados nos estágios tardios da sífilis secundária e na sífilis terciária com modificações vasculares, e também, em granulomas de células epitelióides enormes sem ou com necrose central. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). 4.2.7.7.2 Exame radiográfico Na sífilis congênita, as modificações mais comuns são a osteocondrite, periostite e a osteomielite e muitas vezes apresentam somente essas alterações particulares no recém-nascido, neste caso, o diagnóstico pode ser proporcionado pela radiografia dos ossos longos. (LARSEN; STEINER; RUDOLPH, 1995). 69 4.2.8 Tratamento Um dos microrganismos mais susceptível à penicilina é o Treponema pallidum, que some das lesões entre doze e dezoito horas após aplicação sistêmica. Dessa forma, a quantidade terapêutica recomendada para a sífilis recente, que é fase primária, secundária e latente que apresenta menos de um ano de evolução é penicilina benzatina 2.400.000UI, intramuscular, dose única. Na sífilis tardia, latente, cutânea e cardiovascular, recomenda- se a penicilina benzatina 7.200.000UI, intramuscular, administrada em três doses semanais de 2.400.000UI. Nos casos de alergia é recomendado a substituição da penicilina, na sífilis recente: doxiciclina 100mg VO, 12/12 horas por 15 dias; tetraciclina 500mg VO, 6/6 horas por 15 dias; eritromicina 500mg VO, 6/6 horas por 15 dias; e ceftriaxone 250mg IM/dia por 10 dias. Na sífilis tardia, latente, cutânea e cardiovascular: doxiciclina 100mg VO, 12/12 horas por quatro semanas; tetraciclina 500mg VO, 6/6 horas por quatro semanas e, eritromicina 500mg VO, 6/6/horas por quatro semanas. Alguns autores sugerem o uso de azitromicina para o tratamento da sífilis, porém há relatos de falhas terapêuticas. (BRASIL, 2005). 5.2.8.1 Controle de cura Após tratamento ajustado é necessário recorrer aos testes sorológicos aos três, seis e doze meses. Na sífilis recente, se não suceder a baixa de títulos sorológicos em quatro vezes depois de três meses de terapêutica ou doença latente recente aos seis meses, ou se permanecer as manifestações clínicas da doença a ineficiência do tratamento deve ser assumido ou a probabilidade de uma nova contaminação. Diante disto, antes de se iniciar nova terapêutica, o exame do LCR deve ser executado, do mesmo modo que, todas as vezes que a titulação for elevada em quatro vezes nos testes sorológicos. (BELDA JUNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009). 70 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo foi utilizado à coleta de dados por meio de questionário estruturado composto de questões discursivas e de múltipla escolha, além de análises sorológicas em amostras de 106 participantes, com a avaliação destes dados foi possível avaliar o perfil epidemiológico de sífilis em mulheres com vida sexual ativa com idade entre 18 e 35 anos, cadastradas no ESF Mamoeiro de Unaí- MG e as possíveis causas. Gráfico 1- Dados coletados das entrevistadas, por escolaridade, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 1; 1% 5; 5% 46; 43% Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Não possuem 54; 51% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 O gráfico 1 mostra que apenas uma mulher possui ensino superior, cinco não possuem nenhum estudo e 94 das entrevistadas apresentam ensino fundamental e médio. O nível de escolaridade pode está diretamente relacionado ao acesso deficiente as informações e cuidados a saúde; em virtude da falta de percepção das mesmas. É possível constatar, portanto, que o entendimento ineficaz das participantes pode estar relacionado ao grau de escolaridade das mesmas, que lamentavelmente complica no procedimento do diálogo, intensificando ainda mais os 71 prejuízos à saúde em virtude da carência das informações pertinentes ao bem estar próprio e geral. Segundo o Ministério da Saúde, o nível de entendimento das pessoas pode ter influência na percepção dos impasses de saúde e na capacidade de entender as notícias nessa área, bem como na utilização e no emprego dos sistemas de saúde e na aceitação aos procedimentos curativos. Além do mais, quanto menor o nível de educação, assim como a obtenção de informações, mais exposto fica as pessoas ou a população em sucessão de estados patológicos, conseguintemente, o processo de promoção à saúde e prevenção de doença torna-se deficitário, não desenvolvendo os resultados reais e esperados. (FERNANDES et al., 2000). Em um estudo realizado no Rio de Janeiro por Saraceni e Leal (2003) foi possível evidenciar que 85,9% das mulheres com sífilis, obtiveram apenas o primeiro grau completo. Identicamente Lima e outros (2013); Araújo e outros (2012) Investigando registros de ocorrência de sífilis de janeiro 2001 a dezembro de 2008, no município de Brasília – DF e Belo Horizonte – MG, averiguaram que a maioria das inqueridas possuíam menos de 8 anos de escolaridade; Discordando com este estudo, entretanto, foi exposto pelo IBGE (2014) que a escolaridade média da população de 25 anos ou mais de idade aumentou de 2004 a 2013, passando de 6,4 para 7,7 anos de estudo completos e apenas 41,8% das pessoas dessa faixa etária alcançaram 11 anos de estudo ou mais, demonstrando que o nível de instrução das mulheres vem aumentando com o passar do tempo o que pode explicar maiores índice de instrução das entrevistadas neste estudo. 72 Gráfico 2 – Dados coletados das entrevistadas, por renda familiar, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 2; 2% 9; 8% 37; 35% Menos de 01 salário mínimo 01 salário mínimo de 02 a 03 salários mínimos Mais de 03 salários mínimos 58; 55% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Os dados do gráfico 2 revelam a renda mensal das entrevistadas, em que se verifica que 89% das estudadas declaram receber até um salário mínimo e apenas 11% destas sobrevivem com 02 ou mais salários mínimo. Estudos mostram que grupos com menor nível socioeconômico pode ser mais propenso a adquirirem doenças sexualmente transmissíveis, mesmo que a sífilis não seja uma moléstia exclusiva às classes menos favorecidas. Estudo realizado por Magalhães e outros (2013) indica que pouca renda pode ser indícios importantes de restrito acesso aos programas de saúde. Para Silveira e outros (2002) o convívio desproporcional de poder e a submissão financeira das mulheres, principalmente em países em desenvolvimento, restringe a obtenção adequada e atualizada das informações. Foi verificado pelo o IBGE em 2013 que em 16,4% dos domicílios brasileiros o rendimento médio mensal domiciliar per capita era de até ½ salário mínimo e que para a classe de rendimento mais alto (acima de 2 salários mínimos) este percentual alcançou 21,7%. A divergência com este estudo se deve provavelmente ao momento político, que a população brasileira vivencia nos dias atuais. (IBGE, 2015). 73 Gráfico 3 – Dados coletados das entrevistadas, por etnia, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 3; 3% 19; 18% Branco Preto 21; 20% Pardo Não declararam 63; 59% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 O gráfico 3 demonstra que 63% das mulheres declararam a cor da pele como parda, 21% sendo a cor da pele como preta, 19% branca e 3% não quiseram declarar. Estudo realizado por Cavalcante e outros (2012) aponta que uma proporção importante da população apresentou sintomas de DST no último ano e um dos fatores que esteve significativamente associado à maior prevalência de sintomas de DST foi à cor da pele não branca. Pesquisa realizada em Gurupi - TO por Tavares e outros (2014) demonstrou a prevalência da cor parda entre as entrevistadas. Outro estudo realizado por Nascimento e outros, (2012) no Hospital Geral de Nova Iguaçu, observou-se a predominância de mulheres pardas em relação às negras e brancas, cerca de 64,6% destas se diziam pardas. Pesquisa similar realizada em Campo Grande – MS Por Figueiró Filho e outros (2007) verificou-se que de 1.024 avaliadas, destas 75,9% eram pardas. Já em pesquisa desenvolvida por Lima e outros (2013) em Belo Horizonte – BH 70% das estudadas eram da cor parda ou preta. Em discordância, os estudos de Tabiz e outros (2012) realizado no Hospital do Trabalhador em Curitiba-PR no período de 2007 a junho de 74 2011 demonstraram que houve predominância de mulheres brancas, cerca de 72,3%. Ao comparar os resultados dessa pesquisa, observou-se que os dados são concordantes com alguns estudos realizados em diferentes regiões do Brasil. Porém houve divergência com pesquisa realizada pelo IBGE (2015), sobre a declaração da raça da população brasileira entre 2009 e 2011, exibindo queda dos que se declararam pardos que passou de 44,2% para 43,1%, também diminuíram a expressão dos autodeclarados brancos de 48,2% para 47,8%, entretanto houve aumento da representação populacional de negros que passou de 6,9% para 8,2%. Gráfico 4 – Dados coletados das revistadas, por estado civil, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 28; 26% 24; 23% Solteira União estável Namorando 1; 1% Separada 6; 6% Casada 47; 44% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Das entrevistadas 75 dessas mulheres têm parceiros fixos, sendo que 31 não possui um relacionamento estável. Estudo realizado inferiu que um dos parâmetros a serem observados no diagnóstico da sífilis é a união estável, onde a maioria dos VDRL reagentes se encontrava nessa condição. Dados semelhantes foram publicados em trabalhos realizados no Ceará, no Pará, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. (LEITÃO et al., 2009). Além do mais, as mulheres vivem em 75 condições de vulnerabilidade em virtude ainda da submissão ao parceiro, e estes se expõem mais, por acreditarem serem fortes imunes à doença e terem a infidelidade como fato natural e as mulheres mesmo com único parceiro, muitas vezes são acusadas de terem adquirido a doença (CAVALCANTE et al., 2012). Uma pesquisa realizada em fortaleza – CE por Victor e outros. (2010) verificou que das 20 mulheres participantes 16 eram casadas. Semelhantemente Almeida, Lindolfo e Alcântara (2009) desenvolveram um estudo na rede pública de Anápolis-GO, com 59 mulheres com sífilis atendidas na Unidade de Saúde do Progresso, onde cerca de 60% relataram serem casadas. Araújo e outros, (2006) realizou estudo parecido com 46 mulheres com VDRL positivo atendidas na Fundação Santa Casa do Pará, constataram que 78,3% destas eram casadas. Pesquisa realizada por Brandão e outros. (2011) também relata predominância de mulheres casadas. Confirmando os dados achados neste estudo. Em contradição com a pesquisa inferida pelo IBGE (2015) demonstrou que 57,1% dos entrevistados declararam viver em algum tipo de união conjugal, quando questionados se viviam em algum tipo de união, contra 42,9% que disseram não manter qualquer tipo de relacionamento conjugal. E também houve discordância dentro do grupo dos que viviam em união, a maioria 43,2% estava unida por laços de casamento civil e religioso e em segundo lugar, com 34,8%, vinham os que viviam em união consensual. 76 Gráfico 5 – Dados coletados das entrevistadas, por mulheres que possuem filhos e o número, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastradas no ESF Mamoeiro – Unaí - MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). Sim 38 24 7 Não 18 Um 4 26 Dois Três 15 88 Quatro Mais de cinco Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Segundo os dados do gráfico 5, 88 mulheres possuem filhos, o que reflete diretamente na renda mensal, levando a uma menor qualidade de vida e apenas 18 não possuem filhos. De acordo com a projeção de população do IBGE divulgada em 2013, a taxa de fecundidade total para o Brasil passou de 2,39 filhos por mulher, em 2000, para 1,77 em 2013, representando uma queda de 26% neste indicador. Um indicador relacionado à fecundidade é a proporção de mulheres, nos diferentes grupos etários, que não tiveram filhos nascidos vivos. Seguindo a tendência de queda na taxa de fecundidade total. Assim, nota-se que as mulheres com maior escolaridade adiam mais a maternidade e, ao final do período reprodutivo, maior proporção permanece não tendo filho. (IBGE, 2014). Os dados corroboram com os encontrados neste estudo que mostra a queda em número de filhos pelas as mulheres. 77 Gráfico 6 - Dados coletados das entrevistadas por trabalho através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 43; 41% Sim Não 63; 59% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 O gráfico 6, representa o número de mulheres que trabalham e as que não trabalham, sendo que, 43% das entrevistadas trabalham e 63% não estão inseridas no campo do trabalho. Os resultados corroboram com os obtidos por Mesquita e outros (2012) que apontaram número elevado de donas de casa com essa DST, com média total de 63,26%. Victor e outros (2010) em pesquisa realizada em Salvador - BA testificou que a maioria das mulheres estavam fora do mercado de trabalho, sendo que das 20 pesquisadas 15 eram donas de casa. A população feminina teve uma redução no nível de desocupação, no período, um pouco maior que a masculina, mas elas representam ainda o maior contingente de desocupados (3,7 milhões) e registraram a maior taxa de desocupação (8,3%), contudo, acerca dos movimentos da força de trabalho, deve-se considerar que, nos últimos nove anos, foram às mulheres que mais incrementaram a população ocupada. Com efeito, uma maior procura por trabalho implica numa maior taxa de desocupação se a demanda é limitada. (IBGE, 2014). 78 Gráfico 7 - Dados coletados, sobre a profissão através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 10; 23% Doméstica Diarista Outros 25; 58% 8; 19% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Neste gráfico 7 foi possível observar que a predominância das profissões das entrevistadas é de doméstica, sendo 23% das participantes, seguida das diaristas 19% e 57% possuem outras profissões como: babá, açougueira, autônoma, trabalhadora rural, manicure, técnica em enfermagem, agente de endemias, boia fria, artesã, revendedora, balconista atendente, cozinheira e auxiliar de serviços gerais. Os resultados corroboram com os obtidos por Victor e outros (2010), em pesquisa exploratória e descritiva na cidade de Fortaleza - CE, com 20 puérperas no período entre fevereiro e junho de 2008, constataram que 4 eram domésticas . Mesquita e outros (2012) em estudo realizado em Sobral – CE apontou que 10,2% das estudadas eram domésticas. Valores mais elevados foram observados em pesquisa realizada em Salvador - BA por Almeida, Pereira (2007), das entrevistadas 53,8% das mulheres com sífilis eram domésticas. 79 Gráfico 8 - Dados coletados, sobre o tipo de moradia através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 13; 12% 25; 24% Emprestada/cedida Própria Alugada 68; 64% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Os dados do gráfico 8 demonstram que 65% das participantes residem em casa própria, 24% pagam aluguel e 11% moram em casa emprestada ou cedida. Foi revelado pelo IBGE (2015) que cerca de 70% dos domicílios próprios já foram pagos, e 4,7% estão em processo de aquisição. Os alugados representam 17,3%, os cedidos 7,5% e os que tinham outra forma de ocupação, 0,5%. Valores bem próximos dos encontrados neste estudo. 80 Gráfico 9 - Dados coletados, por número de pessoas que residem com entrevistadas. Através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 8; 8% 46; 43% 22; 21% Uma Duas Três Quatro ou mais 30; 28% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 O gráfico 9 demonstra o número de pessoas que residem com as entrevistadas; sendo que quatro pessoas ou mais correspondem a 43%, as mulheres que moram com três pessoas 28%, com duas 21% e apenas 8% dessas residem só com uma pessoa. Foi demonstrado pelo IBGE (2010) que 87,2% das casas brasileiras são formadas por duas ou mais pessoas com algum grau de parentesco, confirmando os achados nesta pesquisa. Porém houve discordância entre os achados pelo o IBGE (2015) expondo que a proporção de residências com quatro ou mais moradores reduziu de 40,4% para 37,7%, enquanto aqueles com até três moradores passou de 59,6% para 62,3%. 81 Gráfico 10 - Distribuição das participantes, segundo a presença de atividade sexual , através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). Sim 106; 100% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 No gráfico 10 evidencia que 100% das pesquisadas possuem vida sexual ativa, justificado pela pesquisa ter sido realizada apenas com mulheres que possuem vida sexual ativa. A maior ocorrência destas doenças se dá em pessoas adultas, com atividade sexual e, quanto maior o número de parceiros, maior é a probabilidade de contraí-las. (MIMS et al.,1999). As DST existem desde a antiguidade em um elevado percentual de indivíduos sexualmente ativos. (ESPÍRITO SANTO, 2008). Uma moléstia aparentemente provocada pelos excessos sexuais, a comprometer a saúde das futuras gerações. (SANTOS JUNIOR et al., 2007). 82 Gráfico 11 - Dados coletados, por número de parceiros sexuais, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 28; 26% Um Dois 56; 53% Três ou mais 22; 21% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Neste gráfico 11, foi possível evidenciar que 52% das mulheres tiveram apenas um parceiro sexual, enquanto que 48% já tiveram 02 ou mais parceiros sexuais, aumentando o risco de adquirirem doenças sexualmente transmissíveis. Pouca referência sobre a incidência de sífilis relacionada ao número de parceiro sexual foi encontrada. De qualquer forma, a utilização de condom impede a contaminação nos pontos mais comuns de lesão, é necessário também, reduzir o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de pegar sífilis. (BRASIL, 2009). Para Mesquita e outros (2012) não ter parceiros fixos, constitui um grupo vulnerável a adquirir DST, além da maior dificuldade de captação e tratamento concomitante do parceiro. Pesquisa realizada por Araújo e outros, (2006) com 46 mulheres analisadas com VDRL positivo no Pará, constatou que 87% tiveram relação apenas com 1 parceiro, sugerindo a contaminação da mulher por seu parceiro promíscuo. Segundo pesquisa realizada em São Paulo – SP sobre a prevalência de sífilis por Pinto e outros (2014) demonstrou uma porcentagem elevada de mulheres 34,3% com parceria fixa. Segundo Oliveira, (2011) quanto maior o número de parceiros, maior é a probabilidade de contrair a doença. 83 Gráfico 12 - Dados coletados, por uso de preservativo, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 23; 22% 22; 21% Sempre As vezes Nunca 61; 57% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Os dados do gráfico 12 relata que 57% das mulheres não tem um conhecimento sobre a importância de estar usando camisinha, 22% nunca usaram e somente 21% sabem dessa importância. Apesar da grande relevância que o uso da camisinha apresenta para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, poucas mulheres abdicam do sexo sem prevenção adequada mostrando, portanto que, cada vez mais, os profissionais da área da saúde devem estar intervindo, com palestras e ações educativas. Para Costa e outros (2011) entre os possíveis determinantes para a manutenção da transmissibilidade da sífilis e outras DST, destacam-se: o uso irregular e pouco frequente de preservativos, baixa escolaridade, multiplicidade de parceiros sexuais, sentimentos de onipotência e pouco envolvimento com os aspectos preventivo. O comportamento deste grupo configura um desafio para a Saúde Pública, em decorrência das repercussões psicossociais e econômicas em âmbito individual, familiar e contexto social. Essa realidade vem sugerindo a necessidade de reavaliação das estratégias de sensibilização, quanto ao estilo de vida, planejamento da família e prevenção de doenças graves, como sífilis e 84 HIV/AIDS, entre outras. Estudos indicam que mulheres jovens apresentam dupla vulnerabilidade. No Brasil (1996), encontrou-se uma prevalência de uso de condom na última relação de risco de 11,4% em mulheres, na faixa etária de 15 a 49 anos. Estudo realizado em São Paulo – SP por Pinto e outros (2014) sobre Prevalência de Sífilis e fatores associados, reportou que o uso de preservativo, em algumas relações sexuais, foi 50,5% entre as mulheres. Gráfico 13 - Dados coletados, quanto a ter relação sexual contra suas vontades, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/Outubro de 2015; (n=106). 7; 7% Sim Não 99; 93% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Neste gráfico 13 foi possível observar que 93% das entrevistadas nunca tiveram relação contra sua vontade, porém 7% confirmaram que mantiveram relação sexual contra suas vontades, mostrando a importância da ação dos profissionais da saúde com orientação através de palestras e veículos de comunicação, para que a realidade dessas mulheres possa mudar e que essa porcentagem possa ser zerada. Segundo Oliveira e outros, (2005). A violência nas relações de gênero e, particularmente, a violência sexual pode implicar na maior ocorrência de diversos problemas de saúde física, reprodutiva e mental, como também acarreta maior uso dos serviços de saúde por parte das mulheres. Os serviços de saúde, sobretudo os 85 pronto socorros, são os mais procurados pelas mulheres vítimas de violência sexual e doméstica, que têm de responder a dois dilemas: perceber/reconhecer a violência sofrida pela mulher, dando credibilidade a uma queixa e, romper com uma recorrente prática de medicalizar os eventos observados. Na maioria das vezes, as mulheres vítimas de violência apresentam problemas que não se reduzem às consequências imediatas dos atos violentos vivenciados, mas apresentam interfaces que precisam contar com o aporte interdisciplinar, como as cicatrizes deixadas na vida sexual, afetiva, social, profissional. Gráfico 14 - Dados coletados, de acordo com o conhecimento sobre o que é sífilis, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 33; 31% Sim Não 73; 69% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 No gráfico 14 é possível observar que 73% das entrevistadas desconhece o que é a sífilis, um percentual muito alto para dias atuais e somente 30% das entrevistadas têm conhecimento do assunto em questão, isso nos mostra que a carência de informações acerca da sífilis foi notória nesse estudo. Segundo Cavalcante e outros (2012) apesar de a sífilis ser uma doença que existe desde a antiguidade um percentual muito alto de mulheres desconhece essa patologia, aumentando assim o risco de adquirirem essa moléstia, mantendo assim a cadeia 86 de transmissão, sendo assim, necessário uma mobilização rápida para que aumente o índice de entendimento sobre essa DST que pode trazer sérias consequências é até a morte, podendo ser evitada por uma simples ação. Vale ressaltar que o conhecimento sobre a sífilis pode ajudá-las no enfrentamento da doença, minimizando os sentimentos negativos e as repercussões deste problema em suas vidas. Gráfico 15 - Dados coletados, por conhecimento de como a sífilis é transmitida, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 37; 35% Sim Não 69; 65% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 O gráfico 15 mostra que 64% das entrevistadas não sabem como a sífilis é transmitida, mostrando que falta informação sobre essa DST, deixando assim essas mulheres vulneráveis para adquirirem essa patologia, sendo que apenas 36% sabem como essa doença é transmitida, evidenciando que é necessária uma intervenção urgente, para aumentar o nível de conhecimento sobre essa doença. De acordo com Araguaia (2015) conhecer sobre ela é de extrema importância, uma vez que, não sendo curada, pode manifestar complicações sistêmicas e, inclusive, causar problemas como cegueira, paralisia e danos cerebrais. Em um estudo preliminar qualitativo realizado por Víctor e outros (2010, p. 118), foi possível 87 observar que para as participantes o conhecimento sobre a sífilis era incipiente, em relação à prevenção, transmissão e tratamento. Assim como foi exposto neste estudo. Gráfico 16 - Dados coletados, por conhecimento das consequências dessa doença, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 23; 22% Sim Não 83; 78% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Os dados do gráfico 16 apontam que apenas 22% sabem das sérias consequências que essa doença pode causar e a grande maioria 78% desconhece esses riscos. Dessa forma, mostra a necessidade de promoção de ações direcionadas ao controle da doença, incluindo ações de notificação, busca ativa, tratamento adequado e acompanhamento sorológico para comprovação da cura, a fim de que possam ser propostas mudanças que impliquem em um melhor enfrentamento da doença e, por sua vez, numa melhor qualidade de vida às mulheres. 88 Gráfico 17 - Dados coletados, por formas de se proteger contra essa patologia, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 43; 41% Sim Não 63; 59% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Neste gráfico foi possível constatar que 59% das mulheres entrevistadas não têm informação como se proteger contra a sífilis, deixando-as desprotegidas para adquirirem não só essas mais também outras DSTs, 41% sabem como se proteger, número pequeno para os dias atuais com tantos veículos de informação. Os profissionais da área de saúde têm o importante papel de produzir informações, esclarecer e incentivar as famílias e os pacientes, sobre os tratamentos e prevenção das DSTs. É preciso ressaltar que os custos e benefícios da prevenção da sífilis, baseados na atenção primária, são mais favoráveis do que o tratamento, reduzindo os gastos públicos e permitindo a aplicação de verbas em outros setores da saúde pública, através de novos investimentos (BRASIL; 2010). 89 Gráfico 18 - Dados coletados sobre o direito de a mulher pedir ao parceiro que use camisinha, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 5; 5% 2; 2% Sim Não Não reponderam 99; 93% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Como foi exposto no gráfico 18, é possível constatar que algumas mulheres ainda têm dificuldade em reivindicar seus direitos, mesmo que, isso as possibilite a terem alguma consequência, mais a grande maioria já têm conhecimento dos seus direitos. Para Cavalcante e outros (2012) as mulheres vivem em condições de vulnerabilidade em virtude ainda da submissão ao parceiro, e estes se expõem mais, por acreditarem serem fortes imunes à doença e terem a infidelidade como fato natural. Os homens se lamentam por não terem se prevenido, e as mulheres, mesmo com único parceiro, muitas vezes são acusadas de terem adquirido a doença. A recusa dos homens em usar preservativo permanece como a chave do problema. Como visto em diversos estudos, os homens pensam que apenas podem sentir o orgasmo de suas parceiras e o seu próprio orgasmo quando não usam preservativos, e por isso não usam. Em estudo realizado por Silveira e outros (2002) foi exposto que no geral, o grupo que menos utilizou o preservativo foram as mulheres com parceria estável. Araújo; Silveira (2007) demonstraram em seu trabalho que a confiança no parceiro 90 foi um dado bastante recorrente, entre outras justificativas para o não uso do preservativo, além das dificuldades práticas de uso e uso de outro método contraceptivo (pílula), apesar da consciência sobre as DST. Além do que, o desenvolvimento de estratégias de prevenção de DST para pessoas que vivem relacionamento estável, particularmente a mulher, é dificultado, pois quando ela solicita o uso do preservativo, o companheiro pode desconfiar e levantar a possibilidade de uma possível traição. A falta de diálogo sobre a sexualidade entre casais influencia as atitudes de prevenção destes, e quando ocorre é propiciado por momentos conflituosos, como o diagnóstico de alguma DST. (ARAUJO; SILVEIRA, 2007). Gráfico 19 - Dados coletados, sobre o conhecimento de quem está exposto a essa doença, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 15; 14% Sim Não 91; 86% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 O gráfico 19 nos mostra que é necessário intensificar a quantidade e a qualidade das informações, principalmente em locais onde as pessoas são mais carentes, onde têm dificuldades em receber essas informações ou têm problemas para entendê-las, sendo que 86% não tem entendimento de quem está exposto à sífilis e somente 14% sabem quem está exposto. Para Cavalcante e outros (2012) o 91 conhecimento e o desconhecimento da sífilis muitas vezes cruzaram-se nos relatos das mulheres, já que algumas afirmam não conhecer a doença e outras ouviram falar na sífilis, em algum momento de suas vidas, porém não reconhecem as manifestações clínicas e as formas de prevenção e transmissão da doença, dificultando o seu diagnóstico precoce. Gráfico 20 - Dados coletados, sobre a frequência que as entrevistadas fazem visitas ao Ginecologista ou Clínico geral, através de questionário aplicado, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 33; 31% Raramete Semestralmete 55; 52% Anualmente 18; 17% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Os elementos deste gráfico indica que 52% das entrevistadas só fazem visitas médicas raramente, 31% vão ao médico anualmente e 17 fazem visitas ao médico semestralmente. Segundo Jiménez e outros (2011) as DST tem sido associado á promiscuidade sexual, provocando estigma moral e social nas pessoas que as contraem, levando à deterioração de seus relacionamentos e desvalorização social. Como consequências, algumas mulheres optam por não procurar os devidos cuidados médicos. 92 Gráfico 21 - Dados coletados, por VDRL reagente é não reagente, através de análise sorológica, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 2% Reagente Não reagente 104; 98% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 No Brasil, as taxas de soro positividade para sífilis em mulheres na idade fértil variam entre 1,5 e 5,0%, com níveis mais elevados em grupos de maior risco, de baixo nível socioeconômico e acesso mais complexo à educação e aos serviços de saúde. As mulheres são especialmente vulneráveis à sífilis por características biológicas: a superfície vaginal exposta ao sêmen é relativamente extensa. As doenças sexualmente transmissíveis DST são mais frequentemente assintomáticas e a mucosa vaginal é frágil, principalmente em mulheres mais jovens. (CAVALCANTE et al, 2012). Os resultados corroboram com os encontrados nas análises deste estudo, onde 2% das entrevistadas apresentaram VDRL reagentes. Estudo realizado por Signorini e outros (2007), sobre a prevalência da co-infecção HIV-sífilis em um hospital universitário da cidade do Rio de Janeiro - RJ no ano de 2005 demonstrou que a prevalência de sífilis entre as mulheres foi de 1,1%. Em outro estudo realizado por Oliveira e Figueiredo (2011) denominado “Abordagem conceitual sobre a sífilis na gestação e o tratamento de parceiros sexuais”, obtevese uma taxa de prevalência de 1,6% de sífilis em sua forma ativa. Oliveira; Verdasca; Monteiro (2008), em pesquisa realizada em Guarapuava, Estado do 93 Paraná sobre a Detecção de sífilis por ensaios de ELISA e VDRL em doadores de sangue do Hemonúcleo de dados mostraram índices de positividade para sífilis de 2,1%. Os resultados em si mostram em conformidade com esta pesquisa que apresentou 2% de VDRL reagente, demonstrando a competência dos profissionais que fazem parte da abrangência do ESF Mamoeiro, os números de resultados reagentes refletem o sucesso de um trabalho amplo oferecido por essa equipe. Gráfico 22 – Dados coletados, por positividade e negatividade do imuno-rápido sífilis, através de análise sorológica, referente à avaliação de sífilis em mulheres com vida sexual ativa cadastrada no ESF Mamoeiro – Unaí – MG no período Março/outubro de 2015; (n=106). 3; 3% Positivo Negativo 103; 97% Fonte: Elaborado pelo autor, 2015 Conforme publicação em 2010 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa seria de aproximadamente 12 milhões de novos casos da doença no mundo. A OMS estima ainda a hipótese de 937 mil ocorrências de sífilis em brasileiros por contaminação sexual, nos indivíduos sexualmente ativos, a cada ano. (PINTO et al., 2014). O aumento de mulheres infectadas pela sífilis e as graves consequências resultantes dessa patologia, especialmente quando não tratada, levantaram a necessidade de questionamentos acerca do problema. Mostrando que ainda existem 94 lacunas sobre estudos abordando as características da ocorrência da sífilis em mulheres na nossa realidade. (CAVALCANTE et al, 2012). Houve divergência dos valores de VDRL e Imuno-Rápido sífilis, talvez por serem testes de triagem. Também no inicio da doença segundo Larsen e outros (1995) são muito úteis para indicar o estágio da doença, porém necessita de testes confirmatórios que eliminam casos de falso positivo. 95 6 CONCLUSÃO Ainda que a sífilis seja uma patologia conhecida há séculos e que tenha agente etiológico bem definido, de fácil detecção, tratamento de baixo custo e 100% eficaz, ainda assim é considerado um grave problema de saúde pública, que instiga não só os gestores de saúde, mas também toda a humanidade, sendo, portanto difícil de ser eliminada. Apesar de grave, a sífilis é uma doença curável e não deixa sequelas, quando diagnosticada no início e tratada de forma ajustada, com acompanhamento de uma equipe qualificada que utilize de normas que visem o rastreio sistemático e a terapêutica adequada nas Unidades Básicas de Saúde; além de utilizar de ações de orientação sexual e de planejamento familiar. Foi notável a falta de informação e entendimento das entrevistadas neste estudo, diante da gravidade que essa doença pode gerar, talvez porque os esforços da Organização Mundial de Saúde, juntamente com a Organização Pan-Americana da Saúde, adotada pela Coordenação Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, estejam voltados para as gestantes. É necessário por tanto campanhas direcionadas especificamente para mulheres jovens, o que tudo indica são as principais causas do problema, segundo alguns especialistas. Também é importante ressaltar que, cada vez mais, pessoas se tornam portadoras da bactéria por falta de prevenção, sendo que poderia eliminá-la de maneira simples e fácil, através da utilização de preservativo que é essencial em toda relação sexual. Os resultados reforçam que a redução da ocorrência da sífilis, somente será possível quando as adoções de medidas mais efetivas de prevenção e controle forem sistematicamente aplicadas. Neste contexto, é de suma importância o papel do biomédico nas análises para detecção da patologia, oferecendo artifícios para a identificação e monitoramento da patologia, uma vez que são de fácil execução e os resultados podem ser liberados imediatamente, evitando assim a disseminação do treponema pallidum. 96 REFERÊNCIAS ALMEIDA, K. C.; LINDOLFO, L. C.; ALCÂNTARA, K. C. Sífilis em gestantes atendidas em uma unidade de saúde pública de Anápolis, Goiás, Brasil. RBAC, v. 41, n. 3, p. 181-184, 2009. ALMEIDA, M. F. G.; PEREIRA, S. M. 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A Faculdade TECSOMA, ciente do seu relevante trabalho para com o Município de Unaí, vem apresentar a aluna Neuza Maria Teixeira de Jesus, acadêmica do 8º período do Curso de Biomedicina da Instituição Faculdade Tecsoma – Paracatu - MG, e por meio deste solicitar o Sr Secretário de Saúde Hernandes Menezes a autorização para realização do Projeto de pesquisa de Conclusão de Curso com fins científicos, intitulado AVALIAÇÃO DE SÍFILIS EM MULHERES COM VIDA SEXUAL ATIVA CADASTRADAS NO ESF MAMOEIRO DE UNAÍ-MG através de coleta dados na unidade, análise de prontuários e amostras biológicas a ser realizado no período de março a outubro de 2015. Através deste trabalho a secretaria terá dados compilados referentes à incidência de Sífilis, fator que interfere nas relações sociais das mulheres, o que permite ações direcionadas no controle desta doença. Todos os dados serão coletados em conformidade com as normas éticas, respeitando o devido sigilo referente ao nome das participantes. Finalizado o trabalho uma cópia será entregue à secretária de saúde de Unaí-MG Desde já agradecemos pela atenção e contamos com sua colaboração. Colocamo-nos totalmente à disposição para demais esclarecimentos através do telefone (38) 33115800 ou pelo e-mail: [email protected]. Atenciosamente, _____________________________ Coordenadora ________________________ Aluna 104 APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO Prezada Senhora ____________________________________________________ Vimos através de este apresentar a proposta de Trabalho de Conclusão de Curso que será desenvolvido pela acadêmica Neuza Maria Teixeira de Jesus, regularmente matriculada no sétimo período de Graduação em Biomedicina, nesta instituição de Ensino Superior, intitulada “AVALIAÇÃO DE SÍFILIS EM MULHERES COM VIDA SEXUAL ATIVA CADASTRADAS NO ESF MAMOEIRO UNAÍ-MG”. O presente estudo tem como objetivo avaliar presença ou ausência de sífilis através de testes em mulheres de idade fértil e as possíveis causas. Para concretização deste trabalho, a acadêmica necessita coletar amostras biológicas das pacientes. Este trabalho não tem intenção de denegrir valores, mas contribuir de forma positiva na continuidade da assistência dessa clientela, também não visa lucros, nem vai gerar encargos ao município. Solicitamos, portanto, a colaboração e permissão de vossa senhoria para coleta das informações necessárias ao estudo. As informações pessoais como nome, endereço e contatos pessoais serão mantidas em sigilo e não serão divulgadas em qualquer hipótese. Declaro estar ciente e de acordo das informações deste Termo de Consentimento e concorda em participar desta pesquisa. Unaí, ____/_____/______ Assinatura: ___________________________________ ______________________ ________________________ Cláudia Peres da Silva Neuza M° Teixeira de Jesus Orientadora Acadêmica do Curso de Biomedicina 105 APÊNDICE C- QUESTIONÁRIO Iniciais: ___________________ Data de nascimento: ___/___/___ Questões socioeconômicas: 1. Qual a sua escolaridade? ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino superior ( ) Ensino médio ( ) Não possui 2. Qual a sua renda familiar? ( ) Menos de 01 salário mínimo ( ) de 02 a 03 salários mínimos ( ) 01 salário mínimo ( ) Mais de 03 salários 3. Você se considera? ( ) Branco ( ) Pardo ( ) Preto ( ) Não declarado 4. Estado Civil ( ) Solteira ( ) Casada ( ) Separada ( ) Namorando ( ) União estável ( ) Viúva 5. Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não Se sim quantos?______________________ ( ) Não Se sim qual a sua profissão?____________ 6. Trabalha? ( ) Sim 7. A casa em que você reside é: ( ) Emprestada ( ) Própria ( 8. Quantas pessoas moram com você? ( ) Uma ( ) Duas ( ) Três ( ) Quatro ou mais ) Alugada 106 Questões epidemiologistas 9. Possui vida sexual ativa? ( ) Sim ( ) Não 10. Quantos parceiros já teve? ( ) Um ( ) Dois ( ) Três ou mais ( ) Ás vezes ( ) Nunca 11. Faz uso de preservativo? ( ) Sempre 12. Já teve relação sexual contra sua vontade? ( ) Sim ( ) Não 13. Você sabe o que é sífilis? ( ) Sim ( ) Não 14. Você sabe como a sífilis é transmitida? ( ) Sim ( ) Não 15. Você sabe quais as consequências dessa doença? ( ) Sim ( ) Não 16. Você sabe quais as formas de se proteger contra essa doença? ( ) Sim ( ) Não 17. Em sua opinião, é um direito da mulher pedir ao parceiro que use preservativo? ( ) Sim ( ) Não 18. Você tem informações sobre quem está exposto? ( ) Sim ( ) Não 19. Com qual frequência você faz visitas ao Ginecologista ou clínico geral? ( ) Raramente ( ) Semestralmente ( ) Anualmente