O DUPLO ASPECTO DA REALIDADE DAS IDEIAS NA METAFÍSICA CARTESIANA BORGES1, Marcos Alexandre [email protected] – Universidade Estadual de Roraima - UERR RESUMO: Este trabalho aborda o conceito de ideia, em Descartes, a partir do duplo aspecto que este filósofo atribui à realidade das ideias. O principal objetivo é discutir as consequências desta caracterização na definição cartesiana de ideia. O conceito de ideia é central na filosofia primeira de Descartes, e o seu esclarecimento é indispensável para que se compreenda o modo como o sujeito se relaciona com a realidade. Pretendemos argumentar que, embora a realidade das ideias tenha um duplo aspecto, há uma unidade na compreensão deste conceito, na qual os dois aspectos da ideia estão intrinsecamente relacionados para sua definição completa. PALAVRAS-CHAVE: Descartes, Realidade formal das ideias, Realidade objetiva das ideias. INTRODUÇÃO: A teoria das ideias é um dos principais pontos da filosofia cartesiana, especialmente pelo papel que desempenha nesta filosofia. Em suas Meditações, mais especificamente na Terceira, Descartes apresenta sua concepção de ideia, na qual estão implicados conceitos fundamentais que fazem parte da compreensão de ideia desse filósofo, e que indicam haver uma equivocidade no sentido da ideia: trata-se dos conceitos de realidade formal e de realidade objetiva da ideia. Ou seja, as ideias podem ser consideradas a partir de sua realidade formal, e a partir de sua realidade objetiva. O que significa este duplo aspecto da realidade das ideias? Significa que há mais de um significado de ideia na filosofia cartesiana? Ou seriam estes dois aspectos complementares para a teoria das ideias? Com o presente trabalho, pretendemos discutir este problema à luz dos textos cartesianos, sobretudo das Meditações Metafísicas, mas também as Objeções e Respostas, os Princípios da Filosofia e algumas cartas nas quais o filósofo aborda tais conceitos. Esta discussão é fundamental para a compreensão da teoria cartesiana das ideias, ponto chave da ontologia do “fundador da modernidade filosófica”. MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica, com análise, reflexão e crítica conceitual a partir dos materiais pesquisados. Os materiais pesquisados são os textos metafísicos do autor, como os citados em nossa Introdução (que constam, também, nas Referências Bibliográficas abaixo). RESULTADOS E DISCUSSÃO: A presente pesquisa tem como resultado, parcialmente, a construção do texto que expressa a compreensão dos conceitos envolvidos na discussão, bem como as posições existentes acerca do problema proposto. Por um lado, poder-se-ia defender que o que chamamos de equivocidade de sentido do conceito de ideia, concernente ao duplo aspecto atribuído à realidade das ideias, tem como consequência a existência de duas compreensões deste conceito na metafísica cartesiana. Por outro lado, poder-se-ia argumentar que estes dois aspectos da realidade da ideia não podem ser considerados isoladamente, Realização: Rua Sete de Setembro, nº 231 – Bairro Canarinho Tel.: (95) 2121-0944/2121-0943 CEP: 69.306.530 – BOA VISTA – RR sendo cada um dos aspectos mencionados necessários para compor uma definição completa do conceito de ideia. Nossa pesquisa nos conduziu, principalmente, para este segundo posicionamento, tendo em vista que a definição cartesiana de ideia a compreende como a forma de pensar a partir da qual o sujeito representa uma coisa. CONCLUSÕES: Como a presente pesquisa está em pleno andamento, a conclusão que apresentamos aqui não é senão provisória. O que concluímos, previamente, é que a compreensão do conceito de ideia é fundamental para que se entenda de que modo, segundo o pensamento cartesiano, ocorre a relação do sujeito com a realidade que lhe é exterior; e que o conceito de realidade formal diz respeito ao aspecto da ideia enquanto algo do sujeito (as ideias são formas de pensar), enquanto o conceito de realidade objetiva diz respeito às ideias como algo do objeto pensado (as ideias são como imagens das coisas). REFERÊNCIAS: DESCARTES, R. Œuvres. Paris: Vrin, 1996. 11 vol. Publiées par Charles Adam et Paul Tannery. _____. Méditations métaphysiques. Paris: Garnier-Flammarion,1992. Edités par Jean-Marie Beyssade et Michelle Beissade. _____. Discurso do método; Meditações; Objeções e respostas; As paixões da alma. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. 5. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Col. Os Pensadores). _____. Princípios da filosofia. Trad. João Gama. Lisboa: Edições 70, 1997. FORLIN, E. A teoria cartesiana da verdade. São Paulo: Associação Editorial Humanitas; Ijuí: Editora Unijuí, 2005. GUEROULT, M. Descartes selon l’ordre des raisons i l’âme et Dieu. Paris: Aubier,1968. 2 v. LANDIM FILHO, R. Evidência e verdade no sistema cartesiano. São Paulo: Edições Loyola, 1992. BORGES, M. A. A ideia como signo da exterioridade ontológica na metafísica de Descartes. In.: Filosofia do Renascimento e Século XVII. São Paulo: Anpof, 2015. Realização: Rua Sete de Setembro, nº 231 – Bairro Canarinho Tel.: (95) 2121-0944/2121-0943 CEP: 69.306.530 – BOA VISTA – RR