Texto de apoio ao curso de Especialização

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade Física Adaptada e Saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
O culto ao corpo, a busca alucinada por um visual “saradão” e a obsessão pela perfeição têm
levado muitos frequentadores de academia a introduzir o consumo de anabolizantes e hormônios
em sua rotina de vida. Volta e meia essas substâncias ganham - por força da desinformação ou
excesso de vaidade - o status de santos “milagreiros”. Na verdade, esses medicamentos, quando
utilizados de forma inadequada, que não seja para o tratamento das doenças ou disfunções para
as quais foram desenvolvidos, não trazem ganho nenhum para seus usuários. Ao contrário,
representam sério risco à saúde, garante a endocrinologista Geisa Maria Campos de Macedo,
responsável pelo ambulatório de diabetes do Hospital Agamenon Magalhães, ligado à
Universidade Estadual de Pernambuco. Uma das últimas modas desse consumo equivocado é o
hGH - sigla para human growth hormone ou, simplesmente, hormônio de crescimento. Produzido
pela hipófise, glândula localizada na parte inferior do cérebro, é responsável pelo crescimento
humano principalmente na fase dos 13 aos 18 anos. Depois dessa idade, sua produção diminui
gradativamente. Desenvolvido sinteticamente, o GH é utilizado no tratamento de pessoas que
apresentam deficiência desse hormônio, quadro que pode levar ao nanismo na fase infantil e de
adolescência ou a doenças como a osteoporose, na fase adulta. Quando a pessoa se utiliza do
GH sintético com finalidade estética - para dar mais suavidade à pele, obter maior disposição
física ou auxiliar na definição localizada de massa muscular -, mas sem que esteja com qualquer
deficiência na produção natural do hormônio, as consequências podem ser: o fechamento
antecipado das cartilagens ósseas impedindo a continuidade do crescimento, em adolescentes;
ou o aumento da possibilidade de problemas cardiovasculares e até o aparecimento de tumores
cancerígenos, em adultos, explica Geísa. Se a pessoa já passou da fase de crescimento - que no
menino se encerra por volta dos 18 anos e, na menina, alguns anos após a primeira menstruação
-, o uso excessivo do GH pode resultar em acromegalia, doença que se traduz no crescimento
das extremidades, tais como pés, mãos e queixo, revela a endocrinologista. Para o diabético, o
GH tem o inconveniente adicional de ser hiperglicemiante e, por isso, tende a dificultar o controle
da doença. A médica conta que também se discute a participação desse hormônio na piora da
retinopatia diabética, o que poderia levar a sangramento e a cegueira numa evolução mais
rápida. Além disso, Geísa lembra que o usuário de GH tende a aumentar a carga de exercícios
físicos e, se se tratar de um diabético com neuropatia periférica, o excesso de atividade física e
uso de sapatos inadequados podem levar ao surgimento de lesões ou úlceras nos pés. Sem
contar que, em qualquer caso, o aumento indiscriminado de exercícios não descarta a
possibilidade de uma crise hipoglicêmica. Outro hormônio também utilizado por malhadores
profissionais é a testosterona. Para a médica, essa é uma prática arriscada, que pode levar à
atrofia dos testículos e ao aumento da possibilidade de surgimento de câncer no fígado. Os
suplementos vitamínicos podem ser usados com moderação, lembrando que o excesso de
vitaminas A e D causa intoxicação. Os suplementos protéicos, que têm suas vantagens
alardeadas em muitas academias, também precisam ser consumidos com cautela, alerta a
médica, porque na verdade representam uma sobrecarga de proteínas que deve ser levada em
consideração no controle da dieta e do diabetes, podendo influir negativamente em ambos.
Esses suplementos protéicos podem, ainda, sobrecarregar os rins da pessoa que estiver com
quadro de nefropatia diabética, contribuindo, dessa forma, para o agravamento dessa situação.
Geísa defende que, em lugar de buscar a perfeição em medicamentos “milagrosos” e no excesso
de malhação, a pessoa procure o equilíbrio físico e mental, ingerindo dieta balanceada, rica em
fibras e alimentos integrais, realizando bom controle glicêmico e dedicando-se à prática de
exercícios de maneira mais racional. “Nós precisamos aceitar que temos algumas imperfeições e
é um exercício salutar administrá-las bem. Isso não significa ser desleixado ou descuidar-se, mas
buscar um aperfeiçoamento gradual e saudável, sem radicalismos. Assim, é possível obter um
físico bonito e também melhorar sua qualidade de vida e saúde”, conclui a médica.
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