Países de industrialização planificada IFMG – Campus Betim Contexto geral • Países opacos no século XIX, passaram por revoluções socialistas na primeira metade do século XX, onde foram implantadas economias planificadas. • Baseadas na propriedade estatal dos meios de produção e no planejamento centralizado. • Tabela de indicadores socioeconômicos. União Soviética/Rússia Origem e crise da economia planificada • A URSS foi formada em 1922, sob liderança de Lenin na Revolução Russa de 1917, com a vitória dos bolcheviques. • Sob o regime de Stalin (1924-1953), foi implantado um regime de partido único (Partido Comunista da União Soviética) com características de autoritarismo e centralizador. • O cargo máximo era o de Secretário-geral do PCUS, escolhido pelo politburo (comitê executivo do partido). Origem e crise da economia planificada • Uma das consequências desta revolução foi o processo forçado de estatização e planificação da economia. • Praticamente todos os meios de produção (fábricas, minas, fazendas, comércio, serviços) foram estatizados (confiscados e controlados pelo governo); • Metas de produção industrial, mineral e agrícolas passaram a ser definidas em planos elaborados pelo estado (Planos quinquenais, elaborados pelo Comitê Estatal de Planejamento. Origem e crise da economia planificada • O 1º plano (1928-1932) tinha como objetivo construir as bases da economia socialista, priorizando a indústria pesada, expansão da infraestrutura básica e criação de fazendas coletivas. • A economia e a produção industrial cresceram significativamente • Tabela: Índices anuais de produção manufatureira. • Sob este regime, a URSS alcançou o posto de 2º economia do planeta durante a 2º Guerra Mundial. • Durante a década de 1930, o crescimento industrial foi muito rápido, considerando sair de um patamar muito baixo na década de 1920. Origem e crise da economia planificada • Este regime foi bem-sucedido durante a economia mundial da Segunda Revolução Industrial. Neste período, a URSS esteve em pé de igualdade com os Estados Unidos. • Os planejadores priorizaram as indústrias intermediárias e de bens de capital para garantir a autonomia do país e na infraestrutura para sustentar a industrialização. Ex: indústrias siderúrgica, petrolífera, bélica e de máquinas e equipamentos. • Foram construídas barragens, hidrelétricas, ferrovias, redes de transmissão de energia, portos, aeroportos. Origem e crise da economia planificada • O 2º plano quinquenal (1933-1937) continuou a priorizar a indústria pesada e o 3º (1938-1942) foi interrompido. O 4º (1946-1950) foi direcionado a recuperação econômica e a reconstrução das fábricas e das obras de infraestrutura destruídas pela guerra. • Os planos seguintes continuaram enfatizando o setor industrial de base e o bélico, já durante a Guerra Fria e a corrida armamentista. • No início da 3º Revolução Industrial, a URSS liderou alguns setores. Ex: em 1957, lançou o 1º satélite artificial, o 1º astronauta em órbita ao redor da Terra em 1961. Origem e crise da economia planificada • No entanto, a partir da década de 1970, quando a Revolução TécnicoCientífica se acelerou nos países capitalistas desenvolvidos, a URSS começou a sofrer defasagem econômica e tecnológica. • Muitos recursos financeiros eram gastos com a indústria bélica e aeroespacial, mas as inovações tecnológicas feitas nesses setores não migravam para as indústrias civis, dinamizando a economia e gerando novos produtos. • Como a produtividade da indústria em geral era baixa e não acompanhou os países capitalistas desenvolvidos, o parque industrial ficou incapaz de produzir bens em quantidade e qualidade suficientes para a população, gerando filas e aborrecimentos. Origem e crise da economia planificada • No início da década de 1980, com a eleição nos Estados Unidos de Ronald Reagan, que triplicou o orçamento para a defesa, a União Soviética não conseguiu acompanhar a corrida armamentista e os acordos de paz começaram a ser criados. • Em 1985 Mikhail Gorbatchev assumiu como secretário-geral o PCUS. Seu desafio era celebrar acordos de redução de armas e recolocar o país no mesmo patamar tecnológico do mundo ocidental. • Texto: Perestroika – novas ideias para o meu país e o mundo Origem e crise da economia planificada • Gorbatchev propôs, logo que assumiu o poder, um conjunto de reformas com o objetivo de modernização da economia, chamado perestroika (reestruturação). • - atrair investimentos estrangeiros • - facilitar a formação de empresas mistas • - incorporar novas tecnologias da 3º Revolução Industrial • - introduzir processos produtivos e métodos de controle de qualidade • - frear a corrida armamentista • (Ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1990) Origem e crise da economia planificada • Essas propostas envolveram também reformas políticoadministrativas, buscando liberdade de imprensa e direitos democráticos mínimos. Com a implantação da glasnost (transparência política), teve início a abertura política da URSS. • Este processo acelerado acabou libertando vários movimentos políticos nacionalistas, de minorias étnicas que foram oprimidas pelos russos, reivindicando autonomia. • Então vários territórios foram declarando a sua independência, levando a fragmentação da URSS. O fim da União Soviética e o ressurgimento da Rússia • Gorbatchev tentou firmar um novo acordo com as repúblicas (dando maior autonomia), mas um dia antes de entrar em vigor, os comunistas ortodoxos e setores conservadores das forças armadas deram um golpe de estado (18 a 20 de agosto de 1991). • O golpe fracassou por falta de apoio popular e divisões do PCUS e pela resistência do presidente da Rússia – Boris Ieltsin. • Boris, fortalecido com a crise, começou a desmontar as instituições da URSS ( proibiu o PCUS, confisco de seus bens e em dezembro de 1991, a Rússia saiu da URSS. O fim da União Soviética e o ressurgimento da Rússia • Neste período, foi criado o Acordo de Minsk, que criou a Comunidade de Estados Independentes (CEI) entre Rússia, Ucrânia e Belarus. Logo depois, 11 das antigas repúblicas da URSS aderiram a CEI. • Mapa da pág. 201. • Em 25/12/1991, Gorbatchev renunciou ao cargo de presidente da URSS. • A CEI foi criada para tentar gerir a interdependência econômica que existe entre as repúblicas da URSS e a Rússia. Esta ocupou o lugar da URSS no Conselho de Segurança da ONU, mas perdeu poder no mundo, pois vários de seus países ingressaram na OTAN e na União Europeia. O fim da União Soviética e o ressurgimento da Rússia • No período de 1990-2000 o PIB russo encolheu em média anual, 4,7%, sendo constante até 1996. Durante a crise russa, voltou a cair (1998) e depois voltou a crescer rapidamente (1999 até a crise de 2008/2009. Na década de 2000-2010, a média de crescimento anual foi de 5,4%. • Tabela indicadores econômicos da Rússia – pág. 202. A indústria Russa: os imensos recursos naturais • Extensão territorial; • Diversidade da estrutura geológica; • Possui muitos recursos minerais. • Bacias sedimentares: combustíveis fósseis. • Escudos cristalinos: minerais metálicos. • Grande potencial hidráulico em seus rios. • Mapa e tabela na pág. 203. • É o 2º produtor e exportador de petróleo e o maior produtor e exportador de gás natural e importante produtor de carvão mineral. A indústria Russa: o parque industrial • 2 grandes concentrações industriais: Montes Urais e Moscou e menores na Sibéria ocidental. • Mapa da pág. 204. • Nos Urais predominam indústrias de bens intermediários e de bens de capital. Em Moscou predominam indústrias de bens de consumo e de capital (grande mercado consumidor). Na Sibéria ocidental, grandes indústrias pesadas. • Com o fim da URSS, iniciou-se o processo de privatização e adoção de mecanismos da economia de mercado, além da modernização da economia. A indústria Russa: o parque industrial • Durante o governo de Boris Ieltsin (1991-1999) muitas empresas foram privatizadas por vários agentes, incluindo grupos criminosos que pagaram valores muito baixos por elas. Mas ainda existem empresas estatais, principalmente aquelas ligadas a setores estratégicos, no caso russo, de energia. • No governo Putin, como Presidente ou Primeiro Ministro, mais estatais foram privatizadas, garantindo um bom crescimento econômico, até o ano de 2009. Ver gráfico crescimento do PIB, pág. 205. • Também, há vários investimentos externos desde os anos 2000 na Rússia, conforme quadro na página 205. China A formação da China Comunista • A China é um país com muitos anos de história. Até início do século XX, não tinha um grande desenvolvimento industrial sob o controle político da dinastia Manchu, que acabou em 1912, resultado de um processo liderado por Sun Yat-sem que deu origem à Republica da China organizando o Partido Nacionalista (Kuomintang). • Neste período, o país continuava o caos político e ainda muito dependente das potências estrangeiras. Mas já se inicou um processo de industrialização com investimentos estrangeiros em busca de mão de obra numerosa, e por isso, barata e muita disponibilidade de matéria prima, principalmente na região de Xangai. Mas o resto do páis continuava camponês. • Na década de 1930 a industrialização foi interrompida, pela ocupação japonesa e depois pela guerra civil, durando até 1949. A formação da China Comunista • Neste período, varias ideias revolucionárias foram ocorrendo, inspiradas pela Revolução Russa e o sentimento nacionalista e anticolonial, provocando a criação do Partido Comunista Chinês em 1921. • O militar Chiang Kai-shek, sucessor de Sun Yat-Sen, declarou o PCCh ilegal logo após 1928 iniciando uma guerra civil entre os comunistas e os nacionalistas. • Em 1934, os japoneses implantaram na Manchúria um estado, governado pelos japoneses que é rico em minérios e combustíveis fósseis. Em 1937, os japoneses, em guerra contra a China, tinham ocupado até o fim da 2º Guerra mundial, quase dois terços do seu território. Somente neste período a guerra civil foi apaziguada, para derrotar o inimigo em comum. A formação da China Comunista • Após a rendição do Japão, o conflito voltou. Em 1949, os comunistas, liderados por Mao Tsé-tung, formado por voluntários, camponeses, saíram vitoriosos e proclamaram a República Popular da China, unificando o território continental sob controle dos comunistas. • Os membros do Kuomintang se refugiaram na ilha de Formosa, onde fundaram a República da China, mais conhecida como Taiwan. • Ler texto: relação China-Taiwan. • No início da revolução, a China seguiu o modelo político econômico da URSS. As comunas populares foram implantadas segundo o modelo das fazendas coletivas da URSS. • Foi um movimento camponês e não operário. O processo de industrialização • De 1957 a 1961, Mao lançou o plano econômico Grande salto à Frente. Ele pretendia implantar um parque industrial amplo e diversificado, priorizando investimentos na indústria bélica, de base e de infraestrutura que sustentassem a industrialização. • Devido a burocracia e má gestão, este plano desarticulou a economia industrial do país, padecendo também dos mesmos males da URSS. • As divergências aumentaram e em 1964 a China fez testes com bomba atômica e depois de hidrogênio. Em 1965, ocorreu o rompimento entre a URSS e a China. Moscou retirou os técnicos que estavam na China agravando seus problemas econômicos. O processo de industrialização • O rompimento sino-soviético abriu espaço para a aproximação sinoamericana. Deng Xiaoping assumiu o poder após a morte de Mao (1976) e promoveu a Segunda revolução da China, a socialista de mercado. A economia socialista de mercado • A China começou a se modernizar, depois de seus vizinhos (Japão e Tigres Asiáticos) a partir de 1978, em um processo de reformas econômicas no campo e na cidade, paralelos a abertura da economia chinesa ao exterior. • Ler texto: Balanço das reformas, pág. 209. • O que significa “integrar a verdade universal do marxismo com a realidade concreta de nosso país [...] e construir um socialismo com peculiaridades chinesas”? A economia socialista de mercado • Trata-se de conciliar o processo de abertura econômica e a adoção de mecanismos característicos da economia de mercado (propriedade privada, trabalho assalariado, estímulo a iniciativa privada e ao capital estrangeiro) com a manutenção, no plano político, de uma ditadura de partido único, que o regime, em uma contradição, chama de “ditadura democrática popular”. • É uma tentativa de perpetuar a hegemonia do PCCh baseada em uma economia em crescimento e em moldes capitalistas. A economia socialista de mercado • A evidência mais clara de que não se trata de uma abertura também política foi a repressão aos manifestantes na praça da Paz Celestial, em 1989. Até hoje não há eleições diretas na China. • No final da década de 1970, a reforma começa na agricultura, em um país de quase 1 bilhão de habitantes, dos quais, 75% eram agricultores. Foram extintas as comunas populares e, embora a terra ainda pertencesse ao Estado, cada família poderia cultivá-la e comercializar livremente sua produção. Isso provocou uma disseminação da iniciativa privada e do trabalho assalariado levando ao aumento de produtividade e da renda dos agricultores, expansão do mercado interno e estímulo a economia como um todo. • Mas a transformação ainda ia atingir a indústria. A economia socialista de mercado • A partir de 1982, iniciou-se a abertura industrial. As empresas estatais tiveram que se adequar (melhorar qualidade, baixando preços, demandas), além do surgimento de pequenas empresas e a constituição de empresas mistas para atrair capital estrangeiro. • A criação das Zonas Econômicas Especiais e depois as cidades abertas, portos abertos e outras modalidades de abertura ao exterior foram muito importantes. O objetivo destas áreas era constituir enclaves capitalistas dentro da China, atrair empresas estrangeiras que levavam capitais, tecnologia, experiência de gestão, que faltavam aos chineses. • A China concedeu ao capital estrangeiro ampla liberdade de atuação nestas áreas. Assim, desde 1990, o país ocupa o 2º lugar de maior receptor de investimentos produtivos do mundo. • Quase todas as transnacionais tem filiais na China, mas para se instalarem, precisam ser joint ventures, o que implica em transferência tecnológica. • Mapa da página 211. A economia socialista de mercado • As empresas são atraídas pelos seguintes fatores, além da produção voltada ao mercado externo e ao crescente mercado interno: • Baixos salários e mão de obra razoavelmente qualificada (os sindicatos são proibidos); • Política tributária favorece as exportações (redução ou isenção de impostos); • Controle da taxa de câmbio(controle do yuan artificialmente baixa pelo governo); • Moderna infraestrutura nas zee’s (portos, ferrovias, rodovias, telecomunicações); • Muitos recursos naturais (matéria-prima e fonte de energia); • Permissividade com relação a poluição e degradação ambiental; • Grande crescimento e fortalecimento do mercado interno (elevação da renda da população). A economia que mais cresce no mundo e suas contradições • Tabela de indicadores econômicos da China: pág. 211. • Tabela os maiores exportadores mundiais de mercadorias e o crescimento no período 1980 – 2010: pág. 213. • - a economia que mais cresce no mundo, mas no território é desigual: Exemplos: província de Guangdong e cidade de Xangai; • - mão de obra barata, mas o governo quer de volta os chineses (dos Estados Unidos) e fortalecer em Taiwan, Hong Kong e Cingapura; • - tem muito recurso natural no país, mas ainda falta, assim, tem investido na África Subsaariana (Angola): novo imperialismo?; • - é grande exportador, mas intensivo em trabalho (baixo e médio valor agregado) quer ampliar a exportação de maior valor agregado; A economia que mais cresce no mundo e suas contradições • Desde 1980, a China também vem implantando seus tecnopolos, conhecidos como “ZONAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TECNOLÓGICO”, situadas na costa leste: Xangai, Cantão, Fuzhou, Xiamen e Hainan. • -problema das migrações internas, cidade de Shenzen: em 1975 tinha 300 mil, em 2010 tinha 9 milhões; • -graves impactos ambientais provocados pelo rápido e insustentável crescimento econômico. O parque industrial • Muito diversificado e presença de muitas estatais. • Há 20 anos não havia nenhuma empresa nas listas das maiores do mundo. • Isso reflete o explosivo crescimento econômico. • Mas há milhões de pequenas empresas, até na zona rural, com mercadorias de baixo valor agregado. • Nos setores estratégicos da indústria, o controle do Estado é maior. • Ver tabelas na página 216 e 217.