acolhimento do paciente hiv em uma unidade de

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ACOLHIMENTO DO PACIENTE HIV EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA
DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
CESAR, Maria Rafaela Perillo de Moraes¹; YAGNI, Jur aciara Sadahiro²; ALMEIDA,
João Benício³; CHAGAS, Luciene Reginato 4
1,2
Cursos de Enfermagem, Faculdade de Ciências da Saúde,
Universidade do Vale do Paraíba, [email protected]; [email protected]
3,4
Docente do Curso de Enfermagem da Universidade do Vale do Paraíba
UNIVAP, Brasil, Fone: +55 12 3947 1011, Fax: +55 12 3947 9999
Av. Shishima Hifumi, 2911 - Urbanova - 12244-000 - São José dos Campos - SP
Resumo- A revelação do diagnóstico do HIV é um momento de impacto para o paciente, pois neste
momento uma nova realidade é inserida em sua vida. O acolhimento visa à descentralização do
atendimento, a um só profissional, estendendo-o para toda a equipe. Trata-se de uma pesquisa
exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa. Tem como objetivo identificar na experiência de
profissionais de saúde, fatores facilitadores e os que dificultam a realização do acolhimento ao paciente
HIV. Utilizando como referencial teórico a Análise de Conteúdo de Bardin, foram encontradas as seguintes
categorias: Humanização no momento do acolhimento; A construção do conhecimento do tratamento para o
portador de HIV; Dificuldades na aceitação do diagnóstico clínico; Interferência do estado emocional do
paciente; História clínica incerta; Alteração de comportamento; Perfil sócio-econômico cultural; e como
sugestões encontradas para sua resolubilidade: Busca do equilíbrio emocional do profissional; Equipe
multidisciplinar. Assim, é possível inferir que o momento do acolhimento interfere na adesão ao tratamento
do paciente.
Palavras-chave: HIV, acolhimento, profissionais de saúde
Área do Conhecimento: Enfermagem
Introdução
A palavra acolhimento consiste em: ato ou
efeito de acolher; recepcionar, dar atenção,
consideração, refúgio e abrigo. O acolhimento na
saúde consiste em uma reorganização dos
serviços de saúde que visa ao acesso universal, à
resolubilidade e ao atendimento humanizado.
Baseia-se na escuta de todos os pacientes, no
intuito de oferecer uma resposta positiva aos seus
problemas de saúde. Além disso, visa à
descentralização do atendimento, estendendo-o
para toda a equipe (NASCIMENTO, 2008). O
acolhimento é de grande importância para a
adesão do portador do HIV/AIDS ao tratamento.
Ter o HIV não significa ter a AIDS e sim que, no
sangue, foram detectados anticorpos contra o
vírus. Há muitas pessoas soropositivas que vivem
durante anos sem desenvolver a doença.
Contudo, podem transmitir aos outros o vírus que
trazem consigo (BRASIL, 2008).
Os pacientes com HIV/AIDS apresentam
inúmeros sintomas relacionados à doença, e aos
efeitos do tratamento. É importante que os
profissionais de saúde compreendam as causas,
os sinais e sintomas e as intervenções para
estimular a qualidade de vida dos pacientes com
HIV (BRUNNER, 2005). Anos atrás, receber o
diagnóstico de HIV era quase uma sentença de
morte. Atualmente, a AIDS pode ser considerada
uma doença crônica, graças aos avanços
tecnológicos e às pesquisas, que propiciam o
desenvolvimento de medicamentos cada vez mais
eficazes. A experiência obtida ao longo dos anos
por profissionais de saúde possibilitaram aos
portadores do vírus ter uma sobrevida cada vez
maior e de melhor qualidade (BRASIL, 2008).
A literatura está cheia de relatos de
dificuldades psicológicas de profissionais com
relação às formas de interação envolvendo
sentimentos como antipatia e desconforto perante
as condições físicas e emocionais em que o
paciente se encontra. São relatos que comprovam
a necessidade de suporte ao próprio profissional e
que representam uma barreira à realização de
vínculos significantes para o atendimento
equilibrado (FIGUEIREDO, 2000). Mesmo tendo
sido observado mudanças favoráveis de atitude de
profissionais de saúde ao longo dos anos, muitas
barreiras ainda são interpostas ao atendimento a
esses pacientes. No âmbito do atendimento direto,
o estigma representa uma primeira barreira que,
aliadas ao medo, a ansiedade e a falta de
informações relega o paciente muitas vezes a
condições
subumanas
de
assistência
(FIGUEIREDO, 2001).
Observamos
em
nosso
cotidiano
de
estudantes que o suporte do tratamento de saúde
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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a esses pacientes ainda sofre com o estigma da
doença. Chamou-nos, portanto a atenção o
momento onde o paciente, recebe o diagnóstico
de sua soropositividade (HIV) e como o
profissional envolvido trabalha o mesmo. Assim,
este estudo, tem o objetivo de identificar na
experiência de profissionais de saúde, fatores
facilitadores e os que dificultam a realização do
acolhimento ao paciente HIV. Sua relevância
justifica-se pela gravidade da infecção/doença,
necessidade de adesão ao tratamento e
conscientização do risco de transmissor do vírus
pelo portador.
Auxiliar de
Enfermagem*
Auxiliar de
Enfermagem*
Resultados
Após avaliação do questionário, podemos
caracterizar os sujeitos, conforme demonstrado na
tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição por categoria profissional,
tempo de formação e atuação dos profissionais
envolvidos no acolhimento dos pacientes
portadores de HIV. São José dos Campos SP –
N=06.
Tempo
Tempo
Profissão
Formado
Atuação
Assistente Social
Psicóloga
Enfermeira
Técnico de
Enfermagem*
33 anos
30 anos
27 anos
30 anos
17 anos
14 anos
23 anos
14 anos
04 anos
-
04 anos
*02 auxiliares e 01 técnico de enfermagem estão
cursando o último ano do curso de Graduação em
Enfermagem.
Ao analisarmos os questionários foi possível
identificar as seguintes categorias encontradas
nas “falas” dos sujeitos.
Figura 1 – Categorias identificadas.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratória,
descritiva, com abordagem qualitativa. Realizada
em um centro de referência em Moléstias
Infecciosas de um município do Vale do Paraíba
Paulista.
Esta unidade oferece atendimento aos diversos
tipos de Moléstias Infecciosas, através de
acompanhamento ambulatorial e do serviço de
Hospital Dia.
Participaram da pesquisa, após assinarem o
termo de consentimento livre e esclarecido CEP:
H272/CEP/2008, 06 sujeitos, do sexo feminino,
correspondendo a 100% dos profissionais de
saúde que fazem o acolhimento dos portadores de
HIV, neste centro de referência; com idade média
de 46 anos e 6 meses e mediana de 46 anos (25 54 anos).
Utilizou-se como referencial teórico a Análise
de Conteúdo de Bardin que trabalha as palavras e
suas significações, procurando conhecer o que
está
por
trás
das
palavras
analisadas
(BREVIDELLE; DOMENICO, 2008).
06 anos
Fatores
facilitadores
Fatores
Dificultantes
1 - Humanização no momento do
acolhimento
2 - Construção do conhecimento do
diagnóstico clínico
1 - Dificuldade na aceitação do
diagnóstico clínico
2 - Interferência do estado
emocional do paciente
3 - História clínica incerta
4 - Alteração de comportamento
5 - Perfil sócio-econômico cultural
Resolubilidade 1 - Busca do equilíbrio emocional
das
do profissional
dificuldades 2 - Equipe multidisciplinar
encontradas
Discussão
Por tratar de um estudo qualitativo,
descrevemos abaixo as “falas” dos sujeitos,
justificando
as
categorias
encontradas
relacionando-as à literatura, sem julgamento.
Referente às respostas da questão 1: Na sua
opinião cite 05 pontos importantes que não podem
faltar no momento do acolhimento ao paciente
HIV/AIDS? Foram encontradas as seguintes
categorias:
Categoria 1 - Humanização no momento do
acolhimento.
Sujeito 1- “Recepcionar o paciente e inspirar
Sujeito
Sujeito
Sujeito
Sujeito
Sujeito
confiança”
“Ouvir o paciente, suas duvidas e queixas”
2- “Recebê-lo com cordialidade e paciência”
“Fazê-lo sentir-se verdadeiramente
acolhido” ;“Não fazer julgamento de valores”
3- “Humanização do atendimento”
“Escuta da queixa do paciente”
4- “Recebê – lo bem e paciência”
“Transmitir segurança”
5 - “Escutar”
6- “Empatia do profissional com o paciente”
“Reconhecer o estado emocional do paciente”
“Compreender as dores do paciente”
“Ambos serem verdadeiros”
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Humanizar significa para Casate e Corrêa
(2005), a resolução das necessidades de saúde
nas pessoas, identificando nestas, sujeitos de
direitos. É observar em cada um sua
individualidade, suas necessidades específicas,
ampliando as possibilidades para que possa
exercer sua autonomia. Entende ainda Casate e
Corrêa (2005) que respeitar é ouvir o outro, ser
atencioso, considerar a individualidade e
subjetividade do ser humano e tratá-lo com
deferência. O que foi percebido nas “falas” de
nossos sujeitos.
Categoria 2 - A construção do conhecimento
do tratamento para o portador de HIV.
Sujeito 1- “Explicar o máximo possível sobre o
Sujeito
Sujeito
Sujeito
Sujeito
Sujeito
tratamento, avanços na terapia’;
“Orientar sobre as rotinas de atendimento”
“Responder suas dúvidas, trabalhando já o
seu retorno”
2- “Explicação sobre o diagnóstico”
“Explicação sobre a importância da adesão
do tratamento”
3- “Avaliar aspecto geral do paciente”
“Avaliar possíveis patologias apresentada
pelo paciente”;
“Resolutividade do atendimento”
4- “Orientar a importância da adesão ao
tratamento”
“Falar sobre a instituição”
5- “Avaliar estado emocional”;
“Avaliar condições físicas”; “Orientação” ;
“Encaminhamentos necessários”
6- “Esclarecer o máximo das dúvidas que
surgem”
Analisando o conteúdo das “falas” dos sujeitos
entendemos que a aplicabilidade da teoria de
Orem (1980), pode muito bem servir de referencial
teórico fundamentando esta 2ª categoria, pois para
Orem o autocuidado é a prática de atividades que
o indivíduo inicia e executa em seu próprio
benefício, na manutenção da vida, da saúde e do
bem-estar. Tem como propósito, as ações, que,
seguindo um modelo, contribui de maneira
específica, na integridade, nas funções e no
desenvolvimento humano. Esses propósitos são
expressos através de ações denominadas
requisitos de autocuidado.
Para o sucesso da adesão ao tratamento,
Colombrini (2006), são necessários três níveis
diferentes de comprometimento. O primeiro está
relacionado ao serviço: exames laboratoriais,
especialidades, agendamentos facilitados, vínculo
e acolhimento eficiente. O segundo se relaciona
com a qualidade de assistência prestada pelo
profissional, no seu empenho em ouvir, interagir,
conscientizar, adequar sua linguagem, etc. Por
fim, o papel do paciente, que precisa conhecer e
aceitar o tratamento proposto, aderindo às
estratégias para o autocuidado, orientações
alimentares, uso correto das medicações,
exercícios físicos no intuito de aumentar a
qualidade de vida. Para Bonolo (2001) é de
grande impacto emocional as mudanças que
ocorrem nos indivíduos em tratamento, tais como:
adaptações de horários, de rotina diária e de
trabalho. Além dos problemas causados pela
estigmatização da AIDS.
Referente às respostas da questão 2: Quais as
principais dificuldades vividas no momento do
acolhimento? Foram encontradas as seguintes
categorias:
Categoria 1 - Dificuldades na aceitação do
diagnóstico clínico.
Sujeito 1- “Ansiedade devido ao diagnóstico”;
Sujeito
Sujeito
Sujeito
Sujeito
“Futuro incerto, prognóstico”; “Sigilo”;
“Falta de conhecimento”
2- “Dificuldade de aceitação do diagnóstico”;
“Dificuldade de compreensão e aceitação do
diagnóstico”
4- “Relação ao diagnóstico”
5- “Negação da doença, paciente sem escuta”;
“Aspectos religiosos” ;
“Preconceito do próprio paciente em relação
à doença”
6- “Paciente reservado, tenso, assustado com o
diagnóstico”; “Falta de interesse no tratamento”
Segundo Lima (1996), todos os pacientes
merecem uma atenção especial no momento da
revelação do diagnóstico de HIV, devendo o
resultado
ser
dado
com
cuidado
e
responsabilidade, levando-se em consideração a
individualidade de cada um. A reação emocional
ao resultado positivo para HIV depende da
dinâmica psíquica do individuo, anterior ao
diagnóstico. Geralmente é vivido pelas pessoas
como uma sentença de morte com data marcada
para muito breve. É como se estivesse ouvindo
pela primeira vez que é um ser mortal, a crença
inconsciente em sua imortalidade torna-se ilusão,
resta uma realidade paralisadora e angustiante.
Surgem temores de discriminação, de abandono e
de perdas sociais, devido à própria percepção da
AIDS: é o medo de algo real. Vemos o paciente
em um estado de desamparo e desorganização
emocional, com sentimentos de culpa, raiva e
pânico. Alguns se sentem imponentes e ficam
paralisados em estado de choque. Outros ficam
ansiosos e maníacos tentando correr contra o
tempo. A confusão emocional e a ansiedade
podem aparecer também sob a forma de muitas
perguntas, como tentativas de controlar a situação
emergente, que precisam, sem dúvida, ser
ouvidas e respondidas. É muito importante tentar
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perceber o estado emocional do paciente, saber o
que ele pensa e sente naquele momento, que
significado está sendo dado para esta nova
realidade.
Categoria 2 - Interferência do
emocional do paciente.
Sujeito 1- “Preconceito”
Sujeito 2- “Abalo psicológico e emocional”
estado
“Medo de revelar o diagnóstico
parceiros e familiares”; “Medo da morte”
Sujeito 4- “A parte psicológica”; “Agitação”
aos
Os pacientes infectados pelo HIV e AIDS
experimentam
significativas
alterações
psicológicas, em diversos momentos desde que
conhece o resultado da soropositividade até as
últimas fases da doença. Dentre as complicações
que se manifestam: ansiedade, depressão, ira,
culpa, obsessões e auto-observação, além de
excessiva preocupação com a saúde. Entretanto,
mesmo que a resposta psicológica do indivíduo
infectado ao receber a notícia de que é
soropositivo varie este geralmente experimenta
stress e ansiedade. A ansiedade é a reação mais
comum nas pessoas com HIV, juntamente com a
perda do sono e memória em alguns casos. Há
também o temor de adoecer gravemente, de
morrer, de sentir-se discriminado socialmente, e a
raiva com relação aos demais. Outra reação
psicológica à infecção HIV, que afeta a muitas
pessoas, é a depressão. As diferentes respostas
dos indivíduos ao diagnóstico vão depender de
vários fatores, dentre eles: as expectativas de um
resultado positivo, o grau de conhecimento sobre
a doença, o estado de saúde, a personalidade do
sujeito, sua saúde mental, os valores éticos do
indivíduo e os apoios ou pressões sociais e
familiares que o paciente possa ter, além de sua
situação sócio-econômica (REMOR, 1997).
Categoria 3 - História clínica incerta.
Sujeito 3- “Encaminhamento de outro serviço sem que
paciente saiba o diagnóstico”;
“Pacientes em situação transitória no
município”; “Pacientes detentos provenientes
de outros presídios e sem relatório de
transferência”;“Pacientes provenientes de
outros municípios sem relatório de transferência”
Sujeito 4- “Familiares”
O período entre a aquisição do HIV e a
manifestação da AIDS pode durar alguns anos,
porém, apesar de o indivíduo portador do vírus
estar muitas vezes assintomático, pode apresentar
importantes transtornos na esfera psicossocial, a
partir do momento em que fica sabendo de seu
diagnóstico (CANINI, 2004).
Para que ocorra a efetivação do principio da
integralidade no serviço do Sistema Único de
Saúde, é necessário que estabeleça uma
estratégia de comunicação entre os serviços de
maior e menor complexidade que compõem o
sistema, propiciando que paciente seja assistido
com base em seu histórico de saúde e
tratamentos passados. Para que isso aconteça é
preciso haver um sistema de referência e contra –
referencia dentro do Sistema de Saúde, em que
um serviço informa o outro sobre o estado de
saúde,doença e tratamento do individuo (FRATINI,
2007).
Conforme Giovanella,L.C. et al (2002)
referencia
e
contra-referencia
significa
proporcionar
ao usuário
acesso aos níveis
diferenciados de complexidade, com o mérito de
garantir a eficácia na utilização dos recursos e a
universalização do acesso, a equidade
e a
integralidade.
Categoria 4 - Alteração de comportamento.
Sujeito 5 - “Pacientes drogaditos/ etilistas”;
“Preconceito da população geral com
relação à doença”
Usuários de drogas injetáveis infectados pelo
HIV apresentam alta prevalência de alterações
psiquiátricas, especialmente depressão e suicídio.
Portanto, antes da abordagem da questão do uso
de drogas, é necessário investigar e tratar as
alterações psiquiátricas, além do uso de drogas
eventualmente presentes. Ao iniciar - se o
tratamento deve-se avaliar a motivação do
paciente. É necessário e fundamental que o
paciente queira parar de usar drogas (LIMA,
1996).
O medo do preconceito para Chalub (2008)
interfere no tratamento, já que muitos
soropositivos não tomam os remédios na presença
de outras pessoas, às vezes nem dos próprios
familiares. Também são comuns, discriminação no
trabalho, dificuldades nos relacionamentos e
tendência ao isolamento. Há ainda aqueles que
desistem dos seus sonhos. Entende ainda Chalub
(2008), que a popularização do uso do
preservativo e a divulgação de evidências
científicas, como a queda dos índices de
mortalidade, devido o sucesso da terapia antiretroviral potente e das políticas públicas de
saúde, a dissolução do conceito de grupo de risco,
têm contribuído para vencer o preconceito do
próprio portador do HIV e da sociedade em geral.
Categoria 5 - Perfil sócio-econômico cultural
Sujeito 4 - “Sócio econômico”;
“Pacientes em situação de rua”
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Parker (1994) aponta que fatores sociais,
culturais, políticos, e econômicos específicos têm
moldado a epidemiologia da AIDS e as reações e
respostas a ela no Brasil. O surgimento da AIDS
no país se deu em um momento histórico
específico: final do governo militar e a tentativa de
volta a uma democracia. A crise econômica
acentuava os problemas já existentes na saúde
pública do país, e limitava a capacidade do
governo de dar respostas aos problemas impostos
por uma nova doença epidêmica. Além disso, o
viver com HIV/AIDS consistia um desafio, pois
associada à falta de informações generalizadas,
tanto por parte dos portadores quanto da
sociedade, ocorriam também discriminações e
preconceitos contra os portadores.
O Brasil foi um dos primeiros países a garantir
o acesso universal aos medicamentos antiretrovirais, em 1996. A infecção passou a ser vista
como uma doença de caráter evolutivo crônico e
potencialmente controlável (BRASIL, 2002).
Referente às respostas da questão 3: Descreva
pelo menos uma conduta que julgue importante
para resolver as dificuldades encontradas? Foram
encontradas as seguintes categorias:
Categoria 1 - Busca do equilíbrio emocional
do profissional
Sujeito 1- “Conhecimento e estabilidade emocional,
para responder as indagações do paciente”
Sujeito 2- “Apoio psicoemocional, explicação sobre os
métodos de tratamento e terapia
medicamentosa que permitem a qualidade de vida”
Sujeito 4- “Tranqüilidade e equilíbrio emocional”
Sujeito 6- “Com o paciente mais reservado tentar uma
conversa mais leve e descontraída perguntando
sobre o seu dia a dia, trabalho, família, o que ele
sabe sobre HIV/AIDS. Com o paciente não
aderente ao tratamento tentar atender os motivos
do abandono que podem ser financeiros,
familiares, de pressão... “
O perfil do profissional da saúde, não deve
permear somente as habilidades do raciocínio
lógico, do domínio matemático, mas também a
capacidade do indivíduo sentir, entender os
sentimentos, controlá-los e modificar o seu estado
emocional, bem como de outras pessoas que o
cercam (SOUZA, 2008).
Para Stefanelli (1982), o envolvimento
emocional é vital na relação com o cuidar do
paciente. Já no estudo de Filizola e Ferreira (1997)
os enfermeiros consideram o envolvimento com o
paciente prejudicial para si mesmo, para o
paciente e para o serviço. Assim, justificam a
busca pelo equilíbrio emocional do profissional, no
cuidar.
Categoria 2 - Equipe multidisciplinar
Sujeito 3- “Discussão casos entre equipe
multidisciplinar. Retaguarda do profissional
médico”
Sujeito 5- “O paciente portador de HIV/AIDS deve ser
assistido por uma equipe multidisciplinar.
Após diagnóstico situacional do paciente,
agendar/encaminhar para os profissionais da
equipe conforme demanda diagnosticada”
Para prover efetivamente cuidados básicos aos
pacientes com infecção sintomática pelo HIV,
Sadovsky (1991) salienta a necessidade de
compreender seu meio sociocultural, bem como
manter uma boa comunicação e oferecer apoio
emocional incondicional. O paciente precisa ser
atendido por uma equipe multidisciplinar que deve
avaliar
suas
necessidades
psicossociais,
permitindo-lhes participar ativamente nas decisões
a respeito do tratamento e estilo de vida.
Conclusão
- Foram identificados como fatores facilitadores: A
humanização e a construção do conhecimento do
tratamento para o portador de HIV no momento do
acolhimento.
- Como fatores que dificultam o acolhimento:
aceitação do diagnóstico clínico, o estado
emocional do paciente, a história clínica incerta,
alteração de comportamento e perfil sócioeconômico cultural.
- E como resolutividade das dificuldades
encontradas: Busca do equilíbrio emocional do
profissional e Equipe multidisciplinar.
Considerações finais
É de fundamental importância o momento do
acolhimento, pois este favorece a adesão ao
tratamento do paciente portador de HIV, e o
profissional de saúde que o acolhe é uma fonte de
informações e expectativas sobre a continuidade
de sua vida, na medida em que pode favorecer a
construção de uma estrutura afeto – cognitiva que
mantenha uma esperança sobre si mesmo e o
meio em que vive.
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6
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