apresentação - Facom-UFBA

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O PERCURSO
Um Trabalho de Conclusão de Curso, naturalmente, deve ser um reflexo da trajetória
do concluinte, desde as matérias cursadas na faculdade até as atividades extracurriculares.
Sendo assim, o que melhor resume o meu período acadêmico é o Jornalismo Cultural, área
onde pretendo exercer a profissão quando formado. Nesse período, as experiências adquiridas
em três estágios em áreas distintas apontaram também para uma outra preferência: o
Jornalismo Impresso, especialmente aquele exercido nas redações dos jornais diários. Deste
modo, nada mais natural do que juntar um ao outro e dar vida ao projeto Frente e Verso- A
música e a rotina de cinco bandas do rock baiano, um caderno especial tendo a música, mais
especificamente o rock, como objeto principal.
Desde o início do curso de Comunicação em Jornalismo, no primeiro semestre de
2001, a cultura mostrou-se como meu campo preferencial. No primeiro semestre, a optativa
escolhida foi Seminários de Atualização em Comunicação, ministrada pelo professor Albino
Rubim. Dedicamos-nos ao estudo do espetáculo e, ao final da disciplina, cada aluno deveria
apresentar uma espécie de monografia simplificada sobre um espetáculo midiático. O tema
que escolhido foi o festival Rock in Rio III, evento em que estive presente em cinco dos sete
dias. Daí em diante, configurava-se um desejo de sempre que possível escolher uma disciplina
que fizesse jus à preferência.
O resultado final foi que das sete optativas, cinco possuíam afinidade com cultura.
Entretanto, devido à falta de disciplinas que tratam de música, literatura, quadrinhos, teatro e
outros temas, o cinema acabou sendo a escolha primordial. Disciplinas como Argumento e
Roteiro, Cinema Internacional e Temas Especiais em Cinema são exemplos disto. Linguagens
da Comunicação, ministrada pelo professor Monclar Valverde, foi a única que se destacou no
campo da música, com uma ementa que prioriza o estudo da canção, sob um víeis estético.
A cultura se fez mais presente nas atividades extracurriculares. Durante o 3º e 4º
semestres do curso (2002-2003), estagiei no portal iBahia.com, do grupo Rede Bahia, veículo
com inclinação para o setor cultural. Mesmo passando um período no setor de plantão de
notícias, foi nos canais voltados à música, literatura e cinema que me destaquei. Logo assumi
a semanal Coluna Pop-Rock, do extinto canal iRado, com plena liberdade para exercer o
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jornalismo opinativo e informativo. A seção trazia notícias do universo do pop e rock, com
menor destaque para a cena local. Um mês depois, a coluna transformou-se em Discoteca
Narcisista1, com nome e conceito criados por mim, onde indicava discos de meu acervo
pessoal. O setor de notícias foi mantido, mas com especial destaque para os eventos locais. A
partir daí, a relação com os profissionais do meio foi se solidificando. Mais tarde, o Discoteca
Narcisista virou blog e se manteve associado ao iBahia até meados de 2004, depois
transformado numa coluna independente. Além da coluna, realizei diversas entrevistas e
reportagens associadas ao Jornalismo Cultural, notadamente a música, durante a experiência
no iBahia.com. Foram realizadas também coberturas de eventos como o Festival de Verão e o
Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Após esse período, estagiei em outro veículo da Rede Bahia, a TV Salvador2.
Confirmando a inclinação para a área musical, assumi a direção, produção e roteiro do Todos
os Tons, programa veiculado três vezes por semana na emissora, com apresentação da então
também estudante da Ufba, Briza Menezes. Durante o ano que durou o estágio, o programa
entrevistou os mais diversos artistas do meio musical, tanto local quanto nacional, além de
apresentar diversos videoclipes e noticiais. Foi mantido o interesse de doar especial atenção à
cena de rock independente da Bahia, algo que foi amplamente elogiado pelos telespectadores,
em correspondências e e-mails. Em momentos específicos, participei de coberturas de eventos
como o Festival de Verão, o Carnaval e o Barra Fashion.
Um intercâmbio cultural na Universidade de Santiago de Compostela foi realizado
entre setembro de 2004 e agosto de 2005, onde o interesse pelo Jornalismo Cultural se
manteve aceso. No retorno, iniciei o estágio no jornal Correio da Bahia, também da Rede
Bahia, ainda a ser encerrado no final de julho. Não por acaso, o setor escolhido foi o Folha da
Bahia, caderno de cultura do jornal. Neste período, desenvolvi especial afeição ao formato
impresso, além de aprimorar conhecimentos nas áreas de música, cinema, quadrinhos e
literatura. Mais uma vez, a música foi o maior destaque, com diversas matérias publicadas no
caderno, além de viagens para coberturas de eventos como o Skol Beats3, em São Paulo.
Durante toda a faculdade, leituras colaboraram para o amadurecimento da idéia de
priorizar o Jornalismo Cultural, tanto de revistas especializadas, como de livros e manuais
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A coluna hoje é um blog e ainda está ativo no endereço www.discotecanarcisista.blogger.com.br.
Canal 28 (UHF) e canal 38 (Net)
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Maior festival de música eletrônica do Brasil
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sobre o assunto4. A leitura diária dos dois cadernos de cultura mais importantes da cidade, o
Folha da Bahia (Correio da Bahia) e o Caderno 2 (A Tarde), colaborou também para uma
visão mais crítica do que é mostrado pelos principais veículos locais.
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As leituras mais relevantes e condizentes com o tema são citadas nas Referências
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O PROJETO
Este projeto, até ganhar a presente forma, passou por diversas modificações. A
princípio, como imaginado na disciplina Elaboração de Projeto em Comunicação, cursada no
5º semestre, seria uma revista, Rock em Cena, uma espécie de piloto para uma publicação
mensal. Desde então, o rock era o agente motivador, algo que se manteve até o presente
estágio. Já no semestre seguinte, durante os encontros da disciplina Desenvolvimento
Orientado de Projeto, a Rock em Cena saiu do formato impresso para uma versão online,
ainda mantendo o princípio geral de mostrar os principais destaques da cena local, entrevistas
e um pouco da história do rock baiano.
A idéia esfriou devido ao intercâmbio acadêmico realizado entre setembro de 2004 e
agosto de 2005. No retorno, a necessidade de realizar um projeto diferenciado, trazendo um
novo olhar no que tange à divulgação do rock baiano, ao mesmo tempo em que foge do que é
trabalhado na maior parte das revistas especializadas ou sites afeitos ao tema, provocou uma
radical mudança. A idéia era apresentar bandas de destaque na atual cena do rock baiano, mas
não somente em relação a sua trajetória, sonoridade e motivações, mas também focando nos
componentes das bandas como indivíduos. Desse modo, não se perde a necessidade
informativa do projeto, que sempre apresenta os personagens de um modo interessante tanto
para aqueles que já os conhecem quanto para os que não têm afinidade com o tema, além de
priorizar um olhar diferenciado.
Para tanto, a decisão em executar o trabalho em dupla mostrou-se como a melhor
opção, trazendo novas possibilidades em termos de observação dos objetos escolhidos, como
também permitindo a elaboração de um produto mais abrangente. Nesse sentido, a também
concluinte Camila Jasmin foi convidada a participar do projeto, também abandonando a idéia
inicial que vinha desenvolvendo, envolvendo humor e Publicidade. Com Camila como
parceira, a intenção era trazer humor ao projeto, em doses discretas, e possibilitar uma outra
visão das bandas de rock baiano. Como desenvolvo matérias desde 2002 sobre bandas locais
de rock, existia o risco de cair na mesmice ou até mesmo imprimir um olhar viciado ao tema.
A participação de uma pessoa que não tem uma intimidade inicial com o cenário local, mas
ainda assim freqüenta alguns dos shows e demonstra interesse pela música, acaba por
enriquecer o trabalho de final de curso.
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Definida a parceria, restava escolher a plataforma para o desenvolvimento do
tema. De início, o formato de vídeo parecia uma interessante opção, entretanto foi logo
abandonado, pois não possuíamos suficiente experiência na área para encarar a empreitada.
Além disso, mais do que uma matéria televisiva, o tema se encaixaria mais ao documentário,
formato pouco conhecido por nós. Deve-se levar em conta ainda a inexperiência no manejo da
câmera e as dificuldades que existem para editar e finalizar esse tipo de material nas
dependências da faculdade.
Neste momento, eu iniciava um estágio no caderno de cultura do Correio da Bahia, o
Folha da Bahia, aproximando-me cada vez mais do formato impresso. Camila Jasmin já tinha
desenvolvido o mesmo interesse quando foi colaboradora do jornal Província da Bahia e
costumava desenvolver textos no estágio de então, na Bahiatursa. O caderno especial nos
pareceu então a melhor opção, pois mantém a idéia de uma unidade temática e permite o
desenvolvimento do conceito “frente e verso” inclusive fisicamente, com as páginas ímpares
dedicadas ao que normalmente é divulgado na imprensa e as pares trazendo os bastidores e
vida pessoal dos componentes das mesmas bandas. O modelo caderno especial permite
também a utilização de uma linguagem mais leve, utilizando inclusive elementos de humor.
Além disso, futuramente, podemos transpor o material também para o formato online, um
caminho que não se mostra tão complicado.
A primeira definição tomada no sentido de restringir o campo de atuação foi
exatamente escolher o rock como gênero musical que liga as cinco bandas. Uma idéia que
busca promover uma cena que é forte, mesmo que pouco explorada pela mídia. Deve-se levar
em consideração também que é o estilo musical mais popular do mundo e reconhecível em
qualquer canto que se vá. Mas, o que é rock? De acordo com Roberto Muggiati, autor de
Rock, o Grito e o Mito, o rock nasceu de um grito, vindo da cultura negra. “Pois o rock nasceu
de um grito, o primeiro grito do escravo negro ao pisar em sua nova terra, a América. (...) O
primeiro grito negro cortou os céus americanos como uma espécie de sonar, talvez a única
maneira de fazer o reconhecimento do ambiente novo e hostil que o cercava” (MUGGIATI,
1973, p.8). O autor deixa claro que a origem do rock é negra, porém não esquece que a
influência da tradição européia foi moldando gradativamente este grito. E foi exatamente esta
combinação entre o histórico musical europeu e o grito africano que deu origem ao blues.
Desde o surgimento do blues, existe o diálogo entre a guitarra e a voz, que foi mantido no
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rock. Com a saída do blues do ambiente rural, onde viviam os escravos, para o ambiente
urbano (especialmente os guetos negros), o gênero foi se modificando e ganhou a alcunha de
rhythm & blues. Uma nova fusão ocorreu posteriormente, desta vez entre o rhythm & blues e
dois estilos essencialmente brancos: o country e o western. Entende-se country como a música
rural do branco pobre, enquanto o western era a música dos cowboys do oeste norteamericano. Mais uma vez, a cultura branca se miscigenava com a cultura negra, uma marca na
história de formação do rock. Desta fusão entre o rhythm & blues e o country & western
surgiu o rock and roll. No livro O que é Rock, Paul Chacon reitera esta fusão entre as
tradições negras e brancas, mas enfatiza que foi no negro rhythm & blues que o rock buscou a
quase totalidade das suas origens corpóreas. O country, o pop e a música de tradição européia
foram responsáveis por alguns poucos elementos que impediram que o rock se transformasse
apenas na “versão branca do rhythm & blues”.
Nos anos 50, o rock’n’roll se solidificou com Bill Haley and The Comets, que criou
uma batida diferente acentuada no segundo e quarto tempos de uma marcação 4x4. O ano era
o de 1954, quando foi lançada a música Rock Around The Clock. Logo surgiria Elvis Presley e
o cenário musical passou a ser composto por artistas do rock’n’roll, em sua maioria homens
brancos que cantavam e dançavam como os negros. Poucos anos depois, o rock and roll se
transformou apenas em rock.
O rock é a música que nasceu nos primeiros anos da década de 1960 nos Estados
Unidos (Bob Dylan) e na Inglaterra (The Beatles), feita por jovens exclusivamente
para jovens, e que a partir do (disco) Sgt. Pepper´s (abril/67) ganhou finalmente
projeção universal. Muitos o chama de rock’n’roll, pois o rock atual não existiria
sem aquela revolução sonora desencadeada nos anos 1950 por Elvis Presley, Chuck
Berry, Little Richard, Bill Haley, Jerry Lee Lewis e outros, que abalaram as
estruturas do Establishment com o seu ritmo selvagem. (MUGGIATI, 1973, p.7)
É perceptível que as tentativas de conceituar o rock sempre acabam descambando
para o emocional e sensorial. Quem gosta do rock, sente o rock, percebe claramente que
aquilo é rock. “Poderíamos argumentar que esses clássicos (Satisfaction, Rolling Stones;
Help!, The Beatles; Johnny B. Goode, Chuck Berry) têm o dom de agitar as platéias, que não
resistem em suas cadeiras, e fazem o mais rígido dos jovens se contaminar pelas notas que
parecem penetrar pelas veias e artérias e põem o sangue para borbulhar”. (CHACON, 1982,
p.12). Ou ainda: “Ao contrário da música erudita que exige o silêncio e o bom comportamento
da platéia, o rock pressupõe a troca, ou melhor, a integração do conjunto ou do vocalista com
o público, procurando estimulá-lo a sair de sua convencional passividade perante os fatos”.
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(CHACON, 1982, p.12) Somando-se a isso, percebe-se entre os fãs do rock a necessidade em
entoar os versos das canções em alto e bom som. Não importa se o indivíduo sabe a letra, mas
a conjunção de sons mais ou menos parecidos já satisfaz. E isso vale não apenas para as letras,
mas também para os riffs de guitarra e para as viradas da bateria, “cantados” sem pudor pelos
amantes do rock. A emoção e troca de sentimentos perduram nas palavras de Chacon: “O rock
é muito mais do que um tipo de música: ele se tornou uma maneira de ser, uma ótica da
realidade, uma forma de comportamento. O rock é e se define pelo seu público que, por não
ser uniforme, por variar individual e coletivamente, exige do rock a mesma polimorfia, para
que se adapte no tempo e no espaço em função do processo de fusão (ou choque) com a
cultura local e com as mudanças que os anos provocam de geração a geração” (CHACON,
1982, p.18-19).
A capacidade que o rock tem de subdividir-se nas mais diversas vertentes atrapalha
ainda mais na busca por uma classificação precisa. “O que é o rock? Essa pergunta simples
prova ser surpreendentemente difícil de responder, pois uma das características do rock é a de
que escapa de uma definição precisa. 'Punk, funk, é tudo rock'n'roll para mim', cantou Billy
Joel. Rock ou rock'n'roll, como já foi certa vez chamado, é um híbrido, um misto de diversos
estilos e gêneros. Ele se mistura com outros estilos musicais tão facilmente que raramente
aparece como 'apenas rock'” (KAM, 2001). O autor afirma ainda que isto acaba provocando o
surgimento de uma série de subgêneros, como hard rock, country rock, folk rock, punk rock,
acid rock, heavy metal, trash metal, trip hop, britpop, grunge, entre muitos outros. Com a
crescente mistura do rock, novos rótulos vão surgindo, transformando o gênero num
emaranhado sem fim. A rotulação é, inclusive, exigência desta heterogeneidade, pois se
cobram classificações e referências daqueles que escrevem sobre o rock e apontam os estilos
das bandas, que se multiplicam de modo impressionante.
Rock’n’roll não é caracterizado somente pela heterogeneidade musical e estilística:
seus fãs diferem radicalmente entre si, apesar de ouvirem o mesmo tipo de música.
Diferentes fãs parecem usar a música com diferentes propósitos e de diferentes
modos, eles possuem fronteiras diferenciadas para definir não só o que ouvem, mas
também o que é incluído dentro da categoria rock’n’roll. (GROSSBERG apud
JANOTTI JR., 2003, p.17)
Devido à impossibilidade de impor uma fórmula que possa reconhecer e determinar
uma banda ou música como seguidora do rock, resta mesmo observá-lo nas suas origens e
transformações pelo tempo. “O rock é uma música de orientação juvenil surgida na explosão
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midiática do pós-guerra nos Estados Unidos da América” (JANNOTI JR., 2003, p.27).
Delimitar o rock quanto ao surgimento e identificar o que não pode ser rock é, portanto, a
melhor solução. Alguns elementos, como a presença do trio guitarra-baixo-bateria, colaboram
neste reconhecimento, mesmo que instrumentos acabem sendo somados e subtraídos desta
formação básica.
Restringir o campo de ação do projeto ao gênero rock acaba não sendo um ato
limitador, devido à heterogeneidade do estilo. Como um estudo do caso local, o caderno
especial foca no rock alternativo ou independente produzido em Salvador. Vale lembrar que,
no caso específico da capital baiana, as bandas que aqui atuam estão quase todas inseridas no
modus vivendi do mercado independente. Não possuem ajuda das grandes gravadoras, pouca
atenção recebe da grande mídia, trabalham com público restrito, praticamente guetos, ou seja,
andam na direção oposta ao mainstream5.
Hoje existem algumas dezenas de bandas de rock em Salvador, divididas basicamente
em três cenas, a mais geral, com vários estilos de rock (indie rock, rockabilly, britpop,
pop/rock, classic rock e diversos outros estilos que são verdadeiras misturas), a hardcore
(incluindo o gênero que deu origem ao hardcore, o punk) e a metal (reunindo as diversas
vertentes – death metal, heavy metal, thrash metal, etc.). Na maior parte das vezes, os
públicos destas cenas são diferentes e só se reúnem em festivais. Alguns poucos fãs do rock
costumam freqüentar as três cenas. Notadamente, as cenas de hardcore e metal tendem a ser
as mais radicais, fechadas dentro de si. No caso do Frente e Verso, optamos por nos deter a
primeira das cenas citadas, a mais geral.
Definido o formato e o tema Frente e Verso: A música e a rotina de cinco bandas do
rock baiano, surgiu a necessidade de restringir o número de objetos a serem radiografados no
projeto. Como o trabalho era em dupla, existia a possibilidade de investir em textos mais
longos e num bom número de bandas. Cinco nos pareceu uma quantidade razoável, fechando
o caderno em doze páginas. A reflexão levou em conta o caderno de reportagens do Correio
da Bahia, o Correio Repórter, que semanalmente é publicado com oito páginas. Inicialmente,
esse foi o mínimo estipulado para o nosso projeto, mas a vontade de fornecer uma visão
ampliada, com pelo menos cinco grupos de situações distintas, uma página de introdução e,
5
Como mainstream se entende o grande mercado, onde atuam as gravadoras multinacionais, com altas vendas e
publicidade maciça.
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claro, a capa, acabou engordando um pouco o caderno. Se isso demandava uma dedicação
grande, o fato do trabalho ser em dupla, permitindo uma divisão de tarefas, amenizava o
desafio.
A escolha das cinco bandas que protagonizam o projeto pode até causar alguma
discussão, como é normal quando se prioriza umas em detrimento a outras. Mas é fato que
uma decisão desse caráter era necessária, afinal existe uma limitação de espaço e tempo.
Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, Retrofoguetes, The Honkers, Automata e Los Canos
foram selecionadas, mas não devem necessariamente ser pensadas como as melhores bandas
do rock baiano, mas sim como as mais relevantes do momento. Ainda que a qualidade do
trabalho interfira na decisão final, outros critérios também se mostraram essenciais. O
primeiro deles é exatamente a visibilidade desses grupos. Eles são os mais comentados, tanto
na imprensa local e nacional, com trabalhos sólidos e aparentemente duradouros.
No início de 2006, por exemplo, a banda Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta
apareceu nos principais jornais nacionais, a exemplo da Folha de São Paulo e O Globo, em
matérias elogiando o trabalho desenvolvido pela banda. Revistas também de alcance nacional,
como a Bizz e a Revista da MTV, destacaram o grupo baiano, em virtude do lançamento do
primeiro e homônimo disco, assim como diversos sites especializados em música. Do mesmo
modo, grupos como Retrofoguetes e Los Canos foram destacados em publicações como a
Revista da MTV e Revista Zero (já extinta). O Retrofoguetes, por exemplo, chegou a aparecer
no Caldeirão do Huck e no Programa do Jô, atrações da Rede Globo.
A participação em festivais de grande porte, como o Goiânia Noise (Goiânia/GO),
Bananada (Goiânia/GO), Abril Pro Rock (Recife/PE), Mada (Natal/RN), Mor-março (João
Pessoa/PB), Punka (Aracaju/SE), Festival de Verão (Salvador/BA), Ruído Festival (Rio de
Janeiro/RJ), Curitiba Pop Festival (Curitiba/PR) e Claro que é Rock (São Paulo/SP),
favoreceu também influenciou na decisão. Destaque também para a turnê do The Honkers,
que em 2005 rodou o Brasil e Argentina, realizando cerca de 30 shows em diversas cidades, e
para os clipes de Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, Retrofoguetes e Automata, que
figuraram na programação da MTV.
Entretanto, o fato de ter certa visibilidade na imprensa não significa, porém, que esses
grupos não careçam de matérias mais aprofundadas, já que o rock local geralmente não
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garante muito espaço nos meios. As bandas locais ainda passam quase que despercebidas pelo
grande público do Estado, resumindo-se ao nicho específico dos que curte rock. Um bom
exemplo é a trajetória de Pitty. Durante anos, a jovem cantora liderou uma banda alternativa
chamada Inkoma e manteve-se como destaque no meio independente da cidade. Pouco
conhecida pelo grande público, ela era bem avaliada por aqueles que participavam do gueto
do rock baiano. Num lance que combinou sorte com perseverança, Pitty agarrou a
oportunidade dada pela pequena gravadora Deckdisc e passou a investir no mercado de São
Paulo e Rio de Janeiro. Amparada por instrumentistas que foram destaques em importantes
bandas de Salvador (The Dead Billies, Dois Sapos e Meio, Lisergia e Cascadura), a artista
conquistou espaço e hoje é figura fácil nas principais emissoras de TV, rádio, em jornais, sites
e revistas de circulação nacional. Assim como Pitty, diversos outros artistas desenvolvem
trabalhos de alta qualidade e podem sair do mercado underground para atingir um público
maior. Uma passo essencial para isso é direcionar os holofotes da grande mídia para a cena
alternativa da cidade.
O segundo critério atenta à necessidade de selecionar bandas de algum modo distintas
entre si. Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta e Retrofoguetes são formados por músicos
veteranos, que já passaram por diversos projetos, conquistando destaque com outros grupos
anos atrás. Ainda assim são bem diferentes quanto à sonoridade, o primeiro apresentando um
rock com clara influência de gêneros brasileiros como o samba e a MPB, enquanto o segundo
toca um surf music instrumental que flerta com estilos distintos como rockabilly, bolero,
conga, polca, valsa, entre outros. O The Honkers é uma banda com influência garageira, com
componentes antes não tão conhecidos na cena local, mas que hoje impressionam pela
ambição e tentativa em inovar. O Automata é o representante do rock mais pesado, mas ainda
assim não restrito ao meio do metal, para não destoar tanto dos outros componentes. Já a Los
Canos é a representante mais jovem, com músicos menos experientes e com uma proposta que
surgiu de maneira menos séria, numa sonoridade diferente, com influência do punk brega e de
grupos gaúchos.
Outro critério que pesou foi exatamente o interesse que os músicos das bandas
poderiam despertar como indivíduos. Isso porque a idéia do projeto, como explicado
anteriormente, era exatamente mostrar os dois lados dos grupos retratados, tanto aquele que se
restringe à musicalidade e à vida nos palcos, como também o que se refere à rotina, aos
bastidores - vida amorosa, trabalhos paralelos, crenças e outros fatores além-música. Os cinco
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grupos escolhidos cumpriram também essas especificações, com personagens com as mais
distintas formações, origens e modos de pensar.
Por fim, o último critério foi exatamente a preferência pessoal, afinal é praticamente
impossível não aplicar um juízo de valor em situações deste tipo. Como todos os grupos
possuem materiais fonográficos e realiza shows periódicos na cidade, não foi necessário
muito esforço para chegarmos a um quociente comum. Ainda assim, sentimos a necessidade
de fornecer uma visão mais ampla do que o de melhor o rock baiano ofereceu e ainda oferece.
Para tanto, a seção Discoteca Narcisista foi incluída na página dois do caderno, com sugestões
de músicos, produtores e jornalistas dos melhores discos lançados dos anos 80 até hoje. Desse
modo, a seção ajuda a apontar um panorama mais amplo do rock baiano e contextualiza com a
minha trajetória como estudante de Jornalismo, afinal, como já citado anteriormente, é uma
criação da época em que estagiava no portal iBahia.com.
O passo seguinte foi exatamente contactar os componentes das bandas e checar a
disponibilidade. Como eu já possuía certo trânsito no meio do rock independente, não houve
dificuldades e todos se mostraram dispostos a participar. Do início até o final do projeto, fui o
responsável por entrar em contato com os músicos, agendando entrevistas e solicitando
materiais extras como discos e fotos de divulgação.
O Frente e Verso começava então a ganhar forma, mas antes de iniciar os trabalhos era
necessário traçar o perfil do público a quem o caderno especial se dirige. É claro que a fatia
mais evidente é daquele público específico que já consome rock, mas a idéia sempre foi não
se limitar a isso. A linguagem simples e as matérias com conteúdo ligado ao cotidiano dos
personagens buscam, exatamente, uma aproximação com um público que não tem
conhecimentos profundos sobre este tipo de música, afinal a divulgação do trabalho realizado
pelas bandas é de suma importância para o sucesso do projeto. Acredito que o resultado final
do produto mostrou-se harmonioso com essas pretensões, afinal, para o público que já
conhece as bandas, o Frente e Verso trouxe algumas informações novas e também a pouca
explorada rotina de seus componentes e, para aqueles que não têm conhecimento sobre o rock
que se faz na Bahia, o caderno não perdeu de vista a necessidade de traçar uma cronologia
quanto ao surgimento e consolidação das bandas, além de apontar questões quanto à
musicalidade e influências.
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A EXECUÇÃO E O PRODUTO
A feitura do caderno especial demandou grande dedicação, afinal lidamos com
situações que não estamos acostumados a resolver e que a própria faculdade nunca antes tinha
exigido. Mesmo já tendo uma pequena experiência no jornalismo impresso e cultural, nunca
tinha trabalhado diretamente com edição, revisão e com a coordenação de uma diagramação.
Isso certamente, foi um desafio a mais no desenvolvimento do Frente e Verso.
Desde o início, a idéia era realizar a maior parte das entrevistas pessoalmente, com a
intenção de deixar o entrevistado sempre à vontade para responder as perguntas. Mesmo que
nas redações, notadamente nas editorias de cultura, seja comum a realização de entrevistas por
telefone e e-mail, optamos por um modelo mais trabalhoso, porém mais prazeroso e onde se
pode colher melhores resultados. Certamente, a disponibilidade dos entrevistados e a
facilidade maior de encontrá-los, pois todos moram em Salvador, colaboraram para a
consolidação do objetivo. Onze entrevistas foram realizadas pessoalmente, enquanto apenas
seis foram feitas por e-mail e complementadas, quando necessário, por telefone.
A preocupação no momento de agendamento dos encontros foi de sempre marcar em
um local que dissesse algo sobre o entrevistado, com o objetivo de utilizar fotos do ambiente
escolhido para contextualizar com o personagem e serem utilizadas nas páginas pares, escritas
por Camila Jasmin. Desse modo, alguns dos músicos foram entrevistados nas suas
residências, em locais de trabalho ou em locais que costumam freqüentar, como bares, cafés
ou espaços culturais. Como as entrevistas duraram, em média, duas horas por fonte, o trabalho
de transcrição desse material mostrou-se como um dos mais duradouros e problemáticos do
processo. Isso certamente demandou muito do nosso tempo, pois decidimos gravar todas as
conversas, para evitar perda de informação e também dar um caráter mais descontraído aos
encontros. Enquanto eu fiquei responsável pelo desenvolvimento de maior parte das perguntas
– especialmente quando se tratavam de questões ligadas à musicalidade e história da banda -,
Camila tratou de se responsabilizar pelas fotos, sempre tiradas em grande quantidade. No caso
das entrevistas feitas por e-mail, solicitamos o envio de fotos pessoais dos músicos, em alta
resolução.
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Devido à fala de tempo e de espaço no jornal, não nos prendemos à necessidade de
entrevistar todos os componentes, mas pelo menos três de cada grupo, no máximo quatro.
Além de colher informações diversas e tentar ouvir versões distintas, isso serviu para que o
“verso” do projeto se desenvolvesse, afinal era necessário muito material para que a vida e a
rotina daqueles integrantes se tornassem interessantes para o leitor em geral. Por isso também,
as entrevistas sempre foram individuais e nunca juntamos membros da mesma banda num
mesmo local. Assim, tivemos espaço para falar de questões pessoais e íntimas, sem, claro,
invadir a privacidade.
Desde o momento de agendamento e realização dessas entrevistas, tínhamos em mente
que o texto final deveria ter um caráter diferenciado. A proposta da entrevista com os artistas
envolvidos destoou então do tradicional ping-pong e do modelo excessivamente formal, onde
o entrevistador, já com a pauta pré-estabelecida, termina por podar as respostas da fonte,
conduzindo a entrevista numa linha restrita e limitada, sem que a fonte de informação, o
repórter e o público possam interagir e compartilhar de uma mesma vivência.
A intenção sempre foi transformar a entrevista num diálogo, num bate-papo, onde o
entrevistado sinta-se completamente à vontade para falar sobre o que lhe convir no momento,
rir e dividir experiências e intimidade. “Em certos casos felizes, a entrevista torna-se diálogo.
Este diálogo é mais uma conversação mundana. É uma busca em comum. O entrevistador e o
entrevistado colaboram no sentido de trazer à tona uma verdade que pode dizer respeito à
pessoa do entrevistado ou a um problema.” (MEDINA, 2001, p.15).
Mesmo com todas as entrevistas feitas, sempre faltava material a ser coletado, seja por
e-mail ou por telefone. Uma informação que nos escapou ou ainda fotos de divulgação das
bandas, como as usadas nas páginas ímpares, de minha autoria. Outra responsabilidade minha
demandou um monitoramento constante: a seção Discoteca Narcisista. Foram enviados emails aos mais diversos participantes da cena de rock local, sejam músicos, produtores ou
jornalistas, solicitando a sugestão de um disco da discoteca pessoal deles. Alguns deles não
responderam e foi necessário mandar solicitações para muitos nomes, fechando numa
satisfatória quantidade de 12 dicas.
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Somente após a finalização dessa fase, começamos realmente a colocar as idéias no
papel. Os textos foram realizados em separado, buscando dar vazão às nossas características
pessoais e estilo, para deixar clara a divisão de tarefas. A forma de escrever foi um fator
determinante, no sentido de atrair mais leitores. Tentamos fugir do modelo convencional do
Jornalismo - “Quem – O quê – Quando – Como – Onde” – e nos alinhar ao chamado Novo
Jornalismo, ou Jornalismo Diversional, que defende o uso de uma linguagem mais amena e
atrativa, fugindo da repetitividade exageradamente formal e pouco ousada, que se tornou
prática habitual. A intenção era dar um caráter mais descontraído ao texto, um toque pessoal,
íntimo, com pitadas de humor e, desta forma, torná-lo interessante, também, ao público
avesso ao rock e que, ao se deparar com um caderno de linguagem agradável, possa mesmo
passar a conhecer mais sobre o gênero musical.
No Jornalismo Diversional, o repórter procura viver o ambiente e os problemas dos
envolvidos na história, mas não pode se limitar às entrevistas superficiais e sim
descobrir sentimentos, anotar diálogos, inventar detalhes, observar tudo e fazer-se
presente em certos momentos reveladores (ERBOLATO, 2003, p.44)
Da mesma forma, a linguagem proposta é um “bônus” a mais para aqueles que já são
fãs do rock; incita o interesse e aguça a curiosidade, haja vista que “a nova técnica reaviva
assuntos, torna-os sempre atuais e prende o leitor, ainda que ele já tenha conhecimento de
muitos dos pormenores divulgados”. (IDEM, p.44). Ainda assim, especialmente na minha
parte, fez-se necessária uma atenção especial ao fato de que muitos que vão ler os textos não
necessariamente conhecem as bandas e os personagens ali retratados. Essencial, pois, situar o
leitor com matérias de apresentação, traçando um histórico dos protagonistas, explicando a
sonoridade, apontando as referências musicais, assinalando os passos das bandas até o
presente momento e os que virão a seguir. A tentativa, porém, foi de sempre manter o tom
descontraído, tentar encaixar informações novas e contar a história de uma maneira diferente,
para não perder os leitores que já conhecem as bandas retratadas.
Há também os casos das matérias de apresentação, que não pertencem exatamente
ao “hard news”, mas cujo objetivo também é familiarizar o leitor com algo que ele
desconhece. Nestes casos, porém, uma dose maior de subjetividade – olhar
interpretativo, passagens em tom de comentário – é até bem-vinda. Se descobre
uma passagem interessante da vida de um artista ou acompanha as filmagens de um
trabalho muito esperado, o jornalista que puder acrescentar um ponto de vista sobre
o tema – explicando ao leitor porque o acha relevante ou em que medida a
informação transforma a opinião estabelecida sobre ele – estará fazendo o melhor
do seu trabalho (PIZA, 2004, p.81)
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Os meus textos, entretanto, não se prendem somente a esse tipo de matéria de
apresentação, entrando também na categoria conhecida como perfil. Nos textos de Camila
Jasmin, isso se acentuou ainda mais, sendo uma necessidade clara para o objetivo do projeto.
(O perfil) pode ser uma leitura saborosa quando consegue contar passagens
relevantes da vida e carreira do entrevistado, colher suas opiniões em assuntos
importantes, ouvir o que dizem dele os amigos e os inimigos, mostrar como faz o
que faz. (...) O bom perfil nunca esquece que aquele criador está em destaque pelo
que fez ou pela reputação que ganhou fazendo o que fez. É intimista, sem ser
invasivo; e interpretativo, sem ser analítico (IDEM, 2004, p.84)
Um modelo bem interessante de perfil foi publicado no livro “Barulho – Uma Viagem
pelo Underground do Rock Americano”, do jornalista André Barcinski. Ele viajou durante
dois meses e meio pelos Estados Unidos, entrevistando alguns dos mais relevantes artistas
norte-americanos, como Joey Ramone, Jello Biafra, Cramps, Nirvana e Red Hot Chili
Peppers. Nesta obra, o autor não teve necessidade de apresentar com muitos detalhes os
artistas – mesmo que algumas vezes o faça de modo moderado -, afinal já são
internacionalmente conhecidos e o livro dirige-se a um público que os consome. Em
momentos, Barcinski conversa com o leitor, um modelo que particularmente me agrada, se
utilizado com necessária parcimônia. Um destaque entre os textos é o do grupo de psychobilly
Cramps, uma das principais referências do extinto The Dead Billies, banda baiana que é
bastante citada nas matérias do Retrofoguetes.
Após a confecção dos textos, entramos num processo de imersão que durou dois dias,
para edição do material. Nesse processo, foi necessário estarmos juntos no mesmo ambiente,
para discutir os formatos dos textos e eliminar informações que porventura se repitam nos
textos dos dois, afinal trabalhamos em cima do mesmo material bruto. Foi um trabalho árduo,
pois demandou grandes cortes nos textos, um exercício de edição bem interessante. Como já
possuo alguma experiência na área de impresso, fiquei atento à formatação, utilizando alguns
recursos utilizados no Correio da Bahia e modificando tantos outros para o perfil do projeto.
Camila intitulou algumas matérias e legendou algumas fotos, mas a maior parte desse trabalho
ficou sob minha responsabilidade.
Durante esse processo, Camila contactou Rodrigo Minêu, também estudante da
Faculdade de Jornalismo, mas já formado em Publicidade pela Facs. Ele se prontificou a
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elaborar a marca que hoje estampa o nosso caderno e a ilustração principal da guitarra, além
do trabalho com as capas de cds. Outras ilustrações elaboradas por Minêu, com motivos
musicais, acabaram não sendo utilizadas na edição final.
O passo seguinte foi a diagramação do material. Isabel Ribeiro, contratada do Correio
da Bahia e responsável pela diagramação do caderno Folha da Bahia, foi a profissional
escolhida, por eu já ter contato e conhecer bem o método de trabalho dela. Em horários
alternativos ao meu estágio e ao turno de trabalho dela, realizamos o trabalho, sempre lado a
lado. Em três dias, com mais alguns momentos de ajustes na semana seguinte, todo o material
foi diagramado. A parte mais difícil foi dar uma cara ao projeto gráfico, pois ainda não havia
um modelo pré-determinado. No final, optou-se por um modelo leve, investindo nos fios e
sombras. É nítido que colocamos uma grande quantidade de texto, mas os recursos gráficos
foram essenciais para evitar que a parte escrita pesasse demais no resultado final. Como o
tema envolvia a música e o rock, estava claro que não podíamos repetir um modelo de jornal
tradicional e pesado. Vale ressaltar também que o tratamento das fotos foi realizado também
no Correio da Bahia, com a ajuda de um profissional da casa, Luis.
A impressão do material na gráfica Uranus foi coordenado por Camila e envolveu
alguns dos maiores problemas. Falhas no formato de gravação e a falta de alguns softwares na
Uranus (e em outras gráficas rápidas consultadas) provocaram repetidas voltas para
reimpressão. No resultado final, outro pequeno erro de formatação ficou perceptível. Por um
momento, todos os itálicos do texto sumiram ao imprimirmos parte do material. Ao fim,
conseguimos recuperá-los, mas em algumas partes eles foram inexplicavelmente substituídos
por negrito. Nada que prejudique o caderno especial, mas ainda assim digno de nota.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ter o produto Frente e Verso nas mãos e finalizado é uma satisfação imensa, pois é o
resultado de um trabalho árduo e o resumo de toda uma trajetória na Faculdade de
Comunicação. O trabalho pode até ter algumas falhas, algumas compreensíveis por ser um
produto inédito no nosso currículo. A pressão do tempo certamente pode ter deixado algo
passar, mas tenho consciência de que esse é um material de qualidade, interessante e poderia
perfeitamente ser distribuído ao público, algo, claro, que temos como intenção.
Com esse material, conseguimos alcançar o objetivo de apresentar as cinco bandas de
uma maneira que prende o leitor, além de ter colocado uma boa dose de humanidade, ao
narrar a vida de alguns dos personagens. Freqüento a cena do rock baiano há anos e fico
satisfeito de mostrar o que realmente move esta cena, ajudando a quebrar preconceitos e
estereótipos. Quem toca, toca por prazer, pois a compensação financeira só mesmo nos
trabalhos paralelos realizados, ligados à outros setores da música (produção, gravação, etc) ou
mesmo bem distintos, em áreas como Economia, Arquitetura, Design, Turismo...
A primeira barreira já foi quebrada durante a realização do próprio projeto. Ouvir da
minha parceira Camila Jasmin que ela perdeu todos os preconceitos com relação à cena de
rock, percebendo as dificuldades, a rotina dura e o acúmulo de responsabilidades dos músicos,
faz com que o projeto já tenha valido a pena. A associação do rock com irresponsabilidade,
baderna e apenas curtição é algo extremamente retrógrado. E cabe aos jornalistas culturais
tentar combatê-la.
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SODRÉ, M.; FERRARI, M.H. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística.
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Navarra, 1988.
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