CADERNO DE GABARITOS REVISÃO UFBA 2a Etapa - 2010 Biologia UFBA - 2010 Questão 01 • O processo é a seleção natural. • A expressão “poderoso princípio da hereditariedade” corresponde, na Biologia Contemporânea, à informação genética inerente ao DNA. As propriedades sugeridas no texto — sofrer variação e propagar sua forma modificada — são hoje reconhecidas como próprias do DNA, molécula passível de sofrer mutação e produzir cópias de si mesma (replicação). Tais propriedades são essenciais ao processo de herança com modificação. Questão 02 Características decisivas na evolução dos grupos representados: • Angiospermas: flores completas com estratégias que favorecem a reprodução do grupo; desenvolvimento da semente dentro do ovário que amadurecendo constituirá o fruto condicionando proteção e dispersão da semente; • Insetos: exoesqueleto quitinoso e presença de asas, características que favoreceram a expansão do grupo e colonização do planeta; • Aves: asas recobertas por penas que são úteis para o vôo e eficientes isolantes térmicos; ossos pneumáticos que diminuem a densidade sem comprometer a resistência do corpo. O significado biológico pode se traduzir na relação mutualística em que as plantas são beneficiadas com o transporte do pólen que propicia a fecundação cruzada, potencializado o aumento da variabilidade e maiores vantagens evolutivas nas populações enquanto os animais polinizadores encontram sua base alimentar. Questão 03 A resistência bacteriana nos três casos ilustrados ocorre em função da variabilidade genética dos microorganismos no enfrentamento do antibiótico. Essa variabilidade é decorrente de mutação e recombinação gênica — transformação, conjugação e transdução —, expressando a transferência vertical e horizontal da informação genética. Sendo as bactérias organismos de ciclo de vida curto com crescimento exponencial (investimento maciço na reprodução), a propagação da resistência se faz rapidamente, originando linhagens resistentes ao antibiótico. 2 Questão 04 No contexto da história reprodutiva dos vertebrados, o órgão que torna possível “dar à luz seres jovens” é a placenta, formada de tecidos materno — mucosa uterina — e embrionário — predominantemente cório e uma participação reduzida do alantóide. O significado evolutivo da placenta decorre do desenvolvimento do embrião no corpo materno. A placenta em princípio proporciona maior proteção ao embrião, o que foi fundamental para a evolução da classe. O desenvolvimento placentário assegura condições ambientais mais constantes, disponibilizando nutrientes e oxigênio e proporcionando a remoção das excreções nitrogenadas e do gás carbônico, graças às trocas realizadas por difusão ao nível da placenta. A aquisição da placenta conferiu vantagens aos mamíferos em relação aos ovíparos, por tornar o desenvolvimento menos suscetível às agressões do ambiente externo e ser favorável a um maior tempo de desenvolvimento embrionário, com repercussões evolutivas. Questão 05 O perfil das plantas de manguezais condicionou-se a atender necessidades de sobrevivência em ambiente muito específico, como pode ser exemplificado. Condições ambientais Adaptações específicas Salinidade elevada. Células com elevado potencial osmótico (vacúolos com elevada concentração de solutos). Solo formado por areia fina e lodo. Desenvolvimento de raízes escoras, que auxiliam na sustentação da planta no solo. Germinação da semente dentro do fruto, ainda preso à planta mãe — viviparidade. Ambiente constantemente alagado As plantas respondem a essa com baixo teor de oxigênio. condição com raízes respiratórias ou pneumatóforos que emergem na superfície do solo, apresentando na extremidade orifícios para trocas gasosas — pneumatódios. 3 Questão 06 • Woese (1990) utilizou dados moleculares de RNA ribossômico e, com base na comparação de sequências nucleotídicas desses RNAs, agrupou todos os organismos encariotos no Domínio Eukaria, sendo o Trypanosoma cruzi e o Triatoma infestans organismos eucariotos, justifica-se a inclusão neste Domínio. • A cardiopatia chagásica, manifestação mais frequente da Doença de Chagas no Brasil, é resultante de lesões cardíacas decorrentes do parasitismo por Trypanosoma cruzi que afetam a fisiologia normal do órgão com repercussões que comprometem a qualidade de vida do paciente e a sua sobrevivência. 4 QUESTÕES UFBA 01. Os grupos referidos são as pteridófitas, em I, e as gimnospermas, em II. A transição entre os dois grupos envolveu aspectos como redução profunda da fase gametofítica, o desenvolvimento incipiente da flor e a formação do tubo polínico, que culminaram com o surgimento da semente, marca da transição uma solução diferente do esporo. Enquanto este é constituído de uma única célula, a semente é uma estrutura que compreende o embrião, o tecido nutritivo e um envoltório resistente. O registro fóssil permite identificar formas de vida do passado, possibilitando comparações com formas atuais e estimativas sobre a cronologia da evolução de grupos, como a situação exemplifica, assim contribuindo para consolidar a Teoria da Evolução. 02. A energia luminosa é convertida em energia química no processo de fotossíntese em que fótons são absorvidos por pigmentos, organizados no complexo-antena, que coletam a energia luminosa e a conduzem até o centro de reação no qual se situa um par especial de moléculas de clorofila associado à cadeia aceptora de elétrons. A clorofila, excitada pela luz, libera elétrons que são imediatamente capturados por moléculas aceptoras de elétrons, presentes nos fotossistemas. No processo, a energia luminosa é convertida em energia de ligações químicas de moléculas de ATP e NADPH que vão participar nas reações da síntese primária da matéria orgânica. A fotossíntese, utilizando uma fonte exógena permanente de energia — o Sol —, propicia a produção de biomassa, pelos fotoautrótofos, que estrutura e mantém as cadeias tróficas sob um fluxo unidirecional de energia, sustentando a vida no Planeta. A aquisição evolutiva que permitiu a utilização de moléculas de água como doadoras de elétrons possibilitou o uso de uma fonte natural abundante desse recurso, acoplado à liberação de oxigênio molecular para a atmosfera. A alteração ambiental, criada pela presença de oxigênio, em princípio, gerou um holocausto no mundo anaeróbico, privilegiando organismos aeróbicos. Uma atmosfera oxidante, aliada à consequente formação da camada de ozônio, favoreceu a exploração da maior parte do ambiente terrestre, com o estabelecimento da grande diversidade biológica. 03. A sequência acentuadora mutante confere uma vantagem aos seus portadores, que é traduzida na resistência à infecção pelo parasita da malária. A perda da expressão do gene que codifica a proteína Duffy apresenta valor adaptativo em uma região onde a malária é endêmica, sendo, portanto, preservada pela seleção natural. 5 04. A principal função das hemácias no organismo está relacionada ao intercâmbio de gases respiratórios O2 e CO2. A capacidade da hemoglobina de combinar-se reversivelmente com o oxigênio assegura o transporte desse gás, dos alvéolos pulmonares aos tecidos. A maior parte do CO2 é convertida em bicarbonato nas hemácias e transportado dissolvido no plasma sangüíneo. Apenas uma pequena fração de CO2 é transportada ligada à hemoglobina. O ciclo biológico do Plasmodium vivax inclui a penetração do protozoário na hemácia e a sua evolução que envolve a reprodução do parasito com a destruição dessa célula. A destruição das hemácias pela infecção repercute na oxigenação das células dos diversos tecidos, o que compromete suas funções, considerando o papel do oxigênio como aceptor final de elétrons na cadeia respiratória, associada à síntese de ATP — molécula que, em última análise, sustenta o trabalho celular. Essa destruição repercute também em órgãos envolvidos com a metabolização dos resíduos das hemácias no processo normal de sua degradação, aumentando o trabalho celular. 05. Proteínas são bons marcadores evolutivas porque sua sequência de aminoácidos reflete a informação genética do DNA. Assim, mudanças na sequência de aminoácidos, ocorridas ao longo do tempo, indicam variações hereditárias, cuja análise permite inferir relações de parentesco entre diferentes espécies. O uso de vitelogeninas para a análise da evolução dos ovos se justifica por sua especificidade nessas estruturas e sua presença em todas as espécies de animais ovíparos. As moléculas de vitelogenina de diferentes espécies expressam as modificações ocorridas ao longo da evolução dos ovos. O ovo, como estrutura reprodutiva, contém diferentes substâncias nutritivas que serão usadas como fonte de energia e como precursoras de outros compostos. Nos mamíferos, a função de nutrição durante o desenvolvimento é assegurada pelo próprio organismo materno, através da placenta, caracterizando o maior grupo entre os mamíferos. 06. O anfioxo é considerado um “fóssil vivo”, porque guarda grande semelhança com o ancestral de todos os vertebrados. Estudos genômicos permitem comparar o genoma deste organismo com genomas de espécies de vertebrados, inclusive o da espécie humana, oportunizando a obtenção de informações sobre aquisições evolutivas que caracterizam esses grupos. A grande semelhança entre o genoma do anfioxo e os genomas dos vertebrados, quando confrontada com a enorme diversidade dentro desse grupo, revela a importância da regulação genética para o surgimento das novidades evolutivas. A notocorda, que é uma característica cujo surgimento marca a evolução dos cordados e é compartilhada, pelo menos em estágios iniciais do desenvolvimento embrionário, por todos os organismos do filo. 6 07. O aquecimento global é atribuído principalmente à emissão de diferentes gases de efeito estufa lançados na atmosfera pelas atividades humanas. O dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) são responsáveis, juntos, por três quartos do problema. São exemplos de atividades humanas que contribuem para o aquecimento global, o desmatamento de florestas tropicais, as queimadas, a queima de combustíveis fósseis, entre outros. Essas atividades perturbam o ciclo do carbono, comprometendo seu equilíbrio que não está sendo compensado pelos recursos da biosfera. A relação entre o aquecimento global e a ameaça à sociodiversidade é a migração forçada de populações — os “refugiados climáticos” —, que perdem seus referenciais histórico-culturais, na medida em que as alterações climáticas produzidas pelo aquecimento global alteram profundamente seu ambiente original ao qual estão intimamente ligados. Esses refugiados climáticos, comprometendo inevitavelmente a organização das populações receptoras, propiciam situações de desconforto que podem gerar tensões, conflitos mais graves e até mesmo guerras. 08. O texto sugere a ocorrência de reprodução assexuada, que repercute em baixos índices de variabilidade genética, e de reprodução sexuada sob condições que favorecem o endocruzamento que leva à redução de heterozigotos e aumenta a chance de homozigose de recessivos deletérios e letais. A redução de recursos genéticos essenciais ao enfrentamento de condições ambientais, vigentes e novas, pode resultar em risco de extinção. Acrescentese que o tamanho reduzido das populações, propiciando um efeito mais significativo da deriva genética, leva à redução da variabilidade. 09. Duas aquisições — a presença de um exoesqueleto de natureza quitinosa e o desenvolvimento de apêndices articulados — representam ganhos evolutivos que, inter-relacionados, foram decisivos à expansão do grupo. O exoesqueleto, dinamicamente construído e reconstruído, constitui uma estrutura de sustentação e de proteção do organismo frente a diferentes condições ambientais. O desenvolvimento de apêndices articulados, por sua vez, favoreceu a conquista de diferentes ambientes, com um elevado potencial de especialização morfofisiológica, servindo à obtenção do alimento, a percepção de variações do meio e como estratégias de locomoção, o que sem dúvida se caracteriza como múltiplas possibilidades de sobrevivência na perspectiva da diversidade do grupo. 10. Os procariotos são organismos que apresentam uma extraordinária diversidade bioquímica, definindo os caminhos metabólicos que 7 estabeleceram a dinâmica da biosfera. As diferentes formas de obtenção de energia surgiram e se desenvolverem no processo evolutivo do grupo, refletindo a exploração dos mais variados ambientes do planeta. O maior impacto ambiental sobre a Biosfera se efetiva com o estabelecimento da fotossíntese aeróbica, cujas consequências incluem a oxidação da atmosfera e a formação da camada de ozônio, pela liberação do O2, condições que repercutiram na expansão e diversificação da vida aeróbica em suas diferentes manifestações, com a evolução do processo da respiração. 11. O grupo de plantas que se expande a partir do Cretáceo superior é o das angiospermas. Essa expansão deve ser associada a aquisições estratégicas como a evolução da flor, a partir da organização floral mais simples nas gimnospermas, desenvolvendo características morfofisiológicas favoráveis à maior eficiência na dispersão do pólen, ao tempo em que ampliava as possibilidades de fecundação cruzada. A inclusão de agentes biológicos como polinizadores constituiu-se em mecanismo estratégico condicionado à associação com animais, consagrada na co-evolução com os insetos. Com a formação do fruto a partir de tecidos do ovário, estabelecendo uma estrutura protetora e dispersora da semente, a expansão das angiospermas está associada também à co-evolução com espécies de vertebrados, especialmente aves e mamíferos. 12. a) A diferença anatômica — tamanho do pescoço — é definida pelo local de expressão do gene Hoxc6, considerando que a expressão desse gene se associa à diferenciação de vértebras cervicais. b) Como vertebrados, os grupos citados têm uma coluna de unidades esqueléticas arranjadas em série — as vértebras — que protegem a medula espinhal. Os mamíferos se distinguem dos demais vertebrados citados, do ponto de vista fisiológico, a partir do desenvolvimento embrionário. O embrião se desenvolve no ventre materno (com poucas exceções) e sua nutrição se dá continuamente durante o desenvolvimento intra-uterino e, posteriormente, a partir do nascimento, através da amamentação (leite como produto das glândulas mamárias, exclusivas do grupo). 13. O trabalho de Bates evidenciou a diversidade entre as borboletas, oferecendo uma explicação coerente com o princípio da seleção natural. Indivíduos de uma população apresentam diferenças herdáveis que lhes conferem diferentes possibilidades de sobrevivência e de reprodução. Neste sentido, borboletas geneticamente capazes de expressar padrões que imitam formas nocivas aos predadores são adaptadas a este ambiente específico. 8 14. Considerando a fotossíntese aeróbica — que utiliza a água como doadora de hidrogênios — como estratégia das plantas para obtenção de energia, e a posição desses organismos como produtores nas redes tróficas, os vegetais foram decisivos para a expansão da vida aeróbica pela liberação de O2 e suas consequências, contribuindo ainda para adequar as taxas de CO2 atmosférico à vida. Este impacto é inerente aos caminhos evolutivos que definiram a construção da Biosfera, em que as plantas se estabelecem como os produtores primários de biomassa — disponibilizada na forma de folhas, frutos e raízes, entre outros — que direta ou indiretamente sustentam toda a vida na Terra. 15. Insetos, aves e mamíferos contribuíram decisivamente para a ampla distribuição das plantas com flores, seja pelo processo de polinização, seja pela dispersão de sementes, que envolvem relações tróficas primariamente estabelecidas entre plantas e seus consumidores primários. Tais relações se somaram aos mecanismos já existentes de dispersão e distribuição dos vegetais e certamente contribuíram para a diversificação das espécies de plantas com flores. As interações entre plantas e polinizadores são geralmente essenciais à fecundação cruzada e favorecem a recombinação gênica, potencializando a variabilidade genética. Por outro lado, a dispersão das sementes foi essencial para a colonização de diferentes ambientes terrestres, com novas oportunidades de diversificação das espécies. 16. O diagrama mostra que a visão para cores — cuja percepção se realiza no cérebro — é um caráter presente em um ancestral comum a aves e mamíferos. As aves mantiveram os diferentes tipos de cones presentes no ancestral, enquanto que na evolução dos mamíferos ocorreu, em determinado momento, perda de informação para dois tipos de cones, e, em outro momento, entre os primeiros primatas do Velho Mundo, ganho de um novo tipo de cone, condição mantida em humanos. Desta forma, as aves percebem uma amplitude maior do espectro luminoso do que os humanos. O uso de sequências específicas de DNA se justifica pela correspondência entre essas sequências e cadeias polipeptídicas, primariamente reconhecidas pelo sistema traducional da célula. Diferentes pigmentos apresentam variantes da proteína opsina, que refletem variações em sequências nucleotídicas, detectáveis por técnicas moleculares específicas. 17. Dois aspectos básicos podem ser reconhecidos: Separação completa do sangue arterial do venoso, decorrente da evolução de um coração com quatro cavidades. Essa aquisição, embora ensaiada em alguns répteis, está presente em todas as aves e mamíferos, marcando assim a evolução desses grupos de animais. 9 Homeotermia, aquisição própria de aves e mamíferos, que se define como a propriedade de manter a temperatura do corpo independente de variações ambientais. Esta condição está associada ao isolamento funcional do sangue venoso e arterial. Essas duas aquisições se traduzem em maior eficiência metabólica e menor dependência do ambiente. 18. O desenvolvimento de um organismo multicelular pressupõe necessariamente a multiplicação e a diferenciação com especialização celular. Em associação com a complexidade crescente dos genomas eucarióticos, a mitose se configura como um mecanismo preciso de divisão celular que garante a distribuição equitativa do material genético, já organizado em um número variável de cromossomos. O estabelecimento da multicelularidade está associado aos processos de diferenciação e especialização das células, decorrentes do aumento de genoma e do uso diferencial da informação genética. C. elegans evidencia a precisão de mecanismos de divisão, localização e diferenciação celular, proporcionando a divisão de trabalho própria dos pluricelulares. 19. Os hormônios de ação antagônica que coordenam a homeostase glicídica são a insulina, produzida pelas células β e o glucagon, cuja síntese ocorre nas células α, ambas integrantes das ilhotas de Langherans, unidades endócrinas do pâncreas. A insulina favorece a entrada da glicose presente no sangue nas células de determinados tecidos, onde será metabolizada, enquanto o glucagon ativa a quebra enzimática do glicogênio armazenado no fígado, liberando glicose para o sangue. Concentrações elevadas de glicose no sangue estimulam a produção de insulina pelas células β e inibem a produção de glucagon pelas células α. Baixas concentrações de glicose estimulam as células produtoras de glucagon e inibem as células produtoras de insulina. 20. Hereditariedade, evolução e metabolismo constituem os atributos fundamentais dos seres vivos, como sistemas de organização celular. Neste contexto, Archaea, Bactéria e Eukarya compartilham o nível celular na hierarquia da organização biológica, definido pela presença de uma membrana com propriedades específicas, que distingue os meios intra e extracelular; a informação genética, na forma de uma molécula de DNA, com estratégias moleculares básicas, comuns para os processos de replicação, transcrição e tradução de mensagem genética, bem como a potencialidade para gerar e acumular variação. A ocorrência restrita de organismos como os metanógenos, por exemplo, nas condições atmosféricas atuais, está relacionada às suas peculiaridades metabólicas, frente às alterações na composição dos gases atmosféricos na 10 história evolutiva do planeta. As condições da atmosfera primordial teriam privilegiado tais organismos que mais tarde passaram a enfrentar condições adversas expressas pela redução drástica de metano e o quase simultâneo incremento nos teores de oxigênio, evidenciando a indissociabilidade entre a história da vida e a história da Terra. 21. Os pássaros azuis da ilustração representam três espécies, evidenciadas pela nomenclatura científica. Apesar de ocorrerem em um mesmo ambiente — condição de simpatria — mantêm-se como entidades biológicas distintas, por apresentarem isolamento reprodutivo e, consequentemente, não trocarem genes. 22. Um aspecto biológico fundamental entre os organismos multicelulares é uma organização genômica que sustenta a diversidade de forma e função celulares, com repercussões em diferenciação, especialização e consequênte divisão de trabalho e cooperação. Genomas maiores puderam explorar novas possibilidades regulatórias, resultando em uma maior diversidade protéica específica para diferentes tipos celulares e diferentes fases de desenvolvimento, compatíveis com as exigências da organização multicelular. 23. As trocas de gases oxigênio e dióxido de carbono, essenciais à respiração e à bioenergética celulares, são efetuadas, no corpo humano, na dependência de sistemas orgânicos especiais: respiratório e circulatório. A integração desses sistemas se concretiza na dependência de um circuito interno de transporte. Entre as principais aquisições evolutivas relacionadas à ocupação das terras emersas pelos vertebrados, destacam-se o surgimento de estruturas anatômicas para a captação do ar atmosférico e sua condução até um ambiente constituído de uma superfície ampla, úmida e ricamente vascularizada — os alvéolos — para as trocas gasosas; o oxigênio, agora presente na corrente sanguínea, mais especificamente nas hemácias, será distribuído a todas as células do organismo, de onde o CO2 será “recolhido” para ser posteriormente eliminado para a atmosfera; a compartimentação do coração em quatro câmaras e a conseqüente separação total dos sangues venoso e arterial completa as exigências para o sucesso da vida animal na terra, num ambiente de maior exigência metabólica. 24. Como integrante do grupo das angiospermas, a Arabidopsis thaliana apresenta flores e frutos com sementes e adaptações evolutivas que funcionam na reprodução e dispersão das sementes. Em função de mecanismos coevolutivos sofisticados, as angiospermas constituem o mais diversificado e bem distribuído grupo de plantas. A. thaliana é um organismo modelo para os biólogos porque, além de manter todas as características de uma angiosperma, apresenta ainda um pequeno tamanho, um curto ciclo vital e um genoma relativamente pequeno, possibilitando 11 uma variedade ampla de ensaios experimentais, cujos resultados podem ser extrapolados para este grupo de plantas. 25. A ilustração apresenta o neurônio, unidade morfofuncional do tecido nervoso, especializado em gerar e veicular impulso nervoso na forma de sinais elétricos. A sua morfologia, adaptada à função que exerce, se caracteriza pela presença de um corpo celular, do qual partem prolongamentos axônio e dendritos que se articulam em sinapses com outras unidades, operando em grandes conjuntos que constituem as redes neurais. Tais redes se estabelecem com base na estrutura sináptica, na qual o impulso de natureza elétrica se traduz na liberação de neurotransmissores pelas terminações axônicas que, atuando no neurônio póssináptico, induz a geração de novo impulso nervoso. Desse modo, as redes neurais, estimuladas pelo ambiente interno e externo criando e recriando novas conexões, proporcionam a conversão de diferentes estímulos em percepções base para a construção do real , nas múltiplas manifestações da mente humana. 26. No período considerado, a emissão de dióxido de carbono era compatível com a capacidade de absorção deste gás pela biosfera, isto é, a quantidade de CO2 emitida era menor do que o potencial biológico de absorção, no conjunto de processos que caracteriza o ciclo biogeoquímico do carbono. Os processos fisiológicos associados a esse ciclo são fermentação, respiração e fotossíntese. Fermentação e respiração aeróbica usam moléculas combustíveis como a glicose, liberando CO2. A fotossíntese assimila o CO2, utilizando energia química na forma de ATP e NADPH, obtida pela conversão de energia luminosa, para a construção de moléculas orgânicas. Até 1960, com a emissão de dióxido de carbono por outras fontes, ainda em níveis toleráveis, o equilíbrio entre esses dois processos explica as condições registradas no gráfico. 27. O Reino Fungi é representado por organismos heterotróficos, que podem ser unicelulares ou pluricelulares, que vivem geralmente como decompositores, havendo espécies parasitas ou associadas em relações mutualísticas. Os pluricelulares apresentam a organização micelial peculiar ao reino, que resulta de associação de hifas, que são longos filamentos celulares entrelaçados, septados ou não, formando uma estrutura chamada micélio. Esta simplicidade é inerente ao modo de vida dos fungos, que dispensa adaptações sofisticadas para explorar o ambiente. Diferenciam-se dos animais por serem heterotróficos não ingestores e não se movimentarem, o que é compensado pela produção de esporos para a reprodução. Distinguem-se das plantas, além da condição heterotrófica, por apresentarem, quase universalmente, parede celular de natureza quitinosa. 28. A vida na água disponibiliza, para os organismos, alimento, oxigênio, suporte físico e meio de dispersão e condução de gametas na reprodução. A ocupação 12 da terra exigiu inovações que suprissem as mesmas necessidades, agora em outras condições ambientais. Assim, no âmbito reprodutivo, foram selecionadas características que possibilitaram a fecundação interna, o ovo amniótico com desenvolvimento embrionário geralmente externo uma das mais importantes aquisições na conquista da terra e a evolução do útero e da placenta entre os mamíferos. Quanto à respiração, foi de fundamental importância a evolução de uma superfície respiratória interna, vascularizada, úmida e extensa os pulmões ·, possibilitando as trocas gasosas, em interação com o sistema circulatório. O “ramo” que reverteu o caminho em direção à água os cetáceos desenvolveu características adaptativas relacionadas ao sistema locomotor, como patas anteriores transformadas em nadadeiras e patas posteriores ausentes, com estruturas vestigiais, a estrutura hidrodinâmica do corpo e adaptações no aparelho respiratório frente ao ambiente aquático. 29. As duas explicações (seleção natural e transmissão de caracteres adquiridos) diferem essencialmente com referência ao tempo de aparecimento das mudanças evolutivas. Para Lamarck, as mudanças surgem como resposta ao estímulo ou meio. Para Darwin, as mudanças surgem ao acaso e, quando a população é exposta a novidade ou mudança no meio, os indivíduos que já apresentam as mudanças sobrevivem e são capazes de deixar descendentes férteis. Se adotarmos a explicação darwiniana, com seleção natural, diríamos que, entre as bactérias, deve existir aquelas que já apresentam resistência ao antibiótico. Desta forma, quando o antibiótico é aplicado, as não resistentes são eliminadas, restando apenas as formas resistentes, que, então, se multiplicam e continuam a causar a infecção. Seguindo-se o modelo proposto por Lamarck, teríamos que admitir que, ao entrar em contato com o antibiótico, as bactérias desenvolveram a resistência e puderam, assim, sobreviver. 30. Os canais de sódio abrem-se imediatamente após o estímulo, permitindo a entrada de cargas positivas (Na+) na célula e a despolarização da membrana, e fecham-se em seguida. Os canais de potássio abrem-se mais lentamente do que os canais de sódio, permitindo a saída de cargas positivas (K+) do citosol da célula e a repolarização da membrana, e fecham-se em seguida. 13