CENTRO CULTURAL PARAÍSO TERRESTRE FILOSOFIA E MESSIAS 01) INTRODUÇÃO Charles Guimarães Filho -2016 1 2 ÍNDICE Filosofia Definição Periodizações Filósofos Oriental Cronologia Messias Conceito Supostos Verdadeiro Reencarnações Vida e Obra Curso “Filosofia e Messias” Significado Conteúdos Programação Livro-Texto Considerações 05 05 05 11 25 26 41 41 42 43 46 47 55 55 56 56 59 72 3 4 FILOSOFIA Definição A filosofia consiste no estudo das qualidades distintivas mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos, tais como: realidade, ser, consciência, conhecimento, demonstração, verdade, bem e belo. [Categorias são conceitos gerais que exprimem as diversas relações que podemos estabelecer entre ideias ou fatos.] Ela se divide em: Metafísica ou Ontologia (trata da realidade, do ser, consciência), Epistemologia (do conhecimento), Lógica (demonstração, modos de se evitar a inferência e raciocínio inválidos e da preservação da verdade), Ética (certo e errado, do bem e do mal) e Estética (belo). Periodizações ● Idade Antiga A Filosofia Antiga refere-se a um grupo diversificado e que se localiza desde o século VI a.C. na Jônia até os primeiros tempos da era cristã [ou seja, o cristianismo primitivo de aproximadamente três séculos (I, II, III e parte do IV), que se inicia após a Ressurreição de Jesus (30 d.C.) e termina em 325 com a celebração do Primeiro Concílio de Niceia]. Pela dimensão temporal podemos localizar temáticas díspares que são sistematizadas neste mesmo grupo. Entre estes estão: 5 - Pré-socráticos: Os que se preocupando (como Tales de Mileto) sobre o princípio (a arché) da natureza, da ordem do mundo, estabeleceram as primeiras elaborações à procura de um princípio lógico que explicasse a própria natureza. - Filosofia Socrática. Sócrates é a figura central da Filosofia grega. Embora nunca tenha escrito nada foi a partir dele que as questões humanas superaram as preocupações sobre o princípio ordenador da natureza. Sócrates é uma figura emblemática por ter legado à Filosofia a figura do homem questionador, que procura conhecer, interrogando as pessoas que julgava sábias. Ele dialogava e interrogava as pessoas à exaustão, através da ironia e da maiêutica [método socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo o interlocutor na descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um objeto.], as partes constitutivas do seu método dialético inquiria para que as pessoas pudessem "dar a luz às ideias". Incorporou o lema de um oráculo ("Conhece-te a ti mesmo") como parte de sua tarefa e foi condenado à morte. - Filosofia sistemática. Platão e Aristóteles são os dois principais nomes deste período. Platão foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Ele foi o primeiro a sistematizar uma obra filosófica em que expressa uma determinada concepção de mundo. Sua obra é marcada pela questão do conhecimento e a associação com a atividade política. A Filosofia é filha da cidade (polis) e ao mesmo tempo está à sua margem, por isso, os diálogos platônicos expõem os temas de um debate articulado através da argumentação e do impulso que desperta a consciência (o pensamento) e o conhecimento autêntico (epistéme) que ultrapasse as aparências (doxa). 6 Aristóteles apresentou diferenças substantivas em relação a Platão. Sua obra apresenta, em seu próprio modo de escrever e na escolha dos temas, uma organização que expressa o objeto e os modelos de investigação que propõe. Obras como "Metafísica", "Física", "Política", "Organon" [conjunto dos escritos filosóficos de Aristóteles que abordam o tema da lógica, considerada por seu autor um conhecimento cujo fim não está em si mesmo, sendo mais corretamente um meio, órgão ou instrumento para o pensamento correto e para a verdadeira ciência], "Poética" e "Ética" identificam percursos e temas de um trabalho de demonstração argumentativa em que o logos [palavra escrita ou falada - o Verbo] é sistematizado. - Filosofias do helenismo. Período de expansão da filosofia a partir do domínio exercido pelos macedônios e depois pelos romanos. Entre algumas correntes se tem o estoicismo, epicurismo, ceticismo e neoplatonismo. - “Filosofia cristã”. Nos primeiros séculos da era cristã há uma disputa entre as tradições do helenismo e o cristianismo nascente. Embora este não tenha um caráter especulativo como as filosofias helenistas pode-se identificar, sobretudo a partir dos apologistas do século lI, a tentativa de um diálogo entre a fé e a razão, para atrair os pagãos e a incorporação de princípios da exposição filosófica. O aprofundamento dessas relações marca a passagem do final do período antigo para o início do período medieval. ● Idade Medieval A figura de Agostinho de Hipona é apresentada como um dos últimos representantes da Antiguidade e por outros como o primeiro 7 representante da tradição medieval. Longe de esgotar este debate, nos interessa identificar que a obra de Santo Agostinho é o resultado de uma sistematização que foi muito útil para a afirmação dos ensinamentos do cristianismo, combatendo os céticos, e retomando parte da elaboração platônica, sem, contudo, ser ele mesmo um platônico. O período da filosofia medieval foi marcado pela instauração dos debates, as disputas como o choque entre Nominalistas e Universalistas. Houve uma separação dos saberes em dois campos de conhecimento: a Teologia, que investigava sobre as questões relativas a Deus, vista como superior; e a Filosofia, que abrangia todos os outros saberes, inclusive as investigações sobre natureza, fazendo com que a Filosofia fosse um nome dado a um grande número de saberes. Outro grande nome da Filosofia medieval foi o de Tomás de Aquino, um dos responsáveis pela cristianização do pensamento aristotélico e pela modernização das teorias do mundo cristão. A apropriação de conceitos como "motor primeiro imóvel" e a clareza da demonstração tomistas em que é exposta uma tese, seguida dos argumentos favoráveis e contrários e a refutação desses últimos, indicava a capacidade do mestre em organizar os argumentos e realizar as sínteses da sua religião e também da obra de Aristóteles. ● Idade Moderna A Filosofia do período moderno tem uma pulverização de temas e abordagens. O humanismo, desde o século XIV, propunha a revalorização dos textos da Antiguidade e a defesa de uma nova ordem política, na qual a ação seria um elemento fundamental. Esta 8 redescoberta dos textos da Antiguidade representou uma nova perspectiva não apenas política, mas também metodológica, que permitiu uma nova leitura do texto, superando os debates da escolástica medieval. Com este despertar a teoria política e científica ganhou novos ares e as transformações pelas quais passava o continente europeu entre os séculos XV-XVIII foram marcadas por um movimento de novas elaborações filosóficas. Maquiavel, Montaigne, Erasmo, More, Galileu, Descartes e Locke são alguns nomes que marcaram a Filosofia do período. As perguntas sobre os fundamentos da realidade eram revestidos de questionamentos sobre o que é o conhecer e o papel do que se passou a chamar de "sujeito moderno". Do "cogito" cartesiano aos princípios da experiência, passando pelas novas invenções, temos um panorama de algumas das questões de fundo naquele momento. Ao longo de todo o século XVIII desenvolveu-se a escola Iluminista com suas críticas ao mundo do Antigo Regime. Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Diderot e outros elaboraram propostas que, muitas vezes, foram invocadas pelos revolucionários das 13 colônias inglesas ou da França. ● Idade Contemporânea Um filósofo do século XVIII (Hume) e outro da transição do XVIII para o XIX (Kant) estabelecem a grande crítica à metafísica que marca o início da Filosofia Contemporânea. O idealismo kantiano marcaria muitas formas de expressão da Filosofia contemporânea. 9 Porém, a partir do XIX é quase impossível estabelecer uma unidade efetiva para o pensamento filosófico. O pensamento hegeliano é duramente atacado pela obra de Karl Marx e Friedrich Engels. A ideia de que a Filosofia deveria transformar o mundo e não apenas interpretá-lo encontrava poderoso eco na obra da dupla Marx/Engels. Ao mesmo tempo, o pensamento mais conservador de sistematização do conhecimento surgia dos escritos de Augusto Comte e seu Positivismo, defendendo suas leis sociais e a necessidade da ordem para o progresso. No XIX estão as origens do pensamento Existencialista que teria muita força no século seguinte. É impossível entender os fundamentos da obra de Jean-Paul Sartre se não se levar em conta os escritos anteriores de Kierkegaard. A liberdade humana, o papel da angústia, a liberdade e uma "existência que precede uma essência" estiveram presentes em pensamentos existencialistas no século XX. Também no final do século XIX todo o sistema racional filosófico sofre duras críticas de Nietzsche e sua forma original de escrever Filosofia. Além do já citado Existencialismo, o século XX é acompanhado pelo desenvolvimento da Escola de Frankfurt, que a partir do período entre guerras projetou os nomes de filósofos como Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Questões sobre estética, as funções da linguagem uma teoria crítica da cultura marcaram a produção desta escola. 10 Filósofos ● Idade Antiga Tales de Mileto (c. 624-546 a.C.) Anaximandro de Mileto (c. 610-545 a.C.) Anaxímenes de Mileto (c.585-528 a.C.) Pitágoras (c. 580 a.C. - 500 a. C.) Xenófanes de Colófon (c. 576-480 a.C.) Parmênides de Elea (c. 540-470 a.C.) Heráclito de Éfeso (c. 535-475 a.C.) Anaxágoras de Clazomena (c. 500-428 a.C.) Empédocles de Agrigento (c. 495-435 a.C.) Zenão de Elea (c.490-430 a.C.) Leucipo de Ábdera (c.490-420 a.C.) Meliso de Samos (c. 485-425 a.C.) Protágoras de Ábdera (c. 480-410 a.C.). Sócrates (469-399 a.C.) Demócrito de Ábdera (c.460-360 a.C.) Antístenes o cínico (n. c.450 a.C.) Antifonte de Atenas) (séc. 5 a.C.) Aristipo de Cirene (c. 435-355 a.C.) Platão (427-347) Diógenes o cínico (413-323 a.C.) Aristóteles (384-322 a.C.) Teofrasto de Eresos (372 - 285 a.C.) Pirro de Elis (c.360-270 a.C.) Aristoxeno de Tarento (4-o século a.C.) fundad. ética atomista sofista cético 11 Epicuro de Samos (341-270 a.C.) Zenão de Citio (c. 336-264 a.C.) Arcesilao de Pitane (315-240 a.C.) Carnéades (c.214-129 a.C.) Clemente de Alexandria (c. 150-216) Aristóbulo (200 ou 100 a.C) Cícero. M. T... (106-43 a.C.) Gaio ou Caio (c. 100 - 180) Caro, Lucrécio (98-55 a. C.) Espartaco (+71 a.C.) Epicteto, estoico (50 - 138) Andrônico de Rodes (sec. 1-o a.C.) Arius Didimus (último séc. a.C.) Nigidio Fígulo (+ 45 a.C.) Filo de Alexandria (c. 20 a.C. - c. 40 d.C.) Sêneca. Lucius A., (2-65 d.C.) Mussônio Rufo (1-o séc. d.C.) Possidônio de Apaméia( c. 135-51) Sexto Empírico (2- séc.) Numênio de Apaméia (fim do 2-o século) Badarayana (entre 150-300) Panécio, estoico (c. 180- c. 110) Orígenes (c.185 -c. 255) Constantino (Imperador 306 a 337) Basílio Magno (c.330-379) Prisciliano (345-385) Proclo (Proklos) (410-485) Anaxarco de Abdera estoico patrístico estoico direito roman luta social estoico estoico estoico. estoico fil. hinduísta cristão patrístico gnóstico 12 Antíoco Eudoro Hipácia estoico estoico ● Idade Medieval Orígenes (c.185 - c. 255) Agostinho de Hipona (354-430) Lao Tse, ou Lao Zi (sec. 6-o ou 5-o a.C.) Boécio (c.470-524) Cassiodoro. Flavius... (c. 477-c.570) Pseudo-Dionisio (entre 485 e 535) Justiniano (527-565), último imperador Oriente-Ocidente João Filopono (ou de Alexandria) (6-o. séc.) Isidoro de Sevilha (c.560-636) Maomé (571-632) Beda, o Venerável (673-735) João Damasceno (c.675-749) Alcuino de York (c. 735-804) Shankara (ou Shamkara) (c. 8-o séc. d.C.) Rabano Mauro (776-856) Al-Kindi. Abu Yusuf ibn Ishaq. (c.796-873) João Scoto Erígena (c. 800-870) Fócio (820-891) Radberto Pascasius (século 9º) Abu Ishap Ibn Al-Harawi (séc. 9º) Abu Zayd Al-Balji (final do s. 9º) Isaac Israelli (c. 851- c. 950) cristão patrístico taoista cristão escolástico fil. hinduísta platônico místico judeu 13 Al-Farabi.(c. 870-950) místico (sufi) Hatim Al-Razi (... - 933) filosof. árabe Abu Mansur Al-Maturidi ( -944) Muhamad ibn Abenmasarra (883-931) filosof. árabe Ben Josef al Fayyum (ou Saadia Gaon) (892-943) Abu Zakariyya Yahya Yahyaa Ibn 'Adi (-974) fil. rel. orient Gerbert de Aurillac (Silvestre II) (935-1003) realista Abu Jayr Ib Al-Jammar (942- ) árabe Abu Hayyan Al-Tawhidi (séc. 10°) Abu Ishaq al-Nawbajto, (séc. 10º) iraniano Abu-i-Hasan Muhammad Ibn Yusuf al-'Amiri (séc. 10º) iraniano Abu Yazid Ahmad Ibn Sahl Al-Balji (século 10º). rt. F.( - X), escolástico Abu-i-Costume Katib (fim do séc. 10º) Avicena, ou Ali Ibn Sina (Abu Ali al-Husayn.) (980-1037) Abu 'Ali Muhammad... ibn al-Haytam (c.965-1039) cientista Pedro Damião (1007-1072) escolástico Abu-Bakr al-Baqillani, (? - 1013) filosof árabe Abu Ishaq al-Isfara-Ni, (? - 1027) iraniano Abu Ya'far Amada Ibn Muhammad Alsmnnani ( -1052) árabe Pselos. Miguel. (1018-1080) Ibn Gabirol, Salomon (ou Avicebron) (c.1020 - c.1070) Ítalos. João. (c.1025-após 1082) neoplatôn. Santo Anselmo, (1033-1109) Bernardo de Chartres ( - c.1124) realista Miguel de Éfeso (séc. 11) aristotélico Roscelino de Compiégne (c. 1050-1120) nominalista Odon de Tournay, ou de Cambray ( - 1113) realista Algazali (Algazel, ou ainda GazalI) (1058-1111) 14 Gilbert de la Porrée (Pictaviensis) (c.1076-1154) Abelardo, Pedro, (1079-1142) Avempace (Ab bakr Muhammad.) (c.1.080-1138) Abu-i-Barakat al-Bagdadi (c.1085-1164) Thiery (ou Teodorico) de Chartres ( - 1155) Hugo de Saint Victor, místico (c. 1096-1141) Pedro Lombardo (c.1100-1160) Tufail.(Abu Bakr Muhammad.) (c.1110-c.1185) João de Salisbury (c. 1120-1180) Allain de Lille (c.1120-1202) Averróis (Abul-l-Walid ibn Rusd) (1126-1198) Maimônides. Moisés Bem (Rabi Moses) (1135-1204) Amaury de Benes ( -1207) Gautier ou Gualter de Saint Victor Ricardo de Saint Victor, (sec. 12) David de Dinant (entre séc. 12 e 13) Roberto Grosseteste (c.1168-1253) Ibnarabi (1165-1240) Felipe, o Chanceler (c. 1170-1236) Alexandre de Hales (c.1180-1245) Guilhaume d'Auvergne (c. 1190-1249) Alberto Magno (1196-1280) Robertus de Kilwardby (c. 1200-1279) Pedro Hispano (entre 1205 e 1210 - 1277) Guilherme de Saint-Amour ( ? - 1272) Rogério Bacon (c.1214-1294) Guilherme de Moerbecke (1215-1286) Henrique de Gand (c. 1217-1293) realista mod. judeu islâmic escolástico panteista místic séc 12 místico panteísta agostiniano místico sufist. secular agostiniano escolástico agostiniano aristotélico secular agostiniano tomista agostiniano 15 Ramon Marti (1220-1224) Tomás de Aquino (1225-1274) Pedro Tarantaise (1225-1276) Gilles de Lessines (c.1230-1304) Siger de Brabante (c. 1235-1284) Mateus de Aquasparta (1235-1302) Ptolomeu de Lucques (1238-1326) Abulafia. Abraham (1240-1290) John Peckham (c. 1240 - 1292) Pedro João Olivi, ou Pierre de Jean Olieu (c. 1248-1298) Ricardo de Clapwel (sec. 13) Guilherme de Ware ( - depois de 1300) Godofredo de la Fontaine (- falecido após 1303) Pedro d'Auvergne ( - + 1304) Gilles de Roma, (1247-1316) Pedro João Olivi, ou Pierre de Jean Olieu (c. 1248-1298) Ricardo de Middleton (c. 1249 - c. 1307-8) Pedro de Maricourt (séc. 13) Rogério Marstons (séc. 13) João, e Geraldo de Sterngassen (sec. 13) Pedro de Abano (Pietro d'Abano) (1257-1315) Eckhart. Mestre. (c.1260-1328) Dante Alighieri (1265-1321) Mayron. Francisco. ( -m. 1325, ou 1327) Giotto (1266-1337) João Duns Scots (1266-1308) João de Paris, ou Quidort (c. 1269-1306) Pedro Auriol (ou de Aurilac) (c. 1280 - 1322) tomista aristotélico tomista escolástico agostiniano tomista agostiniano agostiniano tomista secul tomista tomista agostiniano agostiniano agostiniano agostiniano tomista aristotélico mistico tomista fil. escotista humanista tomista fil. escotista 16 Ockam. Guilherme de (c.1280-c.1349) Pedro de Áquila ( - 1347) Johan van Ruysbroeck (1293-1381) Guilherme de la Mare (1298 - ) Gregório de Rimini ( - 1358) Nicolau d'Autrecourt (c. 1300 - depois de 1350) Jean Buridano (c.1300-c.1358) João Tauler (c. 1300-1361) Durandus d'Aurillac, dito Durandel (c. 1300-1380) Petrarca (1304-1374) Nicole de Oresme (c.1310-1382). Boccacio (1313-1375) Ibn Khaldung (ou Ibn Jaldun) (1332-1406) Pedro de Cândia (c. 1340-1410) Thomas de Sutton (.... + c. 1350) Pedro de Aylly (ou de Alliaco) (1350-1420) Marchia. F. de (sec. 14) Jean de Gerson (1363-1429) Capréolo. João (c.1380-1444) Gêmistos. Geórgios. dito Plethon (c. 1389- c. 1464) Bessarion. Cardial Basílio. (1395-1472) Nicolau de Cusa (Nikolaus Krebs) (1401-1464) Valla. Lourenço. (1407-1457) Gabriel Biel (c. 1425-1495) Marsilio Ficino (1433-1499) Abravanel. Isaac. (1437-1505) Silvestre de Ferrara. (1444-1526) Vitória. Francisco. (1486-1546) nominalista fil. escotista místico agostiniano nominalista nominalista nominalista místico tomista humanista humanista filos árabe fil. escotista tomista nominalista tomista místico humanista nominalista platônico tomista tomista 17 Melanchton, Philip. (1497-1560) Lípsio. Justo. (1547-1606) Abu Bisr Mattµ Al Qannay Abu Hamza Al-Isbahani, (Idade Média) Alberto de Saxe (ou De Saxônia) Als ob (Vahinger) Bernardo de Alvérnia, ou de Clermont Cornoldi. João M. Ephrem. P. Guilherme de Heytesbury (Hentisberus) Leão XIII Longpré. P. Ephrem Müller. Fritz e Haeckel Régnon. Th. De. Reinaldo de Piperno Taggart. John Mc. William ou Guilherme de Ockam (vd Ockam) educador estoico filos árabe escolástico tomista escolástico escolástico nominalista Papa e escol. escolástico escolástico tomista ● Idade Moderna Pietro Pomponazzi (1462-1524) Picco della Mirandola (1463-1494) Nicoló Machiavelli (1469-1527) Erasmo de Rotterdam. Desiderius (1469- 1536) Moore. Thomas ou Th. Morus (c.1478-1535) Lutero Martinho. (1483-1546) Cano. Melquior (1509-1560) Calvino. João (1509-1564) aristotélico platônico filósofo social humanista utopista 18 Ramée. Pedro de la. (1515-1572) Piccolomini. Francesco. (1520-604) Domingo Bañes (1528-1604) Montaigne. Michel Eyquem de. (1533-1592) Molina, Luis de (1536-1600) Charron. Pierre. (1541-1603) Bruno. Giordano. (1548-1600) Philippe de Mornay (1549-1625) Althusius. Johannes. (1557-1638) Bacon. Francis. (1561-1626) Campanella Thomás (1568-1639) Grotius. Hugo. (1583- 1645) Cherbury. Herbert de. (1583-1648) Jansenius (Cornelius) (1585-1638) Hobbes Thomas (1588-1679) João de Santo Tomás (1589-1644) Gassendi. Pierre. (1592-1655) Descartes. Renée... (1596-1650) Digby. Kenelm. (1603-1665) Arnauld. Antoine. (1612-1694) Henry Moore (1614-1687) Cudworth. Ralph. (1617-1688) Mauro. Silvestre (1619-1687) Clauberg. Johann. (1622-1665) Pascal. Blaise. (1623-1662) Geulincx. Arnold. (1624-1669) Nicole. Pièrre. (1625-1695) Bossuet. Jacques (1627-1704) humanista aristotélico tomista cético jesuíta cético naturalista filósofo social fil. do direito empirista naturalista fil do direito deista jansenista empirista tomista atomista cartesiano jansenista platônico platônico escolástico cartesiano jansenista ocasionalista jansenista cartesiano 19 Huet. Pierre-Daniel. (1630-1721) Louis de la Forge (1632-1666) Locke. John.(1637-1704) Malebranche. Nicolau. (1638-1715) Goudin. Antônio.(1639-1695) Fénelon. Fr. (1641-1715) Newton. Isaac. (1642-1727) Leibniz. Godofredo Guilherme (1646-1716) Bayle. Pierre. (1647-1706) Bernard de Mandeville (1670-1733) Clarke. Samuel. (1675-1729) Collins. Anthony. (1676-1729) Berkeley. George. (1685-1753) Montesquieu. Barão de. (1689-1755) Hutcheson. Francis. (1694-1747) Voltaire (1694-1778) La Mettrie. Julien-Offroy de. 1709-1751) cartesiano cartesiano empirista ontologista cartesiano cético moralista espiritualista deista idealista materialista ● Idade Contemporânea Reid. Thomas. (1710-1796) Hume. David. (1711-1777) Boscovich. Ruggero Giuseppe(1711-1787) Rousseau. Jean-Jacques. (1712-1778) Diderot. Denis. (1713-1784) Baumgarten. Alexander Gottlieb (1714-1762) Condillac. Etienne Bonnot, abbé de (1714-1780) Helvetius (Schweitzer), Claude Adrien... (1715-1771) fenomenista atomista romântico livre-pensad. empirista sensista 20 Alembert. Jean le Rond d'. (1717-1783) Kant. Immanuel. (1724-1804) Condorcet. Marquês de. 1743-1794) Jacobi. F. H. (1743-1819) Herder. Johann Gottfried von. (1744-1803) Bentham. Jeremy. (1748-1832) Cabanis. Pierre-Jean-Georges (1757-1808) Reinhold. Karl Leonhardt. (1758-1823) Fichte. Johann Gottlieb.(1762-1814) Biran. Mainde de (1766-1824) Hegel. Georg Johann Friedrich. (1770-1831) Hoelderlin. Friedrich(1770-1843) Coleridge. Samuel Taylor. (1772-1834) Feuerbach . Anselmo von. (1775-1833) Herbart. Johann Friedrich. (1776-1841) Buzzetti. Vicente (1777-1824) Lammenais. Feliicité de (1782-1854) Cousin. Victor (1792-1867) Carlyle. Thomas (1795-1881) Fichte. Immanuel Hermann. (1796-1879) Rosmini. Antônio(1797-1855) Comte. Auguste. (1798-1857) Littré.Émile (1801-1881) Martineau (1802-1876) Feuerbach. Ludwig Andreas. (1804-1872) Mill, Stuart (1806-1873) Read. Carveth (1806-1931) Bauer. Bruno (1809-1882) enciclopedis. criticista livre-pens. realista moralista empirista kantiano idealista eclético idealista idealista jurista realista escolástico eclético idealista kantiano ontologista positivista positivista positivista positivista positivista hegeliano 21 Balmes. Jaime (1810-1848) Liberatore. Matteo (1810-1892) Kleutgen. Joseph (1811-1883) Darwin. Charles (1812-1882) Kierkegaard. S. (1813-1855) Renouvier. Charles. (1815-1903) Lotze . Rudolf Hermann (1817-1881) Marx, Karl (1818-1883) Congreve. R. (1818-1899) Renan. Ernest (1823-1892) Lafitte. Pierre (1823-1903) Durkheim. Emile (1823-1917) Palmieri. Domenico (1829-1909) Gonzales. Zeferino (1831-1894) Lachelier. Júlio. (1832-1918) Dilthey.Wilhelm (1833-1912) Dühring. Eugen. (1833-1921) Haeckel. Ernst Heinrich. (1834-1919) Caird. Edward (1835-1908) Green. Thomas Hill. (1836-1882) Laas. Ernst (1837-1885) Mach. Ernst (1838-1916) Brentano. Franz (1838-1917) Lepidi. Alberto. (1838-1922) Peirce. Charles Sanders (1839-1914) Ribot. Théodule A. (1839-1916) Cantoni. César (1840-1906) Liebmann.Otto. (1840-1912) espiritualista escolástico escolástico evolucionista idealista realista materialista positivista positivista positivista positivista escolástico escolástico idealista historicista positivista evolucionista idealista positivista empirista fenomenista escolástico pragmatista positivista idealista neokantiano 22 James. William (1842-1910) Cohen. Hermann. (1842-1918) Avenarius. Richard (1843-1896) Nietzsche. Fr. (1844-1900) Denifle. Henrique. (1844-1905) Ehrle. Francisco (1845-1934) Jodl. Friedrich (1846-1914) Bradley. Francis Herbert (1846-1924) Eucken. Rudolf (1846-1926) Bosanquet. Bernhard. (1848-1923) Loisy. Alfred (1850-1940) Mercier. Deziré-Joseph (1851-1926) Mattiussi. Guido (1852-1925) Baeuemker. Clemens (1853-1924) Oswald Wilhelm (1853-1932) Natorp. Paul. (1854-1924) Royce. Josiah (1855-1916) Hamelin. Octave (1856-1907) Gardeil. Ambroise (1859-1931) Husserl. Edmund (1859-1938) Bergson. Henry (1859-1941) Dewey. John. (1859-1952) Blondel. Maurice. (1861-1949) Külpe. Osvald (1862-1915) Münsterberg. Hugo. (1863-1916) Rickert. Heinrich. (1863-1936) Cornelius. Hans. (1863- 1947) Baumgartner. Mathias. (1865-1933) pragmatista neokantiano positivista pré-existenc. escolástico escolástico positivismo idealista hegeliano idealista modernista escolástico escolástico escolástico positivista neokantiano idealista idealista escolástico fenomenista pragmatista fil. da ação realista neokantiano 23 Croce. Benedeto. (1866-1952) Deploiage. Simon (1868-1927) Pègues. Thomas (1868-1936) Dantec. Felix Le. (1869-1917) Brunschwicg. Leon. (1869-1944) Cohn. Jonas. (1869-1947) Geyser. Joseph (1869-1948) Marechal.Joseph (870-1944) Moore. George Eward (1873-1958) Cassirer. Ernst (1874-1945) Gentile. Giovane... (1875-1944) Grabmann. Martin (1875-1949) Bauch. Bruno (1877-1942) Descoqs. Pierre 1877-1946) Lagrange. Reginal Garrigou (1877-1964) Russel. Bertrand (1879-1970) Keyserling. Conde von (1880-1946) Pelster. Fr.. (1880-1956) Hartmann. Nicholai. (1882-1950) Maritain. Jacques. (1882-1973) Jaspers. Karl (1883-1969) Boyer. Charles (1884-1965) Gosselin. Bernard (1886-1962) Heidegger. Martin (1889-1976) Carnap. Rudolf (1891-1970) Raeymaecker. Louis de. (1895-1970) Acker. Leonardo van (1896-1986) Ryle. Gilbert. (1900-1976) hegeliano escolástico escolástico idealista escolástico. escolástico hegeliano escolástico escolástico neopositivista escolástico nova ontolog escolástico escolástico escolástico existencialist neopositivista escolástico escolástico neopositivista 24 Popper. Karl Raymund (1902-1994) Copleston. Frederich Charles (1907 ) Derisi. Octavio Nicolas. (1907- ) Ayer. Alfred Julius(1910- ) neopositivista escolástico neopositivista E o que se pode depreender apenas pelo numérico é que: Filosofia Antiga (16) se teve mais filósofos estoicos (5), depois os patrísticos (2) e os gnósticos (2); Filosofia Medieval (109) mais tomistas (17), agostiniano (13) e escolástico (12), depois nominalistas (9), místicos (7) e aristotélicos (5). Filosofia Moderna (52) mais os escolásticos (23), positivistas (19) e idealistas (13), depois kantianos (6), empiristas (5), hegeliano, realista e jansenista (4). Filosofia Contemporânea (129) mais os escolásticos (25), positivistas (19) e idealistas (14), depois os kantianos (6) e os realistas (4). Oriental Neste item anterior foi citado filósofos orientais o que pode ocasionar a seguinte indagação: trataram estes da filosofia ocidental ou existiu uma filosofia oriental? Embora o termo filosofia seja de origem grega, a referência a uma filosofia ocidental é em oposição a uma filosofia oriental. Esta última é um tema controverso, uma vez que em relação ao oriente muitos afirmam que não ocorreu uma separação de ciência e religião, ou pensamento não-religioso como algo independente do pensamento religioso, como ocorreu no ocidente. Mas há quem afirme que o que 25 falta é informação sobre o oriente: "Há, segundo penso, muitas concepções errôneas sobre a filosofia oriental, nem toda de orientação mística e religiosa." E há, ainda, quem discuta se a herança que os gregos receberam dos orientais, com os quais tinham contato, deu origem a filosofia. Contudo, a "maioria dos historiadores tende hoje a admitir que somente com os gregos começa a audácia e a aventura expressas numa teoria". Entretanto, é possível citar pensadores do oriente que são amplamente conhecidos, como Confúcio, e obras conhecidas, como A Arte da Guerra. Bem como as inúmeras obras do Avicena e do Averróis. Cronologia Data Descrição c. 585 início da filosofia ocidental com Tales de Mileto fim do séc. VI morte de Pitágoras séc. V Leucipo, fundador do atomismo c. 460 nascimento de Demócrito 450 nasce Diotima de Mantinea Contexto histórico 26 c. 445 nasce Antístenes, fundador do cinismo 435 nasce Aristipo de Cirene c. 412 nasce Diógenes de Sínope, discípulo de Antístenes c. 410 morre Protágoras, que afirmou: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." 399 Sócrates condenado à morte em Atenas 387 Platão funda a Academia em Atenas c. 360 nasce Pirro de Élis, fundador do pirronismo 335 Aristóteles funda o Liceu em Atenas 306 Epicuro funda o Jardim 301 Zenão de Cítio funda o estoicismo séc. III Aristarco de Samos deduz que a Terra gira em torno do Sol 335-323: guerras de Alexandre, o Grande 27 Sexto Empírico, autor de Hipotiposes pirrônicas séc. I Andrônico de Rodes organiza os escritos 27 AC: Augusto de Aristóteles e de Teofrasto funda o Império Romano; 1: nascimento de De rerum natura, de Lucrécio Jesus séc. I DC filosofia gnóstica e seg. séc. III Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, de Diógenes Laércio c. 254 morte de Orígenes 324: Constantino unifica o Império Romano 270 morte de Plotino c. 400 Agostinho de Hipona escreve Confissões c. 415 Hipátia é assassinada por cristãos em Alexandria 476: fim do Império Romano no ocidente 529 fechamento da Academia de Platão por ordem de Justiniano 632: morte de Maomé 28 c. 873 morte de Al-Kindi, primeiro filósofo muçulmano 1037 morte de Avicena c. 1121 Sic et non de Pedro Abelardo séc. XIIIIrmãos e Irmãs do Livre Espírito XVI 1265 Tomás de Aquino começa a escrever a Suma teológica Gutenberg desenvolve a imprensa de tipos móveis; Lorenzo Valla, Marsílio Ficino séc. XIV e seg. 1453: tomada de Constantinopla pelos turcos 1492: Cristóvão Pietro Pomponazzi, Erasmo de Rotterdam Colombo chega à América 1513 Maquiavel escreve O Príncipe (publicado em 1532) 29 1543 Copérnico publica Sobre as revoluções dos orbes celestes, com um modelo matemático no qual a Terra gira em torno do Sol 1588 nasce François de La Mothe Le Vayer 1592 nascimento de Pierre Gassendi; morte de Montaigne 1600 condenação à morte na fogueira de Giordano Bruno, pela Inquisição 1601 De la sagesse, de Pierre Charron 1609/19 leis de movimentos dos planetas por Johannes Kepler 1620 Novum organum, de Francis Bacon 1633 Galileu Galilei, após a publicação de Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo (1632), é forçado pela Igreja católica a abjurar a teoria heliocêntrica 1636 Cristóvão Ferreira escreve A decepção revelada 1641 Descartes publica as Meditações 30 metafísicas 1651 Leviatã de Thomas Hobbes 1657 L’Autre Monde de Cyrano de Bergerac 1677 publicação póstuma da Ética de Espinoza 1687 Isaac Newton publica os Principia; leis da gravidade 1689 Locke publica o Ensaio sobre o entendimento humano; empirismo 1710 Berkeley publica os Tratado sobre os princípios do conhecimento humano, levando o empirismo a novos extremos 1716 nascimento de Helvétius; morte de Leibniz 1725 primeira edição de Scienza nuova de Giambattista Vico 1729 Jean Meslier, primeiro filósofo ateu, termina seu Testamento, por meio do qual denuncia a opressão e as injustiças cometidas contra os camponeses pelos governos e demonstra a "falsidade e vanidade de todas as divindades e de 31 todas as religiões do mundo" (só foi publicado integralmente em 1864) 1738 Maria Gaetana Agnesi escreve em latim a obra Propositiones philosophicae (Proposições filosóficas) Hume publica o Tratado da natureza 1739-40 humana, conduzindo o empirismo a seus limites lógicos 1748 L'Homme machine (O homem-máquina) de La Mettrie 1758 Helvétius publica De l'esprit 1762 Rousseau publica do Do contrato social 1770 Sistema da natureza do Barão d'Holbach 1773 publicação póstuma de De l’homme de Helvétius 1779 são publicados postumamente os Diálogos sobre a religião natural de Hume 1781 Kant, despertado de seu "sono dogmático" por Hume, publica a Crítica da razão pura. Início da grande era do 32 idealismo alemão 1789 morre o Barão d'Holbach 1807 Hegel publica a Fenomenologia do espírito: apogeu do idealismo alemão 1809 nasce Pierre-Joseph Proudhon, filósofo anarquista 1818 Schopenhauer publica O mundo como vontade e representação 1841 publicação de A essência do cristianismo, de Ludwig Feuerbach 1845 nas Teses sobre Feuerbach Marx escreve que os "Filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diversas maneiras; mas o que importa é transformá-lo". 1848 Marx e Engels publicam o Manifesto do Partido Comunista, no qual conclamam: "Proletários de todo o mundo, uni-vos". 1855 morte de Kierkegaard, primeiro filósofo do existencialismo início da Revolução Francesa 33 1859 publicação de On Liberty, do utilitarista John Stuart Mill 1879 Gottlob Frege, publica a Begriffsschrift (Conceitografia ou Ideografia), um marco na história da lógica e da tradição posteriormente conhecida como filosofia analítica 1882 Nietzsche publica A gaia ciência; "Deus está morto" 1892 Gottlob Frege, publica Uber Sinn und Bedeutung (Sobre sentido e referência) 1898 G.E. Moore publica The Nature of Judgment, uma das obras que inaugura a tradição da filosofia analítica na Inglaterra 1900 morre Friedrich Nietzsche 1903 Moore publica Principia Ethica teoria da evolução, de Charles Darwin, com A origem das espécies fim do séc. XIX/início do séc. XX: teoria psicanalítica de Sigmund Freud 34 1903 Bertrand Russell publica The Principles of Mathematics nasce Ayn Rand, fundadora da filosofia do objetivismo 1905 Bertrand Russell publica seu artigo On Denoting, em que expõe pela primeira vez sua teoria das descrições definidas teoria da relatividade de Albert Einstein 1907 Pragmatismo de William James 1910 1914: início da I Bertrand Russell e A.N. Whitehead Guerra Mundial; publicam o primeiro volume de Principia 1917: Revolução mathematica Russa 1921 Wittgenstein publica o Tractatus logicophilosophicus, advogando a "solução final" para os problemas da filosofia década de 1920 o Círculo de Viena (capitaneado por Rudolf Carnap e Moritz Schlick, entre outros) apresenta o positivismo lógico fundação do Instituto para Pesquisa Social, mas tarde Escola de Frankfurt 1927 Heidegger publica Ser e tempo, anunciando a ruptura entre a filosofia 35 analítica e a continental 1928 Rudolf Carnap publica Der logische Aufbau der Welt 1930 Kurt Gödel publica The Completeness of the Axioms of the Functional Calculus of Logic 1931 Gödel publica On Formally Undecidable Propositions of Principia Mathematica and Related Systems 1934 Simone de Beauvoir escreve o primeiro romance em que explorou os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual, temas que abordou igualmente em romances posteriores 1937 Carnap publica The Logical Syntax of Language 1938 morte de Edmund Husserl, fundador da fenomenologia 1941 morte de Henri Bergson 1942 Albert Camus publica O mito de Sísifo onde ele começa a desenvolver 1939: início da II Guerra Mundial 36 filosoficamente o conceito do absurdo, retomando criticamente o pensamento dos filósofos anteriores a ele que também questionaram sobre o absurdo da existência 1943 Jean-Paul Sartre publica O ser e o nada, avançando no pensamento de Heidegger e instigando o surgimento do existencialismo Carnap publica Empiricism, Semantic and Ontology 1950 W.V.O. Quine publica Two Dogmas of Empiricism, que contém um rejeição da distinção análitico/sintético Peter Strawson publica On Referring, criticando "aquele paradigma da filosofia" (como disse Frank P. Ramsey), a teoria das descrições definidas de Russell 1951 Hannah Arendt escreve seu primeiro livro As origens do totalitarismo e consolida seu prestígio como uma das figuras maiores do pensamento político ocidental. Arendt assemelha de forma polémica o nazismo e o comunismo, 37 como ideologias totalitárias 1952 Albert Camus publica O homem revoltado onde analisa historicamente o conceito de revolta e critica ferozmente o marxismo 1953 publicação póstuma de Investigações filosóficas, de Wittgenstein 1954 é publicado Doença mental e psicologia, de Michel Foucault 1955 morre Teilhard de Chardin, após a publicação de sua obra-prima O fenômeno humano 1959 Strawson publica Individuals 1960 morre Albert Camus em um acidente de carro 1962 Thomas Kuhn publica The Structure of Scientific Revolutions 1965 Karl Jaspers publica Kleine Schule des Philosophischen Denkens (Introdução ao pensamento filosófico), série de pequenos ensaios feitos para um 38 programa de televisão da Baviera 1970 morre Bertrand Russell 1971 Saul Kripke publica Identity and Necessity 1972 Kripke publica a primeira edição de Naming and Necessity 1975 Hilary Putnam publica Mathematics, Matter and Method. Philosophical Papers, vol. 1 1977 David Kaplan profere as conferências publicadas mais tarde (1989) com o título Demonstratives--An Essay on the Semantics, Logic, Metaphysics, and Epistemology of Demonstratives and other Indexicals 1979 Tyler Burge publica Individualism and the Mental Richard Rorty publica Philosophy and the Mirror of Nature 1980 Xavier Zubiri publica Inteligencia Sentiente: Inteligencia y Realidad 39 morre Sartre 1982 Kripke publica Wittgenstein on Rules and Private Language 1985 Bernard Williams publica Ethics and the Limits of Philosophy 1991: dissolução da União Soviética Robert B. Brandom publica Making It Explicit 1994 John McDowell publica Mente e Mundo morre Karl Popper 2004 morte de Jacques Derrida, filósofo pósestruturalista criador do conceito desconstrução 2005 publicação de Tratado de ateologia de Michel Onfray 40 MESSIAS Conceito Messias em termos religiosos quer dizer pessoa ou coletividade na qual se concretizavam as aspirações de salvação ou redenção. Em termos do judaísmo e cristianismo é a pessoa a quem Deus supostamente comunica algo de seu poder ou autoridade. Em mais detalhes. Em termos de judaísmo é um conceito que em hebraico quer dizer "O Consagrado" e se refere, principalmente, à profecia da vinda de um humano descendente do Rei David, que irá reconstruir a nação de Israel e restaurar o reino de David, trazendo desta forma a paz ao mundo. Em termos do cristianismo é um conceito que em grego quer dizer “O Ungido” e se considera, com algumas exceções, Jesus Cristo como o Messias. No Antigo Testamento a palavra aplicava-se a várias pessoas: os reis de Israel, os juízes, bem como o Sumo Sacerdote, algo próximo ao termo Messias - alguém de quem o Espírito de Deus se apoderava, fazendo com que o eleito realizasse maravilhas, e demonstrasse ao povo que sua autoridade sobre o povo de Israel procedia de Deus. Os próprios patriarcas eram considerados "Ungidos", no sentido mais amplo da palavra. Mas até o século I a.C., a palavra Messias era aplicada apenas às profecias que se referiam à vinda do libertador de Israel. A palavra específica Messias no Antigo Testamento aparece apenas duas vezes: em Daniel 9:25 e 26, quando um anjo anuncia ao 41 profeta Daniel que o Messias surgiria e seria morto 62 semanas proféticas após a reedificação de Jerusalém, antes da cidade e do templo serem novamente destruídos. No Novo Testamento, está registrada também apenas duas vezes: em João 1:41, quando o André contou a seu irmão Pedro que recém haviam encontrado o Messias (que traduzido é o Cristo), e em João 4:25, onde uma mulher samaritana comenta com Jesus que sabia que o Messias estava vindo, e que quando viesse, nos anunciaria tudo, ao que Jesus prontamente lhe respondeu: "Eu o sou, eu que falo contigo". Supostos Entre os diversos citados Messias, fora Jesus Cristo, estão: 12 judaicos: Teudas (44-46) na Judeia; Menahem ben Judá participante na revolta contra Agripa II; Simon bar Kokhba (morto em 135 d.C.); Moisés de Creta (século V); Abraham Abulafia (nascido em 1240); Nissim ben Abraham (cerca de 1295); Isaac Luria (1534- 1572), notável cabalista; Sabbatai Zevi (1626 - 1676); Barukhia Russo, sucessor de Sabbatai Zevi; Jacob Querido (morto em 1690), dizia ser a reencarnação de Sabbatai Zevi; Israel ben Eliezer (1698 - 1760), fundador do hassidismo; Menachem Mendel Schneerson (1902 -1994). 12 cristãos: Aldebert (século VIII); Tanchelm da Antuérpia (c. 1110); Ann Lee (1736-1784); Hong Xiuquan (1812-1864), clamava ser o irmão mais jovem de Jesus; Haile Selassie (1892-1975), messias do Movimento do Rastafari; Sun Myung Moon (1920-2012), fundador da Igreja da Unificação; David Koresh (1959-1993); Jacobina Mentz Maurer (1841-1874); Maria Devi Christos (1960), fundadora da Grande 42 Irmandade Branca; Matayoshi Mitsuo, autoproclamado messias japonês que concorreu para a Câmara dos Deputados do Japão com o nome "Jesus Cristo", recebeu sete mil votos e não se elegeu; José Luis de Jesus Miranda (1946-2013) - fundador da "Creciendo en Gracia" auto-proclamado "Jesus Cristo Hombre"; Álvaro Inri Cristo Thais (1948) - brasileiro fundador da instituição "Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade" (SOUST), auto-proclamado a reencarnação de Jesus Cristo. 8 islâmicos: Maomé (570-632); Muhammad Jaunpuri; Báb (1819-1850), fundador do babismo, nasceu no atual Irã; Mirza Ghulam Ahmad; Muhammad Ahmad (1844-1885), líder religioso que declarou ser o mahdi; Mohammed Abdullah Hassan; Rashad Khalifa; Juhayman al-Otaibi. Saoshyant é o salvador do mundo no Zoroastrismo. Verdadeiro Meishu-Sama é o nome religioso de Mokiti Okada, assim como, Sakyamuni é o nome religioso do príncipe Sidartha Gautama que foi um Buda, e Jesus de Nazaré que foi um Cristo. Mokiti Okada (23 de dezembro de 1882 — 10 de fevereiro de 1955) foi o fundador da Igreja Messiânica Mundial, na qual é conhecido pelo título honorífico de Meishu-Sama, "Líder Espiritual Iluminado". Mas, afinal, em poucas palavras, quem é Meishu-Sama? Ele mesmo, o próprio Meishu-Sama, responde: “No presente, quando o mundo vagueia em tão caótica situação, Deus enviou o Mestre Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial, com a suprema missão de realizar o Seu sagrado objetivo de salvar toda a humanidade.” 43 “Mesmo aquela estátua do Palácio dos Sonhos, que ficou por longos anos oculta, indica simbolicamente o meu nascimento como um Guce Kannon, isto é, um salvador da humanidade.” “Aqueles que me conhecem, cientes da grande obra de salvação por mim realizada, naturalmente gostariam de saber tudo o que for possível a meu respeito; no futuro, será incalculável o número de pessoas, no mundo inteiro, que terão o mesmo desejo. Assim, como criador do princípio do Mundo Paradisíaco, pretendo deixar para as gerações vindouras a imagem mais fiel de minha pessoa, e por isso escreverei a meu respeito. Parece-me estranho que aqueles grandes religiosos – Cristo [Jesus], Maomé (séc. VI d.C.) e Sakyamuni (séc. VI a.C.) - nada tenham falado de si mesmos. É como se estivessem trajados com magníficas vestes e não quisessem tirá-las; desse modo, não podemos conhecer suas impressões e confissões. Talvez eles não nos tenham revelado seu íntimo por não terem vontade de fazê-lo, mas acho isso realmente lamentável. Quanto a mim, acontece o contrário. Desejo escrever tudo a meu respeito, com todos os detalhes. Provavelmente encontrarão pontos incompreensíveis em minhas explanações, fatos que lhes parecerão inverossímeis, grandes ou pequenos, claros ou obscuros, finitos ou infinitos, etc. Saboreando minhas palavras, conseguirão a sabedoria da vida e tornar-se-ão possuidores de espírito inabalável.” “Todo acontecimento da vida cotidiana relacionada à minha pessoa, por menor que seja, é Luz. Portanto, faça o possível para transmitir isso a um maior número de pessoas.” “Sem levar em consideração o fato de saber redigir bem ou não, todos vocês que servem perto de mim, têm o dever de transmitir aos fiéis a minha vida diária. Vocês precisam observar direito se realmente 44 estou pondo em prática tudo o que digo ou ensino aos membros, e registrar tudo tal qual têm observado.” “É importante que os mamehito saibam quem sou eu, MeishuSama. Quando tiverem convicção absoluta do meu poder, a sua alma ficará sólida como um diamante. Ao mesmo tempo, a capacidade de atuação de cada um aumentará consideravelmente. Assim todos conseguirão colaborar na Obra Divina. Devem vocês, portanto, procurar entender do fundo do coração, estas minhas palavras e, depois, colocá-las em prática o maior número possível de vezes.” “Homens! Preparem-se! Grande Messias é o Sagrado Nome Daqueles que salvará o mundo no Juízo Final. A Era dos Deuses Será a era em que a Luz do Messias Iluminará ilimitadamente a Terra. Ecoam mudas vozes de alegria Pelo surgimento do Messias Nos três mundos: Divino, Espiritual e Material.” “Sou homem e não sou homem Sou Deus e não sou Deus Fico a refletir sobre mim mesmo ... O Estado de União com Deus Refere-se à ação onde não existe distinção Entre a Obra de Deus ou a do homem. Serei eu A salvar este conturbado Mundo Material Manifestando a Força da União com Deus.” 45 Reencarnações O empresário Mokiti Okada, que viveu entre 1882 e 1955, teve várias reencarnações, numa delas, ele mesmo disse: “Relacionando a minha vida à do Príncipe Shotoku, dá para perceber a existência de pontos semelhantes entre as nossas ideias porque, na verdade, eu sou uma reencarnação dele.” Reencarnações conjecturadas, após a deste príncipe regente Shotoku (574 d.C.-622 d.C.), foram a do general Hideyoshi Toyotomi (século XVI) e o pintor Ogata Korin (1658-1716). Vidas anteriores a do príncipe, que foram muito significativas, data de cerca de três mil anos atrás, que será explicitada neste trabalho. Eis o que o Meishu-Sama pensa a respeito destas últimas personalidades vivenciadas por ele. No que se refere ao príncipe Shotoku: “Uma semelhança marcante entre a minha vida e a do Príncipe Shotoku diz respeito às construções.” “Exemplifiquemos, primeiramente, com o príncipe Shotoku, cujo vasto conhecimento sobre a cultura budista, principalmente na parte artística, ninguém poderá deixar de reconhecer. Temos a prova disso no Templo Horyuji e em outras construções, que ainda conservam o esplendor da sua magnificência, A sua famosa "Constituição dos 17 Artigos" de ser considerada a base da lei japonesa.” Meishu-Sama sempre dizia: “Trabalho dez vezes mais do que qualquer homem.” Neste aspecto, lembra o príncipe regente Shotoku, que ouvia dez pessoas ao mesmo tempo, coisa impossível para uma pessoa comum. No que diz respeito ao general Hideyoshi Toyotomi: “A maior honra, no entanto, desejamos conferir a Hideyoshi Toyotomi (unificador dos feudos, no ano de 1573). A grandeza de 46 Hideyoshi Toyotomi reside no fato de ter compreendido a Arte ainda na mocidade e colecionado obras-primas, o que não deixa de ser algo surpreendente, dado que ele era filho de lavrador. Geralmente, além de crescer sob condições favoráveis, ou melhor, na classe acima da média, é necessário um grande esforço para se atingir o nível do "saber das coisas" [tieshokaku]. Hideyoshi, portanto, é de fato um homem extraordinário, pois atingiu esse nível apesar de sua origem humilde e de ter vivido continuamente em campos de batalha.” No que tange ao pintor Ogata Korin: Quando Meishu-Sama tinha 25 anos de idade, abriu uma loja em Tóquio e deu o nome de Korin-do em homenagem ao famoso artista Korin Ogata (1658-1716), que Meishu-Sama mais admirava entre todos os artistas japoneses. Vida e Obra Mokiti nasceu no bairro de Asakusa em Tóquio, desde criança, dedicou-se às artes e se preocupava com os problemas da humanidade. Ele foi admitido aos cinco anos de idade na Escola das Belas Artes de Tóquio. No entanto, foi obrigado a desistir dos estudos pouco depois devido a graves problemas de saúde. Em 1907 abriu o seu próprio negócio, tendo feito fortuna no negócio da joalharia. Em 1919 a sua primeira esposa morre e nos anos seguintes o seu negócio é duramente afetado pela crise econômica mundial que se seguiu à Primeira Guerra Mundial (1920) e pelo grande terramoto de Kanto (1924). Assim, após inúmeras dificuldades na vida familiar e empresarial, foi cada vez mais se aprofundando na filosofia, na religião e no estudo sobre a origem do sofrimento humano. 47 Seguidor desde 1920 do Oomoto (uma seita religiosa derivada do Xintoísmo), em 1926, alcançou o estado de suprema iluminação em que lhe foi revelado por Deus sua missão e lhe foram concedidos o conhecimento e a força necessária para a construção de uma nova civilização material e espiritualmente desenvolvida, que o levou a abandonar os seus negócios e dedicar-se à vida religiosa em 1928, e a anunciar publicamente em 1 de janeiro de 1935 a sua visão para uma nova civilização, que deveria trazer paz permanente e felicidade para todos os seres humanos do mundo independentemente da sua origem ou religião, tendo fundado um movimento religioso com o objetivo de espalhar os seus ensinamentos, a Igreja Messiânica Mundial. Okada acreditava que a única forma de ser feliz era ajudando outros a serem felizes, e apontou a medicina, a agricultura e a arte como as três áreas mais importantes na vida humana, tendo desenvolvido as suas próprias teorias filosóficas e métodos concretos para as colocar em prática, incluindo a sua técnica de cura e purificação, o Johrei. Logo após fundar a Igreja Messiânica Mundial, abriu um centro de reabilitação centrado nos poderes curativos da luz, mas este foi encerrado em 1936 sob a acusação de violar a Lei dos Prestadores de Cuidados Médicos. Nesse ano, Mokiti Okada estabeleceu um método de agricultura originalmente chamado de "agricultura sem fertilizantes", ou "agricultura natural", que propõe um cultivo natural onde existe a harmonia com o meio-ambiente, com a alimentação, com a saúde do homem e com a espiritualidade. Cerceado pela falta de liberdade religiosa no Japão à época, apenas a partir de 1947 (após o final da Segunda Guerra Mundial) é que o seu trabalho pôde ser abertamente divulgado. Nos seus últimos anos de vida, Okada idealizou e promoveu a construção de três "protótipos do paraíso terrestre" (em Hakone, Atami e Quioto), formados por templos, jardins e museus 48 destinados a expor as peças de arte que colecionava, pois defendia que a arte devia ser partilhada por todos e não escondida nas coleções privadas dos mais privilegiados. Fora do Japão, já existem solos sagrados no Brasil e na Tailândia e há previsão da construção de mais um no continente africano, na cidade de Cacuacu. A escola Sangetsu do Ikebana, inspirada por Mokiti Okada, foi fundada em 15 de junho de 1972. A Fundação Mokiti Okada (MOA), oficialmente denominada MOA International Corporation desde 2009, foi criada em 1980 para continuar o trabalho de Okada para a criação de uma nova civilização com base nas suas filosofias e princípios, sem confinar a sua aplicação dentro de um quadro religioso. Grande parte da extensa coleção de arte de Okada está agora albergada no Museu MOA, em Atami. Seu maior legado, porém, foi outorgar à humanidade a permissão de qualquer ser humano ser capaz de transmitir a poderosa Luz de Deus, que purifica o corpo e o espírito e elimina a verdadeira causa de todos os sofrimentos humanos, trazendo saúde, paz e prosperidade ao mundo, conhecido pelo nome de Johrei. Em vida, ele escreveu mais de 300 mil pontos focais, conhecidos pelo nome de “Ohikari” (medalha da luz divina), que permitem a qualquer ser humano ser representante de Deus e manifestar Seu amor e Sua força de salvação a seu semelhante. Meishu-Sama ainda escreveu milhares de textos a respeito de saúde, alimentação, agricultura, arte, política, educação, entre outros assuntos, todos eles revelados por Deus como norte para a transformação da cultura materialista e egoísta em altruísta e espiritualista. 49 Ao falecer, aos 72 anos de idade, o Fundador havia deixado prontas as bases para a construção de um mundo ideal, o Paraíso Terrestre, onde a saúde, a prosperidade e a paz pudessem imperar. Em termos bem esquemáticos a vida e obra de Meishu-Sama compreende três tópicos: Família, Trabalho e Fé; Messiânica; Messiânica Mundial. Apresentando a vida de Mokiti Okada, seus pensamentos, palavras e ações, suas reencarnações, como se tornou Meishu-Sama, anos mais tarde, Meshia-Sama, o Messias. Os 72 anos de existência de Mokiti Okada são apresentados em três períodos: primeiro, que vai de 1882 a 1934, seus primeiros 52 anos de vida, passos iniciais na família, trabalho e fé; o segundo, de 1935 a 1949, dos 52 aos 66 anos, seus posteriores 15 anos, formando e desenvolvendo a Messiânica; e o terceiro, de 1950 a 1955, dos 67 aos 72, seus últimos cinco anos, edificando a Messiânica Mundial. O primeiro período - Família, Trabalho e Fé - compreende três sub-períodos: “Caseiro comum e admirável” [1882-1904, primeiros 22 anos], “Empresário de loja de aviamentos” [1905-1919, 23 aos 37 anos] e “Religioso da Oomoto” [1920-1934, 38 aos 51]. O segundo período Messiânica: “Criador de uma Ultra-Religião” [1935-1943, 52-61], “Edificador de Solos Sagrados” [1944-1949, 62-66] e “Revelador de seu Passado, Presente e Futuro”. O terceiro período - Messiânica Mundial: “Começou a usar o nome de Meishu-Sama” [1950-1953, 67-70], “Passou a ser chamado de Meshia-Sama” [1954-1955, 71-72] e “Delineou o Século XXI”. A obra de Meishu-Sama é imensa. Ele criou uma ultra-religião, colunas de salvação com Johrei, agricultura natural e belo. Este último desde a edificação de solos sagrados e museus. “Quanto ao museu, ficará para o ano que vem. Creio que ele 50 será comentado mundialmente, atraindo a atenção do mundo inteiro. A obra ainda está na metade, mas quando estiver totalmente concluída, causará assombro. Como resultado, surgirá esta pergunta: ‘Afinal de contas, o que é a Igreja Messiânica Mundial?’. Sabendo que se trata de uma Igreja dirigida por um indivíduo chamado Meishu-Sama, quererão saber quem é esse indivíduo. Assim, estou certo de que terá início uma pesquisa sobre ele.” ““Entre o espaço de 10 e 20 anos, Ele construiu tudo isto..." Eu acho que a partir de uma frase como esta, as pesquisas sobre Mokiti Okada vão dar o seu passo de largada. "Quem foi ele e qual a filosofia que pregava". Através destas e de outras frases, todas as coisas que eu escrevi serão lidas em todas as partes do mundo. E, como resultado concreto disso, teremos que as pessoas não vão poder deixar de entender sobre a superstição da Medicina e a superstição dos fertilizantes muito utilizados até os dias de hoje. E ainda, como vou construir a grandiosa obra que é o Paraíso Terrestre, vão achar maravilhosas as minhas palavras e a minha ideologia e, principalmente, vão entender que através dela é que vamos implantar a verdadeira saúde. Todas as doenças vão ser exterminadas. Teremos grandes colheitas sem nenhum tipo de fertilizante ou adubo. E, ainda por cima, quando acabarmos com o ateísmo, os criminosos também vão desaparecer. Como escrevo coisas do tipo extraordinário e até raro, se forem lidas por pessoas que possuem pensamentos deturpados, por mais que sejam coisas boas que estejam escritas, de maneira alguma elas entram na cabeça destas pessoas. Por outro lado, se for lido por pessoas que tenham o pensamento: "Ele é diferente das pessoas comuns. Com certeza não é um homem qualquer. O que será que ele 51 quer dizer com isso?", rapidamente se tornará um apreciador das minhas palavras. Se não for por esta maneira, não se chegará a lugar nenhum. E esta forma de fazer é uma atitude do Deus Absoluto. Assim, dá para entender que Deus faz de uma forma tão magnífica que chega a nos deixar boquiaberto, ou seja, antes de tudo, Ele utiliza o Belo para chamar a atenção das pessoas em geral. Eu acho que Deus faz tudo com muita habilidade.” “Se escrevo num papel com tinta carvão, as letras se movimentam viva e livremente no ar. A partir do instante em que esse papel é dobrado e guardado no peito como proteção, o sentimento se purifica, começam os milagres e é liberada a força capaz de curar as pessoas. Gradativamente, as criaturas infelizes passam a viver em condições favoráveis. Por outro lado, pendurando na parede o papel manuscrito por mim ou colocando-o em um quadro, as letras emitem raios de Luz, muitas vezes vistos por algumas pessoas. Sem dúvida, o lar toma-se alegre, e a colheita, para os agricultores, torna-se mais farta. A transformação gradual do lar em Paraíso é um fato verídico, proclamado por inúmeros membros de forma unânime.” “Fala-se sobre a vinda do Messias, não? Pois o Messias nasceu [parto de Deus que estava no ventre de Meishu-Sama]. Não são apenas palavras; é realidade mesmo. Eu próprio fiquei surpreso. E não se trata de renascer [nascer novamente na aparência], mas de nascer novamente [verdadeiramente]. É esquisito nascer depois de velho, mas o mais interessante é que minha pele ficou delicada como a pele de um bebê e, além disso, como podem constatar, surgiram-me estes cabelos pretos. Ao vê-los, o barbeiro disse que parece cabelo de criança. Os fios brancos foram sumindo gradativamente e só nasciam fios pretos. [assemelha-se ao personagem do filme “O Estranho caso de Benjamin Burton]. Esse Messias tem a posição mais elevada na hierarquia do mundo. No Ocidente, ele é considerado o Rei dos Reis. Assim, a minha 52 vinda se reveste da maior importância, pois, graças a ela, a humanidade será salva.” Dez dias depois, ou seja, em 15 de junho, foi solenemente realizada no Templo Messiânico a Cerimônia de Comemoração Provisória da Vinda do Messias. Nesse dia seu estado não era bom, tendo ele subido ao Altar com muito custo, ajudado por terceiros. Era a primeira vez que Meishu-Sama aparecia em público desde o início de sua purificação. Estava todo vestido de branco e fez uma saudação bem simples. Nessa oportunidade, o Presidente da Igreja comunicou aos mais de dez mil participantes a deliberação de chamá-lo, dali em diante, pelo nome de Meshia-Sama (Messias) e não mais Meishu-Sama. 53 54 CURSO “FILOSOFIA E MESSIAS” Significado O Messias Meishu-Sama em “Identidade entre a Religião, a Filosofia e a Ciência” escrita na data de 14 de fevereiro de 1951, ensina: “A religião, a filosofia e a ciência estão um passo aquém [abaixo] do mundo espiritual divino, e por se encontrar num impasse, verifica-se a era de trevas como a de hoje. Assim, por intermédio da minha pessoa [Messias], Deus pretende romper as barreiras, abrir as portas e conduzir-nos ao Mundo da Luz Divina.” O Centro Cultural Paraíso Terrestre que segue o Messias Meishu-Sama já ofereceu cursos sobre religião e ciência no sentido de tentar contribuir que estas vislumbrasse um pouco a era da luz, precisamente em “A(s) Religião(ões)” em 2005-2006/1, e “Física Moderna e Ciência Espiritualista” em 2013. “Filosofia e o Messias” é o curso deste Centro Cultural a ser realizado em 2016 que trata da filosofia, mais precisamente da história da filosofia considerando em alguns trechos a filosofia do Messias. O que, aliás, será o mesmo que foi feito no curso “A(s) Religião(ões)” que tratou não da religião, mas sim da história da religião, considerando a filosofia do Messias. Naquela ocasião em 20052006/1 se empregou a coleção “História das Religiões do Mundo” e uma sistematização dos ensinamentos de Meishu-Sama estruturado em três volumes: “Religião”, “Messias” e “Ultra-Religião”. Objetivo é o de colaborar para que a filosofia esteja o mais próximo do mundo espiritual divino, ou seja, para que o conhecimento e a consciência se elevem espiritualmente. 55 Conteúdos Além desta Introdução, são os seguintes tópicos: História das Histórias da Filosofia; O Projeto Socrático; Sócrates e Platão; Aristóteles; Pré-Socráticos; Período Helenístico I; Período Helenístico II; Advento do Cristianismo; Filosofia Patrística e Escolástica; Santo Agostinho; Duns Scot e São Tomás de Aquino; Filosofia Islâmica; Filosofia Cristã; Ideia versus Realidade; A Escolástica I; Xavier Zubiri e a Escolástica; Escolástica II; Santo Tomás de Aquino; Maquiavel e a Formação das Identidades Nacionais; Filosofia na Idade Moderna; Filosofia Anglo-Saxônica; David Hume e Thomas Reid; A Existência do “Eu”; Kant; Fichte e o Idealismo Alemão; Hegel; Schelling; Kant e Hegel: Origem do Positivismo e Marxismo; Genealogia das Ciências; Edmund Husserl e a Filosofia do Século XX; O Enigma Maquiavel; A Realidade; Filosofia Messiânica. Programação Nº Enc. Data Assunto Preliminares 1º 2º 3º 13/10/15 20/10/15 27/10/15 Aula Inaugural Introdução História das Histórias da Filosofia 56 Filosofia da Idade Antiga 4º 5º Maio 6º 7º 8º 9º Junho 10º 03/11/15 10/11/15 O Projeto Socrático Sócrates e Platão 17/11/15 24/11/15 01/12/15 08/12/15 Aristóteles Pré-Socráticos Período Helenístico I Período Helenístico II 15/12/15 Advento do Cristianismo Filosofia da Idade Medieval 11º 29/03/16 12º 05/04/16 13º 12/04/16 Julho 14º 19/04/16 15º 26/04/16 16º 03/05/16 17º 10/05/16 Agosto 18º 17/05/16 19º 24/05/16 20º 31/05/16 Filosofia Patrística e Escolástica São Agostinho Duns Scot e Santo Tomás de Aquino Filosofia Islâmica Filosofia Cristã Ideia versus Realidade A Escolástica I Xavier Zubiri e a Escolástica Escolástica II Santo Tomas de Aquino 57 Filosofia da Idade Moderna 21º 14/06/16 22º 21/06/16 Setembro 23º 28/06/16 Maquiavel e a Formação das Identidades Nacionais Filosofia na Idade Moderna Filosofia Anglo-Saxônica Filosofia da Idade Contemporânea 24º 12/07/16 25º 19/07/16 26º 26/07/16 Outubro 27º 02/08/16 28º 09/08/16 2º 16/08/16 30º 23/08/16 Novembro 31º 30/08/16 32º 13/09/16 33º 20/09/16 34º 27/09/16 Dezembro 35º 04/10/16 36º 18/10/16 David Hume e Thomas Reid A Existência do “Eu” Kant Fichte e o Idealismo Alemão Hegel Schelling Kant e Hegel: Origem do Positivismo e Marxismo Genealogia das Ciências Edmund Husserl e a Filosofia do Século XX O Enigma Maquiavel A Realidade Filosofia Messiânica Filosofia Messiânica 58 Livro-Texto “Filosofia e Messias” é uma coleção compreendendo os 34 volumes listados abaixo. Preliminares 01. Introdução 02. História das Histórias da Filosofia Filosofia da Idade Antiga 03. O Projeto Socrático 04. Sócrates e Platão 05. Aristóteles 06. Pré-Socráticos 07. Período Helenístico I 08. Período Helenístico II 09. Advento do Cristianismo Filosofia da Idade Medieval 10. Filosofia Patrística e Escolástica 11. São Agostinho 12. Duns Scot e Santo Tomás de Aquino 13. Filosofia Islâmica 14. Filosofia Cristã 15. Ideia versus Realidade 16. A Escolástica I 17. Xavier Zubiri e a Escolástica 18. Escolástica II 19. Santo Tomás de Aquino 59 Filosofia da Idade Moderna 20. Maquiavel e a Formação das Identidades Nacionais 21. Filosofia na Idade Moderna 22. Filosofia Anglo-Saxônica Filosofia da Idade Contemporânea 23. David Hume e Thomas Reid 24. A Existência do “Eu” 25. Kant 26. Fichte e o Idealismo Alemão 27. Hegel 28. Schelling 29. Kant e Hegel: Origem do Positivismo e Marxismo 30. Genealogia das Ciências 31. Edmund Husserl e a Filosofia do Século XX 32. O Enigma Maquiavel 33. A Realidade 34. Filosofia Messiânica Estes são praticamente a obra “História Essencial da Filosofia” (2002-2006) do filósofo Olavo Luiz Pimentel de Carvalho levando em consideração a “Filosofia Religiosa do Messias: Deus ao Reino do Céu na Terra” (2007-2008) do autor deste curso, o ministro da Igreja Messiânica Mundial do Brasil: Charles Guimarães Filho. Ela não é totalmente a obra de Olavo devido às reformulações feitas como acrescentar e suprimir textos dela a fim de se tentar melhorar os esclarecimentos, bem como para inserir oferecimentos de ponto de vista segundo os ensinamentos de Meishu-Sama. 60 Mas, quem são esses dois: Olavo de Carvalho e Charles Guimarães Filho? Ao apresentá-los a seguir se espera ao mesmo tempo ter dado uma ideia do por que deles terem sido os escolhidos para regularem tal livro-texto. Olavo de Carvalho Nasceu em 29 de abril de 1947, Campinas, interior de São Paulo. Atualmente, é casado com Roxane Andrade de Souza, pai de oito filhos e diversas vezes avô. Na década de 60 foi um militante comunista, mas após sua decepção com esta ideologia, tornou-se um convicto anticomunista. Na década de 70 colaborou no primeiro curso de extensão universitária em astrologia da PUC de São Paulo para os formandos em psicologia, em 1979. Aproximadamente na mesma época, realizou consultas astrológicas e lecionou na Escola Júpiter, escola de astrologia em São Paulo que chegou a receber 140 alunos. Seu primeiro livro foi lançado em 1980 e chama-se "A imagem do homem na astrologia". Na década de 80 foi um dos membros fundadores da Tariqa Maryamiyya no Brasil, ou seja, uma confraria esotérica islâmica, da corrente contemplativa e mística do Islã. Conhecida como sufismo cujos praticantes são chamados de dervixes. Em 8 de janeiro de 1986 recebeu o Prêmio no Concurso de Monografias sobre a vida do profeta Muhammad do Centro Islâmico do Brasil. Na década de 90 estudou Filosofia no Conjunto de Pesquisa Filosófica da PUC do Rio de Janeiro por três anos, sob a direção do Padre Stanislavs Ladusãns. Apesar de não ter podido terminar o curso fechado após a morte de Ladusãns-, Olavo de Carvalho não quis dar 61 prosseguimento aos seus estudos em outra instituição de ensino superior. "Os outros cursos de Filosofia que eu conhecia neste país não me interessavam, pois eram demasiado ruins", diz o estudioso, que não se considera um autodidata, por ter desfrutado a orientação de muitos mestres, principalmente no campo das religiões comparadas. Ele publicou em 1996 o livro que o tornou conhecido, "O imbecil coletivo: atualidades inculturais brasileiras", no qual critica duramente o meio cultural e intelectual brasileiro. No século XXI foi diretor da Editora UniverCidade entre 1999 e 2001 e se consolidou como conferencista, ensaísta e autor brasileiro, atuando nas áreas do jornalismo e filosofia. Ele trabalhou em revistas e periódicos tais como Planeta, Bravo!, Primeira Leitura, O Globo, Época, Zero Hora, Jornal do Brasil e Jornal da Tarde, tendo sido demitido destes cinco últimos. Bem como ministrou, com frequência, cursos à distância e presenciais de Filosofia. Na atualidade é um dos mais conhecidos pensadores brasileiros cuja tônica de seu pensamento é "a defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva, sobretudo quando escorada numa ideologia 'científica'" abrangendo: críticas à indivíduos, entidades, partidos e ateísmo antirreligioso radical; marxismo e capitalismo; globalismo e socialismo; direita ideológica; ciência. Ele possui uma vasta obra e diversas atividades que pode ser apreciada em parte no seu site www.olavodecarvalho.org. Recebeu prêmios e medalhas como: Medalha do Mérito Santos-Dumont (20 de julho de 2001), distinção honorífica da Ordem Nacional do Mérito da Romênia, Diploma de Colaborador do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (30 de março de 2004) Medalha Tiradentes (2012). 62 Há dez anos que reside na Virgínia nos Estados Unidos da América do Norte. Em dezembro de 2009 recebeu do governo deste país o visto especial de residência EB-1, o qual é concedido à estrangeiros com "habilidades extraordinárias" na área educacional, artística, científica ou de negócios ou a "professores ou pesquisadores notáveis". Esse visto dá ao estrangeiro o direito de residência permanente nos Estados Unidos. Para se conhecer um pouco mais Olavo de Carvalho no que diz respeito à filosofia e a sua história essencial se apresenta dois textos: “Brasil tem Filósofo” que é uma entrevista dele dada à Gramática Online e “Notas para a Introdução: A História Essencial da Filosofia” que o próprio nome atesta. Brasil tem Filósofo. Gramática On-line - Comecemos falando um pouco sobre a sua área. Em sua opinião, o que é a Filosofia? Há diferenças entre concepções antigas e modernas de Filosofia? -- A Filosofia, segundo a entendo, é a unidade do saber (conhecimento) realizada na unidade da consciência e vice-versa. Conhecimento Consciência Filosofia Creio que essa definição absorve e domina praticamente todas as definições antigas e modernas. Aliás, foi obtida da comparação delas. 63 Gramática On-line - Muitas pessoas têm dúvida quanto à atuação profissional do filósofo. Além de lecionar, que atividades pode exercer o formado em Filosofia? -- A Filosofia, em si, não é uma atividade profissional e espero que não se torne isso nunca, mas um tipo de know-how que está subentendido, ou deveria estar, em inumeráveis profissões, especialmente o ensino e a pesquisa científica em todas as áreas como na política, nas artes e na educação. Gramática On-line - Atualmente, as faculdades em geral formam realmente filósofos? Ou são só professores de Filosofia? -- Ninguém pode dar o que não tem nem ensinar o que não sabe. Não há um só filósofo no nosso meio acadêmico, e a prova é que esse meio rejeita, por medo e preconceito, todo filósofo autêntico que apareça dentro ou fora dele. Dizer que uma Marilena Chauí, um Leandro Konder sejam filósofos é um ultraje à filosofia. A primeira é uma professora de ginásio, o segundo é um propagandista barato. Mas é só esse tipo de gente que a universidade aceita. Já o Villém Flusser, um gênio espantoso, acabou desistindo do Brasil e foi publicar seus livros na Alemanha, onde imediatamente foi reconhecido como um dos pensadores mais originais das últimas décadas. No Brasil aqueles entojadinhos da USP faziam pouco dele, empinavam o nariz diante dos seus escritos porque eram publicados em jornal – como se Gabriel Marcel ou Ortega y Gasset também não tivessem sido eminentemente jornalistas. Mário Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva também foram postos para escanteio, e até Miguel Reale, reitor da USP, era discriminado dentro da sua própria universidade. Agora, com quarenta anos de atraso, a USP decidiu absorver o prof. Reale, concedendo ao mestre um lugarzinho modesto ao lado de quinze micos 64 na coletânea “Conversas com Filósofos Brasileiros”, na qual ele é obviamente o único filósofo presente. Ora, esses quatro nomes – Flusser, Reale e os dois Ferreiras – perfazem o essencial da filosofia brasileira deste século – o que vale dizer que a filosofia esteve rigorosamente fora da universidade, por obra de medíocres e invejosos que se empoleiraram como urubus nas chefias de departamentos. O que a universidade brasileira tem feito contra a filosofia é simplesmente criminoso. Gramática On-line - Nota- se que há muitas faculdades de Filosofia espalhadas pelo país. Essa proliferação de faculdades é boa ou ruim para o ensino qualitativo da Filosofia? -- É péssima. Quanto mais gente falando do que não entende, mais confusão, mais empulhação, mais verbalismo oco vai circular pelo país. A filosofia universitária no Brasil só vai começar quando o MEC ou instituição similar fizer uma edição padrão dos escritos daqueles quatro grandes pensadores e a distribuir como leitura obrigatória em todas as faculdades. Não pode haver ensino da filosofia senão com base numa filosofia vivente. Gramática On-line - Pode- se dizer que hoje em dia há grandes pensadores, como Sócrates, Platão, Santo Agostinho, etc.? -- Eric Voegelin e Xavier Zubiri superam todos os demais pensadores da segunda metade do século XX. Gramática On-line - Quais são seus autores favoritos da filosofia e de outras áreas? -- Em filosofia: Aristóteles, Leibniz, Santo Tomás, Schelling, Husserl, Voegelin, Zubiri, Lonergan, Éric Weil e Louis Lavelle. Na literatura: Dante, Shakespeare, Dostoievski, Stendhal, Camões, Camilo, Manzoni, Scott, Pio Baroja, Thomas Mann, Jacob Wassermann, Antonio 65 Machado, Apollinaire, T. S. Eliot e William Butler Yeats. Mas gosto também muito de ler historiadores - meus prediletos são: Taine, Huizinga e Oliveira Martins. E obras de psicologia, principalmente as de: Viktor Frankl, Lipot Szondi e Maurice Pradines. Nas ciências sociais: Weber e Ludwig von Mises. Em religião, além da “Bíblia”, do “Corão” e dos “Upanishads”, releio sempre a “Legenda Dourada” de Giacomo di Varezzo, um livro que me parece ter certos dons miraculosos. Sou aficionado de temas islâmicos e retorno sempre aos livros de Ibn Arabi, René Guénon, Henry Corbin, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, Seyyed Hossein Nasr. Adoro as polêmicas de Chesterton, de Bernanos, de Nelson Rodrigues. Gosto também de livros de memórias e depoimentos, sobretudo de políticos, agentes secretos e criminosos que um dia envelhecem e perdem o medo de contar o que sabem; mas também relatos de vidas extraordinárias: meu preferido desde a infância, relido com encanto crescente de tempos em tempos, é “Hunter”, de John A. Hunter [uma coincidência de nome e profissão]: memórias de um caçador de leões e elefantes, certamente o melhor livro de psicologia animal que alguém escreveu antes de Konrad Lorenz. Notas para a Introdução: A História Essencial da Filosofia. A noção de “sabedoria” abrange, numa síntese inseparável, ciência, essência, consciência e existência. O sábio não apenas possui o conhecimento do essencial, mas reconhece nele [o conhecimento] a essência da sua autoconsciência e o manifesta [o conhecimento] na sua existência enquanto forma humana do essencial. Uma existência na qual se torna visível à autoconsciência do essencial é, sob todos os títulos, uma “imago Dei”. [conceito e doutrina 66 teológica no Judaísmo, Cristianismo, Islamismo e Sufi, que afirma que os seres humanos são criados à imagem de Deus]. Mas isto só pode ser plenamente reconhecido por quem seja também sábio ou por aqueles que não o sendo se coloquem na perspectiva adequada para enxergar a sabedoria em vista de realizá-la no futuro. São estes [que não são sábios] os que se denominam “filósofos”. Platão dizia-os “amantes de espetáculos”. Nem todo aquele que pode apreciar a prática de um esporte ou de uma arte está em condições de praticá-los pessoalmente. Mas a apreciação é condição indispensável para a prática futura. Aquilo que você não pode sequer ver, você não pode possuir e muito menos incorporar em você como qualidade pessoal. Filosofia é visibilidade de uma sabedoria a realizar. O fato de que, ao longo da história, os elementos dessa síntese [sabedoria, conhecimento, ciência, essência, consciência e existência] tenham se separado ao ponto de hoje ser difícil concebê-los juntos na identidade de um homem não modifica em nada a definição originária da filosofia, mas sugere apenas que o nome filosofia foi sendo atribuído a coisas que ficam muito aquém das ambições dos primeiros filósofos. A ciência e a essência, por exemplo, entraram em antagonismo desde que Kant proclamou a impossibilidade de conhecer [particularmente, a ciência] o que quer que seja para além dos fenômenos ou aparências [como a essência]. Ciência e consciência também já não parecem ter nada a ver uma com a outra desde que se admitiu a noção de ciência como um conjunto de registros padronizados que podem ser adquiridos mediante puro adestramento de aptidões cognitivas isoladas, sem qualquer comprometimento da personalidade total. A ciência torna-se 67 o desempenho de um papel social nas horas de expediente, sem relação com a vida íntima da autoconsciência. Isto produz como sequela a ruptura de ciência e existência. E assim por diante. Da filosofia antiga e medieval para a moderna e pós-moderna, isto é, na passagem da filosofia como antevisão da sabedoria para o conceito atual da filosofia como profissão e disciplina acadêmica, houve, portanto uma troca da figura centrípeta, onde os quatro elementos convergiam na direção da sabedoria: pela figura centrífuga, onde os quatro elementos se afastam uns dos outros e se negam reciprocamente. 68 Admite-se como coisa líquida e certa, hoje em dia, que essa mudança se explica e se justifica pelo progresso da inteligência crítica, que desmantelou as antigas pretensões do saber unificado e habituou as pessoas a buscar conhecimentos mais modestos e mais seguros em campos mais limitados do conhecimento. Mas, se um juízo qualquer não pode se alegar verdadeiro pelo simples fato de ser ambicioso, não se tornará mais verdadeiro pelo simples fato de ser modesto. Ademais, os elementos separados que resultam do afastamento centrífugo nunca se tornam completamente independentes, pois o quadro unificado que lhes dá sentido permanece como plano de referência no fundo, apenas reduzido a um esquema normativo “ideal” e “irreal” que, se não pode ser dispensado de todo, nem por isto é reconhecido como conhecimento efetivo. De outro lado, uma evolução histórica não é, por si, prova da validade dos resultados a que conduziu. Que as coisas tenham tomado determinado rumo não significa que esse fosse o único ou o melhor rumo possível, se bem que o ensino universitário, ao mesmo tempo em que professa aceitar a irredutibilidade kantiana do valor ao fato, deduz dessa mera sucessão de fatos um juízo de valor segundo o qual as vias de conhecimento que foram abandonadas no curso do tempo devem ser condenadas como inferiores, superadas ou mesmo pecaminosas. Da nossa parte, vamos aqui ignorar solenemente esse preconceito, pois o que nos interessa não é aquilo em que a filosofia se tornou historicamente, no curso de uma evolução a que só um injustificável pressuposto metafísico poderia dar o caráter de coisa necessária e insuperável, e sim o que a filosofia tem de ser necessariamente, como essência supratemporal, para poder sofrer essa evolução ou qualquer outra evolução temporal concebível. Pois, das duas uma: ou aquilo em que a filosofia se tornou conserva algo do que ela era originariamente, e neste caso há uma essência que transcende e abrange essas formas temporais; ou as múltiplas coisas que hoje se denominam “filosofia” já nada têm a ver com a filosofia antiga e, 69 portanto a evolução que levou desta àquelas deve ser considerada uma simples sucessão empírica de fatos sem conexão lógica íntima, e cujo conhecimento pouco ou nada nos revelará sobre o que é a filosofia, cabendo inclusive dissolver este conceito numa multidão de coisas díspares. Mas, neste último caso, não se vê como meros fatos intelectuais inconexos poderiam se erguer como critérios de valor para julgar e impugnar a filosofia antiga, mesmo em nome de uma suposta noção de “progresso”, que, nessas condições, perderia todo conteúdo conceptual identificável. Portanto, ou o estado atual da filosofia é apenas o resultado de uma evolução lógica (se bem que não necessariamente a melhor ou a única possível) do próprio conceito originário de filosofia, nada significando sem referência a este, ou então ele não tem nada a ver exceto empiricamente com a filosofia antiga e não pode servir de base para julgá-la. Em qualquer dos dois casos, o primado da essência da filosofia sobre suas manifestações temporais é resolutamente afirmado, ainda que inconscientemente ou a contragosto. Para esclarecer essa essência, temos de partir da sua concepção originária como visibilidade da sabedoria ou contemplação da imago Dei. Charles Guimarães Filho Em termos mais abrangente ver o seu site www.charlesguimaraesfilho.com.br. No que se refere à filosofia possui pouco conhecimento a respeito que se assinala a seguir. Na década de 60 ao se formar numa universidade católica cursou algumas disciplinas católicas com beneditinos e dominicanos. 70 Nas décadas de 70 e 80 como comunista estudou Marx, Engels, Lênin, Stálin, Lukács, Gramsci, Marcuse, Althusser, bem como Hegel, Feuerbach, Nelson Coutinho e Leandro Konder. Nas décadas de 90 até hoje como espiritualista examinou Sócrates, Platão e Aristóteles, incluindo os brasileiros da atualidade Paulo Ghiraldelli e Olavo de Carvalho. No primeiro semestre de 2009 chegou a elaborar o curso “Filosofia e Filosofia da Educação” com o objetivo: contribuir para o conhecimento da filosofia e da filosofia da educação em geral, e da filosofia religiosa do Messias em particular, a fim de colaborar com maior compreensão nos cursos “Filosofia Religiosa do Messias: Deus ao Reino do Céu na Terra” e “Iniciação a Cidadão regido pelo Princípio Imparcial.”. Ele tinha a seguinte programação: ● Filosofia da Antiguidade - Pré-Socráticos; Sócrates; Platão; Aristóteles; Epicuristas, Estoicos e Céticos - ● Filosofia Medieval e Filosofia da Modernidade (formação) - Santo Agostinho; Boécio; Descartes; Rousseau; Hume - ● Filosofia da Modernidade (apogeu e crítica) - Kant; Hegel; Darwin, Marx e Freud; Nietzsche - ● Filosofia da Contemporaneidade - Frege; Russel; Wittgenstein; Quine; Davison; Rorty e Habermas. Filosofia da Educação: ● Clássica - Fundacionismo de Platão - ● Iluminismo e Romantismo - Subjetividade Intelectual de Descartes e Subjetividade Sentimental de Rousseau - ● Crise do Humanismo e o Tendência Continental - Fenomenologia de Heidegger; Escola de Frankfurt de Adorno e Horkheimer; Pós-Estruturalismo de Derrida e Foucault; Hermenêutica de Gadamer; Existencialismo de Sartre - ● Virada Linguística e Tendência Analítica - Mentalês de Wittgenstein; Teoria Semântica de Frege; Positivismo lógico de Moore e Russell; Indeterminabilidade do Significado de Quine; Linguagem na 71 Comunicação de Davidson - ● Pragmatismo - Na Era da Experiência com Dewey; Na Era da Linguagem com Rorty. Este curso não foi ministrado, dele apenas se deu uma palestra. Considerações 1ª) O Messias Meishu-Sama considera, em geral, os filósofos de modo positivo, inclusive o entendimento de Olavo de Carvalho como a Filosofia sendo a unidade do conhecimento realizada na unidade da consciência e vice-versa, quando ensina que: “Os filósofos e os pensadores em geral, embora, sejam semelhantes aos demais seres humanos, já possuem um estado superior de consciência. Quer dizer: sua alma se encontra numa posição mais elevada.” [já a alma dos que não se esforçam para ter uma visão geral e nem pensam se encontram numa posição menos elevada]. 2ª) O Messias atesta o quanto a Religião, Filosofia e Ciência têm sido importante e complicada para a procura dos intelectuais: “Tanto os espiritualistas como os materialistas desejam um mundo de paz e felicidade, mas isso não passa de um ideal, porque a realidade que nos cerca é bem diferente. Assim, os intelectuais vivem cercados por um mar de dúvidas, batendo a cabeça contra as paredes. Entre eles, existem os que procuram a Religião, a Filosofia e outros meios [como a Ciência] para decifrar esse enigma.” 3ª) Meishu-Sama realiza sua busca por um meio inteiramente novo: “Pretendo, ainda, do ponto de vista da Religião, publicar, gradativamente, interpretações novas sobre Política, Economia, Educação, Arte, etc.” 72 “[Porém] Como se trata de um Ensinamento novo, que não pertence exclusivamente nem à religião, nem à filosofia, posso dizer, numa explicação meio forçada, que é uma filosofia religiosa.” [religião é o adjetivo]. “E conhecer isso significa ter sabedoria.” 4ª) O religioso e filósofo São Tomás de Aquino delimitou os campos da teologia e da filosofia criando as possibilidades para distinguir fé e razão e com isso delimitou seus campos de atuação. A partir de Tomás de Aquino se torna inviável considerar fé e razão como sendo apenas uma só coisa, elas serão, ao contrário, duas vias de acesso ao entendimento do divino, cada uma o vendo de um determinado ângulo. Mas ao mesmo tempo em que promulgou essa separação, Tomás considerou a necessidade da coexistência de ambas. Pois a fé dá novos parâmetros de discussão para a filosofia; e a filosofia torna os artigos de fé inteligíveis a todos. Pode-se resumir essa relação ambígua da seguinte maneira “não existe fé para um ser privado de razão, tal como não há conhecimento sobrenatural sem a possibilidade dum conhecimento natural.” Aquino deu à razão grande parte na elaboração de sua teologia, mas sabendo que não se pode pedir à razão algo que ela não pode dar. Grosso modo, se pode dizer que as duas obras deste santo: Suma Teológica e Suma Contra os Gentios são, respectivamente, as referentes à Teologia (fé) e Filosofia (razão), esta procurando não fazer da Bíblia Sagrada uma autoridade. 5ª) Aqui neste trabalho se destaca uma Bíblia, mais precisamente “Bíblia do Século XXI” que foi um acatamento do autor deste curso do que foi ensinado pelo Messias: “A Bíblia foi escrita posteriormente. Assim também, eu prego de acordo com a ocasião, mas quem vai organizar meus Ensinamentos são vocês.” 73 6ª) Bíblia do Século XXI é uma sistematização dos Ensinamentos de Meishu-Sama vista como “Filosofia Religiosa do Messias: Deus ao Reino do Céu na Terra”, que segue uma ordenação e estruturação da evolução do Ser Supremo até o Paraíso Terrestre. Ela é uma obra extensa por ser uma coleção que compreende dezenove volumes. 7ª) “Filosofia Religiosa do Messias” como o próprio nome atesta é uma filosofia adjetivada como religiosa, donde a filosofia ser caracterizada pela religião, assim como a razão ser conexa à fé. 8ª) Esta “Filosofia Religiosa do Messias” será apresentada panoramicamente em apenas uma aula levando em conta os elementos principais da definição de filosofia de Olavo de Carvalho que são o conhecimento e a consciência, bem como um pouco sobre a essência, existência e ciência, inclusive a sabedoria. 9ª) Os conceitos abordados neste curso “Filosofia e Messias” só devem ser tratados filosoficamente quando houver uma necessidade. Para dar uma ideia a respeito do motivo de assim proceder se trata o conceito “essência” do ponto de vista filosófico a seguir. Essência — O termo essência refere-se, em geral, àquilo em que algo consiste e entendeu-se de maneiras muito diferentes. Na medida em que Platão considerou as ideias e as formas como modelos e “realidades verdadeiras”, viu-as como essências, mas só a partir de Aristóteles se obtém uma ideia apropriada da essência. Com efeito, a partir das análises de Aristóteles, considera-se como essência o quê de uma coisa, isto é, não o que a coisa seja (ou o fato de ser a coisa), mas o que é. Por outro lado, considera-se que a essência é certa por meio do qual se diz o que a coisa é, ou se define a coisa. No primeiro caso, temos a essência como algo de real. No segundo, como algo de lógico ou conceptual. Os dois sentidos estão estreitamente relacionados, mas 74 tende-se a ver o primeiro a partir do segundo. Por isso, o problema da essência foi muitas vezes o problema da predicação. Naturalmente, nem todos os predicados são essenciais. Dizer “Pedro é um bom estudante” não é enunciar a essência de Pedro, pois “é um bom estudante” pode considerar-se como um predicado acidental de Pedro. Dizer “Pedro é homem” é expressar o ser essencial de Pedro. Mas expressa também o ser essencial de Paulo, António, etc. Para se ver o que Pedro é dever-se-ia encontrar uma diferença que o demarcasse essencialmente em relação a Paulo, António, João, etc. Ora, dada a dificuldade de encontrar definições essenciais para indivíduos, tendeuse a reservar as definições essenciais para classes de indivíduos. Por exemplo, dizer “o homem é um animal racional” foi considerado como uma definição essencial (necessária e suficiente), pois expressa o gênero próximo e a diferença específica, de modo que não pode confundir-se o homem com nenhuma outra classe de indivíduos. Devido a isso, muitos autores, a partir de Aristóteles, afirmaram que a essência só se predica de universais. Contudo, isto não é completamente satisfatório. Dizer que a essência é uma entidade abstrata (um universal) equivale a adotar uma determinada posição ontológica que não pode ser subscrita por todos os filósofos. Pode, pois, também voltar-se à realidade e alegar que a essência é um constitutivo de qualquer realidade. As respostas dadas ao problema da essência dependeram em grande parte do fato de se ter sublinhado o aspecto lógico ou o aspecto metafísico. Assim, se define a essência como um predicado, pergunta-se se é necessário ou suficiente. Se se define como um universal, pode perguntar-se se trata de um gênero, de uma espécie ou de ambos. Se for um constitutivo metafísico, pode 75 considerar-se como uma ideia, como uma forma, como um modo de causa, etc. Por outro lado, do ponto de vista metafísico, pode considerar-se a essência como uma parte da coisa juntamente com a existência. Levanta-se aqui o problema da relação entre a essência e a existência, tão abundantemente tratado pelos filósofos medievais, e, em particular pelos filósofos escolásticos — incluindo os escolásticos Árabes. O termo essência ligou-se muitas vezes ao termo ser. Assim, em Santo Agostinho, para o qual “essência se diz daquilo que é ser, as demais coisas que se acham essências ou substâncias implicam acidentes que provocam nelas alguma mudança” (sobre a trindade). Assim se afirma que Deus é substância ou, como este nome lhe convém mais, essência. Enquanto caráter fundamental do ser, a essência corresponde aqui só a Deus. Segundo S. Tomás, a essência diz-se daquilo pelo qual e no qual a coisa tem o ser (sobre o ente e a essência). Estas definições da essência parecem primeiramente “metafísicas”, mas podem também caracterizar- se logicamente se se sublinhar que a essência pode conceber-se como algo que constitui a coisa e que este algo se expressa indicando mediante que termos se define essencialmente a coisa. Como se afirmou, uma das questões mais graves é a da relação entre a essência e a existência. Das muitas opiniões a esse respeito, vamos destacar algumas fundamentais. S. Tomás e os autores que ele influenciou afirmam que há distinção real entre a essência e a existência nos entes criados, mas isto não significa que a essência seja um mero acidente acrescentado à existência. Assim S. Tomás opunha-se à teoria de Avicena. Para este e para os escolásticos cristãos que seguiram a sua doutrina, a essência 76 deve ser tomada em si mesma e não na coisa ou no entendimento. Na coisa, a essência é aquilo pelo qual a coisa é. No entendimento, é aquilo que é mediante definição em si mesma, a essência é o que é. Dilo Duns Escoto quando afirma que essência pode ser considerada em si mesma (estado metafísico), no qual singular (estado físico ou real) ou no pensamento (estado lógico). Metafisicamente considerada, a essência distingue-se da existência só por uma distinção formal. Suárez não admitiu uma distinção real entre essência e existência, mas distinção de razão. Averroes tendeu a não admitir nenhuma distinção. De modo parecido, Guilherme de Ocam afirmou que a essência e a existência não são duas realidades distintas: quer em Deus, quer na criatura não se distinguem entre si a essência e a existência mais do que aquilo que cada uma difere de si mesma. “essência” e “existência” são dois termos que significam a mesma coisa, mas uma significa-a à maneira de um verbo, e a outra à maneira de um nome. Alguns dos problemas referidos passaram para a filosofia moderna. Imediatamente, os grandes escolásticos modernos ocuparam-se da questão da essência seguindo, regra geral, algumas das grandes vias medievais (tomista, escotista, occamista), mas contribuindo com particularizações que nem sempre se encontram nos escolásticos medievais. Assim, por exemplo, Suárez, que rejeita a posição tomista e escotista e se inclina para a distinção de razão, defende que não pode considerar-se a existência como realmente distinta da essência já que, de contrário, teríamos na coisa o modo de ser que lhe não pertence pela sua própria natureza. Parte considerável da discussão sobre as essências, na filosofia moderna, especialmente entre osgrandes filósofos do século XVII, girou em torno da natureza das essências e da relação entre a essência e a 77 existência. Particularmente importante é a noção de essência em Leibniz; toda a essência, afirma repetidamente, tende por si mesma à existência. São possíveis as essências que possuem um conatus que as leva a realizar-se sempre que estejam fundadas num ser necessário e existente. A razão desta propensão para existir está, para Leibniz, no princípio da razão suficiente. A noção de essência desempenha um papel capital na filosofia de Hegel, segundo este autor, o Absoluto aparece primeiro como ser e depois como essência. “A essência é a verdade do ser” (A Ciência da Lógica). A essência aparece como o movimento próprio, infinito, do ser. A essência é o ser em e para si mesmo, ou seja, o ser em absoluto. A essência é o lugar intermédio entre o ser e o conceito. “O seu movimento efetua-se do ser para o conceito”, e assim se tem a tríade: ser, essência, conceito. Ao mesmo tempo, a essência desenvolve-se dialeticamente em três fases: primeiro aparece em si como reflexão e é essência simples em si; segundo, aparece como essência que emerge para a existência; terceiro, revela-se como essência que forma uma unidade com o seu aparecimento. A esta última fase da essência, antes de passar ao conceito, chama-lhe Hegel “efetividade”. Das doutrinas contemporâneas sobre a essência, deve destacar-se a de Husserl e a dos fenomenólogos, as essências não são, para a fenomenologia, realidades propriamente metafísicas. Mas também não são conceitos, operações mentais, etc. São “unidades ideais de significação” — ou “significação” — que surgem à consciência intencional quando esta procura descrever perfeitamente o dado. As essências, em sentido fenomenológico, são intemporais e apriorísticas. Distinguem-se, pois, dos fatos, que são temporais e aposteriorísticos. As essências na fenomenologia, são também universais, mas, em vez de serem 78 abstratas, são concretas. Deve ter-se em conta que as essências não têm realidade ou existência, mas idealidade. As essências de que falamos podem ser formais ou materiais. As primeiras são essências que não têm conteúdo e que valem para todos os objetos; quer ideais quer reais. As segundas são essências com conteúdo limitado, referidas a uma esfera e válidas apenas para essa esfera. A diferença entre essências formais e essências materiais não se funda na sua natureza, mas no raioda sua aplicação. Após ter tratado o conceito “essência” do ponto de vista filosófico se observa que os sublinhados no significado da palavra “Essência” emprega 52 palavras filosóficas, quais sejam: A priori [Apriorísticas]; Acidente [Acidental]; Análise [Análises]; Causa; Classe [Classes]; Coisa; Conceito; Concreto [Concretas]; Consciência; Constituição [Constitui]; Dado; Definição [Definições]; Deus; Dialética [Dialeticamente]; Diferença; Distinção; Ente [Entidade]; Espécie; Existência; Expressão [Expressa]; Fato; Fenomenologia; Forma [Formas]; Fundamento [Fundamental]; Geral; Idealidade; Ideia [Ideias]; Indivíduos; Intenção [Intencional]; Lógico; Lugar; Matéria [Materiais]; Movimento; Natureza; Necessidade [Necessária]; Objeto [Objetos]; Ontologia [Ontológica]; Pensamento; Posição; Predicação [Predicação]; Racionalismo [Racional]; Real; Reflexão; Relação; Sentido [Sentidos]; Significação; Substância [Substâncias]; Tempo [Temporais]; Teoria; Uno [Unidade]; Universais; Verdade. Tendo em vista que um dicionário filosófico abreviado para uso de alunos de ensino médio, de cursos universitários e, ainda, de um vasto público que, embora muito interessado na filosofia, não está normalmente na disposição de adquirir ou consultar uma obra qualificada de “monumental”, tem menos de 300 palavras, então se 79 poderia pensar que a palavra essência utilizaria de um quinto das palavras deste dicionário. No entanto, percebendo que cada uma destas 52 palavras empregadas pode usar um bom número de palavras que não sejam as mesmas, isso se pode levar a conjectura que praticamente a palavra “Essência” pode abarcar o dicionário inteiro. 10ª) Outra dificuldade de tratar os conceitos filosoficamente é o seu obstáculo diante da sua complexidade. Por exemplo, tratar os conceitos de fenomenologia e percepção tão necessários ao envolvimento de Olavo de Carvalho com estes. Fenomenologia — Quando na época atual se fala de fenomenologia tende-se a entender por tal a fenomenologia de Husserl. Por este motivo referir-nos-emos exclusivamente à fenomenologia husserliana, entendendo-a como método e como modo de ver. Constitui-se o método após a depuração do psicologismo. É preciso mostrar que as leis lógicas são leis lógicas puras e não empíricas ou transcendentais ou procedentes de um suposto mundo inteligível de caráter metafísico. Sobretudo é preciso mostrar que certos atos como a abstração, o juízo, a inferência, etc., não são atos empíricos: são atos de natureza intencional que têm as suas correlações em puros termos da consciência intencional. Essa consciência não apreende os objetos do mundo natural com tais objetos, nem constitui o dado enquanto objeto de conhecimento: apreende puras significações na medida em que são simplesmente dadas e tal como são dadas. A depuração mencionada conduz assim ao método fenomenológico e constitui, simultaneamente, esse método. Para o pôr em marcha é preciso adotar uma atitude radical: a da suspensão do mundo natural. Põe-se “entre parêntesis” a crença na realidade do mundo natural e as proposições a 80 que esta crença dá lugar. Isso não quer dizer que se nega a realidade do mundo natural, como no ceticismo clássico. Apenas sucede que se coloca um novo sinal na “atitude natural”. Em virtude deste sinal, procede-se à abstenção acerca da existência espaço temporal do mundo. O método fenomenológico consiste, portanto, em examinar todos os conteúdos de consciência, mas em vez de determinar se tais conteúdos são reais ou irreais, ideais, imaginários, etc., procede-se a examiná-los, enquanto são puramente dados. Mediante a suspensão, a consciência fenomenológica pode ater-se ao dado enquanto tal e descrevê-lo na suapureza. O dado não é, na fenomenologia de Husserl, o mesmo que na filosofia transcendental, um material que se organiza mediante formas de intuição e categorias. Não é, tão pouco, qualquer coisa de empírico — os dados dos sentidos. O dado é a correlação da consciência intencional. Não há conteúdos de consciência, mas unicamente fenômenos. A fenomenologia é uma pura descrição do que se mostra por si mesmo de acordo com “o princípio dos princípios”: reconhecer que “toda a intuição primordial é uma fonte legítima de conhecimento, que tudo o que se apresenta por si mesmo na intuição (e, por assim dizer, em pessoa) deve ser aceite simplesmente como o que se oferece e tal como se oferece, embora apenas dentro dos limites nos quais se apresenta. A fenomenologia não pressupõe o nada: nem o mundo natural, nem o sentido comum, nem as proposições da ciência, nem as experiências psicológicas. Coloca-se “antes de toda a crença e de todo o juízo para explorar simplesmente o dado. é, como o declarou Husserl: “um positivismo absoluto”. Percepção - O termo percepção alude primeiramente a uma apreensão; quando esta afeta realidades mentais fala-se da apreensão 81 de noções. A percepção implica, pois, algo distinto da sensação, mas também da intuição intelectual a qual, como se estivesse situada no meio equidistante dos dois atos. Por isso se definiu a percepção como a “apreensão direta de uma situação objetiva”, o que supõe a supressão de atos intermédios, mas também a apresentação de um objetivo como algo por si mesmo estruturado. Este sentido dizia Locke que a percepção é um ato próprio do pensamento de tal modo que a percepção e a posse de ideias é uma e a mesma coisa. Leibniz distinguiu entre apercepção e a percepção ou consciência daprimeira -e define a percepção como “um estado passageiro que compreende e representa uma multiplicidade na unidade ou na substância simples”. Para Kant, a percepção é a consciência empírica, isto é, “uma consciência acompanhada por sensações”. Apesar de todas estas diferenças, é característico de quase todas as doutrinas modernas e contemporâneas acerca da percepção o fato de situá-la sempre no mencionado território intermédio entre o puro pensar e o puro sentir, bem como o sujeito e o objeto. O lugar mais ou menos aproximado de cada uma destes termos que se outorga à percepção dará a diferença de matizes entre o idealismo e o realismo. Por exemplo, para Descartes e Espinosa, a percepção é sobretudo um ato intelectual; esta concepção levou muitas vezes a uma distinção rigorosa entre percepção e sensação mesmo que se considere a primeiros como apreensão de objetos sensíveis. Esta distinção manteve-se na maior parte das tendências da psicologia moderna mesmo quando se considera que a percepção já não é exclusivamente um ato da inteligência, mas uma apreensão psíquica tal em que intervêm sensações, representações e inclusive juízos num ato único que só pode decompor-se mediante a análise. Outra questão muito debatida foi a do caráter mediato ou 82 imediato da percepção: o realismo inclinou-se geralmente para defender a imediatez; o realismo, em contrapartida, tende a afirmar que há algo mediato. Há certa afinidade entre as teorias idealizadas e as teorias fenomenistas da percepção. Ambas são a favor da ideia que a percepção não é algo imediato, os fenomenistas, por exemplo, defendem que quando alguém vê o objeto, vê a aparência de um objeto — ou, se quiser, vê o objeto enquanto aparência --, mas não vê propriamente o objeto. Em contrapartida, os realizadas defendem que quando alguém vê o objeto este aparece sem que haja diferença entre a aparência e o objeto. Os idealistas, por seu lado, defendem que a mediação entre o objeto e a aparência consiste no pensamento, na reflexão, etc., o que os fenomenistas não aceitam. Na sua análise da matéria e da memória, Bergson não entende simplesmente a percepção como apreensão da realidade por um sujeito A noção de percepção dá origem a duas concepções diferentes: (1) para a ciência, onde há um sistema de imagens sem centro, e a percepção só pode ser explicada mediante o suposto de uma consciência concebida como epifenômeno ou fosforescente de 83 matéria; (2) para a consciência, a percepção representa uma harmonia entre a realidade e o espírito. Daí as doutrinas opostas do idealismo e do realismo que têm como fundamento comum o suposto gratuito de que percepção é só um conhecimento. Para Bergson, em contrapartida, a percepção é primeiramente ação. O problema da percepção foi examinado em pormenor por muitos dos chamados neo-realistas ingleses. Estes filósofos não são propriamente realistas porque não admitem a tese da imediatez na percepção, mas também não são idealistas, porque não fazem intervir o pensamento ou a reflexão como termos mediadores; a sua posição aproximase mais, neste aspecto, do fenomenismo. Os neo-realizadas tendem a considerar os atos de percepção e as percepções como acontecimentos de tal 83 modo que no caso do ato do ato da percepção pode falar-se de “acontecimentos percipientes”. Alguns deles consideram as suas teorias da percepção como uma fenomenologia da percepção não só diferente de um simples exame dos dados psicológicos e neurofisiológicos, mas também de uma metafísica da percepção. Partido de supostos muito diferentes, a fenomenologia ocupouse também da percepção procurando descrever em que é que consistem os atos perceptivos. Husserl falou de uma percepção interna e de outra externa e, mais fecundamente, de uma percepção sensível, quando apreende um objeto real, e categorial, quando apreende um objeto ideal. A fenomenologia da percepção tem uma base psicológica, mas um propósito ontológico. A análise fenomenológica da percepção mostra-nos que há nela uma síntese de índole prática, a qual é possível porque percebeu no mundo a forma de diversas relações entre os elementos da percepção. Os indivíduos captam estas formas de acordo com as suas situações no mundo. A percepção não é nem uma sensação considerada como inteiramente individual-subjectiva, nem um ato da inteligência: é aquilo que vincula uma à outra na unidade da situação. 11ª) Os conceitos abordados neste curso “Filosofia e Messias”, ao invés de serem tratados filosoficamente, são, quando possível, cuidados em termos de São Tomás de Aquino, isto é, acessado o entendimento do divino pela razão, e não pela fé. Como se pode observar, por exemplo, no esforço de um líder messiânico ao apresentar a filosofia sem considerar a autoridade de Escrituras Sagradas, que foi a Filosofia da Salvação: “Ao longo de três mil anos, a humanidade veio se afastando cada vez mais da Lei da Natureza, que é a Lei do Universo, a Vontade de Deus, a Verdade. 84 Movido pelo materialismo, que o faz acreditar somente naquilo que vê, e pelo egoísmo, que o leva a agir de acordo com sua própria conveniência, o homem tornou-se prisioneiro de uma ambição desmedida e inconsequente e vem destruindo o equilíbrio do planeta, criando para si e seu semelhante, desarmonia e infelicidade. As graves consequências do desrespeito às Leis Naturais podem ser verificadas na agricultura, na medicina, na saúde, na educação, na arte, no meio-ambiente, na política, na economia, e em todos os demais campos da atividade humana. Essa situação já chegou ao seu limite. Se continuar agindo assim, é certo que o homem acabará destruindo o planeta e a si mesmo. O propósito da Filosofia de Mokiti Okada é despertar a humanidade, alertando-a para essa triste realidade. Ela cultiva o espiritualismo e o altruísmo, faz o homem crer no invisível e ensina que existem espírito e sentimento não só no ser humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres. O Johrei, a Agricultura Natural e o Belo são práticas básicas dessa filosofia, capazes de transformar as pessoas materialistas em espiritualistas e as egoístas em altruístas, restituindo ao planeta seu equilíbrio original. Seu objetivo final é reconduzir a humanidade a uma vida concorde com a Lei da Natureza e construir uma nova civilização, alicerçada na verdadeira saúde, na prosperidade e na paz.” 12ª) Embora o Messias apregoe que: “(...) enquanto o homem da atualidade procura apoiar-se tão somente na matéria, ignorando a Fé e sem a sabedoria espiritual, é natural que haja muitas desgraças, porquanto se trata da rigorosa Lei Divina.” 85 13ª) No decorrer da exposição dos conteúdos do curso pontuar pensamentos do Messias a respeito, é isso que se pretende. Estes assinalamentos são postos entre colchetes em itálico. Quando não, no sentido do que posto entre colchetes permanece nesta fonte “calibri” em que está sendo digitado este trabalho, são definições ou explicações do que está sendo mencionado, ou então perguntas dos alunos. 14ª) Dos filósofos aqui tratados, que não são todos os que se gostaria de levar em conta, só serão dadas pinceladas grotescamente simplificadas para marcar não o conteúdo de sua filosofia, mas o seu estilo. Vamos poder apenas destacar o estilo e saber que todo o conteúdo estará de alguma maneira abrangido aí. Às vezes, quando você tem esta impressão inicial do estilo, aí você não se perde mais quando está estudando o filósofo. De saída, não é possível compreender nenhum filósofo com base em suas doutrinas prontas mesmo porque raríssimos filósofos viveram o suficiente para poder ter uma doutrina pronta e acabada sobre todos os problemas que eles desejariam tratar. Quase todos os filósofos que levantam “novecentas” perguntas encontram duas respostas, é o destino humano. Então, as doutrinas prontas são sempre só uma superfície do mundo de concepções em que o indivíduo está lutando para realizar esta mesma definição de filosofia que nós colocamos, que é a unidade do conhecimento na unidade da autoconsciência. 15ª) A Filosofia, segundo o entendimento de Olavo de Carvalho, como a unidade do saber (conhecimento) realizada na unidade da consciência e vice-versa talvez requeira as seguintes atenções sobre conhecimento e consciência. 86 Conhecimento é o ato ou efeito de abstrair a ideia ou noção de alguma coisa de modo a se ter conhecimento científico, conhecimento filosófico, conhecimento religioso e conhecimento popular. Um conhecimento científico como o da matemática, aquela ciência do raciocínio lógico e abstrato, que estuda quantidades, medidas, espaços, estruturas, variações, aplicações e fundações e métodos tem como exemplos de conhecimentos matemáticos: números (quantidade), geometria (espaço), álgebra (estrutura), cálculo (variação), estatística (aplicação) e filosofia da matemática (fundação). Esta última, a filosofia da matemática, a rigor, não é um ramo da matemática, mas sim da filosofia que tem como propósito responder perguntas do porte de: Qual a origem dos objetos (seres) matemáticos?; Qual a influência da experiência sobre as abstrações matemáticas (conhecimentos)?; Qual o relacionamento entre Lógica e Matemática; Que raciocínios matemáticos podem ser considerados pensamentos sintéticos à priori, no contexto da filosofia kantiana? Como definir o conceito de beleza e elegância que matemáticos associam às demonstrações? Aqui se pode notar a filosofia da matemática como um ramo da filosofia, pois ela consiste no estudo das qualidades distintivas mais gerais e abstratas do mundo matemático e de suas categorias com que pensamos, envolvendo a metafísica ou ontologia (seres matemáticos), epistemologia (abstrações matemáticas), lógica (sua relação com a matemática, raciocínios) e até com a estética (Como definir o conceito de beleza e elegância que matemáticos associam às demonstrações). Conhecimentos filosóficos como na epistemologia com a possibilidade do conhecimento de Descartes no cogito [considero] "penso, logo existo" e o fundamento do conhecimento na nas 87 impressões sensíveis de Locke inaugurando, respectivamente, às filosofias opostas: racionalista (filosofia moderna) e empirista (filosofia anglo-saxônica). Um exemplo de um conhecimento religioso como a religião cristã ou islâmica levando às filosofias cristã e islâmica, respectivamente. Um conhecimento popular como o conhecimento de um fato da fabricação dos artefatos chamados de cuias pelos caboclos amazônicos. Em relação à consciência se pode observar a figura abaixo (extraída do Volume 3 – Homem - da coleção “Filosofia Religiosa do Messias) com os dois corpos idênticos (não iguais), ou seja, corpo material à esquerda e o corpo espiritual à direita. Desta observação se pode extrair que há pensamentos que podem se encontrar apenas na mente e não na consciência, deste 88 modo os conhecimentos pensados que estivessem somente na mente e não na consciência não implicaria em filosofia. 16ª) Sobre a questão saber e conhecimento. Apesar de existir uma nuance de significado, a dificuldade em encontrar a diferença entre sabedoria e conhecimento se explica por estes dois vocábulos serem considerados sinônimos. No entanto, não existem sinônimos perfeitos, e, se, por um lado, em determinados contextos, é possível o emprego de um ou outro vocábulo indiscriminadamente, por outro, há contextos em que é preferível uma das formas (precisamente por as mesmas assumirem várias acepções). Seguem alguns exemplos: 1. Contextos em que se emprega qualquer uma das formas: «A sabedoria/o conhecimento do homem mede-se pelas suas palavras.» «O João é dotado de conhecimento/sabedoria.». Neste caso: sabedoria = conhecimento. 2. Contextos em que só sabedoria ocorre: «É preciso ouvir a voz da sabedoria.». Neste caso: sabedoria = razão. 3. Contextos em que só conhecimento ocorre: «Ele tem conhecimentos de inglês.». Neste caso: conhecimento = noção. «Durante a viagem a França arranjei vários conhecimentos.» Há outras explicações como: Sabedoria consiste em saber o que fazer com qualquer conhecimento, como utilizá-lo de forma prudente, moderada, profícua e útil. Pois, uma coisa é ter conhecimento e outra bem diferente é saber usá-lo e aplicá-lo no trato de questões e decisões do cotidiano. Sabedoria, segundo um dicionário, significa “conhecimento do que é certo ou verdadeiro, aliado a juízo de valor quanto à ação”. Há inclusive contos. 89 Dois discípulos procuraram um mestre para saber a diferença entre Conhecimento e Sabedoria. O mestre disse-lhes: Amanhã, bem cedo, coloquem dentro dos sapatos vinte grãos de feijão, dez em cada pé. Subam, em seguida, a montanha que se encontra junto a esta aldeia, até o ponto mais elevado, com os grãos dentro dos sapatos. No dia seguinte os jovens discípulos começaram a subir o monte. Lá pela metade um deles estava padecendo de grande sofrimento: seus pés estavam doloridos e ele reclamava muito. O outro subia naturalmente a montanha. Quando chegaram ao topo um estava com o semblante marcado pela dor; o outro, sorridente. Então, o que mais sofreu durante a subida perguntou ao colega: - Como você conseguiu realizar a tarefa do mestre com alegria, enquanto para mim foi uma verdadeira tortura? O companheiro respondeu: - Meu caro colega, ontem à noite cozinhei os vinte grãos de feijão. 17ª) Observando-se que este curso “Filosofia e Messias” não é de filosofia, mas sim de sua história, faz-se uma pequena digressão à respeito. História da Filosofia é uma disciplina filosófica à parte, e ocupa bastante espaço no ensino secundário e universitário de filosofia no Brasil. Enquanto ramo da história, ela se ocupa de documentar e preservar os debates filosóficos. Enquanto ramo da filosofia, ela se ocupa em discutir filosoficamente, com os conceitos atuais da filosofia, tendo em vista o problema do anacronismo [erro na datação de acontecimentos; atitude ou fato que não está de acordo com sua época] e os conceitos filosóficos do passado. 90 Ela é a disciplina que se encarrega de estudar o pensamento filosófico em seu desenvolvimento diacrônico, ou seja, a sucessão temporal das ideias filosóficas e de suas relações. Ela é uma parte da ciência positiva da História, exigindo o mesmo rigor nos métodos, a fim de reconstituir a sequência da filosofia. Como as ideias influenciam os acontecimentos e vice-versa, é comum que a história da filosofia precise recorrer a conhecimentos da história geral, para esclarecer seus conteúdos, assim como é costumeiro que esta recorra àquela, para contribuir na explicação dos determinantes de certos fatos. Dentro da história da filosofia, é possível fazer delimitações materiais e formais. No primeiro caso, o das delimitações materiais, assim como a História da Filosofia é subdivisão da História, pode haver a história da lógica, do empirismo ou do aristotelismo. No segundo caso, o das delimitações formais, a divisão que se faz diz respeito ao tempo, caso em que se equipara à organização empreendida pela História Geral. A periodização da História da Filosofia feita após um breve exame permite mencionar: Idade Antiga, a existência do período helenístico e do advento do cristianismo; Idade Medieval, a patrística e a escolástica, bem como as filosofias cristã e islâmica; Idade moderna a anglo-saxônica; Idade contemporânea, o marxismo, positivismo e a fenomenologia. 18ª) Olavo de Carvalho compreende a História da Filosofia como um problema, um drama, dentro do qual estamos neste exato momento. É evidente que, com este curso, ele pretende muito mais fazer os seus participantes se sentirem personagens deste drama do que realizar uma exposição que fica na parede, que os alunos olham e 91 entendem tudo. Não, diz Olavo, há muitas partes deste drama que não entendemos, pois elas ainda estão se desenrolando. 92