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Volume 2 / Número 3 / Jul/Set – 2011
CONHECIMENTO SOBRE O USO MEDICINAL DA PALMA FORRAGEIRA
(Opuntia ficus indica) NO MUNICÍPIO DE BARAÚNA-PB
Cleonice dos Santos NUNES1
1.
Biologia da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA. e-mail. [email protected]
RESUMO: O uso das plantas medicinais é uma prática que sempre esteve presente ao longo da história da humanidade.
A palma forrageira é um alimento importante na atividade pecuária, por ser uma cultura bem adaptada às condições do
semiárido, originada do México a palma compreende em uma cactácea cultivada em todo o mundo. Sendo assim o
presente trabalho teve como objetivo verificar o conhecimento etnobotânico sobre a palma forrageira pelos populares do
município de Baraúna – PB. O estudo foi realizado entre os meses de janeiro a maio de 2011 através de entrevistas
junto a 20 produtores rurais da cidade de Baraúna-PB. Para coleta de dados foi aplicado um questionário semiestruturado, entrevistas livres e conversas informais em que se buscou obter o máximo de informações sobre o
conhecimento e usos medicinais da palma forrageira. Os resultados revelaram que parte dos produtores apresenta
conhecimento medicinal da cactácea, destacando apenas a utilização da planta para a alimentação de bovinos, tendo em
vista como benefício só o auxílio da cactácea, como alternativa de alimentação para o gado no período da seca,
desperdiçando outras oportunidades de uso. Propõe-se então que diante desses aspectos, a palma forrageira, venha ser
utilizada de acordo com sua importância e potencialidade.
Palavras-chave: palma forrageira, semiárido, cactácea
ABSTRACT : The use of medicinal plants is a practice that has always been present throughout human history. The
cactus is a staple food in the cattle industry, as a culture well adapted to semiarid conditions, originated in Mexico in the
back includes a cactus grown in the world. Therefore this study aimed to verify the ethnobotanical knowledge about the
cactus by the popular district of Baraúna - PB. The study was conducted between the months January to May of 2011
through interviews with 20 farmers in the town of Baraúna-PB. For data collection a questionnaire was semi-structured
interviews and informal conversations free in which they sought to obtain as much information and knowledge about
the medicinal uses of cactus pear. The results revealed that the producers of medical knowledge has cactus, highlighting
only the use of the plant for feeding cattle, in order to benefit only the help of the cactus, an alternative food source for
cattle during the dry season, missing other use opportunities. It is proposed then that on these aspects, the cactus pear,
may be used according to their importance and potential.
Keywords: Forage palm, semi-arid, cactus
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre as plantas e sua utilização como medicamentos tem acompanhado o
homem através dos tempos. Para Sousa et al. (2011), nos últimos anos vem ocorrendo um retorno
ao uso de plantas e medicamentos a partir destas, em um mercado que havia sido dominado por
produtos de base sintética. Como resultado, o uso de plantas medicinais, se encontra em expansão
em todo o mundo e constitui um mercado bastante promissor, movimentando mundialmente cerca
de US$ 22 bilhões por ano (Nascimento et al., 2004).
A palma compreende as plantas de diversas espécies dos gêneros Opuntia e Nopalea, ambas
da família Cactácea. Segundo Reinolds e Arias (2011), desde o período pré-hispânico que a palma
forrageira é utilizada pelo homem no México, assumindo um papel importante na economia
agrícola do Império Asteca, juntamente com o milho e a agave, consideradas as espécies vegetais
mais antigas cultivadas no território.
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NUNES, CS. Conhecimento sobre o uso medicinal da palma forrageira (Opuntia ficus indica) no município de Baraúna-PB. Revista
Brasileira de Informações Científicas. v.2, n.3, p.55-59. 2011. ISSN 2179-4413
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A maior área de palma forrageira no Nordeste se concentra no agreste e sertão dos estados
de Alagoas e Pernambuco estando presente em todos os continentes com diversas finalidades,
podendo ser usada na alimentação de ruminantes, na alimentação humana, na produção de
medicamentos, cosméticos e corantes, na conservação e recuperação de solos, produção de biogás,
cercas vivas, paisagismo, além de uma infinidade de usos. É a planta mais explorada e distribuída
nas zonas áridas e semiáridas do mundo, contudo sua real dimensão produtiva ainda não foi
plenamente conhecida no Nordeste (LEITE, 2006).
Como alternativa de tratamento fitoterápico, estudos realizados mostram que a palma ajuda
a eliminar as toxinas do álcool e do fumo que são absorvidas pelo organismo, a metabolizar a
gordura do organismo, diminuir a concentração de açúcar no sangue, colaborando assim na redução
das taxas de colesterol e no controle da diabete. Como possui muitas fibras solúveis e insolúveis, a
palma colabora para o bom funcionamento do sistema digestivo além de impedir a concentração de
elementos cancerígenos.
Diante desses aspectos, este trabalho pretende reunir informações sobre o conhecimento
etnobotânico sobre a palma forrageira por produtores rurais, situados no município de Baraúna –
PB.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Baraúna (Figura 1) localizado na região do Seridó do
Estado da Paraíba. Esse estudo foi realizado de fevereiro a março de 2011 com entrevista a 20
produtores rurais.
Para coleta de dados foi aplicado um questionário semi-estruturado como roteiro
complementado por entrevistas livres e conversas informais em que se buscou obter o máximo de
informações sobre o conhecimento etnobotânico da Palma forrageira.
Figura 1. Mapa da Paraíba destacando o município de Baraúna,
onde o estudo foi realizado.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados constatou-se que os produtores de palma forrageira de Baraúna-PB
utilizam a planta como alimentação para bovinos (100%) e destes (10%), também alimentam além
de bovinos, caprinos e ovinos.
De acordo com Chiachio (2006), esse resultado mostra como a palma forrageira não tem sua
potencialidade explorada plenamente pelos produtores, utilizando-a apenas para alimentação
animal. Em consequência, vêm sendo desperdiçadas excelentes oportunidades para melhoria dos
índices sociais e econômicos desse espaço geográfico, mediante a geração de postos de trabalho,
renda, oferta de alimentos e preservação ambiental.
Sobre a potencialidade medicinal da cactácea, a maioria respondeu que não tem nenhum
conhecimento medicinal da planta, conforme Figura 2.
Nenhum
55%
Chá da Raiz (tosses)
35%
Semente (Diarréia)
5%
Queimaduras
(Raquetes)
5%
0
2
4
6
8
10
12
Figura 2. Conhecimento etnobotânico sobre a palma forrageira em
Baraúnas-PB. 2011.
Hofman (2001), diz que no México a aplicação dos cladódios de palma forrageira cortados
em finas fatias sobre pele queimada ou sobre inchações é uma prática muito comum, sendo um
procedimento similar ao uso de folhas de outras suculentas como algumas espécies de babosa (Aloe
sp.), o que confirma o conhecimento dos 5% dos entrevistados.
Segundo Barbera (2001), o fruto da palma é considerado antidiarréico, antidisentérico,
peitoral, antiasmático e béquico, diurético, cardiotônico, antiinflamatório da bexiga e da uretra,
aliviando o ardor causado pela cistite e uretite.
Os efeitos diuréticos e antidiabéticos da palma foram comprovados cientificamente por
McLaughlin (1981) e Gulías e Robles (1989), respectivamente. Também, Frati-Murani et al. (1983)
e Ibanéz-Camacho et al. (1983) constataram a ação antiglicêmica da palma. Em anos mais recentes
houve muita pesquisa sobre os possíveis efeitos "anti-diabéticos" da verdura de palma forrageira,
embora esse efeito não liberte o diabético das limitações impostas pela dieta.
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Já Fernandez et al. (1990) estudaram o papel do extrato de cladódios sobre a redução de
níveis de colesterol no sangue. Existem menções na literatura sobre o uso de cápsulas de palma
forrageira desidratada para o controle de obesidade.
Em países asiáticos a palma forrageira é utilizada como planta medicinal, entrando na
composição de medicamentos naturais. A medicina popular, principalmente a mexicana, registra a
cura de um grande número de doenças com o uso da palma forrageira (SÁENZ HERNÁNDEZ,
2001).
4 CONCLUSÕES
Conclui-se que parte dos produtores rurais de palma forrageira do município de Baraúna-PB,
detém de algum conhecimento medicinal sobre a cactácea, destacando a utilização da planta para a
alimentação de bovinos. É importante esclarecer a tais produtores que há uma série de usos e
aplicações a esta planta que precisa ser explorada pelos habitantes do semiárido, não só apenas
como uso no arraçoamento animal, prática que já é consolidada pelos pecuaristas, mas todo seu
potencial produtivo, como também toda sua versatilidade no que se refere as suas propriedades
medicinais.
5 REFERÊNCIAS
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INGLESE, Paolo (Eds.). Agroecologia, cultivos e usos da palma forrageira. Paraíba: SEBRAE/PB,
2001. p.1-11.
CHIACCHIO, F.B.; MESQUITA, A. S.; SANTOS, J.R. Palma forrageira: uma oportunidade
econômica ainda desperdiçada para o semiárido baiano. Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006.
HOFFMANN, W. Etnobotânica. In: Agroecologia, cultivo e usos da palma forrageira. Roma:
FAO, Produção e Proteção Vegetal, 2001. Tradução (SEBRAE/PB), Paper 132, p.12-14.
LEITE, M.L.V. Palma Forrageira (Opuntia fícus indica e Nopalea cochenilifera.) Universidade
Federal da Paraíba – UFPB, Centro de Ciências Agrárias – CCA,Grupo de Pesquisa Lavoura
Xerófila – GPLX, Areia:Jul,2006.
NASCIMENTO, J. E.; LACERDA, E. U.; NASCIMENTO, V. T.; MELO, J. G.; ALVES, B. S.;
SILVA, L. G. M.; RAMOS, M. A.; LIMA, C. S. A.; ALBUQUERQUE, U. P.; AMORIM, E. L. C.
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Acta Farm. Bonaerense, v 24, n 1,p.113-122, 2005.
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REINOLDS, S.G.; ARIAS, E. General background on opuntia. Disponível
http://www.fao.org/DOCREP/005/2808E/y2808e04.htm Acessado em 10 de abril de 2011.
em:
SÁENZ-HERNÁNDEZ, D. Fabricação de alimentos e obtenção de subprodutos. In: Barbera,
Guiseppe; Inglese, Paolo (Eds.). Agroecologia, cultivos e usos da palma forrageira. Paraíba:
SEBRAE/PB, 2001. p.140-146.
SOUSA, F.C; OLIVEIRA, E.N.A; SANTOS, D.C.; OLIVEIRA, F.A.A.; MORI, E. Uso de plantas
medicinais (fitoterápicos) por mulheres da cidade de Icó-CE. BIOFAR. Volume 05– Número 01
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