G.3.1 - Filosofia “A Subjetividade na Pintura, segundo a Estética de Hegel” 1 Graziela de Souza Santos* , Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Marques Baioni 2 1. Estudante de Bacharelado em Filosofia – UFSCar; *[email protected] 2. Professor do Departamento de Filosofia, UFSCar, São Carlos/SP Palavras-Chaves: Hegel, estética, subjetividade e pintura é e tomando por isso plena consciência do que é Introdução Hegel pensa a atividade da consciência de efetivamente. maneira que ela sai de si mesma para se fazer outra – realidade objetiva –, produzindo algo que acaba por se desprender dela e se lhe opor, constituindo um processo Figura - "Moça com Brinco de Pérola", de Johannes Vermeer, 1665. necessário para que o espírito possa sair de si. O Erscheinen (aparecer, fenômeno) é essencial Conclusões para compreender o estatuto ontológico da arte em Hegel, pois ele é o movimento no qual um conteúdo espiritual, uma essência, dá a si mesmo uma forma sensível, uma figura – efetivando um movimento de significação. Além disso, o espírito (Geist) ultrapassa os limites de uma consciência individual, ou seja, é o que se realiza efetivamente no mundo e que não é um infinito separado do finito; é absoluto, pois este é resultado de si próprio, a unidade de todo o processo que em curso se torna efetivamente o que é em si; ele é então liberdade concebida como a realização do racional. A figura (Gestalt) é a noção essencial da Estética, pois designa o elemento sensível no qual o espiritual se manifesta, isto é, a matéria espiritualizada. O artista faz uso de figuras representativas, miméticas, que pressupõem a espiritualização das figuras naturais; tratase de uma atividade de configuração de elementos – que é essência do trabalho artístico – que faz com que o espiritual se manifeste nessa figura configurada. A figura é em si e por si significante – ela existe por si mesma, mas só em si mesma na ‘presença’ do espírito. E é exatamente a dialética da figuração e do conteúdo espiritual que determina as diferentes formas de arte (Kustformen). Resultados e Discussão Para Hegel, a realidade efetiva é um resultado, a culminação de um processo de transformação e não um dado imutável; é o movimento das coisas em seu devir no O espírito produz a partir de si mesmo o mundo em que é efetivo e livre, porque não se relaciona só consigo mesmo. Tem-se então um processo pelo qual um ser sai de si, torna-se para si, retorna a si – chega a si pela mediação do que não é si mesmo e isso é o que Hegel chama sujeito, que é contrário à substância espiritual, que é uma categoria metafísica que designa a mutabilidade eterna no interior de toda a história do próprio espírito ou da cultura. Dessa maneira, as categorias que exprimem a unidade do espírito em seu devir efetivo, são o verdadeiro, o racional e o real. O espírito faz-se ciência sistemática ao pensar concretamente a articulação dos diferentes momentos de sua história. No âmbito da Estética, essa se exprime pelo desenrolar da história dos diferentes gêneros artísticos dos diferentes povos. Dentre as diversas expressões da arte moderna, Hegel dá ênfase à pintura holandesa do século XVII, ela “é o aparecer dos objetos como tal que constitui o conteúdo propriamente dito, assim também a arte vai mais longe, tornando permanente a aparência passageira”. Referências Bibliográficas HEGEL, G. W. F. A Fenomenologia do Espírito. Trad. de Paulo Meneses com colaboração de Karl-Heinz Efken e José Nogueira Machado. Petrópolis: Vozes, 2002. _______. Cursos de Estética. Trad. de Marco Aurélio Werle. São Paulo: Edusp, 2002, 2ª. edição, vol. 3. _______. Introduction aux Leçons d’Esthétique. Trad. de Charles Bénard; revue et annotée par Claire Margat. Paris: Nathan, 2003. qual cada momento desse processo é a negação do BAYER, R. História da estética. Trad. de J. Saramago. Lisboa: Estampa, 1979. precedente e todos, ao mesmo tempo, são etapas de um BRAS, G. Hegel e a arte. Uma apresentação da Estética. Trad. de M. L. X. de mesmo movimento universal. Assim, vê-se que o espírito Almeida Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. não permanece em si (pura abstração indeterminada) e se faz outro em um movimento de alienação (torna-se estranho), pelo qual dá a si o seu mundo, realizando o que 67ª Reunião Anual da SBPC