IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 O comportamento polissêmico das preposições ‘de’ e ‘para’ Daiana do Amaral JEREMIAS (UFFS) Introdução Neste trabalho, investigaremos e apresentaremos a natureza polissêmica das preposições „de‟ e „para‟ do português brasileiro. Para tanto, faremos um levantamento do comportamento semântico que esses itens funcionais assumem em um sintagma preposicional. Visando a delimitação do trabalho, faremos um recorte de algumas das relações de significados que essas preposições estabelecem quando ligadas a um objeto referente. Segundo LANGACKER (2008), JACKENDOFF (1985), PINKER (2007) e LAKOFF, G.& JOHNSON (1980), a extensão de sentidos que um item gramatical pode apresentar é um produto de um processo diacrônico, que representa o conhecimento empírico do falante, e denota a conceptualização que fazemos do mundo através da interface uso e convencionalidade. 1. A preposição: conceito, classe e conteúdo semântico Segundo as análises linguísticas, as preposições são itens funcionais que localizam no espaço e no tempo os termos que elas ligam. Esses morfemas atuam como operadores de predicação (CASTILHO, 2010 p. 584). Essa tarefa de predicação consiste em relacionar um objeto ou um evento que pode ser pessoas, animais e coisas a outro objeto ou evento que pode ser uma ação, um estado ou um processo. Na gramática funcionalista de Castilho, a cada objeto ou evento localizado pela preposição, chamaremos de Figura, e para cada objeto ou evento que a essa figura será relacionado, chamaremos de Ponto de referência. De modo geral, a preposição localiza a Figura: (i) em lugares precisos e em estados de coisa dinâmicos, considerando um percurso hipotético, tais como o ponto inicial do percurso, o segmento medial do percurso, o ponto final do percurso; (ii) em lugares precisos e em estados estáticos, tais IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 como em cima/embaixo, à frente/atrás, à direita/ à esquerda; (iii) em lugares imprecisos, tais como dentro/ fora, longe/perto, ausência/ copresença. (CASTILHO, 2010 p. 585). Desse modo, definir a função da preposição é uma tarefa complexa. Na relação figura x ponto de referência, as preposições „de‟ e para‟ podem interferir em diferentes construções sintáticas, ou seja, quando estas preposições se relacionam com um substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo, podendo se completar a estes itens lexicais de forma essencial, ou acessória (ILARI & BASSO, 2007). A depender destas relações podemos obter funções gramaticais ou semânticas. Além da dificuldade de estabelecer um conceito preciso às preposições, o mesmo é afirmado quando tratamos de sua organização em classe. Para a tradição gramatical, as preposições pertencem à classe fechada de palavras. O termo “fechada” serve para classificá-la como classe que não permite criações de novos morfemas, pois não há flexão de gênero, número e grau. No entanto essa nomenclatura „fechada‟ não é tão facilmente aceita pelos estudos linguísticos, pois as preposições “nem sempre foram como são hoje [...] essas classes sofreram e sofrem mudanças, com a saída de membros antigos e a incorporação de membros novos” (ILARI et, al. 2008), porém de maneira lenta. Além disso, palavras que englobam a classe fechada apresentam funções básicas na arquitetura de nossa língua, e isso significa que conhecer essas funções é conhecer um pouco da estrutura dessa mesma língua. A função básica da preposição é localizar objetos ou eventos no espaço (ILARI et. al, 2008), assim como o emprego da preposição „entre‟ na sentença: “Eu encontrei o gato perdido, ele estava „entre‟ dois becos sem saída”. No entanto, em determinados contextos uma preposição pode fazer também uma referência temporal. Como exemplo, podemos citar a frase “Estarei em casa „entre’ meia-noite e uma da manhã”, nela, a preposição „entre‟ apresenta um sentido temporal e não espacial, marcando uma posição de dois extremos. As preposições também geram embate no que tange a presença de sentido. A tradição gramatical defende a ideia de que as preposições são palavras vazias de sentindo. Contudo, alguns estudos funcionalistas como de Castilho (2010), afirmam que para cada preposição, podemos identificar um sentido, seja ele de base, de localização espacial ou de IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 tempo. Muitas vezes esse sentido não nos é claro, no entanto, quando nos deparamos com os diferentes significados presentes nas frases abaixo, percebemos que as preposições podem atribuir propriedades semânticas quando relacionadas às palavras: i) Cheguei ‘de’ Recife; ii) Cheguei ‘em’ Recife; iii) Você está rindo ‘pra’ mim ou está rindo ‘de’ mim? ( CASTILHO, 2010 pag. 584) Na sentença „i‟ e „ii‟, os elementos relacionados pelas preposições „de‟ e „em‟ são basicamente os mesmos, no entanto, são estas preposições que atribuem valores semânticos diferentes. Enquanto em „i‟ a preposição „de‟ indica „deslocamento‟ de um lugar para outro, ou seja, ele partiu de „Recife‟ e o ponto final é outro local que não esta cidade. Na sentença „ii‟ a preposição „em‟ indica o „descolamento‟ até o ponto final, neste caso „Recife‟, que representa o ponto referente. Já na sentença „iii‟, a preposição „de‟ estabelece relação semântica de assunto entre os elementos „rindo‟ e „mim‟. Com isso, podemos concluir que apesar das preposições serem morfemas funcionais e não possuírem significado isoladamente, uma sentença bem construída só se torna possível pelo intermédio destes itens gramaticais, pois eles têm a função de selecionar complementos e a eles associar valores semânticos. O sentido de base das preposições pode ser percebido quando elas expressam espacialmente as categorias de posição, de deslocamento e de distância em sentenças como: “Eu sou de Chapecó” que denota um significado de base espacial de origem, e “Eu vou para Chapecó” que denota um significado também de base espacial de deslocamento e ponto final. No entanto, devido aos processos metafóricos, à composição de sentido e a mudanças do esquema imagético seus sentidos se derivam, assumindo papéis semânticos distintos (CASTILHO, 2010). Além da representação semântica de base espacial, as preposições „de‟ e „para‟ podem apresentar comportamentos semânticos distintos em determinados contextos que serão aqui levantados. A preposição „de‟, por exemplo, além de introduzir complementos, também estabelece relações semânticas. Apresentaremos quatro tipos de relações semânticas que a preposição „de‟ pode assumir. Segundo Neves (2011), essa preposição: IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 - Estabelece relações semânticas no „sintagma (adjunto): DE+ sintagma nominal.[...]‟. - Estabelece relações semânticas no „sintagma nominal (adjunto adnominal): nome avalente + DE + sintagma nominal.‟ [...]. - Integra construções indicativas de circunstância. [...]. - Compõe expressão intensificadora de adjetivos. [...].(NEVES, 2011 pp. 657-69). A preposição „de‟ pode estabelecer relações semânticas de especificação e de circunstanciação. Nesta última ainda, a preposição „de‟ assume o papel de introdutora de expressões adverbiais de: modo, lugar, tempo ou aspecto, instrumento, causa, consequência, matéria, limite inferior, posição, verificação, intensidade e negação. Como exemplo de emprego da preposição „de‟ nestas relações, temos a sentença que demonstra um desses sentidos, o de especificação: “Você quer consolar-se „de‟ sua desgraça” (ibidem, p. 657). Na relação entre o nome avalente + a preposição de + um sintagma nominal podemos encontrar relações semânticas de posse, pertença, matéria, oposição semântica relativa localização espacial ou temporal, especificação, classificação, qualificação, extração de um conjunto, extração de uma qualidade e denominação. Como exemplo de algumas destas relações, temos a sentença: “Sou sócio do meu cunhado, irmão „de‟ minha mulher” (ibidem p. 661), que expressa a relação de oposição semântica relativa. Nas construções indicativas de circunstâncias, a preposição „de‟ pode assumir relação semântica de modo ou de lugar quando se tem a união desta preposição juntamente com um nome e mais outra preposição. Podemos observar essa relação na sentença: “Apeei „de‟ modo a apreciar de rente tamanha intensidade junta” (ibidem p. 666), que expressa circunstância de modo. A preposição „de‟ seguida de um verbo no infinitivo assume um papel de intensificadora de adjetivos em: “A mulher na direção é linda „de‟ doer.” (ibidem, p. 669). A preposição „para‟ também estabelece relações semânticas. Dentre essas funções, selecionamos quatro, em que essa preposição: IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 - Estabelece relações semânticas no sintagma verbal (adjunto adverbial): verbo + PARA + sintagma nominal ou oração não argumental.[...]. -Estabelece relações semânticas no sintagma nominal (adjunto adnominal): nome concreto avalente + PARA + sintagma nominal ou oracional.[...]. - Integra construções indicativas de circunstância: preposição + sintagma nominal + PARA. [...]. -Entra na construção que completa o verbo SER na expressão da capacidade do sujeito.[...]. A preposição „para‟ pode estabelecer relação de especificação quando em um sintagma verbal, um VERBO é somado a preposição „para‟, agregada a um sintagma nominal ou oração não argumental. Podemos observar esse comportamento na sentença: “Hoje em dia já não ligo mais „pra‟ isso.” (ILARI et, al.2008 p. 740). Em um sintagma Nominal, a preposição „para‟ pode estabelecer função semântica de finalidade quando ocorre a junção de um nome concreto, a própria preposição e um sintagma nominal ou oracional, assim como na sentença: “Assuntos „para‟ serem esclarecidos mais adiante, por ora nem sabia direito quem era Martim.” (NEVES, 2011, p. 700). Através da junção de um sintagma nominal mais a preposição „para‟ temos construções indicativas de circunstância em: “Os vultos de Isabel, Benê e Lula se movimentam da direita „para‟ a esquerda.” (ibidem, p. 700). Na expressão da capacidade do sujeito, a preposição „para‟ entra na formação que completa o verbo SER em sentenças como “Ninguém exige que você seja músico „para‟ gostar de música e entender muito ou pouco sobre o assunto.” (ibidem, p. 700). Como pudemos verificar, as preposições „de‟ e „para‟, além de denotarem sentidos espaciais de base, também estabelecem relações semânticas, cujo caráter espacial foi metaforicamente conceitualizado. Na seção a seguir, veremos um pouco acerca do fenômeno da polissemia e dos processos metafóricos envolvidas na representação espacial dessas preposições. 2. A polissemia e a representação espacial das preposições ‘de’ e ‘para’ IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 Segundo CAMARA (1986), a palavra polissemia é um termo utilizado para denominar uma propriedade de significação que permite abarcar em uma única palavra uma gama de significações que se definem e precisam dentro de um determinado contexto. Como vimos na seção anterior, as preposições „de‟ e „para‟ são morfemas polissêmicos, pois podem apresentar diferentes significados. Embora esses sentidos sejam diferenciados em decorrências de contextos de uso distintos, eles estão interligados através do processo de metaforização que o falante abstrai da língua. Para FAUCONNIER (2003), a polissemia representa uma flexibilidade natural da língua. Esse fenômeno é a representação da adaptabilidade do falante frente a sua língua, onde o indivíduo se apropria de sua propriedade natural e inerente, estendendo seu uso, formando redes de significados que se interligam cognitivamente. Essa extensão de sentidos presente no fenômeno da polissemia também é um reflexo de nossas experiências físicas e culturais (LAKOFF & JOHNSON, 1980), refletidas diacronicamente no uso das preposições „de‟ e „para‟. Nosso conhecimento de mundo nos fornece as bases para uma espacialização metafórica, pois quando os valores semânticos dessas preposições estão verdadeiramente consolidados, é possível fazer usos metafóricos delas. Assim, a transposição de esquemas imagéticos pode ocorrer de maneira aparente ou não (ILARI et al. 2008). Em uma representação espacial cognitiva, as preposições simples „de‟ e „para‟ atuam unicamente no eixo espacial horizontal, atuando respectivamente como ponto inicial e ponto final de percurso. Nos outros eixos, podemos encontrar a preposição „de‟ como um vocábulo de locuções prepositivas. No eixo espacial horizontal, “as preposições dispõem a FIGURA em pontos específicos de um percurso imaginário: o ponto inicial, o ponto medial e o ponto final” (CASTILHO, 2010 p. 596). No ponto inicial ou origem o movimento se dá no espaço ou no tempo reais, onde um participante se desloca de um ponto de origem para um ponto de destino. Temos como exemplo a sentença: “Quando um empregado sai „de‟ uma firma... ele deve procurar o seu sindicato...” (ILARI et. al, 2008 p. 675). No ponto medial, uma preposição predica a FIGURA e atribui à ela “uma propriedade de estar no ponto intermediária de um trajeto”( CASTILHO, 2010 p. 597). Como exemplo, temos a sentença: “eu sei que... que essa viagem „por‟ Governador Valadares está boa” (ILARI et. IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 al 2008 p. 677). No ponto final ou meta, a preposição „para‟ atribui uma noção de ponto final de uma meta à FIGURA. Identificamos essa afirmação na sentença: “Então eu os levo „para‟ a escola ... e vou trabalhar” ( ibidem, p. 681). Para uma representação semântica das preposições „de‟ e „ para‟, utilizaremos o esquema imagético de trajeto que é de natureza espacial, pois a categoria de espaço está constantemente ligada com atividades corriqueiras que envolvam deslocamento, localização e contato com objetos. Estas atividades refletem o conhecimento empírico das pessoas, independentemente de sua identidade cultural. Portanto, “o espaço é uma experiência humana primordial, na qual convergem (i) a percepção da capacidade de movimento corporal e (ii) percepção das coisas que rodeiam o ser humano como entidades únicas “(ibidem, p. 650). Desse modo, As preposições „de‟ e „para‟ atuam no eixo espacial horizontal, assumindo respectivamente posições de origem e ponto final, onde fazem uma relação entre uma trajetória e um objeto referente ou “coisa” (Jackendoff, 1983). Abaixo, visualizamos um percurso em linha reta, onde as preposições „de‟ e „para‟ ocupam seus respectivos lugares em uma representação especial hipotética. A B Ponto de origem Ponto final (prep. „de‟) (prep. „para‟) JACKENDOFF (1983) propõe representação semântica trajetorial para o esquema imagético de trajeto, em que as preposições „de‟ e „para‟ podem ser representadas (p. 166): [PATH]→ [{ TO FROM TOWARD AWAY-FROM VIA } ({ [Thing y] [Place y] }) ] O lugar [PLACE] representa o espaço ocupado por alguma coisa [THING]. Em uma trajetória, esta „coisa‟ (THING) sofrerá um deslocamento representado por [PATH], que é um percurso funcional em direção até um objeto ou local referente. Este último é IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 representado por [PLACE] ou [THING]. No estágio de deslocamento, o percurso do ponto inicial até o ponto final perpassa por 3 níveis de classe: delimitação, direção e rota. Essa representação semântica é pertinente para todas as sentenças exemplificadas na seção anterior. Embora, algumas delas não expressem o sentido espacial de base, podemos representá-las na mesma estrutura de significado, pois o falante inconscientemente conceitualiza metaforicamente os usos das preposições „de‟ e „para‟ que não possuem um significado espacial de base e as regula para uma dinâmica espacial de trajetória horizontal. Considerações Finais No início desse artigo, apresentamos o conceito de preposição, esse que ainda apresenta algumas complexidades. Vimos também como é a sua organização em classe; uma divisão que ainda gera embates por parte da tradição e dos estudos linguísticos. Assumimos a posicionamento de que as preposições „de‟ e „para‟ são itens funcionais que estabelecem relações semânticas aos objetos que fazem referência. Os significados que depreendemos dessa relação podem apresentar sentidos de bases espaciais, e também sentidos espaciais metaforicamente conceitualizados por nosso conhecimento de mundo. Desse modo, conseguimos fazer uma representação semântica dos significados presentes no sintagma preposicionado, de modo que visualizemos o comportamento polissêmico das preposições „de‟ e „para‟ em uma trajetória espacial horizontal, onde essas preposições representam respectivamente ponto inicial e final de percurso. Referências CAMARA, J.M. Dicionário de linguística e Gramática.Petrópolis: Vozes, 16ª edição, 1992. CASTILHO, A. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010. FAUCONNIER, G., TURNER, M. Polysemy and conceptual blending. In: NERLICH, B. et al. (Org). Polysemy flexible patterns of meaning in Mind and Language. New York: Mouton de Gruyter, 2003. pp. 79-94. ILARI, R., BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2007. IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares 05, 06 e 07 de junho de 2013 ISSN: 1981-8211 ILARI, R., CASTILHO, A.T., ALMEIDA, M.L.L., KLEPPA, L.A., BASSO, R.M. A preposição. In: ILARI, R e NEVES, M.H.M (Orgs). Gramática do português culto falado no Brasil:. volume 2 : classes de palavras e processos de construção. Campinas, SP: UNICAMP, 2008. pp. 523-804. JACKENDOFF, R. Semantics and Cognition. Cambridge, MA: MIT Press, 1985. LAKOFF, G.& JOHNSON, M. Metaphors we live by. Chicago: The University of Chicago Press, 1980. LANGACKER, R. W. Cognitive grammar: a basic introduction. Oxford: Oxford University Press, 2008. NEVES, M. H. de M.. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2011. PINKER, S. Do que é feito o pensamento: a língua como janela para a natureza humana. Trad. Fernanda Ravagnani. São Paulo: Companhia das letras, 2007.