APLICAÇÃO DE NITRATO E CLORETO DE POTÁSSIO VIA FOLIAR EM CITROS, PARA A MELHORIA DA PRODUTIVIDADE E DA QUALIDADE DOS FRUTOS Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo - 13.278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 09 de março de 2009 ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 Mário Antonio Marin Prof. Ms. Arlindo Sara Netto Prof. Esp. Isac Silveira Batista Junior Curso: Ciências Biológicas CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA – CAMPUS LEME ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A. Trabalho apresentado no 8º. Congresso Nacional de Iniciação Científica – CONIC – SEMESP em novembro de 2008. Trabalho apresentado no Encontro Interno de Iniciação Científica do Centro Universitário Anhanguera – Campus Leme. Trabalho premiado com o 3º. lugar na área de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde no 2º. Seminário da Produção Docente e Discente da Anhanguera Educacional em dezembro de 2008. RESUMO O trabalho sobre a influência do nitrato e do cloreto de potássio, aplicado via foliar em citros, visando à melhoria da produtividade e da qualidade do fruto, tem por objetivo estudar se a aplicação foliar de potássio tem influência no desenvolvimento dos frutos de laranja Pêra e se o íon acompanhante do potássio (cloreto ou nitrato) pode interferir na absorção de tal elemento de forma positiva ou negativa, visando determinar qual "sal" é mais apropriado para esse objetivo, pois esse é um método já utilizado por vários citricultores, mas sem saber se ele realmente é eficaz para aumentar o tamanho da fruta levando-a a um preço de comercialização melhor, agregando valor ao produto do agricultor. A metodologia proposta foi de duas aplicações foliares em uma área de laranja Pêra parcelado por delineamento experimental de blocos ao acaso, com três tratamentos contendo cada um 7 repetições com 4 plantas. As amostras foram aferidas com uso de paquímetro. Na primeira frutificação foi verificado que o Cloreto de K apresentou melhor resultado que o Nitrato de K e este melhor que a Testemunha e na segunda frutificação O Nitrato de K demonstrou uma ligeira desvantagem em relação a Testemunha e o Cloreto de K uma ligeira vantagem em relação a mesma, mas as diferenças foram insignificantes ficando abaixo de 5%. Palavras-Chave: nutrição; foliar; potássio; citros. Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional S.A. 216 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos 1. INTRODUÇÃO Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gênero Citrus. São originários principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo áreas da Austrália e África. Atualmente no Brasil, a produção de citros ocorre principalmente no estado de São Paulo, onde encontram-se cerca de 85% da produção nacional de laranjas ( 14,8 milhões t; 700 mil ha.); outros estados como Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná e Rio Grande do Sul também contribuem para a produção brasileira de laranja. A produção mundial de laranja é de aproximadamente 102 milhões t por ano; 7,3 milhões de ha. que superam grande parte outras frutíferas tropicais e subtropicais como banana, maçã, pêra, pêssego e mamão, (Boletim Técnico 200 (IAC)-2005). A principal variedade cultivada no Brasil é a laranja Pêra [Citrus sinensis (L.) Osbeck], pois seus frutos apresentam excelentes qualidades para os mercados internos e externos de fruta fresca e para a industrialização. Participava com cerca de 38% de plantas (POMPEU JUNIOR, 2001) que estava estimado em 209 milhões de plantas (BOTEON, 1999). Nos últimos anos com a instabilidade dos preços pago pelas indústrias os produtores de laranja tem buscado técnicas que aumente a renda, uma opção e o aumento, propriamente dito, da produtividade, uma outra seria a produção de fruta fresca para o mercado interno e externo, visto que esses mercados costumam remunerar o produtor pela qualidade do produto, podendo chegar a valores 100% superiores aos pagos pela indústria. Para se obter uma melhor produtividade e melhor qualidade de frutos é necessária uma adubação adequada dos nutrientes, dentre os nutrientes, o potássio parece ser o de maior influência, concorrendo positivamente no peso e tamanho fruto, conteúdo e qualidade do suco, além da aparência externa dos mesmos (KOO, 1984; KOO, 1988). Os frutos cítricos são classificados como hesperídios, um tipo de baga, formada pelo exocarpo ou flavedo (parte externa, visível), pelo mesocarpo ou albedo (tecido normalmente branco, esponjoso) e pelo endocarpo (gomos ou segmentos). A casca propriamente dita é formada pelo exocarpo e pelo endocarpo. Nos frutos imaturos, o flavedo contém cloroplastos e cerca de 20 a 40 estômatos funcionais por mm², o que lhes conferem certa capacidade fotossintética, podendo satisfazer pequena parte das suas necessidades de carboidratos, durante as primeiras fases do seu desenvolvimento. Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 Mário Antonio Marinm, Arlindo Sara Netto, Isac Silveira Batista Junior 217 O crescimento dos frutos é do tipo sigmoidal simples, crescendo todas as partes do fruto até a maturação, mas com taxas diferenciadas (BAIN, 1958). O crescimento pode ser dividido em três fases, embora não sejam possíveis distinguir claramente o término de uma fase e o início da subseqüente. Na fase I, o aumento em tamanho dos frutos é pequeno, restrito á casca, mas a atividade metabólica é intensa, especialmente a divisão celular. É nessa fase que se formam, praticamente, todas as células do fruto, fato de extrema importância, já que o seu tamanho final é o resultado da expansão dessas células (DAVIES; ALBRIGO, 1994). Essa fase dura de 1,0 a 1,5 mês após a antese, podendo ir até o período de queda fisiológica dos frutos (“queda de junho”no hemisfério norte, ou “queda de novembro no hemisfério sul”). Na fase II, há rápido aumento do teor de sólidos solúveis totais (SST), durante essa fase o volume pode aumentar até mil vezes. A sua duração pode durar de 2 a 10 meses, dependendo da espécie, temperatura da região (AGUSTÍ, 2000). À medida que absorve água as vesículas de suco crescem progressivamente, ocupando as cavidades dos lóculos, enquanto o albedo se torna mais fino. O volume de suco alcança o máximo no final dessa fase. A fase III é a de maturação dos frutos, na qual praticamente não há crescimento do endocarpo. No entanto ocorrem inúmeras transformações no fruto, entretanto, três são fundamentais e características: aumento do conteúdo de SST (principalmente açúcares e compostos nitrogenados); redução da acidez total (AT) do suco e pigmentação da casca, a qual se torna laranja, amarela ou permanece verde, dependendo da espécie e das condições climáticas (REUTHER, 1977). O vingamento floral, o pegamento do fruto e o seu posterior desenvolvimento dependem de características genéticas, do tipo de inflorescência, do número de flores e de frutos, de fatores climáticos, dos tratos culturais, da disponibilidade de carboidratos e hormônios etc. Por isso o controle do número e do tamanho dos frutos é complexo, pois é função de inúmeros fatores que atuam simultaneamente ou não interagem entre si (TALÓN et al., 1998). O crescimento do fruto depende, basicamente, da disponibilidade de água, minerais, carboidratos e hormônios (MOSS et al., 1972). A nutrição de plantas é um tema relevante desde o início dos cultivos, quando já se procurava identificar fatores de crescimento vegetativo e criar estratégias para aperfeiçoar a produção agrícola (ARNON; STOUT, 1938). Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 218 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos Cerca de 95% da matéria seca da biomassa total das plantas é formada por compostos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O) fixados através da fotossíntese. Os nutrientes minerais, absorvidos pelas raízes e, em menor proporção, pelas folhas, representam os outros 5% da biomassa e cuja ausência ou deficiência, durante o ciclo da cultura, resultam em injúria, desenvolvimento anormal ou morte da planta, isso se deve ao fato de tais elementos participarem diretamente no metabolismo vegetal como componentes estruturais ou co-fatores de reações bioquímicas (BRYAN, 1957). O potássio influencia diretamente na acidez, tamanho, cor da casca e espessura da casca do fruto (GUAGGIO et al., 2002; MATTOS JUNIOR et al., 2004). Lavon et al. (1995) avaliou o efeito das deficiências de K, Mg e Ca sobre a produção de carboidratos em citros. Embora não se tenha identificado uma via metabólica específica, a deficiência de K provocou redução significativa no conteúdo de amido e no acúmulo de açúcares solúveis que poderia estar relacionado à necessidade de manutenção do potencial osmótico e pressão de turgor das células da planta. Já o suprimento excessivo de K aos citros pode causar desbalanço nutricional e prejuízos à produção de frutos. A absorção de íons e moléculas pelas folhas é restrita graças à presença da cutícula, uma camada externa de células da parede da epiderme coberta por camadas de ceras compostas por álcoois de cadeia longa, cetonas e ésteres de ácidos graxos, que, em folhas maduras de citros, é considerada espessa com cerca de 4 µm (LEECE, 1976). As células da folha, da mesma forma que as das raízes, absorvem os elementos minerais do apoplasma e da membrana plasmática, estando sujeitas aos mesmos efeitos de fatores externos como concentração do nutriente, valência do íon, temperatura, e internos, como atividade metabólica. Pulverizações foliares podem suprir rapidamente certos nutrientes minerais. Esse efeito, contudo, é temporário, e vários problemas podem diminuir a eficiência da sua aplicação em vista de: í) baixas taxas de penetração, principalmente em folhas de cutículas espessas como as dos citros, ii) escorrimento de superfícies hidrofóbicas, iii) lavagem da folha pela chuva, iv) rápida secagem da solução pulverizada, v) redistribuição limitada de nutrientes com baixa mobilidade no floema (Ca, B, Mn e Zn), do local de aplicação para outras partes da planta, e vi) quantidade limitada de macronutrientes que pode ser suprida em uma aplicação foliar em razão do risco de injúrias por sanidade (MARSCHNER, 1995). Algumas propriedades físico-químicas dos íons, como o diâmetro e valência, influenciam a taxa de absorção na membrana plasmática (MARSCHNER, 1995). Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 Mário Antonio Marinm, Arlindo Sara Netto, Isac Silveira Batista Junior 219 O presente trabalho visa identificar qual dos íons, nitrato ou cloreto, tem maior influencia positiva na absorção foliar do K em citros, na variedade Pêra. 2. OBJETIVO Esse trabalho teve por objetivo estudar a influência do K e a eficiência de diferentes fontes desse elemento, como o Nitrato de Potássio (KNO3 = 12% de N e 43% de K) e o Cloreto de Potássio branco (KCL = 60% de K), aplicado via foliar na produção e na qualidade do fruto de laranja doce, variedade Pêra. Visando o aumento do fruto e consecutivamente a produtividade e a qualidade do mesmo, agregando valor ao produto, melhorando a lucratividade do produtor rural. 3. METODOLOGIA O experimento foi conduzido em pomar de Pêra [Citrus sinensis (L.) Osbeck], sobre porta enxerto de limão Cravo [Citrus limonia Osbeck], com uma população de 448 plantas, de 09 anos, no sítio Santo Antônio, município de Araras - SP, à 22°15’8875” de latitude, 47°20’9420” de longitude e 685m de altitude, em solo do tipo Latossolo Vermelho Escuro, com espaçamento entre plantas de 6m entre ruas e 4m entre plantas (416 plantas/ha.) com histórico de produtividade de 2 caixas de 40,8 Kg/pl (34 t/fruta/ha.) com destino comercial da produção para mercado de fruta fresca. Foi realizada uma análise do solo, de 00-20cm de profundidade, coletando 20 subamostras, percorrendo o talhão em zig-zag, para se formar uma amostra composta e representativa do talhão, na faixa de adubação e uma análise foliar coletando o terceiro par de folhas em ramos com frutos novos, no terço médio das plantas nos lados das mesmas correspondentes aos quatros pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) percorrendo o talhão em zig-zag escolhendo as plantas de forma aleatória, coletando 4 folhas da cada planta totalizando 100 folhas no talhão (Boletim Técnico 100, IAC, 1997), para obtermos informações relevantes sobre o estado nutricional das plantas a serem estudadas. Essas amostras foram coletadas dia 05/03/08 e analisadas (análise pelo laboratório da UFSCAR em Araras - SP) 13/03/08. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso, 3 tratamentos, contendo cada um 7 repetições com 4 plantas (BANZATO et al., 1989). Os tratamentos foram definidos como: 1) testemunha o qual não receberá nenhuma aplicação foliar de nenhuma fonte de Potássio; 2) tratamento com Nitrato de K a Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 220 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos 0,75% de concentração, pulverizando dois lados da planta, com volume de calda de 6,0l/pl, com duas aplicações sendo a 1° no dia 25 de março de 2008 e a 2° no dia 11 de abril 2008; 3) tratamento com Cloreto de K a 0,5375% de concentração, para que assim tenhamos a mesma quantidade de potássio, pulverizando os dois lados da planta, com volume de calda de 6,0l/pl, com duas aplicações seguindo a mesma data de aplicação do tratamento 2. As aplicações foliares foram feitas com um pulverizador tratorizado do tipo “pistola”. Durante a condução do trabalho foram feitas avaliações mensais do diâmetro transversal dos frutos (“linha equatorial do fruto”), com um paquímetro, para medirmos o crescimento dos mesmos até a colheita. Foram medidos 8 frutos/pl, escolhidos de forma aleatória, no terço médio, na parte externa das plantas, ao redor das mesmas seguindo a orientação dos pontos cardeais, foram medidos 4 frutos provenientes da primeira florada (agosto – setembro de 2007) e 4 frutos da segunda florada (novembro – dezembro de 2007), para que assim possamos identificar se há ou não uma fase de crescimento do fruto adequada a receber essa aplicação. As aferições iniciaram dia 05/03/08 e foram repetidas a cada dia 30 de todos os meses até a primeira colheita em julho do ano corrente, o mesmo procedimento será realizado na segunda frutificação. Os tratos culturais como capina mecanizada, aplicações de defensivos para diferentes pragas e doenças assim como calagem e adubação foram as mesmas e aplicadas na mesma época sendo definidas conforme a necessidade das mesmas. Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 Mário Antonio Marinm, Arlindo Sara Netto, Isac Silveira Batista Junior 4. 221 DESENVOLVIMENTO Os resultados para a primeira frutificação (Foto 1) podem ser visualizados na Tabela 1. Fonte: Arquivo do autor Foto 1. 1ª. frutificação. Tabela 1. Evolução do diâmetro transversal dos frutos da 1ª. florada. Tratamento Testemunha (%) Nitrato de k (%) Cloreto de k (%) 5/3/08 5,894 5,836 5,756 Data de aferição 12/4/08 17/5/08 6,603 6,993 12,02% 5,9 6,686 7,066 14,56 5,68 6,663 7,111 15,75 6,72 21/6/08 7,07 1,1 7,1 0,48 7,13 0,26 CRESC. T. 1,176 CRESC. (%) 19,95 1,264 21,65 1,374 23,87 CV< 7,0% Na primeira frutificação foi verificado que o Cloreto de K apresentou melhor resultado que o Nitrato de K e este melhor que a Testemunha. Acreditamos que esse fato esteja ligado ao íon acompanhante (ver Tabela 2), pois pelo menor peso molecular do cloreto isso pode ter facilitado e aumentado a absorção do K (MARSCHNER, 1995) e por estar envolvido na osmose e no equilíbrio iônico, assim como o Potássio. Tabela 2. Características e função do íon e do nutriente mineral. Íon Massa atômica Cl- 35 NO3MINERAL N 65 --14 K 39 Função do mineral envolvido na osmose e no equilíbrio iônico, provavelmente essencial nas reações fotossintéticas que produzem oxigênio. ----componente de aminoácidos, proteínas, nucleotídeos, ácidos nucléicos, clorofilas e coenzimas. envolvida na osmose e no equilíbrio iônico, controle estomático; ativador de muitas enzimas Fonte: Adaptado de RAVEN, 2007. Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 222 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos Os resultados para a segunda frutificação (Foto 2) podem ser visualizados na Tabela 3. Fonte: Arquivo do autor. Foto 2. 2ª. Frutificação. Tabela 3. Evolução do diâmetro transversal dos frutos da 2ª. florada. Trat. Test. (%) Kno3 (%) Kcl (%) 5/3/08 12/4/08 17/5/08 2,817 4,181 48,42 4,346 53,35 4,188 51,4 5,008 19,77 5,214 19,97 5,148 22,92 2,834 2,766 Data de aferição 21/6/08 19/7/08 5,643 12,67 5,696 9,24 5,629 9,34 5,875 4,11 6,012 5,54 6,005 6,67 24/8/08 27/9/08 25/10/08 Total 6,3 7,23 6,276 4,39 6,286 4,67 6,506 3,26 6,434 2,51 6,453 2,65 6,668 2,49 6,629 3,03 6,68 3,51 3,851 (%) 236,7 3,795 233,9 3,914 241,5 CV< 10,0% Como vimos na Tabela 3, o Nitrato de K demonstrou uma ligeira desvantagem em relação a Testemunha e o Cloreto de K uma ligeira vantagem em relação a mesma, mas as diferenças foram insignificantes ficando abaixo de 5%. Um fato que chamou a atenção foi que após as intervenções foliares o Nitrato de K deu um incremento no crescimento do fruto muito significativo, o Cloreto de K também, mas ficando abaixo de 5% em relação a Testemunha. Esse fato deve estar ligado ao estádio fenológico dos frutos e pelo estado nutricional do pomar, onde as plantas se encontravam deficientes em Nitrogênio (ver Tabelas 4 e 5), pois frutos menos desenvolvidos (nesse caso 2,5 vezes menor que o seu tamanho final) eles apresentam uma atividade fotossintética e celular intenção, como já vimos na introdução desse trabalho. Pelo fruto estar passando por divisões celulares há necessidade de sintetizar aminoácidos e proteínas e como vimos na Tabela 3 o nitrogênio é um dos principais componentes dessas moléculas e por o Nitrato de K também conter nitrogênio (KNO3 = 12%N e 43%K) isso pode ter lhe conferido essa vantagem inicial que não se manteve, provavelmente, por ser uma quantidade pequena e de aplicação localizada. Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 Mário Antonio Marinm, Arlindo Sara Netto, Isac Silveira Batista Junior 223 No decorrer do trabalho, mês após mês, essas diferenças foram diminuindo e no caso do Nitrato de K se inverteu ficando com o menor crescimento, mas é importante salientar que as diferenças foram tão pequenas que devemos considerar que os três tratamentos se igualaram já a partir do quinto mês após as aplicações foliares. Acreditamos que os frutos se igualaram no decorrer do trabalho em função do pomar em questão apresentar níveis altos de Potássio, tanto na planta como no solo (ver tabelas 04, 05, 06 e 07), sendo assim com o passar do tempo com um grande fornecimento de K para todos os tratamentos as diferenças obtidas logo, após as intervenções foliares, foram anuladas. Para melhor compreensão é importante analisarmos as frutificações separadamente, visto que os frutos estavam em estádios fenológicos distintos (como podemos ver nas Fotos 1 e 2) e provavelmente por essa razão obtivemos resultados diferentes para a primeira e para a segunda frutificação. Tabela 4. Análise química das plantas. N P 20 1,7 K Ca g/Kg 17,1 17,5 Mg S B Cu 1,7 2,7 65 100 Fe mg/Kg 252 Mn Zn 20 50 Fonte: Laboratório de Análise Química de Solo e Planta - UFSCAR - Araras – SP. Tabela 5. Faixas de interpretação de resultado de análise de folha de citros. Nutriente Baixo N P K Ca Mg S <22 <1,1 <9 <35 <2,4 <1,9 B Cu Fé Mn Zn Mo <35 <4,0 <49 <34 <34 <0,09 Adequado g/Kg 23 - 29 1,2 - 1,6 10,0 - 15,0 35 - 45 2,5 - 4,0 2,0 - 3,0 mg/Kg 36 - 100 4,1 - 10,0 50 - 120 35 - 50 35 - 50 0,1 - 1,0 Excessivo >30 >2,0 >20 >50 >5,0 >5,0 > 150 >15,0 >200 >100 >100 >2,0 Fonte: MATTOS JUNIOR, 2008. Tabela 6. Análise química do solo. P (resina) mg/dm 3 18 M.O g/ dm3 22 pH K Ca Mg CaCL2 5,2 H+Al Al mmolc/dm3 5 26 12 SB CTC V S B Cu Fe Mn Zn mg/Kg 31 2 43 74 58 11 0,38 3,5 20 54 1,2 Fonte: Laboratório de Análise Química de Solo e Planta - UFSCAR -Araras – SP. Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 224 Aplicação de nitrato e cloreto de potássio via foliar em citros, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos Tabela 7. Faixas de interpretação de resultado de análise do solo. Teor K Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto 0,0 - 0,7 0,8 - 1,5 1,6 - 3,0 3,1 - 6,0 >6,0 Acidez Muito Alta Alta Média Baixa Muito Baixa pH (CaCl2) até 4,3 4,4-5,0 5,1-5,5 5,6-6,0 >6,0 Ca mmolc/dm3 Mg P 0-3 4 -7,0 >7 0-4 5 - 8,0 >8 0 -5 6 - 12,0 13 - 30 31 - 60 >60 SB Muito Alta Alta Média Baixa Muito Baixa V (%) 0-25 26-50 51-70 71-90 >90 S mg/dm3 0-4 5 - 10,0 >10 Fonte: Boletim Técnico, 100, IAC, 1997. Os resultados obtidos para o Nitrato de K são concordantes com Vichiato, Amaral e Souza Sobrinho (1994), em seu trabalho utilizando esse material em citros. Mesmo o Cloreto de K se mostrando, nesse caso, uma fonte de K eficiente para promover o aumento do fruto, no estádio de 2/3 do seu tamanho final, esse aumento não foi suficiente para mudar a classificação comercial do fruto (ver Tabela 8). Tabela 8. Classificação comercial de laranja. Fonte: NASCIMENTO, 2008. 5. RESULTADOS O Cloreto de Potássio mostrou ser uma fonte mais eficiente, do que o Nitrato de Potássio, para promover o aumento do diâmetro transversal do fruto de laranja Pêra no terço final do seu desenvolvimento, no entanto não foi suficiente para alterar a classificação comercial do mesmo, em condições de solo e planta com grandes quantidades desse nutriente mineral. Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 215-226 Mário Antonio Marinm, Arlindo Sara Netto, Isac Silveira Batista Junior 6. 225 CONSIDERAÇÕES FINAIS O potássio é um mineral importante para o desenvolvimento e qualidade dos frutos. Seriam interessantes mais pesquisas sobre o assunto, principalmente a repetição desse trabalho em áreas deficientes em K, onde provavelmente o efeito benéfico e positivo desse mineral seria acentuado. REFERÊNCIAS AGUSTÍ, M. Citricultura. Madrid: Mundi-Prensa, p.416, 2000. ARNON, D.I.; STOUT, P.R. The essentiality of certain elements in minute quantily for plants with special reference to copper plant phisiol.,V.14, p. 371-375, 1938. BAIN, J.M. Morphological, anatomical and physiological changes in the developing fruit of the ‘Valencia’ orange [Citrus sinensis (L.) Osbeck]. Aust. J. Bot., v.6, p.1–24, 1958. BANZATO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação Agrícola-Jaboticabal, Funep, 1989. 247p. BOTEON, M. 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