Artigo Técnico

Propaganda
Artigo Técnico
Endocrinologia – Fevereiro / 2007
Tratamento fitoterápico e suplementos dietéticos para distúrbios do humor e
ansiedade em mulheres menopausadas.
Avaliou-se a eficácia dos tratamentos fitoterápicos para os distúrbios do humor e da ansiedade
em mulheres no climatério, bem como a sua segurança e eficácia. Os estudos com erva-de-sãojoão (Hypericum perforatum) para depressão suave a moderada demonstraram uma melhora
significativa. Um estudo com Ginseng demonstrou melhora no humor e ansiedade.
Fármaco em estudo:
Original:
Autoria:
Hypericum perforatum - Erva de São João
Botanical and dietary
menopausal women.
supplements
for
mood
and
anxiety
in
Stacie E. Geller e Laura Studee. Menopause. Vol 14 (3); 2007.
Resumo
INTRODUÇÃO
Embora
os
sintomas
vasomotores
sejam
geralmente reportados como as queixas mais
comuns da menopausa, muitas mulheres são
perturbadas por um número de outros problemas
durante a transição da menopausa. Duas das
queixas
psicológicas
mais
comuns
estão
relacionadas às mudanças de humor, geralmente
aumento da tristeza ou sintomas depressivos e
aumento da ansiedade.
A ansiedade tem sido fortemente associada com
os fogachos, especialmente na transição inicial da
menopausa.
Estudos
longitudinais
recentes
examinaram preditores de humor depressivo em
mulheres de meia idade e encontraram que a
transição da menopausa é até quatro vezes mais
comumente associada aos sintomas depressivos
do que o período pré-menopausa.
O uso de fitoterápicos entre mulheres na peri e
pós-menopausa tem aumentado nos anos
recentes nos EUA, com o maior aumento no uso
de agentes hormonais naturais. Embora as
mulheres usem essas terapias para tratar
sintomas de doenças, poucas mulheres são de
fato avaliadas para verbalizar o benefício desses
suplementos. Cerca de dois terços das mulheres
não referem aos clínicos sobre o uso desses
produtos. Esse artigo revisa os fitoterápicos mais
comumente usados para o tratamento de
distúrbios do humor e ansiedade para mulheres
na peri e pós-menopausa e examina os dados
quanto à segurança e eficácia.
RESULTADOS
Erva-de-são-joão
perforatum
(ESJ)
-
Hypericum
A ESJ é um dos fitoterápicos mais amplamente
estudados e comumente usados para o tratamento de
depressão suave ou moderada na população geral.
Uma revisão de estudos clínicos conduzidos no final
dos anos 90 concluiu que em 37 de 39 estudos, a ESJ
foi superior ao placebo ou equivalente a medicações
antidepressivas na melhora dos sintomas depressivos
(61% a 75% de melhora em depressão suave a
moderada). Essa revisão também encontrou que
usuários de ESJ apresentaram menos efeitos
colaterais em relação aos usuários de antidepressivos.
Estudos mais recentes também reproduziram esses
achados e três de cinco estudos demonstraram
equivalência aos inibidores seletivos de recaptação da
serotonina. Em um outro estudo que avaliou as
queixas psicológicas durante o climatério, foi
demonstrado que a proporção de mulheres que
apresentava sintomas depressivos na escala de
moderada a grave diminuiu de 80% para 20% após
12 semanas de tratamento.
Deve se ter em mente as possíveis interações
medicamentosas
com
a
ESJ:
anticoagulantes,
ciclosporina, digoxina e inibidores de protease
(tratamento do HIV), especialmente diminuindo a
concentração desses fármacos.
Ginseng (Panax ginseng)
O ginseng foi estudado para os sintomas de peri e
pós-menopausa, mas não foi demonstrado como
capaz de provocar efeitos estrogênicos ou de melhorar
sintomas vasomotores. Entretanto, foi demonstrado
que o ginseng foi capaz de melhorar queixas
somáticas como a fadiga, insônia e depressão e de ter
um efeito favorável na depressão e no bem-estar
geral em relação ao placebo. Há apenas dois estudos
de ginseng na menopausa, e ambos demonstraram
melhora no humor e na ansiedade.
1
O ginseng tem um bom perfil de segurança com
poucos efeitos colaterais reportados. Uma revisão
recente sugere que o mesmo pode interagir com
a cafeína e causar hipertensão e pode ter ação
hipoglicêmica, não devendo, portanto ser
recomendado a pacientes hipertensas ou em uso
de hipoglicemiantes.
Ginkgo biloba
Embora um estudo conduzido em adultos
demonstrou uma melhora auto-referida no humor
com Ginkgo biloba isoladamente bem como em
combinação com o Ginseng, há 3 estudos
randomizados com a ginkgo avaliando o humor
em idosos, e nesses estudos não foi verificada
melhora significativa em relação ao placebo. Um
estudo em mulheres pós-menopausadas usando
uma combinação de Ginkgo biloba com ginseng
não demonstrou benefícios no humor ou na
ansiedade em relação ao placebo. Entretanto, um
estudo conduzido na Alemanha em adultos idosos
demonstrou benefícios em depressão resistente,
sendo utilizada a Ginkgo biloba para potencializar
antidepressivos convencionais.
A Ginkgo biloba tem um perfil de segurança geral
positivo. Os efeitos colaterais reportados são
raros, mas incluem cefaléia e prejuízos
gastrintestinais. Tem sido sugerido que a Ginkgo
biloba pode potencializar anticoagulantes ou
aumentar o tempo de sangramento, embora
milhões de pessoas tomam a Ginkgo biloba
regularmente e foram reportados apenas dois
casos de problemas de sangramentos.
Kava (Piper methysticum)
De oito estudos utilizando kava para o
tratamento
da
ansiedade,
incluindo
dois
realizados em mulheres na peri ou na pósmenopausa, quatro demonstraram reduções
significativas na ansiedade em relação ao
placebo.
Há questões pendentes em relação a parâmetros
de segurança com a kava em virtude de sua
potencial
hepatotoxicidade.
Apesar
das
evidências ainda não serem conclusivas, os
indivíduos em uso da droga devem ser
rigorosamente monitorados. Não é aconselhada
para
indivíduos
em
uso
de
medicações
hepatotóxicas, consumindo álcool em excesso ou
com hepatopatia pregressa.
Black cohosh (BC) (Cimicifuga racemosa)
A BC é comumente usada para o alívio de
sintomas
vasomotores
relacionados
à
menopausa, e a vasta maioria dos estudos
clínicos demonstraram que a mesma é efetiva para o
alívio de sintomas da menopausa bem como de
síndrome pré-menstrual e dismenorréia. Dados
recentes apontam que o mecanismo de ação da droga
é
baseado
na
sua
ação
em
receptores
serotoninérgicos.
Há quatro estudos clínicos da BC para humor ou
ansiedade, com três usando BC isoladamente e um
usando BC em combinação com a erva-de-são-joão.
Todos os quatro estudos demonstraram que os
sintomas de ansiedade e depressão significativamente
diminuíram ao longo do período de tratamento em
relação ao placebo e um estudo demonstrou
equivalência à terapia de reposição hormonal. Além
disso, a BC tem um bom perfil de segurança e não
tem qualquer interação documentada com fármacos.
Outros agentes
Dois estudos recentes que incluíram mulheres de meia
idade avaliaram o efeito da suplementação da
valeriana no humor e na ansiedade. Em um estudo
analisando os efeitos da valeriana, diazepam e
placebo no transtorno da ansiedade generalizada, não
foi demonstrado efeito adicional ao do placebo na
redução da ansiedade nem com o diazepam, nem com
a valeriana. Um estudo observacional de mais de
2000 pacientes com depressão suave a moderada
demonstrou que uma combinação de valeriana com a
erva-de-são-joão diminuiu sintomas de depressão e
ansiedade em um período de 6 semanas.
Um estudo recente que avaliou a performance
cognitiva da isoflavona na performance cognitiva em
mulheres na pós-menopausa também avaliou seus
efeitos no humor e na ansiedade. Houve uma melhora
significativa no humor com o tratamento com a
isoflavona, mas não foram reportadas diferenças na
ansiedade.
Discussão
De todos os fitoterápicos revisados, há forte evidência
que a erva-de-são-joão é o agente mais útil no alívio
da depressão tanto em homens como em mulheres.
Há apenas um estudo não controlado com placebo que
foi desenhado especificamente para mulheres na
perimenopausa para quantificar a melhora dos
sintomas psicológicos e mais estudos randomizados
devem ser realizados nessa população para se
verificar a eficácia do agente.
Já a Black cohosh, também mostra evidências
relevantes de mudanças positivas no humor na peri e
pós-menopausa. O perfil de segurança positivo da
Black cohosh e seu uso por décadas na Europa a
tornam uma boa opção para mulheres com distúrbios
do humor na transição da menopausa. Estudos
clínicos futuros deveriam também avaliar a eficácia e
a segurança da combinação de Black cohosh e a erva-
2
de-são-joão para ver se há sinergismo nessa
associação em relação aos distúrbios do humor.
nenhum dos estudos revisados demonstrou que a
mesma é efetiva para a melhora do humor.
Há dois estudos positivos para os efeitos do
ginseng para o humor e a ansiedade na peri e
pós-menopausa, sugerindo que o ginseng poderia
ser uma terapia útil para os distúrbios
relacionados ao humor.
Em relação a kava, há evidências a favor do seu uso
para o controle da ansiedade. Entretanto, devido a
potencial hepatotoxicidade, seu uso deve ser evitado
ou fortemente supervisionado, com duração limitada
de
tratamento.
Embora haja um interesse aumentado na
utilização da gingko para os problemas do humor,
Exemplificação de Fórmula
01. Hypericum perforatum - cápsulas
Hypericum perforatum ............... 300 mg
Excipiente qsp ....................... 1 cápsula
M.....cápsulas.
Posologia: 1 cápsula três vezes ao dia ou
a critério médico
A formulação contida neste artigo é apresentada como exemplificação, podendo ser modificadas a critério médico.
Artigo Técnico Endocrinologia é parte integrante do SAP®, produto exclusivo da Racine Consultores Ltda.
3
Download