Diapositivo 1

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Legionella pneumophila em ambientes aquáticos
Joana Costa
AHETA | 16 maio 2014
Workshop "Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água"
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Transmissão de Legionella (Fraser, 1984)
Ambientes intervenção humana
Factores de amplificação
Ambientes naturais
LEGIONELOSE
Inoculação
Exposição por uma
população susceptível
Disseminação
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Ambientes aquáticos naturais
Ambientes aquáticos artificiais ou de intervenção humana
Nascentes quentes
Biofilmes
Sistemas de distribuição
Lagos
Água de profundidade
Chuveiros
Torres de arrefecimento
Piscinas
Natural spring
Rios
Nascentes
Solo jardinagem
Fontes
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Fleirmans e colegas em 1981 analisaram centenas de amostras de inúmeros lagos e rios
dos Estados Unidos. O estudo detectou legionelas na maioria das amostras, mas apenas
15% provocaram doença em porquinhos da índia.
Verificaram ainda um efeito sazonal na detecção de legionelas, aumentando a sua
concentração nos meses de verão.
Tison e colegas em 1983 realizaram um estudo nos lagos e rios do Monte de St. Helena e
detectaram elevadas concentrações de legionelas nas águas termais aquecidas.
Estudos realizados em Portugal Continental e no Açores por Veríssimo e colegas também
identificaram múltiplas espécies de legionelas em águas com temperaturas entre os 22ºC e
os 67.5°C.
Apesar das legionelas serem facilmente recuperadas em águas superficiais, só
recentemente Costa e colegas conseguiram isolá-las de águas de profundidade, onde se
pensa que existam em muito baixas concentrações.
L. longbeach representa uma notável excepção, uma vez que é predominantemente isolada de
solo. Esta espécie é responsável pela maioria dos casos de Legionelose na Austrália, que
ocorrem entre jardineiros.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Concentração bacteriana como factor determinante para a ocorrência de doença
Ambientes naturais
Ambientes intervenção humana
103 a 106 leg/L
> 106 leg/L
<1% população
50% população
Os ambientes naturais são raramente associados a casos de legionelose.
As legionelas multiplicam-se muito lentamente a baixas temperaturas, o que resulta num equilíbrio natural
entre a concentração das bactérias e dos seus hospedeiros. Concentração esta abaixo do limite mínimo
necessário para causar infecção em humanos.
A maioria dos casos de doença está associada a ambientes sujeitos a intervenção humana onde temperatura
da água é superior, alterando a concentração quer das bactérias quer dos seus hospedeiros naturais.
Assim, variações na temperatura da água podem alterar o equilíbrio entre as legionelas e os protozoários,
resultando num aumento rápido da concentração das bactérias, podendo causar doença.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Carácter ubíquo em ambientes aquáticos não salinos
temperaturas entre 6ºC e 63ºC – óptimo 37ºC
valores de pH entre 5.5 e 8.1
oxigénio dissolvido entre 0.3 e 9.6 mg/ml
Factores que favorecem o aumento da sua concentração
presença de outros organismos
zonas de reduzida circulação de água
presença de sedimentos
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
A presença de protozoários é um factor determinante para a sobrevivência e aumento de concentração de legionelas
As legionelas não são bactérias de vida livre, multiplicam-se intracelularmente em vários
tipos de protozoa sendo esta relação crucial para a ecologia do organismo.
Legionellae multiplica-se no ambiente em:
14 espécies de amoebae
2 espécies de ciliados
1 espécie de Myxomycota
Os protozoários são ubíquos em diversos ambientes
naturais, como água doce e salgada, água salobra, solos
húmidos e em areias secas.
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
Ciliados expelem vesículas contendo legionelas
Amoeba aprisionando L. pneumophila
Acanthamoeba spp. produz vesículas
respiráveis contendo legionelas
ciriscience.org
Berk et al., 1998 Appl. Environ.
Microbiol.
Berk et al., 2008 Appl. Environ.
Microbiol.
C. elegans é um hospedeiro
metazoário de legionelas
Macrófago preenchido com
~100 Legionella
http://www.q-net.net.au
Hilbi et al., 2010 Mol. Microbiol.
Brassinga et al., 2010 Mol. Microbiol.
A infecção de Humanos por legionelas é um desvio ao seu ciclo de vida natural em amoebae
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
O relacionamento entre as legionelas e amebas propicia de facto uma forma de protecção capaz de potenciar a
capacidade de sobrevivência destas bactérias a ambientes hostis.
antibióticos
biocidas
stress térmico
e osmótico.
Provavelmente esta protecção será a explicação mais plausível para o facto das
legionelas conseguiram transitar de ambientes naturais para ambientes de
intervenção humana, suportando os vários tratamentos a que a água é sujeita.
Biofilmes
A maior parte da actividade bacteriana na natureza ocorre, não com as células individualizadas,
mas com as bactérias organizadas em comunidades sob a forma de um biofilme. Esses
biofilmes são constituídos por uma comunidade estruturada de células aderentes a uma
superfície inerte (abiótica) ou viva (biótica), embebidas numa matriz de exopolissacárido.
A associação dos organismos em biofilmes constitui uma forma de protecção ao seu desenvolvimento,
fomentando relações simbióticas e permitindo a sobrevivência em ambientes hostis.
Em ecossistemas aquáticos, mais de 99,9% das bactérias crescem em biofilmes associadas a
uma grande variedade de superfícies.
Os biofilmes mais comuns na natureza são heterogéneos, compostos por duas ou mais
espécies, podendo os produtos do metabolismo de uma espécie auxiliar o crescimento
das outras e a adesão de uma dada espécie fornecer ligandos que promovem a ligação
de outras.
Inversamente, a competição pelos nutrientes e a acumulação de metabolitos tóxicos
produzidos pelas espécies colonizadoras poderão limitar a diversidade de espécies num
biofilme.
Biofilmes
Cooperação metabólica e disponibilidade de nutrientes
Protecção contra:
•
•
•
•
•
Os principais componentes estruturais de biofilmes são:
•
Microrganismos
•
Matriz de exopolímeros
•
Componentes de origem não-biológica
Radiações UV
Fagocitose
Desidratação
Predadores
Antimicrobianos
as legionelas atingem sistemas de
distribuição de água potável, e
através
deles,
mesmo
após
tratamento da água, permanecem
viáveis até ao fim da linha de
distribuição de água de hotéis,
hospitais e outros edifícios, incluindo
torres de arrefecimento de sistemas
de ar condicionado, cilindros de
aquecimento, torneiras e chuveiros
Biofilmes
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
A capacidade inata das legionelas conseguirem replicar-se em diferentes protozoa equipou estas
bactérias com a capacidade de se replicarem em macrófagos alveolares humanos.
guinea pig alveolar macrophages
infected in vitro with L. pneumophila
http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/3677756.stm
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
Bactérias que foram internalizadas por células eucarióticas necessitam de evitar a fusão
com o lisossoma ou desenvolver estratégias para sobreviver neste organelo.
Reside nos
lisossomas
Interagem com a via
secretora
Bactérias que reside em
vacúolos que mantêm as
características de endossomas
Bactérias alteram a via
endocítica e estabelecem
vacúolos com características
únicas
Residem na via
endocítica
Interagem com a via
secretora
Interagem com a via
secretora
Residem na via endocítica
Ciclo de vida bifásico
Adesão e
entrada
Estabelecimento
Replicação
Protozoa
Saída
Macrófago
Maturação
Nucleus
Transmissão a humanos
através de aerossóis
contaminados
Diferenciação
Forma Virulenta
Intermediário
Forma Replicativa
Vesícula
Fase replicativa
Fase transmissiva
Adaptado de Garduno, RA. 2008. In: Legionella pneumophila: pathogenesis and immunity and Molmeret et al., 2004 Microbes Infect.
Legionella - Ciclo de vida bifásico
Forma replicativa
Transição
rigorosamente
regulada
Forma virulenta
Expressão de factores
relacionados com a virulência
Bruggemannet al., 2006 Cell Microbiol
Jules and Buchrieser 2007 FEBS Letters
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
53 espécies de Legionella,
todas capazes de infectar protozoários
24 espécies foram associadas a casos de doença
Yang et al., 2008 IJSEM
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
90% dos casos de Legionelose
Yang et al., 2008 IJSEM
L. pneumophila sg. 1
Prevalência de Legionella sp. – doença vs ambiente
Há um bias entre a prevalência de L. pneumophila como principal responsável por
casos de doença e a sua distribuição ambiental
Total nonpneumophila
legionellae;
24,4%
L. pneumophila
sg 1;
29,1%
L. pneumophila
sg 2-14;
46,5%
Distribuição ambiental
Legionella
bozemanae, L.
micdadei, and L.
longbeachae;
7%
Other Legionella
sp.; 3%
L. pneumophila sg.
2-14;
6%
L. pneumophila
sg.1;
84%
L. pneumophila sg.1 corresponde a 30% dos isolados
ambientais e a 84% dos isolados clínicos
Distribuição clínica
Legionela busters
António Veríssimo
Milton da Costa
Métodos de identificação de Legionella spp.
Coleção de cultura representativa dos vários ambientes
Ambientes
Natural
Ambientes artificiais
Estirpes clínicas
Problemas concretos com casos de legionelose
Legionela – de organismo ambiental
a agente patogénico acidental
Replicação de legionelas em células eucariotas:
estratégia essencial de virulência
Bactérias organizadas em comunidades sob a forma de um
biofilme que constitui uma forma de protecção
Joana Costa [email protected]
Dep. Ciências da Vida
Universidade de Coimbra
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