VII SEMEAD ESTUDO DE CASO GESTÃO SOCIOAMBIENTAL A IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NO SANTANDER BANESPA Maria Cristina Reszecki Alves Cruz Mestre em Administração pela FEA/USP e Coordenadora do Programa Consumo Consciente do Santander Banespa [email protected] (11) 5538-7628 A IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO NO SANTANDER BANESPA Maria Cristina Reszecki Alves Cruz Mestre em Administração pela FEA/USP e Coordenadora do Programa Consumo Consciente do Santander Banespa [email protected] (11) 5538-7628 (11) 9624-1433 RESUMO O presente trabalho descreve os passos e os resultados da iniciativa de uma empresa do setor financeiro ao adotar um programa de conscientização dos funcionários com relação à utilização de materiais provenientes de insumos naturais, especificamente o papel. Um dos objetivos da empresa ao implantar o programa, denominado Consumo Consciente, foi conscientizar os funcionários sobre o consumo de papel e despertá-los para as maneiras de se evitar o desperdício, buscando o comprometimento de cada um e não simplesmente estabelecendo metas de consumo ou redução de cotas de utilização. A empresa lançou uma campanha interna, composta por dois concursos que buscaram, um a participação individual através do envio de sugestões e outro a participação coletiva das áreas, o que viabilizou a mensuração dos resultados da campanha. Analisando os resultados dessa iniciativa observa-se que os empregados responderam favoravelmente aos estímulos, indicando que é possível causar uma sensibilização que gere uma atitude favorável e provoque uma mudança de comportamento. PALAVRAS-CHAVE Consumo consciente, comportamento, atitude, banco, setor financeiro, 3 Rs, reduzir, reciclar, reutilizar, redução de desperdício. INTRODUÇÃO Uma dos grandes desafios que as empresas têm enfrentado ultimamente é com relação às questões relativas ao meio ambiente. O conceito de Desenvolvimento Sustentável deixou de ser uma preocupação do governo e passou a ser assunto de interesse de empresas e da sociedade. Apesar das diferentes definições há um entendimento de que desenvolvimento sustentável é o tipo de desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Por um lado governos se preocupam com a degradação ambiental causada pelo uso desmedido de insumos naturais, pela poluição, pela geração de resíduos, etc. Por outro lado as empresas, seja pela própria importância e conscientização com relação ao assunto, ou pela busca de redução de desperdício, seja por pressão de mercado, de governo, de acionistas ou dos próprios funcionários, também despertam para a necessidade de fazerem algo com relação à gestão ambiental, dentro de sua área de atuação. As empresas ambientalmente responsáveis buscam atender à sustentabilidade adotando atitudes responsáveis de curto, médio e longo prazos, assegurando a satisfação das necessidades organizacionais. A operacionalização da gestão ambiental nas indústrias, causadoras de diversos tipos de poluição, é mais visível, uma vez que podem ser implementadas ações que reduzem o impacto ambiental negativo, como instalação de controle de poluição em chaminés, rede de esgoto, etc. As empresas de ramos cuja operacionalização não é tão visível têm buscado alternativas como utilização racional de recursos naturais. Para isso, além de uma boa gestão a empresa pode contar com seu corpo funcional, pois cabe a cada um, como cidadão, atuar de forma consciente e contribuir individualmente na redução do desperdício. O princípio dos 3 Rs, reduzir, reutilizar e reciclar, tem norteado as iniciativas das empresas na busca da responsabilidade de cada um no ciclo de aquisição, consumo e descarte dos insumos utilizados. Esse princípio visa a redução do uso de matérias-primas e do desperdício, a reutilização dos produtos e a reciclagem de materiais. Os bancos têm descoberto maneiras de contribuir para o desenvolvimento sustentável na atuação junto aos fornecedores, selecionando empresas ambientalmente responsáveis, junto aos clientes, na hora de conceder financiamentos e analisando como o recursos será utilizado e junto aos funcionários, implementando ações que incentivem a prática da responsabilidade ambiental, buscando uma mudança de postura de seus colaboradores com relação ao uso racional de insumos provenientes de recursos naturais. Nesse contexto a abordagem principal deste artigo é analisar o processo de implantação de um programa de propósito ambiental feito por uma multinacional do setor financeiro cujo objetivo foi promover, através da conscientização e da educação, uma mudança de comportamento de seus funcionários quanto ao consumo e ao desperdício de papel. Neste trabalho serão apresentadas as medidas implantadas e os resultados obtidos. A INCLUSÃO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NA GESTÃO EMPRESARIAL A inclusão da gestão da variável ambiental nas empresas amplia o conceito de administração pois embora os objetivos não sejam puramente econômicos acabam influindo na estrutura organizacional e no planejamento estratégico, assumindo papel de relevância na organização da empresa. O arranjo organizacional de uma empresa que queira considerar aspectos ambientais na sua gestão dependerá, além do tipo de atividade que ela desempenha, de como ela operacionalizará os aspectos envolvendo as variáveis ambientais. Segundo Donaire (1995) não pode ser uma atividade de linha nem de staff, pois é fundamental que as atividades relacionadas à proteção ambiental sejam de interesse da alta administração e de todos os setores da empresa e, simultaneamente, exige um corpo técnico que tenha condições de orientar os outros setores e implantar efetivamente as medidas necessárias à proteção ambiental. As empresas que usam maior quantidade de recursos naturais e as que causam mais poluição já convivem com as questões ambientais há mais tempo que as empresas financeiras, sendo assim elas já têm parâmetros para realizar a gestão ambiental, pela cobrança da própria população que está mais consciente e consequentemente exigindo mais correção por parte das empresas com relação aos danos causados à natureza. Conforme Donnaire (1995) nos tipos de indústrias que causam diversos tipos de poluição a gestão ambiental ocorre de três maneiras. Na primeira, na maneira reativa, a empresa busca minimizar a poluição controlando as saídas, como chaminés e redes de esgoto, mas mantendo a estrutura produtiva existente. Essa solução pode ser insuficiente e cara, o que faz a indústria buscar uma segunda solução, integrando a gestão ambiental aos processos produtivos. Assim o controle da poluição deixa de ser feito nas saídas e passa a ser integrado às funções da produção. Esse é o modo de integração, assim as ações passam a ter um efeito preventivo, que envolve desde a seleção das matérias-primas até a reciclagem de resíduos. A terceira maneira de gestão consiste na adoção de uma postura proativa da indústria ao integrar a variável ambiental na estratégia da empresa. Parte das empresas estão na fase reativa, a maioria está na fase de integração nas práticas produtivas e uma minoria está na fase proativa. De acordo com Bateman & Snell (1998) as principais razões que levam as empresas a incorporarem a variável ambiental na sua gestão são: - a necessidade de obedecer as leis; - tornar-se mais eficaz reduzindo custos com reciclagem, diminuição do consumo de matériaisprimas e energia, evitando desperdício; - ser mais competitiva e abrir novos mercados; - não correr o risco de comprometer sua imagem junto à opinião pública, associando suas atividades com poluição e degradação ambiental; - a responsabilidade social e ética das empresas com a sociedade no presente e no futuro. A incorporação da variável ambiental pelos bancos pode ser feita tanto através de ações internas, junto aos seus funcionários como através de ações externas, voltadas para os clientes e para o mercado. A atenção das questões ambientais junto aos bancos foi atraída por casos judiciais nos Estados Unidos nas décadas de 80 e 90 quando alguns bancos de crédito foram responsabilizados por danos ambientais causados pelas empresas para as quais emprestaram dinheiro. No Brasil o governo tem elaborado medidas na tentativa de estimular a atuação ambientalmente responsável dos bancos. Uma delas é a instituição do Protocolo Verde, em 1995, que, em linhas gerais, obriga os bancos nacionais a analisarem cuidadosamente os pedidos de financiamento e só liberarem crédito para aqueles em estrita consonância com os objetivos do desenvolvimento sustentável (Mac Dowell, Corrêa, 1997). Como exemplo de atuação crescente em programas ambientais voltados para o público interno, o Bank of America apresenta em seu relatório de atividades para o biênio 2003-2005 várias prioridades, entre elas a redução do consumo de energia em torno de 3% através da implementação de projetos de eficiência em energia; esforços para reduzir o consumo e o desperdício de papel; iniciativas para aumentar a reciclagem de papel, entre outras. Em 2002 as compras de papel reciclado pós consumo representaram 75% do total de papel adquirido e o banco reciclou mais de 31.000 toneladas de papel. A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA CONSUMO CONSCIENTE NO SANTANDER BANESPA O Santander Banespa é uma multinacional do setor financeiro com sede na Europa. A implantação do programa de conscientização ambiental foi feita no Brasil, por isso a descrição da empresa ficará restrita às características das unidades aqui instaladas. A empresa conta com cerca de 22.000 colaboradores, entre funcionários, estagiários e terceiros. Possui mais de 1.500 pontos-de-venda (agências e postos de serviços) instalados em todo o País, estando a maior parte concentrada na região Sudeste. A área administrativa é centralizada em três centros administrativos instalados na Cidade de São Paulo, que concentram cerca de 6.000 trabalhadores. Há escritórios instalados em Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e centrais operacionais espalhadas em bairros como Morumbi, Cerqueira César, Centro, etc. O Grupo Santander adquiriu alguns bancos aqui no Brasil e mantém 2 marcas, Santander e Banespa. Um dos valores da empresa é estar inserido de forma responsável nas comunidades nas quais opera, investindo no desenvolvimento sustentável e incentivando os seus funcionários a adotar padrões de comportamento diferenciados em relação ao consumo de insumos de modo a criar condições necessárias para que essa mudança cultural ocorra. A primeira medida que a empresa adotou visando as questões ambientais foi a disponibilização para utilização pelas áreas internas, em maio de 2003, de um papel 30% reciclado que não passa pelo processo de branqueamento e por isso não gera resíduos tóxicos ao meio ambiente, mas que, pelo mesmo motivo apresenta uma aparência escurecida. O papel, embora destinado somente para correspondências internas, não era de uso obrigatório, ficando a critério de cada área, na hora de fazer o pedido, escolher o tipo de papel – branco ou reciclado. A implantação desse papel não gerou o resultado esperado, pois nem todas as áreas aderiram à idéia. Além disso, o processo de comunicação sobre o uso do papel precisava ser conduzido de forma que todos tivessem contato com esse tipo de papel e entender os benefícios ambientais do não branqueamento. O consumo de papel branco aumentava progressivamente todos os meses - e em nenhum mês havia redução no uso. Os executivos identificaram que a redução do consumo de papel, ou seja, a redução do desperdício, assim como a utilização do papel reciclado por uma quantidade maior de áreas, não dependia somente de uma comunicação informando sobre o desperdício gerado ou sobre as vantagens de utilização daquele tipo de papel. Dessa forma, em maio de 2003, duas vicepresidências resolveram lançar um programa de conscientização ambiental na empresa, destinado aos funcionários, estagiários e terceiros. Para estruturar o programa foi constituído um comitê composto por representantes de 19 áreas da organização, que se reunia semanalmente para discutir as ações para que os objetivos fossem atingidos. Em julho daquele ano os dois vices selecionaram uma coordenadora exclusivamente para conduzir o comitê e o programa, sendo responsável por criar sinergia entre as áreas e promover o lançamento e a coordenação do programa. Em outubro de 2003 o programa foi lançado simultaneamente em todas as unidades do banco. Foi criado um logo e um slogan específico para o Programa: Consumo Consciente – atitude no presente, garantia de futuro, cuja frase reflete bem os objetivos do programa. OBJETIVOS DO PROGRAMA CONSUMO CONSCIENTE O programa foi estruturado no conceito dos 3 Rs, reduzir – reciclar – reutilizar. Os objetivos propostos para o Programa foram: • Conscientizar as pessoas em relação ao consumo de insumos, tendo como consequência a preservação do meio ambiente; • Promover a mudança de comportamento das pessoas que trabalham na empresa, em relação ao uso dos insumos; • Adotar estratégias visando o comprometimento individual e coletivo em relação ao uso de insumos; • Formar e capacitar pessoas para atuarem como multiplicadores de práticas conscientes quanto ao uso racional de insumos; • Promover a educação ambiental e fomentar o espírito de colaboração em torno de temas socioambientais. Com base nesses objetivos as ações do programa buscaram, através da conscientização e da educação, promover a mudança de comportamento, manter a continuidade de hábitos adquiridos e, através de adesões conscientes obter resultados duradouros. De acordo com Robbins (1998), há pelo menos dois conceitos que precisam ser conhecidos para se entender o comportamento das pessoas: os valores e as atitudes. Os valores representam as convicções básicas, indicam se um modo específico de conduta é preferível pessoal ou socialmente a um modo de conduta oposto ou contrário. As pessoas crescem ouvindo dizer que certos comportamentos ou resultados eram sempre desejáveis ou indesejáveis a outros, e isso ajuda a formar o sistema de valores de cada um. As atitudes são menos estáveis que os valores e por isso a organização pode buscar criar condições para que se estabeleça uma atitude favorável que possa levar o indivíduo a ter um comportamento desejável, mas isso não é uma regra. Quanto mais específica a atitude que se busca, e mais específica a identificação do comportamento relacionado, maior a probabilidade de que a organização consiga um relacionamento coerente entre atitude e comportamento de seus colaboradores. LANÇAMENTO DO PROGRAMA CONSUMO CONSCIENTE O lançamento do Programa ocorreu em 20 de outubro de 2003, concomitante à divulgação da primeira campanha – Salve uma Árvore - vinculada ao Programa, cujo enfoque foi a utilização consciente do papel. Várias ações foram estruturadas para que toda a organização tivesse, ao mesmo tempo, informações sobre o lançamento do Programa e da Campanha, pois um dos objetivos do lançamento era causar um impacto para que todos percebessem que a partir daquela data o Programa Consumo Consciente havia sido lançado na organização. Ações de comunicação começaram na semana anterior ao lançamento do Programa, quando foram divulgadas mensagens pela intranet deixando em suspense que iria ser lançado na empresa algo com o tema Consumo Consciente. Para o dia do lançamento foi previsto divulgação de material alusivo ao programa e à campanha. Para que isso ocorresse simultaneamente em toda a organização, nas centrais administrativas e em todos os pontos de venda instalados pelo Brasil, várias ações de logística, incluindo previsão de quanto tempo o material enviado pelo malote levaria para chegar a determinadas regiões, foram necessárias. Também foram necessárias comunicações específicas com gerentes operacionais de cada ponto de venda para que eles tomassem as medidas necessárias com o material de divulgação para que, no dia marcado para o lançamento, todas a organização estivesse com a mesma comunicação visual. Os materiais de divulgação foram encaminhados às agências, considerando-se o tempo de malote entre as várias regiões, sendo recebidos pelos gerentes operacionais na sexta-feira anterior ao lançamento, com orientação para afixação e distribuição do material após o expediente, para não perder o impacto da segunda-feira, dia do lançamento. No dia do lançamento, que ocorreu numa segunda-feira, a estratégia de divulgação foi composta pelas seguintes ações: • distribuição de carta do presidente a cerca de 22.000 colaboradores, impressa no papel reciclado adotado para uso interno, com logo criado especialmente para o Programa. A carta apresentou o lançamento e a iniciativa do Programa, baseado no conceito dos 3 Rs e chamou a atenção de cada um quanto a responsabilidade no uso adequado de insumos naturais; • afixação de 3.200 cartazes informativos em pontos estratégicos; • colagem de 4.700 adesivos em impressoras; • distribuição de 22.000 folhetos explicativos, contendo sementes de árvores passíveis de extinção. Nas centrais administrativas a distribuição foi feita por atores representando o tema; • afixação de 22.000 prendedores de papéis nas laterais dos monitores dos microcomputadores, com mensagem sobre quantidade de árvores usadas na fabricação do papel; • instalação de 650 móbiles nas centrais administrativas; • implementação da coleta seletiva de lixo nas centrais administrativas, com a instalação de 240 coletores; • inauguração da sala do Programa Consumo Consciente na central administrativa matriz; • divulgação do programa e da campanha nos veículos internos de comunicação – jornal, mural e intranet; • palestras no decorrer das duas semanas seguintes; • abertura diferenciada da página da intranet; • apresentação de filme motivacional, criado especialmente para o Programa; • decoração dos centros administrativos com 9.000 vasos de flores. Nas três centrais adiministrativas localizadas em São Paulo a distribuição da carta, a afixação dos cartazes, a colagem dos adesivos, a afixação dos prendedores de papéis, a decoração com as flores e a instalação dos móbiles foi feita durante o final de semana, de forma que quando os colaboradores chegaram para trabalhar na segunda-feira, todos os ambientes estavam com o material de divulgação do Programa Consumo Consciente e da Campanha Salve uma Árvore, o que causou o impacto esperado. A campanha foi composta por dois concursos – o Concurso de Sugestões, lançado em 20/10/2003 teve duração de 40 dias, buscou o envolvimento individual, em que cada colaborador, pelo envio de sugestões pôde propor ações para serem adotadas pela empresa e que promovessem o uso racional do papel, evitando o desperdício. O segundo concurso que compôs a campanha visava o comprometimento coletivo das áreas em relação ao uso do papel. Denominado Concurso de Desempenho das Unidades foi lançado em 4/11/2003 e teve duração de 90 dias, sendo a forma encontrada para mensurar o quanto uma iniciativa desse porte pode sensibilizar e causar uma mudança de comportamento em seus colaboradores. CONCURSO DE SUGESTÕES Lançado no mesmo dia do Programa e com duração de 90 dias, o objetivo deste concurso foi receber sugestões que gerassem ações que pudessem ser implementadas na organização e que contribuíssem para reduzir o desperdício do papel. Foi dirigido a todos os funcionários, estagiários e terceiros, aproximadamente 22.000 pessoas. O período de duração foi de 20 de outubro a 28 de novembro de 2003, e a premiação para as dez melhores sugestões foi uma viagem a Fernando de Noronha. O regulamento foi divulgado pela página do Consumo Consciente na intranet e também impresso e afixado em locais estratégicos, tanto nas agências quanto nas centrais administrativas. Para tirar dúvidas foi criado um canal de comunicação por e-mail e pela página da intranet. Para participar do concurso os colaboradores poderiam enviar suas idéias por um sistema que ficou disponível na página do Consumo Consciente na intranet. Para os que não tinham acesso, havia a possibilidade de envio por formulário em papel. Durante os 40 dias de concurso foram recebidas 3.615 sugestões. Cabe ressaltar que essa foi a primeira iniciativa interna lançada pelo banco para a participação dos funcionários com um tema que não fosse voltado para projetos de trabalho e sim voltado para o meio ambiente. Outro aspecto importante a ser observado é com relação à quantidade de sugestões, que superou o número de idéias recebidas de qualquer outro concurso interno. A participação dos colaboradores das áreas comerciais e das áreas administrativas podem ser observadas pelo gráfico abaixo, no qual verificamos que embora os centros administrativos tenham tido estímulos que as agências não tiveram, como decoração com flores, sala do programa, distribuição de folhetos com sementes de árvore feita por atores representando a campanha, etc. a participação tanto das centrais administrativas localizadas predominantemente na Capital quanto das agências espalhadas por várias regiões, ficou equilibrada: 49% das sugestões – 1.771 – foram enviadas por colaboradores das agências e 51% - 1.844 foram enviadas por colaboradores das centrais administrativas. Rede Banco B 15% C A Matriz C A Matriz 22% C A Centro C A Pirituba Outros C A Rede Banco A Rede Banco B C A Centro 12% Rede Banco A 34% C A Pirituba 9% Outros C A 8% No gráfico abaixo observa-se a evolução diária no recebimento de sugestões: Evolução Diária 650 600 550 500 450 C A Matriz 400 C A Centro 350 C A Pirituba Outros C As 300 Rede Banco A Rede Banco B Total Geral Diário 200 150 100 50 0 20 /1 0/ 20 03 22 /1 0/ 20 03 24 /1 0/ 20 03 26 /1 0/ 20 03 28 /1 0/ 20 03 30 /1 0/ 20 03 1/ 11 /2 00 3 3/ 11 /2 00 3 5/ 11 /2 00 3 7/ 11 /2 00 3 9/ 11 /2 00 11 3 /1 1/ 20 0 13 3 /1 1/ 20 0 15 3 /1 1/ 20 0 17 3 /1 1/ 20 0 19 3 /1 1/ 20 03 21 /1 1/ 20 03 23 /1 1/ 20 03 25 /1 1/ 20 03 27 /1 1/ 20 03 Nº de Sugestões 250 Data Analisando o gráfico percebe-se que duas ações influenciaram positivamente o envio de sugestões: a primeira ação foi o lançamento de uma nova página do Consumo Consciente na intranet em 10 de novembro, o que provocou o recebimento de 320 sugestões em um só dia. A segunda foi o envio de mudas de pau-brasil, a partir de 25 de novembro, a todos os que haviam enviado sugestões até aquela data. Esse estímulo provocou o recebimento de 621 sugestões no último dia do concurso. CONCURSO DE DESEMPENHO DAS UNIDADES Antes do lançamento do Programa, a informação obtida junto à área que controla o consumo de papel na empresa foi de que o consumo desse insumo aumentava todos os meses. O Concurso de Desempenho foi lançado em 4/11/2003 e visava o comprometimento coletivo das áreas em relação ao uso do papel. Foi a forma encontrada para mensurar o quanto uma iniciativa como o Programa pode sensibilizar e causar uma mudança de comportamento em seus colaboradores. Nesta etapa da campanha todas as áreas comerciais e administrativas participaram automaticamente, pois a mensuração foi feita pelos centros de custos. O objetivo foi selecionar as unidades das áreas comercial e administrativa que mais contribuiram para salvar árvores com a efetivação de ações e medidas de consumo consciente de papel. O resultado foi conseguido com a mensuração do consumo de papel durante 90 dias de concurso, comparado ao consumo de papel dos 90 dias anteriores. As unidades vencedoras foram as que apresentaram maior redução no consumo, sendo representado em quantidade de árvores salvas, pela seguinte proporção: uma árvore produz cerca de 20 resmas de papel e cada resma equivale a 500 folhas. Dessa forma calculou-se quantas árvores foram salvas no decorrer do concurso. A premiação para as áreas administrativas e agências vencedoras foi a distribuição de passagens aéreas para as unidades selecionadas. No quadro abaixo é apresentada a evolução do consumo de papel durante o período do concurso e dos 3 meses anteriores. T1 e T2 são os totais consumidos em cada trimestre. Nome Agosto Setembro Outubro T1 Novembro Dezembro Janeiro T2 ÁREAS ADMINISTRATIVAS 7.334.216 8.297.855 8.607.992 24.240.063 7.050.068 6.792.475 5.385.908 19.228.451 AGÊNCIAS 18.763.589 19.152.121 20.742.650 58.658.360 20.446.940 20.547.248 18.570.592 59.564.780 RESULTADO DO CONCURSO DE DESEMPENHO NAS ÁREAS ADMINISTRATIVAS O que podemos observar é que as áreas administrativas apresentaram uma redução significativa no consumo de papel, sendo que o consumo no mês de janeiro de 2004 foi inferior ao consumo do mês de agosto de 2003. Isso demonstra que a campanha apresentou um resultado positivo, provocando um empenho dos colaboradores na utilização racional do papel. Com base nos objetivos propostos, as áreas administrativas contribuíram com a redução de 5.011.612 folhas. RESULTADO DO CONCURSO DE DESEMPENHO NAS AGÊNCIAS Comparando-se o total do consumo do trimestre agosto, setembro, outubro de 2003 com o total do consumo de novembro e dezembro de 2003 e janeiro de 2004, verificamos que houve um aumento no consumo. Entretanto se observarmos o consumo por mês, o de janeiro foi inferior ao de agosto. Esse resultado é bem interessante pois considerando a agressividade das metas propostas para as agências, a realidade de janeiro era diferente da realidade de agosto, pois estima-se que em janeiro as agências possuiam mais clientes que em agosto e isso significa mais produtos vendidos, consequentemente maior uso de papel, entretanto o consumo de papel de janeiro foi o menor do semestre. RESULTADO FINAL DO CONCURSO DE DESEMPENHO DAS UNIDADES O resultado final apresentado pelo concurso de desempenho foi a economia de 4.105.192 folhas. Tendo como base que uma árvore produz cerca de 20 resmas de papel e que cada resma equivale a 500 folhas, foram poupadas 410 árvores. No gráfico abaixo pode-se observar a evolução do consumo de papel na empresa durante os meses do Concurso de Desempenho, no qual se observa que em todas as áreas houve redução de papel: Consumo de papel das áreas administrativas e agências dos Bancos A e B 16.000.000 14.000.000 12.000.000 Qtde. 10.000.000 Área adm. Banco A Área adm. Banco B 8.000.000 Agências Banco A Agências Banco B 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Mês MULTIPLICADORES VOLUNTÁRIOS No decorrer da Campanha foi lançado o conceito do Multiplicador Voluntário com o objetivo de atrair pessoas com afinidade no assunto para serem disseminadoras das idéias do consumo consciente no futuro. Este conceito foi lançado sem muita difusão, sendo divulgado em uma pequena chamada na página do consumo consciente e também em uma nota no jornal on line, publicado na intranet. O resultado surpreendeu pois durante 4 meses foram cadastradas mais de 270 pessoas interessadas em serem multiplicadores em suas unidades. AÇÕES DE ESTÍMULO AO PROGRAMA Uma ação foi planejada para atuar como estímulo ao comprometimento à Campanha: a doação em dobro do valor economizado no consumo de papel pelo banco, gerado pelo consumo racional de papel pelas áreas, durante os 3 meses da Campanha. Esse valor foi doado a entidades beneficentes escolhidas pelos próprios colaboradores através de votação. Entretanto além da doação do valor economizado, mais 3 ações se evidenciaram como estímulos. A primeira foi a distribuição das flores que decoraram os centros administrativos. Na quinta-feira, 4 dias depois do lançamento do Programa, foi enviado e-mail pela caixa jurídica do Consumo Consciente, com um verso que indicava que os colaboradores poderiam pegar os vasos de flores. Minutos depois de a mensagem ser divulgada um grande número de pessoas se dirigiu ao pátio, aos corredores e portarias em busca de seus vasos. Várias mensagens com elogios e agradecimento à ação foram enviadas via e-mail à coordenação do Programa Consumo Consciente. Uma segunda ação que causou em grande estímulo, principalmente no recebimento de sugestões, foi o envio, na última semana do Concurso de Sugestões, de mudas de pau-brasil a todos que haviam mandado sugestões até aquela data. As mudas foram devidamente acondicionadas em embalagens especiais, produzidas para suportarem o transporte por malote e resistirem cerca de 5 dias na embalagem, tempo aproximado, por exemplo para uma muda ser embalada e enviada por malote até Macapá. Na embalagem, além de mensagem de agradecimento pelo envio da sugestão, havia informações sobre o pau-brasil. O envio ocorreu propositadamente nos últimos dias pois era previsto que essa ação causasse um grande envio de sugestões. O Concurso foi encerrado às 18 horas do dia 28/11/2003. Nesse dia foram recebidas 621 sugestões. Várias mensagens de elogios e agradecimento à ação também foram recebidas via e-mail. A terceira ação, também planejada como estímulo, foi a premiação para os vencedores dos concursos. Para o Concurso de Sugestões foram selecionadas 10 idéias cujos autores ganharam uma viagem de 7 dias para Fernando de Noronha, com direito a acompanhante. As áreas vencedoras do Concurso de Desempenho ganharam passagens aéreas. CONCLUSÃO A implantação de um programa de conscientização dos funcionários com relação a temas ambientais foi a primeira iniciativa, não só do Santander Banespa mas do Grupo Santander. A empresa lançou o programa de conscientização com objetivos claros e os resultados dos concursos demonstram que eles foram atingidos. As ações lançadas no decorrer da campanha, como modificação da página da intranet, remessa de mudas de pau-brasil, envio de comunicação direcionada para cada ação mostram, através dos resultados no recebimento das sugestões e na redução do consumo de papel que são estímulos válidos e que causam uma reação positiva. Quarenta dias depois do lançamento do Programa, uma equipe da área de Recursos Humanos conseguiu, através de uma ação interna, reduzir 11 mil folhas impressas por mês. A primeira sugestão implantada, das 10 vencedoras, contribuiu efetivamente para a redução do desperdício de papel com a economia de aproximadamente 42 mil folhas por mês, conforme informações da área de Organização e Métodos. Quando a empresa lança uma iniciativa como essa, que visa gerar uma mudança de atitude e de comportamento de seus colaboradores frente a um assunto, é preciso levar em conta que as pessoas têm comportamentos diferentes pois seus valores são individuais e reagem diferentemente aos estímulos. O caminho para provocar essa mudança pode ser feito pela educação, pela transmissão de informações e de conhecimento sobre o assunto para as pessoas criarem valores e mudarem suas atitudes frente à questão definida, entendendo seu papel no meio ambiente e gerando um comportamento que contribua para evitar o desperdício. Nessa ação o banco buscou transmitir conhecimento e educação sobre um assunto que talvez nunca tenho sido olhado de frente pela maioria das pessoas desde sua infância, época em que há a formação maciça dos valores. Grandes empresas já fazem parte de programas de redução de desperdício e reciclagem. Além disso, as organizações que empregam um grande número de funcionários podem ajudar na educação e na busca dessa mudança de atitude frente a utilização dos insumos que afetam o meio ambiente, com programas de redução de desperdício e de consumo consciente, gerando resultados favoráveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANK OF AMERICA. Bank of America Environmental Program. Environmental Commitment 2003 Activity Highlights. www.bankofamerica.com BATEMAN, Thomas S., SNELL, Scott A. Administração – construindo vantagem competitiva. Atlas, 1998. DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. Atlas, 1995 MAC DOWELL, Sílvia Ferreira, CORRÊA, Sílvia Fazzolari. Meio ambiente e o mercado financeiro. Artigo apresentado no IV Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente, 1997 ROBBINS, Stephen P.Comportamento Organizacional. LTC Editora, 1998 WORLD BUSINESS COUNCIL OF SUSTEINABLE DEVELOPMENT (WBCSD) www.wbcsd.ch