CARACTERIZAÇÃO DE MOVIMENTOS DO BRAÇO Laura Martins Valente Ramos Bittar1, Maria Claudia Ferrari de Castro2 1, 2 Centro Universitário da FEI [email protected], [email protected] 1. Introdução O mecanismo geral da contração muscular esquelética, ou seja, dos músculos de contração rápida, vigorosa e de controle voluntário, envolve os seguintes processos: estímulo de nervo motor por um potencial de ação, secreção de neurotransmissor e deslocamento deste potencial de ação pela extensão da fibra muscular, acarretando a liberação de cargas iônicas positivas no meio intracelular, o que resulta no processo contrátil [1, 2]. O sinal eletromiográfico (EMG) é a manifestação elétrica da ativação neuromuscular associada com uma contração muscular, pode ser captado na superfície do corpo e é estudado para diversas finalidades, como diagnosticar patologias musculares, processos de reabilitação e descrever o comportamento do músculo em movimentos específicos. aumentava a amplitude do movimento, como mostra a Figura 1. No plano vertical, nos três testes, o tríceps foi igualmente solicitado e o bíceps, embora não tenha demonstrado repetibilidade do sinal obtido entre os voluntários, teve intensidade maior que a do tríceps em todos os casos neste plano. 2. Metodologia Cinco voluntários, homens, com idades entre 18 e 21 anos, concordaram com os procedimentos de teste, visando avaliar a contribuição do bíceps e do tríceps em movimentos de flexão e extensão do cotovelo, sem carga. Para a realização dos testes, foi utilizado um dispositivo de apoio do braço, que acomoda e fixa o braço direito, permitindo a flexão e extensão do cotovelo em apenas um plano e impedindo outros movimentos indesejados. Para a aquisição do sinal de EMG foram utilizados eletrodos de superfície e o kit Powerlab PTB 300 da ADInstruments. O procedimento consistiu de três tipos de testes, que foram realizados três vezes tanto para o plano vertical quanto para o horizontal, por cada um dos voluntários. Os testes consistiam em variar a posição articular de 10 em 10 graus a cada 3 segundos (teste 1), variar continuamente com velocidade de 10 graus por segundo, sem parar nas posições intermediárias (teste 2) e realizar repetidamente movimentos de extensãoflexão, com incrementos de 10 graus entre cada repetição (teste 3). Para a análise dos resultados, foram utilizados os arquivos obtidos com as formas de onda, que possibilitaram a detecção de padrões comportamentais, e tabelas feitas com valores obtidos em intervalos específicos dos testes (início, meio e fim), nas quais calculou-se a média e o coeficiente de variação dos dados. 3. Resultados No plano horizontal, nos testes 1 e 2, o tríceps foi mais solicitado no início e no fim dos movimentos, e o bíceps no meio do movimento (máxima flexão). No teste 3, o tríceps foi igualmente solicitado durante todo o movimento e o bíceps foi mais solicitado conforme Figura 1 – Exemplo de formas de ondas obtidas nos testes no plano horizontal 4. Conclusões Durante os testes, o músculo tríceps teve um comportamento bem constante, com repetibilidade e pouca variabilidade. Já o músculo bíceps só demonstrou este comportamento nos movimentos realizados no plano horizontal, nos quais era relativamente pouco solicitado. Nos movimentos realizados no plano vertical, o bíceps foi mais solicitado, resultando em um sinal de maior intensidade, mas não apresentou repetibilidade intra e nem inter voluntários. São vários os fatores que podem gerar pequenas alterações nos resultados dos testes. O movimento dos cabos utilizados no processo de detecção do sinal, a qualidade dos eletrodos utilizados, uma pequena variação no posicionamento dos eletrodos, os ruídos gerados pelo aparelho de detecção e pelo dispositivo de apoio do braço, são exemplos destes fatores. 5. Referências [1] A.C. Guyton; J.E. Hall, Fundamentos de Guyton, Tratado de Fisiologia Médica, p. 39-45, 2002. [2] A.C. Capucho, Desenvolvimento de um Protótipo de um Aquisitor Portátil de Sinal Mioelétrico, Tese de Mestrado, p.16-33, 2005 Agradecimentos Ao centro universitário da FEI pelo empréstimo de equipamentos, e pela bolsa fornecida para que fosse possível o desenvolvimento do projeto. 1 Aluno de IC, PBIC da FEI.