Alerta Epidemiológico e Recomendações Zika Vírus, Dengue e

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Alerta Epidemiológico e Recomendações
Zika virus, dengue e chikungunya
Nº 1
23/11/2015
Foi publicada no Diário Oficial da União, do dia 12 de novembro de 2015, a Portaria Nº 1.813 que
declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) por alteração do
padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil. Embora o aumento de casos tenha sido
identificado no Nordeste, com maior número de notificações em Pernambuco, a declaração oficial
abrange todo o País. Até o momento, não há definição da causa desta ocorrência, mas há a
hipótese de uma possível relação das microcefalias com surto de Zika vírus ocorrido no primeiro
semestre de 2015 em Pernambuco e estados vizinhos. Hipótese essa corroborada pelo fato de que
cerca de 80% das mães de bebês com microcefalia terem relatado “coceira e vermelhidão” no
primeiro semestre da gravidez e, sobretudo, pela descoberta do Laboratório de Flavivírus do
Instituto Oswaldo Cruz de que o Zika vírus se mostrou capaz de atravessar a barreira placentária e
chegar até o líquido amniótico, fluido que envolve o feto durante a gravidez. No dia 17/11/2015,
foram divulgados os resultados de exames laboratoriais que demonstraram evidências de infecção
intra-útero pelo vírus Zika em duas gestantes do estado da Paraíba cujos fetos apresentam sinais
ultrassonográficos de microcefalia.
Além desta possível associação com microcefalia, há registros de pacientes adultos que
desenvolveram, semanas depois de uma possível infecção por arbovírus, a síndrome de GuillainBarré cuja associação com arbovirose também está em estudo, uma vez que houve uma
associação temporal entre a maior detecção do número de casos dessa síndrome e a co-circulação
simultânea dos vírus da dengue, chikungunya e Zika em estados onde se detectou maior incidência
da síndrome de Guillain-Barré.
Diante do fato de que os vírus Zika, chikungunya e os diferentes sorotipos da dengue são
transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e podem ocorrer de maneira simultânea numa
mesma localidade, emerge grande preocupação uma vez que o clima, as condições ambientais e o
intenso fluxo de pessoas tornam o município de Campinas, assim como outras regiões
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metropolitanas do país, extremamente vulnerável à introdução e manutenção de ciclos de
transmissão destas novas arboviroses.
Soma-se a este contexto a grande proporção da população de Campinas previamente exposta a
dois ou mais sorotipos do vírus da dengue em epidemias anteriores, situação essa potencialmente
associada a um maior risco de ocorrência de formas graves da doença.
Considerando esta situação epidemiológica, reiteramos as medidas prioritárias no município de
Campinas a serem executadas e geridas no cotidiano de trabalho:

Suspeitar de casos febris sem etiologia definida como suspeitos de dengue e,
eventualmente, Zika e chikungunya, durante o ano todo, independentemente do período do
ano e da situação epidemiológica;

Garantir a triagem e manejo clínico, permanente e qualificado, de casos suspeitos de
arboviroses de acordo com a classificação de risco e condutas preconizadas para a
assistência de pacientes com suspeita de dengue - mesmo diante da possibilidade de
chikungunya ou Zika vírus como possíveis diagnósticos diferencias;

Realizar a coleta e envio de amostras biológicas para exames laboratoriais – específicos e
inespecíficos - conforme recomendações e protocolos da Vigilância em Saúde;

Realizar de forma ágil, contínua e frequente o monitoramento dos resultados de exames de
modo garantir o encerramento adequado e oportuno dos casos sob investigação;

Informar imediatamente à Vigilância Regional acerca de qualquer óbito com suspeita de
dengue a fim de permitir as investigações epidemiológica e laboratorial apropriadas,
incluindo-se o encaminhamento para Serviço de Verificação de Óbitos;

Preencher a ficha de notificação em sua integralidade e garantir o fluxo de informação
estabelecido, com agilidade, junto à Vigilância Regional;

Realizar busca ativa imediata com retirada de criadouros (iniciada em no máximo 48 horas
após conhecimento do caso). A busca ativa deve ser, conforme já pactuado, realizada pelo
Agente Comunitário de Saúde referenciado por profissional do Centro de Saúde;

Notificar imediatamente à qualquer serviço de vigilância do DEVISA (Regional ou Central)
situações de aglomerados de casos febris e/ou com exantema, além de condições clínicas
atípicas;

Informar à qualquer serviço do DEVISA, todo caso de síndromes neurológicas (sobretudo
síndrome de Guillain-Barré e encefalites) e microcefalia. OBS: O Departamento de
Vigilância em Saúde iniciou os debates e articulações entre os diversos departamentos da
Secretaria de Saúde de Campinas no intuito de estabelecer as diretrizes e protocolos para a
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assistência os quais serão divulgados, brevemente, em informes técnicos para a rede de
assistência pública e privada;

Intensificar as atividades de controle de vetor, especialmente em áreas de transmissão
confirmada de dengue, viabilizando as ações de:
 Controle mecânico: atribuição conjunta dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e
Agentes de Apoio ao Controle Ambiental (AACA);
 Controle larvário com uso de larvicidas biológicos: atribuição dos AACA;
 Controle químico por meio da nebulização costal: atribuição dos AACA;
 Ações de comunicação, educação, mobilização social e ações intersetoriais:
atribuição conjunta de todos os serviços e equipes.
O momento exige a máxima atenção em todos os níveis do Sistema Único de Saúde do município,
e demanda de todos os servidores públicos da área da saúde o comprometimento em torno das
medidas prioritárias recomendadas e ordenação dos trabalhos de forma complementar e coesa
entre os diferentes núcleos e campos de atuação e saber.
Colocamo-nos a disposição para esclarecimentos e rede de cooperação.
Atenciosamente,
Andrea Paula Bruno von Zubem
Brigina Kemp
Coordenadora do Programa Municipal de Controle
das Arboviroses
Diretora Departamento de Vigilância em Saúde
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