ensino de filosofia por meio da apropriação de conceitos

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Esclarecimento e tradição:
ensino de filosofia por meio da
apropriação de conceitos
Cosmo Rafael Gonzatto*
Desde o seu surgimento, a filosofia foi reconhecida como um saber
que ajudaria os seres humanos a pensar e ver o mundo nas suas diferentes maneiras. E é, por ela possuir esse caráter questionador, que
na maioria das vezes se torna detestada e desprezada pela sociedade.
Portanto, conseguir compreender a importância da disciplina de filosofia no Ensino Médio, é imprescindível para percebê-la como ela poderá
contribuir para a formação autônoma e crítica dos alunos. Nesse sentido,
o presente texto tem como principal objetivo auxiliar a pensar um ensino de filosofia que possa estar inserido dentro da realidade em que os
educandos vivem.
Pelo exposto, surgem as seguintes problemáticas: É possível ensinar
conteúdos de filosofia nas escolas? Se possível, quais conteúdos ensinar?
Como deve ser o papel do professor de filosofia dentro da sala de aula?
Qual a importância e porque ensinar conteúdos filosóficos aos alunos?
Tentando dar conta das perguntas apresentadas, o texto foi divido
em três partes: na primeira, dissertaremos quais os conteúdos de filosofia
devemos ensinar aos alunos. Na segunda, como esses conteúdos devem
* Graduado em Filosofia e mestrando em Educação pela Universidade de Passo Fundo
(UPF).
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ser ensinados para que despertem o interesse dos educandos. E por
última, abordaremos sobre a importância desses conteúdos de filosofia
para o currículo escolar e para a vida dos alunos.
Que conteúdos de filosofia ensinar
Nosso objetivo nessa parte do texto é o de discutir a possibilidade
do ensino de conteúdos de filosofia nas escolas. Se possível, quais conteúdos de filosofia devemos ensinar? Para isso buscaremos auxilio em
algumas reflexões feitas por autores/filósofos sobre essa temática.
O ensino de filosofia nas escolas pode ser descrito de muitas maneiras, as quais caracterizam a prática dos professores de filosofia nas
salas de aula. No entanto, nos deteremos apenas a comentar sobre os
dois principais modelos de ensino apresentados: a) ensino baseado na
história da filosofia, b) ensino baseado em problemas filosóficos.
Abordaremos nesse texto, o ensino de filosofia por meio de ensinar
os conceitos de filosofia, sejam eles pela história da filosofia, temas ou
áreas. Como melhor descreve Almeida Júnior (2011, p. 39): “entendemos, portanto, que o ensino de filosofia abrange duas tarefas: o ensino
dos conceitos criados pelos filósofos e ensinar a filosofar, que é o exercício
do pensar por conceitos, com base em problemas próprios, desenvolvendo teorias e argumentos”. Dessa maneira, devemos pensar o ensino de
filosofia, por meio dos próprios problemas e conceitos filosóficos que já
foram elaborados pelos filósofos em outras épocas.
O primeiro é caracterizado pelo o que faz do ensino da filosofia e
da sua história, uma única coisa, pois nesse modelo o ensino de filosofia
é o próprio ensino da história da filosofia. Portanto, “ensinar filosofia
significa ensinar o que a história da filosofia produziu até hoje – mesmo
que dificilmente se chegue até os filósofos do presente” (GALLO, 2000,
p. 177). Visto que a história da filosofia abrange um período de 25 séculos,
desde o seu surgimento com a filosofia ocidental até o atual momento.
Existem duas principais maneiras para se ensinar a história da filosofia: a primeira tem como base os filósofos e a segunda é baseada nos
conteúdos ou temas filosóficos. Portanto, ao adotar esse modelo de ensino
como referência, significa tomar a história da filosofia como princípio
base para as aulas. No primeiro, se ensina filosofia em torno dos nomes
dos filósofos, geralmente os mais conhecidos, como por exemplo, Platão,
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Descartes, Hume, Nietzsche. No segundo, se usa conceitos ou conteúdos
desses filósofos, tais como, amor, liberdade, morte. Em muitas vezes, esse
segundo modelo está unido com o primeiro, como por exemplo, estuda-se
o conceito de amor por meio das ideias de um determinado filósofo.
No segundo, um ensino baseado em problemas filosóficos. Temos
um ensino da filosofia que não está organizado segundo a história da filosofia, mas por meio de problemas. Esses que são bastante comuns nos
programas de filosofia no ensino médio, como por exemplo, a existência
de Deus. Temos também, alguns professores que convidam os seus alunos a participarem da escolha desses problemas. Os alunos optam por
problemas que estão no seu cotidiano e que muitos filósofos atuais não
os aceitariam como um problema filosófico, como por exemplo, problemas relacionados a temática da AIDS, drogas. Enfim, esse modelo de
ensino tem como principal característica trabalhar com problemas filosóficos mais próximos da realidade dos alunos e menos enciclopédicos.
O motivo que nos entusiasmou a escrever essa parte do texto é o
fato de que alguns estudiosos apenas se preocupam com a maneira de
ensinar a filosofar desprezam a todos aqueles que desejam ensinar filosofia
por meio dos conceitos. Como Obiols descreve abaixo:
As posições mais conservadoras referenciam aos textos filosóficos
e sustentam que os estudantes deverão compreendê-los. Os populistas pretendem que não é necessário estudar a filosofia (seus
conceitos, seus problemas, suas teorias e desenvolvimentos históricos) e inclusive, invocando falsamente a Kant, afirmam que
é impossível estudá-la, senão que há de filosofar, sem mais. Nós
sustentamos que os estudantes podem, de forma gradual aprender filosofia e aprender a filosofar, e que um processo de ensino
filosófico deve colocar de forma simultânea e articulada ambos
os propósitos (OBIOLS, 2002, p. 104-105).
Portanto, indicamos duas principais objeções a esses que criticam
o ensino de filosofia pelo próprio conteúdo da filosofia: a primeira objeção, nos mostra que ensinar filosofia por conceitos não se trata simplesmente de transmitir informações, reproduzir conceitos por meio
de uma atividade mecânica. A segunda, é que não queremos apenas
que os alunos compreendam essas teorias e argumentos que os filósofos
escreveram em suas obras como um conjunto de conceitos isolados da
sua época em que vivem, desejamos que eles consigam fazer uma leitura
do contexto atual a partir desses problemas indicados pelos filósofos
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naquela época. E que esses conceitos possam elaborados pelos filósofos
possam contribuir para a solução dos seus problemas presentes.
Dessa maneira, percebemos que ao ensinar a filosofia, também estamos ensinando o aluno a filosofar. Pois, no momento em que o aluno
consegue fazer essa leitura atual do mundo em que está inserido e dialogar com a tradição, querendo buscar soluções para os problemas que ele
percebe ao seu redor, ele está filosofando. Portanto, o ensino de filosofia
além de ensinar os conceitos dos filósofos, deve ensinar a filosofar.
Estudar história da filosofia não é se prender a algum filosófico ou a
determinados conceitos filosóficos, mas sim ler e tentar compreender os
motivos que levaram os filósofos a escrever esses conceitos, e que a partir disso os jovens possam se apropriar desses conceitos de uma maneira
que os mesmos possam contribuir para a solução de alguns problemas
encontrados no seu atual contexto, proporcionando assim através da leitura, escrita, diálogo e reflexão, a saída da menoridade intelectual para
a maioridade intelectual. Vejamos melhor nas palavras do Silvio Gallo:
Assim, tratar do ensino de filosofia como criação de conceitos,
como experiência do pensar por conceitos, significa fazer da sala
de aula uma espécie de laboratório, ou, para escapar do referente
científico, talvez seja melhor falar em uma “oficina de conceitos”.
Trata-se de deslocar o foco do ensino como treinamento para uma
educação, como experiência, em que cada estudante seja convidado a colocar seus problemas, adentrar no campo problemático e
experimentar os conceitos, experimentar o pensamento por conceitos, seja manejando e deslocando conceitos criados por filósofos ao longo da história do pensamento, seja criando seus próprios
conceitos (GALLO apud ALMEIDA JÚNIOR, 2011, p. 47).
No entanto, muitos professores se apropriam da maneira didática
para ensinar filosofia e se esquecem de que isso é uma metodologia e
deixam de lado como se ensina filosofia. O professor confunde a maneira didática com o ensino teórico de filosofia. A partir dessas reflexões,
na próxima parte do texto nos propomos a investigar e tentar responder
as seguintes problemáticas: Como o conteúdo de história da filosofia irá
determinar o próprio ensino de filosofia nas escolas? É possível ensinar
conteúdos de filosofia por meio da própria filosofia nas escolas?
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Como ensinar filosofia
Nosso objetivo nessa parte do texto é o de discutir uma metodologia
para o ensino de filosofia tendo como base a própria filosofia. Para que
isso seja possível apresentaremos algumas reflexões realizadas por autores/
filósofos sobre essa temática.
Na compreensão de Gallo (2000, p. 182) um professor de filosofia ao
ensinar o conteúdo de história da filosofia em suas aulas, não deve apenas ter como único objetivo reproduzir aquilo que os filósofos já disseram em outras épocas; ele deve estar disposto a dialogar com a tradição,
com os filósofos, e fazer dessa aula de filosofia um ambiente agradável e
produtivo: “portanto, a filosofia não é produzida numa parte e ensinada
em outra, ela é sempre produzida e ensinada ao mesmo tempo”.
A filosofia não pode ser ensinada através da simples transmissão
de conhecimentos, porque ela depende de uma participação ativa dos
sujeitos, caso contrário, esses que apenas recebem o conteúdo filosófico
pronto estão numa posição não filosófica. Se a história da filosofia não
pode ser transmitida aos alunos, ela deve ser praticada na sala de aula.
Mas como fazer isso? Primeiramente, acreditamos que é preciso promover um ambiente democrático na sala de aula, em que os alunos participantes se sintam a vontade para expor as suas opiniões e ideias. Segundo,
devemos desenvolver metodologias de ensino que possibilitem aos alunos que eles possam se tornar sujeitos ativos da construção do próprio
conhecimento e contribuírem para a construção e compreensão coletiva
dos conceitos filosóficos que estão sendo produzidos na sala de aula.
Dessa maneira, acreditamos que ensinar filosofia sem ensinar a filosofar é quase que impossível, assim como ensinar a filosofar sem ensinar filosofia. Então, devemos pensar o ensino de filosofia por meio dos
próprios problemas filosóficos que já foram elaborados pelos filósofos
em outras épocas. Perguntamos se é possível ensinar filosofia sem ensinar a filosofar? Nas palavras de Araújo Júnior “o próprio Kant (1979)
ressalta que é possível ensinar a Filosofia historicamente, a partir de certas tentativas já existentes, ou seja, que estudando a história da Filosofia
e ousando saber, pode-se filosofar por conta própria” (2011, p. 46). Na
próxima parte do texto veremos o porquê de ensinar filosofia nas escolas,
assim como a sua importância para os alunos.
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Os para que da filosofia
A ditadura de 1964 excluiu a filosofia da grade curricular, alegando
a sua inutilidade como uma disciplina que não conseguia dar respostas
rápidas aos problemas encontrados no mundo. Portanto, como resultado
disso temos o atual modelo de ensino que é fruto de um processo histórico/cultural, no qual pedagogos e filósofos da educação, ao criticarem o
modelo tecnicista e tradicional de ensino conquistaram a implementação
do ensino progressista. Dentro dessa perspectiva, a atual educação tem
como principal objetivo pensar em um ensino de filosofia que não se
preocupe apenas com a mera transmissão de conteúdos.
Nesse sentido, deseja-se a formação de indivíduos críticos e autônomos que sejam capazes de fazer uma leitura ativo-reflexiva sobre os
problemas do mundo em que vivem. Mas para que isso se torne possível, pressupõem a existência na sala de aula de um professor que tenha
caráter crítico e seja capaz de desenvolver análises, reflexões e decisões
acerca das situações mais complexas. Portanto, o enfoque principal que
se faz desse professor, é que ele não seja um simples instrutor ou transmissor dos conhecimentos produzidos pela humanidade, mas que tenha
a capacidade de produzir inquietações e novos questionamentos aos alunos
frente a esses conceitos estudados.
Salientamos, também a importância da presença da filosofia no
currículo escolar, e principalmente que ela ocupe espaço no vestibular,
no Enem. Mas só dar um espaço à filosofia nas escolas não é o bastante. É
importante que as políticas públicas educacionais articulem meios para
verificar a qualidade desse ensino, que as aulas de filosofia sejam ministradas por professores formados na área, caso contrário, poderá acontecer uma situação desastrosa. A filosofia que diante dos argumentos de
alguns era reconhecida pela sua inutilidade, principalmente no que se
referia especificadamente a obter resultados para um fim prático, agora,
passará a ser confirmada por esse modelo de pensamento, devido ao
mau uso do seu espaço ocupado pela disciplina, o qual foi causado pelo
despreparo dos docentes e atuação de não específicos da área.
Durante muitos anos no Brasil, a população foi impedida de ter
acesso à filosofia. Temos certeza, que essa atitude estava ancorada em
um princípio de querer impedir que as pessoas se tornassem capazes de
compreender pelo viés teórico e prático o mundo em que vivem. Pois,
ao serem privadas da filosofia, os seres humanos foram impedidos de
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desenvolver a sua autonomia e capacidade de transformação frente a um
mundo que sofre diferenças mudanças.
A função da filosofia não é apenas de desenvolver o uso da razão
nos sujeitos, mas fazer uma análise das atividades desenvolvidas pelos
sujeitos através do uso da sua linguagem. Portanto, a capacidade crítica/
reflexiva do homem só se torna possível, porque o homem se torna capaz
de mediar a sua relação com o mundo. A filosofia proporciona aos que
estão dispostos a participar de uma discussão filosófica abrir os olhos
para o mundo, ver as coisas de uma maneira diferente da qual elas aparentam ser. Ela tem o papel conscientizador e crítico para mostrar aos
sujeitos como ver o mundo.
Creiamos que seja possível um ensino de filosofia que não esteja
tão distante da realidade dos alunos e que o mesmo também não perca a
sua especificidade filosófica ao dar soluções para tais problemas. Como
melhor descreve Obiols:
Aprender a filosofar poderia ser aprender conteúdos procedimentais e atitudinais filosóficos, ou desenvolver procedimentos
filosóficos (aprender a filosofar é aprender a praticar métodos
filosóficos, exercícios filosóficos, técnicas filosóficas, hábitos,
disposições e valores filosóficos; é um aprender a ler filosofia
criticamente, a detectar pressupostos, a reconstruir argumentos,
a confrontar teses filosóficas, a emitir um juízo próprio e fundamentado sobre questões filosóficas, desenvolver atitudes de
tolerância e de discussão de ideias filosóficas etc.) (2002, p. 106).
Mas seria possível trabalhar com problemas filosóficos que estão
presentes no cotidiano dos alunos e justificá-los a partir do que alguns
filósofos escreveram no passado, dando significado e contribuindo para
a sua maneira de ver o mundo? Na maioria das vezes quando se fala em
ensino de filosofia ou na própria filosofia em si, pergunta-se para que
serve a filosofia? Muitos argumentam defendendo a tese sobre a sua inutilidade. Mas de onde surgiu essa concepção de que a filosofia não teria
nada a oferecer para a sociedade de uma maneira prática?
Segundo Aristóteles, porque é a única sabedoria que existe para
si mesma e não para outra coisa, o único saber que procuramos
por si e não como meio para alcançar outro saber; daí seu caráter
livre e independente. A resposta de Aristóteles tem sido repetida
uma e mil vezes (GALLO, 2000, p. 188).
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No atual sistema capitalista a filosofia é usada como um instrumento que ajudaria a desenvolver algumas habilidades no ser humano, como o pensamento crítico, reflexivo e autonomia. Essa é uma das
apropriações que se faz do ensino de filosofia em algumas instituições
de ensino, fazendo assim da filosofia uma espécie de garota propaganda
para essa instituição, pois assim como a filosofia, o inglês e a computação, todos eles ajudarão a preparar os indivíduos mais capacitados para
o concorrente mercado de trabalho.
Sendo assim, a filosofia não pode ter uma utilidade prática além do
que ela serve para si mesmo. A filosofia não se apresenta apenas para dar
respostas prontas, a filosofia tem o papel de contribuir para problematizar questões, fazer pensar sobre aquilo que não se pensava ou pensar
sobre o que já foi pensado por meio de outro viés de pensamento.
A filosofia não foi criada por si mesma ou isolada de um contexto, ela
nasce a partir dos problemas de uma determinada época. Cada filósofo
criou o seu próprio modo de descrever o mundo conforme a sua maneira de vê-lo, através dos seus próprios conceitos. Os primeiros filósofos,
Platão, Sócrates produziam filosofia a partir dos seus diálogos, sem o
qual não seria possível produzir conceitos. Mas não podemos confundir
um debate participativo com uma simples discussão. A discussão pela
discussão não direcionada a lugar algum fica apenas dando volta no
próprio conhecimento de senso comum, o que não caracteriza a filosofia. O pensamento filosófico tem como característica a crítica. Por ter
nascido com uma necessidade existencial de fazer perguntas, a filosofia
é reconhecida por muitos por incomodar, devido a essa crítica que ela
faz sobre as coisas. Como descreve Gallo “a pergunta é a chave da crítica,
e o incomodo frente ao dado é o seu motor” (2000, p. 193).
Portanto, por ser um pensamento diferente daquele que se tem,
que não se contenta com o que é dado, pronto e/ou óbvio a experiência
filosófica é caracterizada por ser radical. Conforme discorre Gallo “a filosofia parte de um incômodo existencial para tornar-se ela mesma, um
incômodo para a sociedade estabelecida” (2000, p. 194). Também não é
possível pensar filosoficamente sem pensar na história da filosofia. Portanto, se todas as reflexões filosóficas são feitas a partir do vivido, não
se pode deixar de lado essas outras reflexões já produzidas em outras
épocas por outros filósofos.
Mas a leitura desses conceitos filosóficos não deve ser pensada simplesmente com o objetivo de transmitir, reproduzir, o que já foi elaborado
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em outras épocas. Essa leitura deve ser problematizada, recriada e transformada de acordo com as nossas necessidades. O diálogo com a história
da filosofia é uma maneira de pensar o momento presente, repensando
com aquilo que já foi pensado.
Portanto, a filosofia ao ser inserida no ensino médio, não deseja
produzir filósofos, assim como aqueles que tem contato com a literatura
não especificadamente serão poetas, mas a filosofia vem a acrescentar
nos alunos essa capacidade deles poderem fazer uma leitura mais crítica
do mundo em que vivem, a desenvolver uma atitude dialógica diante do
outro e o mundo, e principalmente aprender a questionar a sua posição
frente ao mundo como um sujeito ativo dessa transformação e cultura.
Considerações finais
Enfim, pelo exposto não pretendemos desenvolver um modelo
idealista de ensino de filosofia, nem criar uma receita pronta. O texto
apresentado buscou apresentar a hipótese de um modelo de ensino de
filosofia que tivesse em seu caráter a capacidade de questionar e problematizar a realidade dos alunos, buscando para a justificação/ solução
desses problemas, então apresentados, o auxilio da tradição filosófica.
Portanto, percebemos a importância do ensino de filosofia nas escolas para ajudar na contribuição do processo de desenvolvimento da
humanização dos indivíduos, não para que sejam instruídos por meio
de maneira dogmática ou catequista, mas que através da laicidade eles
sejam capaz de sair desse estado de menoridade/senso comum até o estado de maioridade por meio do pensamento crítico/reflexivo.
Referências
ALMEIDA JÚNIOR, José Benedito. Fundamento teórico-metodológico
do ensino de Filosofia. Educação em Revista, Marília, v. 12, n. 1,
p. 39-50, jan./jun, 2011.
GALLO, Silvio; KOHAN, Walter O. Crítica de alguns lugares-comuns
ao se pensar a filosofia no ensino médio. In: ______. Filosofia no ensino
médio. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 175-196.
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OBIOLS, Guillermo. Uma introdução ao ensino da filosofia.
Trad. Sílvio Gallo. Ijui: Unijui, 2002.
TROMBETTA, G. L.; CASAGRANDA, E. A; FÁVERO, A. A.
Ideias sobre o que é filosofia para quem ensina (e aprende) filosofia.
In: PIOVESAN, A. (Org.). Filosofia e ensino em debate. Ijuí: Unijui,
2002. p. 575-591.
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